São 19:37 da noite em Londres, Sherlock encara a tela do notebook . Só queria que uma ideia, alguma pista surgisse na sua mente, mas todas fogem. Mas para quer ele precisava disso mesmo? Ele nunca terminaria nenhum dos seus milhares de casos. Não depois que passou a morar novamente sozinho no endereço 221B de Baker Street.

Ele não queria morrer, mas o ódio que cresce dentro dele diz o contraio, talvez ele não quisesse mais existir, talvez ele só não queria nascer. Sim, ele estava passando por todo aquele clichê de quando se perde a pessoa amada para outra.

Um mal estar já conhecido tomou o controle da situação, antes tão disposto para tudo, agora tão morto, apena digita palavras soltas na esperança que alguma faça algum sentido. Na esperança de solucionar alguma coisa. Queria dormir, mas o peso da consciência nunca deixaria.

Ele era só mais um inútil. Agora com John feliz, casado e longe dele não tinha mais aquela sua inteligência sagaz. Não conseguia mais perceber os detalhes das coisas. Só queria ter contado tudo antes ao seu parceiro.

Não queria admitir que não está curado (voltou a dançar com a heroína), as pessoas nunca entenderiam ... Ele queria, deveria sentir dor, se mutilar, sangrar, morrer? Talvez só assim para ele perceber que está vivo, só assim para descobrir se tem algum traço de energia no seu corpo.

Queria quebrar os moveis, quebrar as coisas. Ele só não queria ter uma existência tão patética, tão mediocre.

Por fora um carrasco, por dentro grita, como se dentro da sua casca estivesse milhares de almas condenadas ao inferno. Se Sherlock parasse um pouco e se concentrasse ele veria os rostos negros se agonizando em um lamaçal escuro e pútrido. A sua verdadeira casa.

Será que ele deveria ter deixado lá tão cedo? Será que era mesmo a hora dele? Tudo afirma que não.

Ele não é forte o suficiente para aguentar nada, ele é só um verme em busca de fragmentos do Sol .

Ele é sujo, imundo, a escória de uma alma que algum dia foi algo grande, e que ainda não entendeu sua derrota.

Ele para um pouco, joga os papeis no chão. Quer vomitar, passa mal seu coração acelera, seu rosto fica vermelho e molhado. Será que é o inicio de outra overdose? Mas é sempre assim ... Então apenas continua.

Por que ele não pode simplesmente matar alguém? Por que ele não pode ser quem realmente é? Por que ele não coloca a raiva por cima de outra pessoa? Queria matar Mary. Queria matar Mary por tirar a unica coisa que o mantinha vivo. Mas não podia ... Ela estava gravida.

Só queria socar, bater, enfiar uma faca, cortar .... Talvez vendo o sangue escorrendo ele conseguisse ficar em paz. Talvez ele nasceu para ser mau, talvez é isso que o completa.

Talvez ele só deveria parar de respirar.

Mas ele é fraco, medroso, já falei que é uma inútil? Que culpa os outros por tudo?

Tão louco que não vive mais nesse mundo, prefere seus doces sonhos que nunca vão acontecer. Quem ele quer enganar? John nunca sentiria nada por ele a não ser pena.

Ele respira, o vento bate em seu corpo. Se encontra mais leve. A maçaneta gira. Sorri.