Pov’s Rapunzel

Mamãe chegou toda feliz em me encontrar nem sonhando o que eu havia feito. Rapidamente fez o almoço, nós comemos e conversamos sobre como esteve a casa enquanto ela estava fora.

– Você limpou a casa?

– Bem, sim...

– Pois limpou igual a sua cara – ela traçou o dedo indicador sobre a cômoda – Ora, brincadeirinha querida! Só digo que ainda tem coisa para se limpar, poderia cantar pra mim querida? Estou me sentindo exausta, a viagem foi muito cansativa.

– Claro mamãe – não excitei em atender o pedido com muito bom grato, já que teria saído de casa sem sua permissão, eu iria ser uma boa filha. Peguei a “cadeira-chefe” (chamava assim porque era uma espécie de trono, e por isso dava uma certa autoridade) e a posicionei em frente a lareira da sala, também peguei a minha escova de cabelo e um banquinho para mim. Logo mamãe sentou na cadeira e eu no banquinho como sempre fazíamos.

“Brilha linda flor

Teu poder venceu

Traz de volta já

O que uma vez foi meu

Cura o que se feriu

Salva o que se perdeu

Traz de volta já... – parei nessa parte ao me lembrar da cara de espanto de Jack vendo meu cabelo brilhar

... o que uma vez foi meu – parei novamente lembrando dessa vez do meu sonho

– O que foi minha flor?

– Nada mamãe, é que estou cansada, não dormi muito bem essa noite.

Traz de volta já

O que uma vez foi meu

Uma vez foi meu” – meu cabelo voltou ao estado normal

– Muito bem querida, já comemos então dê uma varridinha aqui e depois descanse um pouco.

– Sim mãe – peguei a vassoura e comecei a varrer

“- Trouxa, sua mãe nunca lhe disse que não pode confiar em estranhos?” – meus pensamentos voavam ao refletir sobre essa bendita frase. Ainda me perguntando como pude ter sonhado uma coisa dessas! Justo do Jack? Depois de tudo que ele fez por mim? Mas que ingratidão da minha parte! Mas só de pensar que eu seria uma presa fácil já me dava arrepios! Imagina, e se não tivesse sido o Jack me achado? E se fosse um sujeito mal? Um ladrão ou um dos caras pesados que minha mãe tanto fala? Eu seria tão fácil assim?

– Desculpe minha flor por abusar tanto de você! Imagino o quanto foi estressante cuidar da casa sozinha! Deve ter sido extremamente exaustivo não é querida? – minha mãe interrompeu-me

– Ah que nada mamãe

– Então não sei porque demora tanto! Hahaha – ela me surpreendeu com a resposta – Brincadeirinha Rapunzel, não leve tudo com tanta seriedade!

– Ok, bom eu já terminei de varrer

– Otimo, então pode subir e tirar uma soneca bem gostosa – antes de subir a abracei bem forte

– Senti sua falta mamãe, eu te amo

– Eu te amo muito mais – me deu um beijo na testa, e então depois segui para meu quarto.

– Que tal um banho Pascoal? Faz tempo que o senhor não se lava. – Pascoal pulou do meu ombro já no quarto

Peguei uma vasilha e enchi de água morna para o banho do meu camaleão que também parecia cansado. Ele tomou seu banho e depois foi a minha vez. Sai do chuveiro sonolenta, cai na minha cama e fiquei encarando o teto do quarto como se lá estivesse a resposta da minha vida. Quer saber? Eu estava feliz e... com saudades do... Jack, ok, confesso! As lembranças da viagem me faziam esquecer de todo pressentimento ruim. Logo cai um leve sono.

“Acordei animada e bem mais disposta. Peguei um livro do lado do criado mudo.

– Se quiser ela vai ter que passar por cima de mim – era minha mãe falando com... quem? Logo após dizer isso, ouvi gritos dela. Corri até a escada para ver o que se passava no andar debaixo.

– Mamãe?

– Olhe gente ela está ali! Nosso rio de ouro! Hehe, já estou até vendo o meu castelo – um homem de voz grossa e grave sorriu de modo muito indecente (verdade, indecente mesmo!)

– Oi mocinha que tal cooperar com a gente vindo até aqui? Assim ninguém precisa te machucar – outro homem de voz mais grave ainda falou

– Jack? – ele apareceu subindo a torre por último, havia mais seis homens lá

– Eai loira? – sorrindo estranho estava agora estava subindo as escadas sorrateiramente para me alcançar

– Loira? O que está acontecendo? Quem são vocês? Jack pode me explicar? – todos começaram a rir incluindo ele

– São só alguns amigos meus

– O que eles estão fazendo aqui...?

– Eles só queriam te conhecer, só isso

– E o que fizeram com a minha mãe?! – eu a vi caída em um canto da sala

– Ela não foi nada educada com a gente – um dos homens obviamente caçoou

– Chega mais, eles querem de conhecer

– O que fizeram com a minha mãe? Jack, como pode trazer alguém aqui? Mais que papo estranho! Chega, fala o que está acontecendo?

– Lembra quando realizei seu sonho? – ele se aproximara cada vez mais perto de mim – É sua vez de realizar o meu – vi seu olhar assustador e corri para me quarto, tranquei a porta e tentei achar alguma coisa mais ameaçadora que poderia ter ali.

– Rapunzel, seja boazinha, colabora – ele bateu três vezes na porta

– Anda logo, não temos o dia todo, arromba essa porta – eles começaram a bater violentamente na coitada da porta, peguei a primeira coisa que consegui antes da porta se abrir: um livro

– Saem daqui! Vão embora! O que querem comigo?

– Saem da minha frente! – Jack apareceu novamente a mim – Vamos lá loira, colabora, ninguém aqui quer machucar você pra valer se ficar quietinha você nem percebe

– O que vão fazer? Querem meu cabelo? Precisam dele?

– E de você também – ele veio pra cima de mim me agarrando, eu tentei acertá-lo com o livro, o que foi inútil! Acabou caindo no chão e eu fui imobilizada por ele. Tentei lutar com todas as minhas forças mas era tudo em vão.

– Olha, ela é brava! E muito forte também! – Jack fez com que os homens rissem e debochassem de mim. Ele me amarrou e jogou-me com tudo em um canto do quarto.

– Quietinha Rapunzel, quietinha shiuuuuuu – ele tentou me calar com um pano mas eu relutei e cuspi na cara dele E PRA QUE? Ele me deu um tapão na cara e me calou do mesmo jeito

– Fica quieta merda!

– Quer que a gente a leve?

– Não precisa, eu sei domá-la – foi me puxando pela corda até lá em baixo - Pare de lutar assim!

– NÃO! – consegui tirar aquele pano da boca

– Ah é? Não? Então se quer pela pior maneira é assim que vai ser! – ele jogou umas duas rajadas de gelo em mim que me atingiram como espinhos muito gelados mas mesmo assim não desisti

– Não quer mesmo que eu a...

– JÁ DISSE QUE É PRA DEIXAR COMIGO CASSILDA! Chega Rapunzel, eu não vou perder tempo com você – senti uma pancada muito mais forte na minha cabeça

...

– NÃO!! – gritei agoniada – Chega o que você quer comigo? – comecei a chorar

– Rapunzel? O que foi?

– Nada mãe, só tive um pesadelo

– Está tudo bem com você?

– Agora sim – disse meio trêmula

– Pascoal porque estou tendo esses pesadelos horríveis? Eles se parecem tão reais!

...