How Far We’ve Come escrita por Lithium


Capítulo 6
4 — Love And Hate. Apparently, They’re The Same Things


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal? Alguém sentiu minha falta?

Eu sei, eu sei, eu prometi que postaria semana passada, mas vocês sabem como é. As aulas voltarem e se alguém já visitou o meu perfil sabe que eu tenho muita fic pra cuidar, então não deu tempo de terminar o capítulo, mas aqui está ele.

Esse cap NECESSITA ser lido com a música tema da fic, How Far We've Come do Matchbox Twenty, porque eu acho que aumenta o efeito, mesmo que eu não tenha o escrito ouvindo-a. Link:
http://www.youtube.com/watch?v=73Sdfr80QgM

Happy Valentine Day and happy Friend Day atrasados!

EU DIRIA MAIS MAS O NYAH! ESTÁ CORTANDO AS NOTAS E EU VOU FALAR COM O SUPORTE AGORA PORQUE EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO!

Enjoy!



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How Far We’ve Come – Matchbox Twenty

Percy seguiu Annabeth relutantemente, enquanto ela tentava não estrangulá-lo. Jackson fazia uma atitude bondosa parecer o fim do mundo, e Annabeth odiava isso. Talvez fosse algum tipo de lei com os garotos que jogam basquete: eles sempre têm que ter uma mente poluída.

Quando Annabeth teve aquela ideia, ela estava pensando em simplesmente lhe mostrar o navio. Nenhum palavrão. Nenhum tapa. Algo que a filha da mulher que organizou tudo aquilo faria por qualquer um.

Mas o idiota tornava aquela tarefa impossivelmente impossível. Ela tinha lhe mostrado apenas um nono do navio e já tinha mordido a língua várias vezes para não dar uma resposta aos comentários idiotas do garoto.

Resumindo: Percy Jackson só complicava tudo.

O Princesa Andrômeda era um navio majestoso, sem mais. O salão principal era composto por um restaurante, um bar, piscinas decorativas, aquários e várias escadas levando até onde os corredores com os quartos ficavam. O navio também tinha várias lanchonetes, estava cheio de instrutores de mergulho e ainda por cima tinha uma oficina. Annabeth realmente estava amando a estrutura do navio, assim como o seu interior. Jackson só observava... E isso a irritava.

E enquanto Annabeth estava lutando para não sair por aí marchando e soltando vários palavrões (mesmo que isso não fosse de seu feitio), sua melhor amiga estava em situações bem melhores.

Thalia Grace se sentia em um paraíso enquanto apertava freneticamente os botões de seu joystick – o.k, o joystick do navio do Hermes Farrell, mas que diferença fazia? Estava na mão dela.

Era um jogo de que ela nunca ouvira falar antes, mas não importava, pois era extremamente viciante. E ela ainda nem se preocupara em descobrir o nome do jogo, porque ela não conseguia parar. Isso a fazia lembrar-se de Annabeth. Quando eram mais novas – coisa de doze ou treze anos – Annabeth dizia que elas duas nunca deveriam chegar perto de cassinos, porque endividariam Zeus e Atena até os pescoços de ambos. Quem se importa com cassinos agora? Dane-se o mundo, eu só quero jogar.

Thalia estava tão concentrada, que novamente se lembrou de Annabeth – de como ela ficava nerd quando usava o cérebro para jogar xadrez. Será que ela estava com uma cara parecida?

Mas Thalia sequer pôde terminar o jogo, porque um garoto (mãos excessivamente quentes. Só garotos têm) agarrou seus ombros bem na hora que ela mataria o seu oponente virtual. Ela levou um susto tão grande, que o joystick escapou de suas mãos e se espatifou no chão.

Imediatamente – antes mesmo de se virar – ela quis quebrar a cara de Leo Valdez. Por que ela supôs que foi ele quem a agarrou? Oras, quem vive de irritá-la? Valdez! Mas Thalia teve uma grande surpresa quando se virou.

– Luke?!

Lá estava ele. Luke Castellan olhava de Thalia, para o joystick e por fim para o jogo.

– Foi mal... Acho que te desconcentrei.

Ela suspirou.

– De boa. Mas seu pai paga o joystick! – ela exclamou, sabendo que Luke não negaria.

Como esperado, ele riu.

– Com certeza será ele quem pagará – então o sorriso do rosto dele se apagou de leve. – Sabe... Eu estava no convés e lembrei que eu e os meninos só comemos umas panquecas antes de virmos... Então eu pensei... Bem, quer ir ao restaurante do navio comigo?

Ela não sabia se se sentia ofendida ou abismada. Luke precisou pensar em comida para se lembrar dela? E ele simplesmente chegou e... Convidou-a para tomar um café?!

Luke, logo de cara, percebera que soara mal.

– Digo... Bem, eu vi a Annabeth e o Percy fazendo uma espécie de tour. O Jason está conversando com a Piper lá em cima, e o Nico e o Leo devem estar fazendo qualquer coisa... Pensei que, já que não teremos nenhum dos meus amigos para fazerem as loucuras de sempre, nós dois poderíamos fazer algo completamente normal.

O.k, Luke era péssimo com palavras, mas ao menos ele soou melhor que antes. Mas para a surpresa dele e para a surpresa da própria Thalia, era rira.

– Uma pessoa maluca tomando café com um jogador de basquete maluco sem seus amigos malucos. Me parece normal.

Não tinha tanta graça assim, mas os dois riram juntos e começaram a ir em direção ao restaurante.

– Eu conheço esse lugar de cor e salteado – disse Luke. – A comida do restaurante é divina, acredite. Tem de tudo... Para todas as refeições. Ah, e, se quiser, faço um tour detalhado com você pelo navio. Acredite, também cabe uma quadra de basquete aqui dentro.

Thalia riu.

– Não me surpreendo. Festus, o tal dragão do Valdez coube aqui dentro.

Luke lhe deu um sorrisinho de canto, e ela se surpreendeu novamente. Há quanto tempo conversar com Luke não era fácil como estava sendo agora?! De repente, conversar com seu amigo de infância se tornou difícil... E agora estava sendo exatamente o contrário. Era como se ele e ela fossem a dupla que eram quando tinha sete, oito anos, por aí.

Ele apontou para a porta do restaurante, mas nem precisaria, pois tinha escrito SEJAM BEM-VINDOS! O RESTAURANTE DO PRINCESA ANDRÔMEDA LHES DESEJA UMA BOA REFEIÇÃO E UMA ÓTIMA VIAGEM! em letras laranja-neon.

– Bem cafona – comentou Luke. – Sabe como é. Meu pai é sempre tão receptivo...

Luke riu da própria piada, porém Thalia não riu. Ela sabia bem como era essa coisa de família – Zeus era casado com sua madrasta, Hera. Sua mãe era falecida, porém era louca e quase abandonara seu irmão gêmeo. Aquilo era algo que Annabeth, Luke e ela tinham em comum: problemas familiares. E Luke era tão casual brincando com aquilo que ela começou a cogitar a hipótese de que eles três não eram os únicos.

– Você disse que eles serviam de tudo – lembrou Thalia. – Mas com de tudo, você diz tudo mesmo?

Luke confirmou.

– Ótimo – disse ela. – Luke, eu preciso de um favor seu, tipo, urgentemente. Você poderia roubar o mais picante molho de pimenta da cozinha e entregar para mim?

– Você vai caçar confusão – Luke supôs.

– Não vou caçar confusão... Só vou ficar prevenida, sabe? Digo, nunca se sabe quando vai precisar de molho de pimenta.

Luke ergueu a sobrancelha esquerda. Ele sabia que Thalia queria alguma coisa – mas o quê? Porém ele não poderia negar um pedido tão simples como aquele à Thalia. Francamente, é a Thalia. Sua amiga de infância. E foi por isso que ele simplesmente afanou o molho de pimenta mais picante da cozinha e entregou nas mãos dela.

– Pode fazer qualquer coisa – disse ele. – Inclusive tacar isso na refeição do meu pai.

Thalia riu.

– Acho que eu seria trucidada pelo meu pai se aprontasse com o dono do navio.

– Manda o velho ir se danar. Só pensa nessa opção por mim.

. . .

Jason não fazia a mínima ideia de como não caíra, literalmente, no sono, mesmo dentro do navio. Ele devia um grande favor a Nico por sua dica sobre oito copos de café expresso.

Se ele não se enganava, ele não dormia há... Cinquenta e duas horas? Bem, Jason estava com tanto sono que o número não importava mais. O que importava era o sono em si – porque ele estragara tudo.

Jason estava olhando para o mar, inclinado o suficiente para cair, caso alguém lhe desse um susto. Mas a aproximação de Piper não lhe sobressaltou, porém quase o fez cair do mesmo modo, simplesmente porque ficou tão feliz com a presença dela que praticamente perdeu todo o equilíbrio.

Piper estava vestindo um biquíni, calçando chinelos e estava com os cabelos cobertos por um chapéu, e os olhos multicoloridos escondidos por óculos de sol. Linda.

– Oi, Jason – cumprimentou ela. – Observando?

Jason assentiu fracamente, efeito do sono.

– Estou realmente amando a vista – comentou Jason. – Acho que o cruzeiro vai ser legal... Mesmo que eu prefira...

– Céu – Piper respondeu. – Você prefere o céu ao mar.

Ele sorriu de canto a assentiu novamente, da mesma forma. E os dois ficaram em silêncio pelo que Jason julgou ser horas. Aquele silêncio era desconfortável – viver é desconfortável, foi o que Jason pensou, mas logo balançou a cabeça para espantar os pensamentos. Ele iria acabar adquirindo problemas de auto-estima se continuasse pensando daquela forma.

Mas Piper e ele faziam a mesma coisa – encaravam o mar. Jason, de fato, preferia o céu ao mar, mas ele ficou observando as ondas atentamente – como as do horizonte pareciam ser maiores que as mais próximas... Até que a visão dele começou a escurecer. E ele tentou se equilibrar, mas não conseguiu... Seu cérebro estava dormindo.

Foi Piper quem o impediu de, literalmente, mergulhar para a morte. Ela o agarrou bem a tempo.

– Jason? – ela chamou, visivelmente preocupada. – Jason, está tudo bem?

– Sim – confirmou ainda meio tonto pelo sono. – Estou bem, mas estou exausto... Sabe, não durmo há...

– Dias – Piper completou, novamente. – Não te culpo. Você está morando “sozinho”; embaixo do mesmo teto que o Leo está morando “sozinho”. E ele é o Leo.

Jason sorriu, esquecendo por um momento da vergonha que acabara de passar. Piper o fazia se sentir assim. Não importava o quão envergonhado ele estava... Piper parecia nunca se importar. Fazia Jason se sentir sempre o mesmo.

– O Leo está muito bem, por sinal. E os outros... É um sonho realizado, sabe? – Jason arrastara a última palavra. Falar sobre sonhos só aumentou seu sono. – Sempre desejamos dividir algum teto. Mesmo que tudo possa durar pouco... Nós cinco estamos felizes.

Piper sorriu.

– É bom ver que estão felizes morando juntos – ela disse. – Só prova que a amizade de vocês é muito sólida. E, Jason?

– Pipes?

– Não precisa ter medo da faculdade. Vocês vão conseguir as vagas, na mesma faculdade. Relaxe – então, ela deu um sorrisinho mais relaxado, enquanto Jason se admirava, mesmo com sono. Como Piper conseguia interpretá-lo tão bem? – Também tenho medo da faculdade... Digo, você e o louco do Leo são meus melhores amigos. Não quero que fiquemos longe... Mas enfim, tem alguma ideia de onde ele está? Nem lembro mais quando foi a última vez que nós três comemos um sanduíche juntos com essa pressão toda de formatura e faculdade!

Jason ia responder que tinha quase 100% de certeza de que sabia onde Leo estava, e que adoraria um Red Bull, mas Piper não lhe deixou responder, pois teve que checar o celular. A expressão dela não era nada feliz.

– SMS da minha mãe. – ela informou. – Quer uma reunião de família, tipo, daqui a pouco. Tenho que ir. Podemos remarcar?

Jason concordou, e ela acenou.

. . .

E então, lá estava Jason. Ouvindo mais um dos longos discurso de Bianca di Ângelo sobre o amor, dentro de uma sala de jogos vazia. Não que ele não gostasse de Bianca – na verdade, ele a adorava e os dois se davam super bem –, mas ele realmente odiava aqueles discursos dela. Eram geralmente metáforas, criadas por pensadores renascentistas ou pela própria Bianca que nunca o levavam a nada... Com exceção do da vez.

– O.k, ouça isso, Jason – pediu Bianca, quase colando a cara na de Jason. – Eu sei que você odeia os meus discursos. – sério?– Não precisa fingir que gosta. – finalmente, senhor! – Mas você terá que ouvir este atentamente. – ah, qual é!

Ele suspirou. Uma conversa longa estava por vir...

– Estou ouvindo.

Bianca respirou fundo e se afastou.

– Jason Grace – Jason não via motivos para ter o nome pronunciado sem motivos aparentes, mas ficou calado. – Você pensa que vive uma paixão platônica por Piper McLean... Correto?

Jason não sabia como aquilo começou a parecer com um julgamento em que ele era o réu, mas novamente ficou calado e assentiu.

– E você realmente acha que a Piper só quer amizade com você? – ele ia responder que era exatamente isso, mas Bianca não permitiu. – SUA COMPLETA AMEBA!

O.k. Depois daquele grito, ele não pôde evitar comparar Bianca com o irmão. Bianca e Nico podiam muito bem ser gêmeos e terem o mesmo cabelo preto liso e volumoso e a mesma pele assustadoramente pálida (mesmo que a pele de Bianca fosse de um tom de oliva saudável), mas eles não eram tão gêmeos assim, e o simples fato de Bianca ter peitos (ele se sentiu como Luke e seu jeito tarado enquanto pensava naquilo) já explicava muita coisa. Porém, quando ela gritava, ela ficava idêntica ao Nico, tipo uma versão feminina do garoto. E se tem uma coisa que Jason aprendera naqueles sete anos de amizade é que nunca se deve interromper os gêmeos Di Ângelo quando os mesmos estão gritando (assim como não se deve interromper Leo em seus discursos sobre leilões de peças mecânicas, como não se deve interromper Luke quando ele jogava vídeo-game e como não se deve interromper Percy quando o mesmo está em um discurso sobre um maluco com um machado, um isqueiro e uma reserva florestal [longa história que será contada depois, acredite1]).

– SERÁ QUE GAROTOS QUE JOGAM BASQUETE SÃO TODOS DESCEREBRADOS OU SÃO SÓ VOCÊS CINCO MESMO?! DIGO, EU SUPORTO A IDIOTICE EXTREMA DO MEU IRMÃO DESDE O MINUTO SEGUINTE AO QUAL EU SAÍ DA BARRIGA DA MINHA MÃE, MAS PENSAR QUE EXISTE ALGUMA ALMA VIVA FORA LILITH E EU – certo, Bianca admitia só para si mesma que os outros quatro (Nico não conta) eram lindos sem camisa, mas isso não importava agora – QUE NÃO FIQUE TOTALMENTE ENLOUQUECIDA POR VOCÊS?!

Quando Bianca finalmente pareceu que não ia mais gritar, Jason tomou coragem e começou a se defender.

– Bianca, você e Lilith não têm interesse sexual em nós porque são nossas amigas há sete anos, mas a Piper é diferente. Faz menos de um ano que somos amigos, e o fato de eu gostar dela é meio assustador, até. E ela não é minha melhor amiga, como vocês duas que são minhas melhores amigas há anos. Ela é minha melhor amiga mais recente. Que tipo de interesse ela teria em mim? E, Bianca, a Piper odeia esportes.

– Certo, minha amiga odeia esportes, mas e daí? Jason, existem várias fórmulas básicas da física no universo adolescente. Ouça essas: Cara normal + basquete = garotas. Cara gato e sexy + basquete = um colégio inteiro enlouquecido para beijar vocês —mesmo que isso envolva o Nico e você com certeza não dirá a ele que eu acabei de admitir que aquela criatura é bonitae sexy, assim como você não dirá a ele que eu vou admitir que eu o amo porque eu o amo. Consegue me entender?

Jason balançou a cabeça em confirmação o mais rápido que pôde. Nunca discorde de Bianca quando ela está destacando a frase. Sério, Bianca era um doce, mas isso não a impedia de ter um pavio bem curto às vezes. Mas ele só suspirou – era difícil competir contra Bianca, mas Jason também não desistia fácil.

– É como eu te disse, cara. A Piper... Bianca, a Piper não é desse tipo, entende? Ela não é do tipo que enlouquece com jogadores de basquete. Piper McLean tem sua própria teoria sobre o amor, e eu aposto que ela só enlouqueceria por um jogador de basquete se esse cara fosse o cara perfeito para ela...

Jason reparou que Bianca o olhava como se ele tivesse acabado de descobrir que um e um somam dois.

– E você acha que quem é esse tal jogador de basquete aí?

Quando ele entendeu o que Bianca insinuava, Jason arregalou os olhos.

– Bianca, Piper não gosta de mim. Não daquele jeito. Eu tenho certeza.

Então Bianca sorriu. Não um sorriso sarcástico ou algo do tipo – doce, cordial.

– Sabe, Jason, eu estive pensando. Você tem sorte de ter alguém como eu para conversar. Sabia que se você conversasse com outra garota aí qualquer, ela ficaria fitando o seu tanquinho? – Bianca riu da própria piada. – Certo, isso não teve graça nenhuma... mas sabe de uma coisa? Eu gosto de te ajudar a conquistar a Piper. Mesmo que em minha opinião ela esteja totalmente na sua. E também é muito fofo ver que um jogador de basquete está tão focado em uma garota só, mesmo que você também... olhe, diga-se de passagem, para Reyna Avila e Drew Tanaka.

– E você quer dizer...?

– Ah, cara, eu não sei. Sério, eu não faço a mínima ideia do que eu quero dizer com isso tudo, mas acho que gosto de ajudar você. E eu estou condenada a semanas dentro de um navio onde eu não sou muito útil...

– Não fale assim – Jason interrompeu. – Você é útil.

Bianca deu de ombros, ainda sorrindo.

– Talvez. Na sua história, que envolve Piper e cinco melhores amigos malucos.

– Seis – corrigiu. – Você também está nessa lista, sua boba. E por favor, não entremos no campo sentimental. Eu jogo basquete e jogadores de basquete não são sentimentais... bem, que eu saiba, Michael Jordan não era.

Ela ergueu a sobrancelha esquerda.

– Mais uma dúvida para minha lista extensa sobre dúvidas quanto a jogadores de basquete. Por que cargas d’água todos tentam ser igual ao Jordan?! – exclamou ela, revirando os olhos e dando as costas a Jason. – De qualquer forma... Boa sorte, Jason. Não só para enxergar que a Piper também gosta de você, mas para...

– Para...?

– Para conseguir dar logo um fora em Reyna e Drew.

. . .

Leo estava tão distraído que quase jogou Piper no mar.

Eles estavam prestes a colidir – e cair no mar –, quando Leo movimentou os pés em um giro estranho (imagine um Moonwalker sem que Michael Jackson vire de lateral, e termine com um giro), o que inicialmente poupou os dois de cair no mar, até que Leo perdeu o equilíbrio de novo e quase esborrachou a própria cara no ferro da grade de proteção, então, ele içou-se para cima e terminou sentado na grade de proteção, por pouquíssimos centímetros de dar adeus à vida.

– Wow! – Leo exclamou, vendo o que acabara de fazer. – Wow, cara, isso foi demais!

– Valdez, como diabos você fez isso?! – Piper perguntou, mas ela também estava sorrindo.

Leo deu de ombros e de repente se lembrou do porquê de quase ter morrido.

– Impulso. E adoraria levar um papo com você, mas tenho que ir. Estou super atrasado para uma reunião de família boba.

– Sério?! Sinto cortar o seu barato, Valdez, mas somos dois – ela anunciou. – Minha mãe convocou mais uma reunião de família... Eu as odeio.

Eles já estavam andando; Leo indo para a sua reunião e Piper para a dela, mas ainda estavam próximos. Aparentemente, eles poderiam seguir conversando boa parte do caminho.

– Geralmente, meu pai só convoca uma dessas para falar de um dos prestígios dos meus irmãos, ou falar que teve mais um filho.

Piper não riu, e Leo muito menos. Realmente, a família de Leo era bem maior que a dela – Leo, por parte de Hefesto, tinha quatro irmãos. Charles Beckendorf (primeiro casamento), Jake Mason (terceiro casamento), Nyssa Willians (quinto casamento), o próprio Leo (sexto casamento) e o pequeno Sammy, de um affair com a mulher do terceiro casamento.

– Bem, a minha mãe convoca essas reuniões chatas de vez em quando. São sempre um saco e eu nunca entendo o quê a minha mãe quer nos dizer.

Leo riu.

– Cara, a minha família é, tipo, enorme. Eu não sou amante de reuniões de família também não. É sempre igual... Eu e meus irmãos com cara de taxo, sentados em uma mesa e meu pai falando, e falando, e falando...

Piper e Leo continuaram conversando sobre o tédio letal das reuniões de família quando ambos finalmente chegaram a seu destino. O quatro 384. O destino de ambos.

Ele franziu a testa e a encarou.

– Você... Sua reunião também é aqui?

Piper assentiu, relutantemente. Aquilo era estranho – quais as probabilidades de Afrodite e Hefesto – justo Afrodite e Hefesto – marcarem uma reunião de família no mesmo lugar?

Leo sorriu de canto, porém o gesto foi mais por conta da falta de opção.

– Bem, acho que é aqui, então. Vamos entrar, só vamos saber quando abrirmos a porta.

Ele estendeu a mão para a maçaneta, girou e abriu a porta. O erro já estava feito assim que ele tocou a maçaneta.

Quando Leo viu o que estava do outro lado da porta, só quis ter caído no mar de uma vez. Drew e Silena estavam de calcinha e sutiã. A visão era linda... Mas que droga ele estava fazendo ali? As duas gritaram quando o viram, e ele sentiu o rosto queimar. Maldita mensagem de texto escrita errada.

Ele fechou a porta rapidamente e encarou Piper, quase morto de vergonha. Como ele fora parar no quarto de Afrodite? (Certo, a visão era realmente muito linda.)

– É... Definitivamente não é aqui – falou, o mais rapidamente que pôde, e já estava correndo para longe quando ele viu que havia alguém atrás dele.

– Leo! – exclamou seu pai. – Finalmente chegou, garoto.

Ele arregalou os olhos.

– O quê? Você está me dizendo que a reunião de família é nesse quarto?!

– Mas claro! Eu nunca mando mensagens de texto erradas! Entre, garoto, seus irmãos estão vindo.

Hefesto abriu a porta do quarto e deu a sorte de ver Drew e Silena já vestidas, porém com caras nada boas.

– O que você e esse seu filho magricela estão fazendo aqui?! – Drew perguntou, sendo nojenta, como sempre.

– Drew! – Silena repreendeu. – Leo não teve culpa de...

– Só diz isso porque é o meio-irmão mais novo do seu namoradinho – Drew zombou. – Nós estávamos nos preparando para uma reunião de família, e quando vemos, o seu filho está escancarando a porta!

Hefesto olhou de Leo para Drew, meio incrédulo.

– Bem, meu filho não teve culpa – disse Hefesto. – Ele não sabia que vocês estariam aqui, e...

Ele se interrompeu, porque o resto da família chegou.

Nyssa, Charles e Jake tinham aproximadamente a mesma idade de Leo (Charles era um ano mais velho, mas estava se formando porque morou em outro país e teve que repetir a quarta série para não ficar perdido na matéria. Os outros têm só alguns meses de diferença), mas pareciam ser bem mais velhos. Charles e Jake eram musculosos, e Nyssa tinha um jeito sério e experiente. Perto deles, Leo era só um garoto magrelo que jogava basquete. Já Sammy – bem, Sammy era o que mais parecia de fato ser meio-irmão de Leo. Ele era magrelo e franzino, assim como Leo – mas Sammy tinha apenas onze anos.

A expressão no rosto de Drew só fez Leo se sentir mais desconfortável.

Ele não tinha nada contra Afrodite, mesmo sabendo que ela se casara duas vezes com o seu pai. Ela até o ajudara uma vez. Mas com Drew era outra história. Afrodite conseguia ser bem irritante de vez em quando, mas Drew era... Uma vaca. Uma completa vaca, totalmente diferente de Piper e Silena. E, diferentemente de Leo, Drew se importava com o fato da mãe dela e o pai de Leo terem se casado duas vezes.

Basicamente, a garota odiava tudo que tinha sangue de Hefesto.

Inclusive os irmãos de Leo.

[E se Drew fosse um cara, com certeza Leo bateria nela. Mesmo que muito provavelmente, caso Drew fosse um cara, ela seria um cara bem mais bonito que ele.]

Então, detrás das duas garotas no quarto, Afrodite surgiu.

Ela era tão bonita que conseguia fazer Leo lembrar-se de todas as garotas por quem ele já se apaixonou – e que eram muitas. Mas às vezes, a aparência de Afrodite o confundia. Por exemplo, até uma mancha que Afrodite tinha no braço esquerdo o faziam lembrar-se de meninas – meninas por quem ele nunca teve nenhum interesse sexual.

– Hefesto! – ela exclamou, alegremente e sorriu. – Meninos, entrem, não se acanhem! E Pipes, por que ainda está aí fora?

Piper balançou a cabeça e entrou, seguida de Leo e dos seus irmãos.

– Que droga eles estão fazendo aqui?! – perguntou Drew, e depois apontou acusadoramente para Leo. – Esse idiota nos viu seminuas!

Afrodite franziu a testa com força e encarou Leo, mas depois sua expressão suavizou-se.

– Revigoremos, Drew.

– Mas...

Revigoremos – insistiu Afrodite, com a voz mais firme. – Nenhum de vocês sabia que Hefesto e eu faríamos uma reunião de família juntos. Leo não teve culpa, assim como você não teria se o visse trocando de roupa caso a situação fosse inversa.

Leo olhou ao redor. Jake e Nyssa estavam tão desconfortáveis quanto ele. Sammy parecia confuso, mas Charles não ligava para os olhares acusadores da parte de Drew. Ele sorria docemente para Silena, que retribuía o gesto. Leo achava aquela melação toda muito nojenta, mas se os dois estavam felizes, por ele eles podiam se casar e fazer o que quiserem... Mas continuaria parecendo estranho a ele.

– E o quê nós estamos fazendo aqui, afinal? – Nyssa perguntou.

Hefesto e Afrodite sorriram um para o outro, e Leo nunca mais esqueceu a cena: os dois se abraçaram, como um casal recém-casado.

– Dite e eu vamos nos casar novamente!

Leo não sabia se gritava ou se tinha um enfarte cardíaco. Seu pai ia se casar com a mesma mulher pela terceira vez?! Mesmo depois de Esperanza?

Ele simplesmente não conseguia acreditar no que ouviu. Seus irmãos também estavam no mesmo estado de incredulidade.

– O quê? – Leo perguntou, devagar. Ele estava incrédulo, mas a mistura de raiva e choque o motivava a abrir a boca.

Afrodite sorriu docemente.

– Eu sei que Hefesto e eu já nos casamos duas vezes antes, mas dessa vez, a coisa é firme. Eu sinto isso...

– A questão não é um casamento firme ou não! – ele exclamou. – Pai!

Hefesto continuou calado.

Pai! – dessa vez, não deu outra. Leo realmente gritou.

– Leo... – Hefesto começou, cautelosamente. – Nós já conversamos sobre isso.

– Sim, há treze anos!

A expressão cautelosa de Hefesto murchou e se transformou em uma expressão culpada.

– Filho...

Leo não queria ouvir mais. Não queria ouvir mais nenhuma explicação do pai sobre seus irmãos, ou sobre o número alto de casamentos e affairs que ele tivera. Ele só queria sair dali. E foi o que ele fez. Empurrou quem quer que estivesse atrás dele e começou a correr para o único lugar que lhe cairia bem agora.

A quadra de basquete do Princesa Andrômeda.


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Notas finais do capítulo

¹ História inspirada em fatos reais, que será contada depois.

Enfim, é isso aí. Continuo as notas e tudo mais no próximo cap. Comentem, favoritem, recomendem.

Beijos,

Mel.