Pov’s Jack

Tirando um pouco o foco de Breu e do meu passado, levei Rapunzel no melhor lugar para comer se divertindo.

– Chegamos, olha lá, o Patinho Fofo. Esse lugar é hilário e a comida é divina, você tem que experimentar.

– Aqui é bem escondido, em uma floresta?

– Eles não gostam de novos clientes mas vale a pena vir aqui, pois além de comer bem você chora de tanto rir. – uma frigideira saiu voando de uma das janelas

– Aquela frigideira saiu de lá dentro!

– Normal, da última vez que vim saiu um sapato com um chulé desgraçado. – ela me olhou assustada

– Que gritaria é essa? – os gritos de dentro da casa torta que parecia cair aumentava mais a cada passo que dávamos – E isso foi um arroto!?

– Quer dizer que tem cliente satisfeito, os donos são vikings, um dos costumes deles é arrotar em sinal de gratidão pela comida – agora ela me olhava mais assustada ainda – Vem dê uma olhada pela janela – fomos na janela esquerda que permanecia intacta bem escondida

– Ei eu já disse pra não mexer no meu bode!

– Seu bode nada! Eu que o matei, então ele é meu!

– Mentira! Eu que o matei! E se não me devolver quem mato agora é você!

– Essa eu quero ver! – dois homens começaram a brigar feio, um jogou o outro contra uma das mesas enquanto o outro lançava uma cadeira.

– Que lugarzinho simpático! – Rapunzel disse aterrorizada

– Ah mas que cara é essa Rapunzel? E essa briga que vai garantir nosso almoço, olhe só, eles deixaram intacta a comida naquele galpão. É onde os garçons põe e você é quem deve pegar, mas como estão brigando... é nossa deixa. Vem entra

– Entrar? Eles vão em fazer picadinho de mim!

– Que nada, confie em mim eles não mexem com você se você não mexer com eles.

– Acho melhor comer aqui mesmo ou em outro lugar

– E vai perder a chance de ver de camarote uma coisa dessas? Olha, você vai sentar bem ali naquela mesa, bem no cantinho, e além do mais se eles mexerem com você eu os transformo em gelo. Fique fria!

Entramos no lugar, Rapunzel apavorada e eu rindo dos manés brigando por uma pele de bode. Indiquei a ela o galpão .

– Pegue aquele ai, é uma porção de camarão picante, muito bom

– Não! Eu não pedi isso! Isso é de outra pessoa! Isso seria roubo!

– Claro que não! Isso seria aproveitar eles nem vão comer

– E como você sabe disso?

– Por que está na parte dos pedidos desfeitos, parte vermelha – mostrei

– Eu não sei Jack

– Vai Rapunzel, se não pegar vai se arrepender! – ela pegou com má vontade e foi pelo cantinho até chegar na tal mesa que lhe falei

– Viu só? Morreu? Perdeu um braço?

– Eu ainda não me sinto bem comendo isso

– Ah vai ficar com besteira? Isso não é roubo, vai experimenta!

– Só porque estou com fome... hum isso arde, ARDE MUITO! Mas, mas é bom, muito bom!

– Há! Eu sabia que você ia gostar!

– Isso é muito bom! Está servido? – ela me serviu a porção de camarão

– Um ou dois acho que não mata – comi uns dois e depois mais dois e quando vi já tinha comido dez

– Pra quem não queria hein

– É mais hoje aqui está chato, nenhuma briga, assim não tem graça!

– Eita! Quer briga?

– É isso ai, olhe só – joguei uma camada de neve no chão e um cara escorregou

– Hahahahahahaha cuidado assim quebra o chão

– O que você disse? Está em chamando de gordo?

– Não, claro que não, gordo até é um elogio a você hahaha

– Ah é? – o cara se levantou e deu um soco no nariz do outro cara

– Mas como ouça! – e já tinha começado uma briga, os outros no lugar gritavam ‘briga, briga, briga’

– Jack!

– O que? Nem comecei! – joguei mais gelo na comida de outro

– Seu idiota, olha o que fez com minha comida eu estou com fome! Derrubou tudo! Pode limpar!

– É ruim! – dai os dois começaram a se bater e outros caras os defendiam

– Seu cretino! – fiz um cara escorregar e ele derrubou outro cara

– Hahaha

– Ei isso foi uma risada?

– N-Não! Quem riu, eu não!

– Então vê só isso! – mandei uma corrente fria em um gordão que voou até o fundo do salão

– Hahaha Jack você viu isso!

– Ele voou né? VOOPOW!

– Para de arrumar briga – ela disse aos risos

Fui arrumando briga com todo mundo; Rapunzel caia nas gargalhadas

– CHEGA! Você estão piores que o normal, parem de briga ou caem fora daqui! – o dono do estabelecimento gritou

– Ah! – dissemos em coro antes de rir de novo

– Vamos embora, aqui já está chato

– Nunca ri tanto na minha vida

– Quer rir mais?

– Não sei, acho que não aguento

– Vai perder?

– Não, não. Aonde?

– Loja de brinquedos! – fomos voando até lá

A tarde estava ensolarada, poucas nuvens e o vento suave aliviava o calor. Chegamos lá aos risos se lembrando das brigas que causei.

– Chegamos

– Então é aqui

– É bem aqui onde as crianças se sentem mais feliz. Esse lugar é mágico para elas.

– E você vai dar uma de Breu? Se divertir a custa delas?

– Não me confunda com esse ai! Não é com as crianças, é com eles, espia só – dois caras estavam carregando caixas para dentro

– Não Zé, é a vermelha

– Eu tenho certeza que ouvi azul

– Então vai limpar esse ouvido que o patrão disse vermelha

– Não ele disse azul

– Que azul nada, é vermelha

– Azul

– Vermelha

Os dois estavam brigando a respeito de qual caixa levar para loja; ambos tinham sotaques estranhos, um parecia que estava com um ovo na boca e outro parecia mastigar capim.

– Olha só, esses dois são muito desastrados, vítimas perfeitas hehe – fiz uma bola de neve e joguei em um deles

– TU TA DOIDÃO? BEBEU FOI? FICOU DOIDO ZÉ?

– Eita! O que foi diacho?

– Fica jogando as coisas em mim pra você vê!

– Ih, quem bebeu foi você Chico, não fiz nada bichinho!

– Sei, vamos logo levar essas bagaças pro galpão – joguei outra bola de neve bem no nariz do outro

– Chico! – o cara gritou e deixou cair a caixa (que parecia estar bem pesada) no pé do colega

– AI ZÉ! MEU PÉ! SEU RETARDADO!

– RETARDADO É VOCE QUE JOGOU NÃO SEI O QUE EM MIM!

– Que joguei o que! Eu não joguei nada! Seu maluco!

– Maluco é você, eu nem fiz nada

– Ah caia fora mané – ele empurrou o cara

– Não me empurra não – joguei uma camada de gelo fino onde eles estavam e os dois caíram de maduro; Rapunzel soltou gargalhadas

O chefe deles chegou pra ver se o serviço estava ok, e deu uma baita bronca nos dois por encontra-los escorregando no chão tentando se levantar.

– Tadinhos Jack!

– Mas bem que você gostou né?

– Talvez

– Hum sei, que calor hoje não acha? Não gosto disso, vamos a Rivera?

– Pra que?

– Lá aposto que está frio e aqui não posso fazer nada porque é verão

– E lá não?

– O verão lá é o inverno mais quente.

– É muito longe?

– Um pouquinho, mas se irmos rápido nem sente que é tudo isso, vamos? – ela topou e assim pegamos voou.

Rivera, um lugar tão frio quanto Notheham, só que sem montanhas, prefiro Notheham por isso é ótimo pra esquiar.

– Chegamos, bem vinda a Rivera, um reino em um planalto, sem montanhas, sem inclinações, ampla e reta

– Estou vendo, uh e está um pouco frio

– Um pouco já é suficiente! Fique aqui – voei bem lá em cima, peguei impulso e fiz nevar

– Tchram! Neve! Saudades? – ela nem respondeu estava fascinada com a neve e a paisagem ao seu redor mas depois de um tempo ela falou

– Me esqueci que até um dia atrás eu nunca tinha saído da torre – me aproximei dela

– Então olhe tudo, você está aqui agora, isso é o que importa

– É mas vou ter que voltar depois de amanhã e ai acabou tudo – percebi um tom de tristeza em sua voz

– Ou você pode ficar por aqui mesmo

– Isso seria loucura, eu decepcionaria minha mãe

– Pascoal, o que acha? Você não acha que ela deve ficar? – ele fez que sim

– Você quer que eu leve em conta a opinião de um camaleão? – ele deu língua pra ela

– Rapunzel, o que vale viver a vida toda em uma torre sem aproveitar nada da vida?

– E o que você quer? Que eu viva voando com você me divertindo pra sempre? Eu nem te conheço! Você não se importa comigo, se importa com o fato de ninguém além de mim te ver.

– Não foi isso que eu quis dizer

– Desculpe eu... eu não queria dizer isso, é que eu não quero voltar mas tenho que voltar

– Não pense nisso depois, pense que amanhã é seu aniversário e que vai realizar seu sonho

– Você vai mesmo me levar?

– Claro! Eu não prometi? Esse foi nosso trato e trato é trato, você cumpriu sua parte e eu vou cumprir a minha

– Você sabe onde elas vão aparecer?

– Sim, as vejo todo ano da encosta do mar até todo reino. Conheço Corona como a palma da minha mão, acredite, amanhã você vai vê-las! Mas deixa isso pra lá, está na hora da guerra de bolas de neve!

Nunca tinha me divertido tanto. Sabe, se divertir sozinho no mundo é difícil mas se divertir com alguém é outra coisa. Rapunzel me fez esquecer completamente Breu e sobre as perguntas sem respostas que me atormentavam. Sei lá, parece que tudo é mais divertido com ela.

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