POV Jack

"A escuridão, é a primeira coisa que eu me lembro. Estava tudo frio e eu estava com medo. Daí eu vi a Lua, tão grande, tão brilhante, parecia que ela espantava a escuridão.”- o gelo foi se quebrando e algo me puxava para cima, foi então que saí, respirei bem fundo e inspirei como se não fizesse isso a anos. A tal força misteriosa foi me puxando para cima e percebi que estava saindo de dentro de um lago. Olhei para a Lua que me hipnotizava como se me dissesse algo. Aos poucos fui tocando a parte congelada que restava do lago em que saí, bastou tocá-lo para me sentir... vivo. Era como se eu tivesse ressuscitado, olhei para minhas mãos e meus pés, minha pele estava pálida e mesmo com o frio que fazia eu não sentia frio. Olhei novamente para a Lua.

"E então, não tive mais medo."

Depois que a hipnose passou olhei ao meu redor e acabei tropeçando em um... galho? No momento parecia mas analisei-o e vi que parecia mais um “cajado”. Por um feliz acidente o “cajado” tocou a borda do lago e uma coisa incrível aconteceu: a borda tocada ganhou uma camada a mais só que bem mais reluzente. Espantado olhei para o cajado e tentei entender o que aconteceu. Testei o cajado e o bati contra o gelo e o gelo ficou mais congelado. Fui então a uma árvore ali perto e a toquei com o cajado e não é que congelou? Soltou uma espécie de camada congelante! Dei um leve sorriso e decidi explorar esse poder. Fui ao lago e corri em volta deslizando o cajado e a mesma coisa aconteceu: a camada reluzente. Fiquei fascinado, como poderia eu ter um poder desse? A diversão ia começando, confesso que eu parecia uma criança com uma vara na mão. De repente, uma ventania fria passou por mim e algo mais sinistro, o vento me levou ao céu! Isso mesmo, voei junto, ele simplesmente me levou, assim, do nada, quando percebi já estava lá nem cima no céu, olhei para baixo e vi a camada que fiz no lago que agora podia se ver de longe. Mas é claro, parou de ventar e cai, por sorte, nas árvores de um bosque ali perto. Mesmo ter caído não me fez parar de rir a toa. Desci dos galhos da árvore e fui me guiando na direção de uma luz forte vindo do norte. Cheguei mais perto, na verdade a luz era de uma fogueira que tinha em uma vila. Fui até lá com a intenção de encontrar alguém que eu me lembrasse conhecido, já estava escurecendo e eu não me lembrava daquele lugar. Fiquei com preguiça de ter que caminhar até lá então peguei uma carona com o vento.

– É tenho que treinar a aterrissagem. – comentei para mim mesmo.

– Boa noite, boa noite, olá senhora. – cumprimentei as pessoas que passavam por mim sem ao menos elas me retribuíssem. Vi um menino passar, provavelmente ele devia morar ali então me abaixei na altura dele (quando ele se aproximou) para pedir informação, provavelmente ele morava ali e podia me ajudar a saber onde eu estava.

– Aí garoto, você sabe onde eu... – e quando a gente pensa que já aconteceu tudo em sua vida vem o mais surpreendente: o menino passou por mim! Isso mesmo, passou por mim como passar por vento, ele não me viu, não sentiu minha presença e muito menos me ouviu! Era como se eu nem existisse. Minha reação foi a mais espantosa possível, como assim ele não me via. Aí certas perguntas me vieram em mente como: “Por que eu saí de dentro de um lago congelado? Como eu saí de lá vivo? Por que eu não me lembrava de nada? E principalmente, eu estava mesmo vivo? Fiquei bobo parado refletindo e tendo a horrível sensação que não existia, as pessoas ao meu redor passar por mim, eu não existia pra elas! Me afastei da vila indo para um canto mais afastado, olhei para Lua que brilhava fortemente pra mim, era como se ela me dissesse algo e então veio a mim como se ela falasse comigo: “Seu nome é Jack Frost”

Como é muito normal a Lua falar com você esfreguei meus olhos e ouvidos para ver se eu estava mal da cabeça. E parece que estava mais desesperado pra conversar com ela:

– Estou morto? Isso é um sonho? Você está falando comigo mesmo? Por que eu saí de um lago? Eu morri? Ou isso é o céu ou algo parecido? Sou um fantasma? Um vulto? Por que ninguém pode me ver? EU ESTOU LOUCO EM FALAR COM A LUA?

Sem respostas (por que será né?) fiquei desapontado mas ao mesmo tempo confuso, triste, desamparado mas não estava com medo, olhar para ela (a Lua) me encorajava. Como a Lua não me respondeu tirei minhas próprias conclusões: “Aparentemente sou um fantasma ou uma alma penada, ninguém pode me ver porque não devo pertencer a este mundo, devo ter morrido naquele lago e tenho que dar um jeito nessa palhaçada!”

Fui caminhando e mais avante eu peguei outra carona com o vento e fui voando sem rumo, sem direção, até onde ele quiser me levar.

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