O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 21
Piper




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– Então... Você vem muito aqui? – Joan perguntou.

– Eu vivo aqui. – Piper respondeu com um sorriso.

– E... Onde você dorme? – Ele levantou uma sobrancelha.

Droga. Ela pensou.

Piper engoliu em seco e se inclinou para frente.

– Quer que eu lhe mostre? – Ela insinuou.

Joan abriu um largo sorriso.

Ele era um garoto bonito e nojento. Era alto, tinha cabelo e olhos castanhos. Subira no navio quando Piper estava combatendo harpias, mas ele não pareceu se importar. Esperou pacientemente que ela as derrotasse e não tentou feri-la, mas algo em seu comportamento dizia que ele estava disposto a matá-la sem um pingo de piedade. O mais importante de tudo era que ele tinha um exército.

Piper se levantou e começou a caminhar em direção as cabines. Sentia-se péssima sozinha, mas com ele era mil vezes pior. Tinha deixado claro que era mais mortal que Crisaor e mais sedento que o pirata.

Joan seguiu-a. Ficou perto o suficiente para que suas mãos pervertidas esbarrassem nas coxas de Piper. Ela cerrou os punhos e trincou os dentes. Não sabia se era forte o suficiente para dobrá-lo ao meio, mas ela tinha a imensa vontade de tentar fazer isso.

Não posso. Ainda não.

Ela precisava daquele exército. Já o vira de longe, quando Joan sentia-se exibido a mostrá-lo.

Piper passou pelo corredor. O navio tinha um cheiro bom. Um cheiro de casa. De lar. O piso de tacos estava limpo, e a luz do pôr do sol invadia pelas janelas, deixando as partículas de pó visíveis.

No fim do corredor chegaram a cabine de Piper. Ela abriu a porta, revelando sua cama no canto, um tapete vermelho no chão e um criado mudo. Sua espada estava escondida debaixo do beliche, junto com sua cornucópia. Katoptris estava na sua cintura, oculta pela camiseta floral.

– E então? – Ela instou.

– Lindo. – Ele sorriu mais uma vez. – Como você.

Joan chegou mais perto e deslizou as mãos pelos braços dela, puxando propositalmente as mangas. Piper segurou nos seus pulsos com força e se virou.

Quando você vai me dar o exército? – Suas narinas se inflaram de raiva.

– Quando você me der o que eu quero. – Ele respondeu no mesmo tom. – Convenhamos... Seu corpo de semideusa deve ser espetacular.

E você só vai vê-lo quando eu não puder mais respirar.

Era o que ela queria ter respondido. Mas não disse. Não podia.

– Você vai vê-lo. – Ela grunhiu.

– Eu não escutei. – Ele provocou.

– Você vai vê-lo. – Ela repetiu mais alto.

– Pode ser agora? – Joan puxou-a pela cintura.

– Eu não sei onde está seu exército. – Ela disse com os pés pregados no chão. – Então, não.

Joan suspirou, impaciente. Ergueu o punho e estava prestes a socá-la quando ela exclamou:

– Não!

Ele parou o movimento, confuso. Mais uma vez o charme dela funcionou.

– Faça isso e você nunca mais vai ter o que quer. – Ela disse com a voz tensa.

Ele hesitou.

– Eu garanto que você quer mais o seu prêmio do que eu quero o exército. – Piper arqueou a sobrancelha. – Quer apostar?

– Se eu lhe der o exército... – Ele ponderou. – Você vai ficar comigo?

– Para todo o sempre. – Ela recitou sem titubear. Ele era imortal.

– Tem certeza?

– Absoluta. – Ela prometeu. A profecia martelou em sua cabeça, mas ela duvidava que o verso de e um juramento a manter com um alento final se aplicasse àquela situação.

– Trato feito. – Ele sorriu e socou-a no rosto. Piper não desviou. Sentiu a dor de maneira impassível e ficou imóvel. Ela não retrucaria, mas também não iria cair de graça. – Você vai me obedecer. Tirar a roupa quando eu mandar e fazer tudo o que eu pedir. Sem exceção. Entende?

Ela assentiu.

– Essa sua... Casa, aqui, será minha também. O que é seu será meu, mas o que é meu não lhe diz respeito. Está condenada a viver eternamente comigo... Tudo por uma legião. É, Piper McLean... Tudo tem um preço. – Ele riu. – E você pagou caro demais. Quando Gaia acordar por completo e dominar deuses e semideuses, você os verá morrer, e vai ficar para sempre como minha escrava. Existem coisas piores que a morte. Uma vida comigo vai ser deliciosa.

Piper estremeceu. Não é verdade. Isso não vai acontecer. Não vai. É uma questão de tempo.

– Agora venha. – Ele puxou-a pelos cabelos. – Vamos ver o seu exército.

Joan a arrastou pelo corredor, pelos degraus e subiu ao convés. Ao longe ela viu a legião de monstros.

– Viu, Piper? – Ele sussurrou em seu ouvido, puxando cada vez mais. – Uma vida por um exército. Você vai ver como eu sou poderoso. O mais poderoso, o mais bonito e o mais inteligente.

Piper sabia que o gesto seria mortal, mas ela riu.

– Não ria! – Ele a estapeou. – Não é engraçado. Agora, vamos.

Ele a arrastou de novo para baixo, para sua cabine, e trancou a porta.


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