Quando viu a ruiva, Annabeth perdeu o fôlego.

Não sei o que você pensa quando eu digo que alguém ficou encantada, mais tenho certeza que nada vai se comparar com a maneira que Annie ficou quando a irmã de Percy adentrou no esconderijo.

Tinha os cabelos ruivos, tão ruivos que pareciam diamantes do mais belo vermelho. Os olhos eram verde Percy, por assim dizer. Os lábios pareciam muito delicados. Usava um vestido verde azulado (o famoso verde mar) até a altura dos joelhos e era exatamente da mesma altura que Annabeth.

Então ela notou as asas.

Quando Annabeth notou as asas, sentiu lágrimas encherem seus olhos. Lembrou-se que sua professora de literatura dizia que fadas e ninfas não eram reais. Eram frutos da imaginação.

Eram enormes asas de borboleta brancas como papel que era meio transparente. Se olhasse com atenção, Annabeth poderia ver que as asas reproduziam vários lugares aonde a natureza tinha domínio, como se fosse um espelho mágico. A loira deu um enorme sorriso de surpresa quando viu as ondas quebrando na praia, reproduzidas na asa da ruiva. Quando ergueu os olhos para a dona das asas, viu o rosto da ruiva. Ela parecia melancólica com o encanto de Annabeth, como se quisesse sentir a mesma coisa mais era impedida por algo.

– Oi Loirinha – Rachel sorriu maravilhosamente.

Annabeth recuou alguns passos e parou ao lado de Percy. Deu-lhe um cotovelada.

–psiu, ela esta falando com você, sabidinha. – Sussurrou ele.

Annabeth resmungou algo que ela mesma não compreendeu e encarou Rachel.

– Meu nome é Annabeth – Disse passando a mão pelos caracóis loiros e sorrindo, involuntariamente.

– Prazer Annie. Posso te chamar assim? Não sei se você já ouviu falar de mim, eu sou Rachel. Rachel Dare. Irmã do Jackson.

E então olhou gravemente para Percy.

***

Annabeth queria não ter presenciado a discussão.

Os dois irmãos conversaram animadamente. Por um tempo. De uma hora para outra a conversa tomou um rumo desagradável e logo os dois discutiam:

– Eu te transformei no que você é pra te salvar! – Percy gritou.

– eu não tenho um pingo de humanidade. Sabe como é ruim envelhecer? Conhecer pessoas legais e as ver ficarem velhas e doentes até se desfazerem em pó nas sepulturas?

– Rachel, se você não fosse o quê é hoje, já estaria morta. M-O-R-T-A. Tudo bem – Percy disse, fechando a cara e fazendo a cara mais nervosa que Annabeth já tinha visto. – Eu vou te fazer voltar a ser o quê era. E vai voltar morta. EU NÃO...

Foi impedido de continuar por Thalia, que pulou atrás de Percy e o impediu de falar, aplicando-lhe um tranquilizador em seringa. Enquanto Luke e Travis colocavam Percy sobre o sofá, Rachel passou as mãos pelos braços sem qualquer proteção contra o frio, trêmula.

– Ele... Ele tentou...

Annabeth se levantou e colocou seu casaco sobre os braços da ruiva, um pouco confusa.

– O quê ele ia fazer?

– Rachel é uma fada. Quando estava prestes a morrer, Percy pediu a fada rainha e a o pai de ambos, Poseidon, que a transformassem no que ela é agora. Fadas só existem se alguém acreditar nelas, Annie. Com Rach também é assim. – Katie explicou, enquanto Travis se aproveitava da situação para observar as coxas da garota, que lhe deu um chute no nariz quando este tentou ver por baixo de seu vestido.

– Percy ia dizer que não acreditava nela.

Todos ali assentiram.

– Eu achava que podia confiar nele.

Annabeth suspirou. Não tinha identificado quem havia falado mais tinha uma palpite de quem tinha sido.

– É melhor eu ir.

Desta vez Annie reconheceu. A voz era da trêmula Rachel. De seus olhos saiam pequenas lágrimas.

– Pra onde você vai? – Thalia perguntou se levantando da poltrona, com uma expressão indecifrável.

– Pra algum lugar onde eu me sinta segura. A partir de agora, só confio na natureza. Até mais, pessoal.

Dito isso, deu alguns passos e chutou uma das paredes. Uma passagem se abriu e a ruiva se foi por ela. Um silêncio se formou ali. Percy acordara.

– Você está bem? – Annie se ajoelhou ao lado do sofá e tomou-lhe o pulso.

– Estou bem, eu acho – ele disse entre gemidos de dor. – Annie, desculpe-me por te fazer ver...

– Percy – ela cruzou os braços, orgulhosa – Não sou um patricinha que não pode assistir uma discussão sem pensar em uma batalha sangrenta.

Ele deu um risada dolorosa.

–Haha, Annabeth patricinha Chase.

Ela deu um tapa no peito dele, arrancando um pequeno gemido de dor.

– Seu babaca.

– Sua orangotanga.

– Seu cabeça de algas.

– Sabidinha.

– água viva.

–Senhora Jackson.

– O quê você disse? – Annie ergueu a sobrancelha.

– Nada sabidinha, nada.

Percy deu uma pequena piscadela para a loira. Por alguns minutos, Annabeth esqueceu o comportamento agressivo de Percy de alguns segundos e encostou a cabeça no peito dele, ouvindo os batimentos do garoto. Ergueu a cabeça novamente e se levantou, pedindo a Katie que o alimentasse. Annabeth estava exausta.