Pov’s Rapunzel

Ele foi sussurrando até ficar bem próximo de mim.

Me perdi em seus olhos azuis gelados que me deixavam cada vez mais boba

– ...beijo – completei e fui fechando os olhos devagar. Jack estava tão perto de mim que dava para sentir sua respiração. Eu não sabia que cor estava agora mas quando seus lábios encostaram nos meus acho que fiquei azul. Um frio arrepio passou em mim. Jack estava me beijando. Aquele era meu primeiro beijo, uma nova sensação. Gothel e o resto do mundo simplesmente sumiram. Aquela era a sensação mais nova e que eu nunca mesmo tive ideia do que era. Minhas mãos congelaram, não sabiam o que fazer. Mas Jack sabia, uma mão segurou minha cintura e a outra segurou levemente meu rosto.

Depois ele foi se afastando devagar e me encarou com um sorriso. Involuntariamente sorri de volta.

– J-Jack... – tentei reunir as palavras perfeitas que teimavam em não aparecer. Não sei se foi bem minha salvação mas uma voz interrompeu meu bloqueio mental

– Princesa, posso entrar? – uma das empregadas bateu gentilmente na porta

– E-Estou me trocando

– Oh sinto muito. Só vim avisar que o jantar está pronto Alteza.

– Obrigada, já vou descer

– É melhor descer. Dá pra ouvir seu estomago roncando daqui moça. – Jack rindo normalmente e eu ainda sem emoção o olhava como se fosse um alienígena

– M-Mas e-e v-você?

– Jack Frost... invisível

– Ah é c-claro. Onde você vai agora?

– Oficina do Norte, temos que conversar uns assuntos sérios de guardiões – ele tentou imitar a voz de Norte

– Hum, Guardiões? Parece ser muito sério

– Shiiiiiuuu, isso é confidencial! – ele olhou para os lados como se fosse um fugitivo da lei

– Só você Jack

– Quer que eu volte amanhã Alteza?

– Se você quiser...

– Há, se for por isso eu venho! Bom, eu preciso ir. – ele me deu um breve beijo no rosto – Até amanhã princesa – e por fim uma piscadinha irresistível

– Tchau Jack... – fiquei observando ele sumir no horizonte enquanto pensava no que acabara de acontecer. Passei a mão em minha bochecha onde ele me beijou e fiquei sorrindo do vento. Depois de um tempo encarando nada, tratei de lavar as mãos e ir para o salão de jantar.

– Está atrasada Rapunzel! – minha mãe, que estava no salão a minha espera disse

– Mãe, desculpe a demora. Sou nova nesse negocio de horários para jantar.

– Tudo bem querida, é brincadeira. Não estou brava com você. Vamos jantar somente nós duas hoje. Seu pai está muitíssimo ocupado. – ela disse com um enorme sorriso

– Olá Rapunzel! – uma moça muito simpática surgiu saindo da cozinha – Sou Adelaide, sua chef gourmet. Mas eu não gosto muito desses nomes cheio de frescura então prefiro dizer que sou sua adorável cozinheira. – ela fez uma pequena reverencia

– Já gostei de você! – respondi gentilmente

– Oh veja só! Como cresceu! Como cresceu! Me lembro perfeitamente do linda bebezinha no berço tentando pegar o Sr. Lancelotti.

– Adelaide é nossa cozinheira desde que você nasceu querida.

– Que honra!

– Tão doce, igual a mãe. Vejo que aquela bruxa não te poluiu com ideias podres e... – ela parou ao ver o olhar severo da minha mãe. – Perdão Majestade! É que isso me revolta tanto... Enfim, vamos ao jantar. Hoje teremos Feijoada, picanha, purê de batatas e camarão.

– Feijoada?

– Sim, é um prato típico do Brasil.

– É bom?

– O que? Uma delícia, você vai amar! – minha mãe animada comentou

– Vou já trazer – Adelaide voltou à cozinha

– Querida, você estava falando com alguém no quarto?

– Não. Por que pergunta? – desviei o olhar. Eu sei que mentir para os pais é horrível mas ela nunca acreditaria em mim

– Porque Denise, uma das empregadas, disse que estava passando e ouviu vozes de você e outra desconhecida. Ela disse que você estava conversando com alguém – ah ótimo! Uma empregada bisbilhoteira!

– Ela sempre fica ouvindo atrás das portas? – disse rabugenta

– Não. Ela estava passando por ali. Então você afirma que estava falando com alguém? Tudo bem querida, não vejo problemas só quero saber com quem.

– Com ninguém

– Com quem você estava falando Rapunzel? A verdade

– Se eu falar você não vai acreditar

– Por que não acreditaria?

– Porque é meio loucura

– Quando eu estava grávida de você, tomei uma sopa feita de uma flor acreditando que era mágica. Por que não acreditaria?

– Tudo bem. Eu estava falando sim com alguém

– Com quem?

– Jack Frost

– Quem é? Seu amigo?

– Sim... espera nós somos amigos. Só amigos – comentei pra mim mesma

– Rapunzel?

– Sim é meu amigo.

– Ele entrou como?

– Pela janela

– Como? Aqui é muito alto para escalar

– Ele não escalou

– Então como entrou pela janela?

– Voando...

– Voando...?

– Sim

– Como voando...? Ele é um pássaro? Um animal de estimação como o Pascoal?

– Não, ele é humano como eu

– Querida, nenhum ser humano pode voar

– Mas ele voa. É um dos seus poderes

– Está me dizendo que ele tem poderes? E quais seriam os outros?

– Frio, neve, gelo, vento, etc.

– Aham – ela comentou me analisando como se fosse pra ver se eu estava lúcida – Diga, tem como me apresenta-lo? Quero conhece-lo

– Eu posso até apresenta-lo mãe. Mas você poder ver ele

– Por que não?

– Só se acreditar nele. Que ele existe

– Onde já se viu alguém que precisa disso para vê-lo?

– Ele é um guardião mãe. Assim como o Papai Noel, o Coelho da Páscoa, o Sandman e a Fada dos Dentes.

– Rapunzel, você está ouvindo o que está falando?

– Sabia que você não ia acreditar em mim mãe

– Eu quero acreditar querida. Mas me explique melhor.

...