O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 22
Jason




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Jason esbugalhou os olhos diante da tela e se levantou.

– O senhor não pode deixar. O senhor não vai deixar, não é mesmo? – Sua voz saiu tensa, furiosa. Ele tinha a visão vermelha e as mãos azuis de tanta eletricidade.

Júpiter sorriu.

– Por que eu não haveria de deixar?

Porque ela é a Piper! – Jason berrou, e um trovão ecoou pelos céus. – Ele vai matá-la, estuprá-la!

– E você se importa? – O deus perguntou impassivelmente. Ele nem ligou para o fato de seu filho estar gritando com ele.

Jason firmou as mãos na mesa de mármore, que ficou com uma aura azul.

– Como vou saber o que ele fez com ela? – Ele perguntou baixinho.

– É só olhar.

Jason virou-se e voltou a assistir. O cara estava surrando Piper sem piedade.

– Por favor... – Ele estava a ponto de chorar. – Faça com que ele pare.

– Eu não posso. – Júpiter estalou os dedos e aquilo sumiu.

– Você é o senhor dos céus. Pode fazer tudo o que quer.

O deus sorriu, compadecido.

– Eu não posso, Jason.

Jason ficou em silêncio, sentindo o turbilhão de emoções subir e descer pelo seu peito.

– Por quê? – Ele indagou baixinho.

– Porque você tem que entender que nem todas as coisas podem ser resolvidas. – Júpiter respondeu. – Eu não fiz isso por mal. Eu fiz isso porque você precisa. Todos os semideuses dessa maldita missão estão sofrendo, estão aprendendo. Uns mais do que os outros, mas ninguém está parado de braços cruzados. Foi isso o que a Piper fez. Ela fez sem medo o que significa sua ruína.

– E eu aprendo o quê? – Jason bateu as mãos na mesa. – Eu faço o quê?

– Não sei, Jason. – O deus levantou as sobrancelhas. – Eu sou Júpiter, o deus dos céus, das tempestades e dos relâmpagos. Sou o Senhor do Olimpo, pai de todos os deuses e o mais forte. Faço o que bem entendo, e tenho tudo ao meu alcance. Você é meu filho. O que faria em meu lugar?

Jason o encarou sem saber o que ele queria como resposta.

– Ora... Eu fechei o Olimpo. Minha mulher trocou dois semideuses de acampamento, iniciando uma guerra, uma guerra que ela quer que se resolva e vire uma força contra Gaia. Ela roubou sua memória, depois a devolveu. Os deuses estão se decidindo entre gregos e romanos, estão tentando a todo custo se tornar um só. Tudo está prestes a entrar em colapso. E você diz que eu posso tudo. Então, Jason, o que você faria em meu lugar?

Jason comprimiu os lábios.

– Primeiro... Eu deixaria os deuses falarem com seus respectivos filhos. – Ele começou.

– E se Hades fosse falar com Hazel? E se Ares fosse treinar Frank? E se Minerva fosse tentar ensinar Annabeth? – Júpiter botou ponta. – Como os deuses vão conseguir vencer suas próprias batalhas se estão tentando ajudar seus filhos? E se suas personalidades ficarem catatônicas para sempre?

– Eu... – Jason engoliu em seco. – Eu também deixaria os deuses entrarem na guerra.

– É mesmo? – O deus sorriu sarcasticamente. – E como você espera que isso aconteça? Você acha que eu não estou tentando fazer isso desde o começo? Afinal, pra que serviu todo esse sofrimento, não é? Por que o Perseu e a Annabeth caíram no Inferno? Por que vocês foram trocados, por que tudo está acontecendo? Por que existe uma droga de uma profecia, se os deuses podem resolver tudo?

Os ombros de Jason murcharam.

– Às vezes eu acho que temos que cometer atos sem pensar... – Ele murmurou.

– Você já tentou cometer atos sem pensar? – O senhor inquiriu. Jason meneou a cabeça. – É, eu sei que não. Acredite, filho, eu já cometi atos sem pensar, e muitas cabeças rolaram por causa disso.

Jason nada disse.

– Sabe, sempre me perguntaram por que eu sou o deus da carranca. – Ele suspirou. – Eles não têm ideia de como é ser o senhor dos deuses, de como é estressante. De como é pensar em cada ato seu. Um espirro que eu dê sem refletir em consequências pode mudar a humanidade, pode criar um monstro ou pode ocasionar uma briga de família.

– Você fechou o Olimpo por orgulho, não foi? – Jason indagou sem pensar, como uma criança faria para seu pai.

– Eu fechei o Olimpo porque... – Zeus hesitou. – Porque Apolo me alertou. Não foi só ele. Todos víamos, na linha do tempo, um grande evento. Uma batalha sangrenta... E quando soube o que Hera pretendia, eu fechei o nosso lar de vez. E, sim, eu me senti orgulhoso demais.

Jason sacudiu a cabeça, ainda abalado.

– Por quê? Por quê, pai? Somos apenas semideuses. Nunca seremos mais poderosos que nossos pais. Por que você tem medo disso?

Júpiter sorriu secamente.

– Nunca serão, mesmo. Mas pense, Jason, que quem decidiu as últimas batalhas não foram apenas os deuses.

– Mas é por isso que existem os semideuses, não é? – Jason disse. – Para cometer atos heroicos em nome de seus pais. É assim deste a Antiguidade. Não oferecemos risco aos celestes.

– É, algumas coisas nunca mudam, de fato... – O deus especulou. – Não tenha certeza quanto a ameaça que vocês fazem. Uma vez um amigo meu disse uma coisa a um semideus, tão certa, que eu nunca esqueci. Os imortais são limitados por regras antigas, mas um herói pode ir a qualquer lugar, desafiar qualquer um, desde que tenha coragem.


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