Pov’s Rapunzel

A tardezinha ia se passando devagar, o frio e a neve gélida davam uma preguiça enorme. Jack ia fazendo guerra de neve para as crianças. Eu estava debaixo de uma árvore aconchegante curtindo a bela paisagem ao meu redor, tão lindo aquele lugar, realmente encantador. Pascoal, sonolento em meu colo lutava contra o sono assim como eu. Deitei no gramado que aos poucos ficava coberto de uma neve fina que caía e coloquei meu pequeno camaleãozinho ao meu lado, na bainha do meu vestido na altura da cintura, não demorou muito para ele se entregar ao sono. Observei Jack e as crianças rindo com gosto. Sorrisos e brincadeiras, curtindo algo que nunca senti antes, brincar livremente, rir, correr, sorrir sem motivos reais. Sei que tudo que minha mãe fez foi para me proteger, que nunca me deixou sair da torre para me proteger mas confesso que sinto falta de saber o que é correr a doidado nas campinas, de se lambuzar tomando sorvete em uma tarde de sol, de brincar nos parquinhos com os amigos, ah, vocês nem imaginam como é viver sozinha em uma torre, sem ninguém pra brincar. Eu sempre me senti tão sozinha... A brisa gélida arrepiava meus cabelos e o vento me deixava cada vez com mais frio. O sono ia me puxando, que logo adormeci.

Pov’s Jack

Já eram 14:00 quando o cenário do vilaregio de Rivera estava quase todo branco. Nas campinas debaixo de uma árvore estava Rapunzel e Pascoal adormecidos. Ela estava cobrindo os próprios braços do frio. Tadinha, que ideia a minha de traze-la aqui nesse frio! “Tenho que cobri-la” pensei comigo mesmo. Meu casaco? Não, ele está manchado de sangue então tenho que arrumar outro. Olhei para o parquinho – agora deserto já que todas as crianças tinham ido embora – e por sorte vi um casaco jogado na gangorra. Ele era vermelho e meio pequeno, mas quebrava o galho. Fui onde Rapunzel dormia tranquilamente. Parei e fiquei a observando por um tempo. “Como ela pode ser tão angelical?” me perguntava. Ela é tão linda, delicada e doce, impossível não gostar dela! Ajoelhei ao seu lado e coloquei o casaco por cima dela delicadamente. Um sorriso bobo surgiu em meu rosto mas logo tratei de deixar de ser idiota. Eu não tinha mais nada pra fazer então sentei apoiado na árvore onde fiquei um bom tempo de bobeira refletindo (oh filósofo!). Depois de um tempo olhando para Rapunzel sem perceber cai no sono.

...

Acordei agitado. Pareciam ter se passado horas desde de que chegamos. Olhei de novo para Rapunzel que continuava em seu sono profundo sem dar a mínima pista se demoraria para acordar. Não conseguia dormir mais, queria levantar e fazer algo, acho que ainda deviam ser de tarde, eu queria fazer alguma coisa como esquiar tudo menos dormir. Notheham é o lugar perfeito! Mas eu não poderia ir e deixar Rapunzel completamente sozinha, ela precisava acordar. Para minha sorte (hoje eu estou com sorte não?), duas crianças barulhentas tiraram minha atenção elas estavam com tambores em um apito. Uma delas apitou tão alto que Rapunzel acordou assustada.

–Me perdoa mãe! Eu nunca deveria ter ido! – ela gritou e depois me olhou mais assustada ainda – Jack? Perdi alguma coisa?

– Não, nada demais. Que bom que acordou Bela Adormecida! – dei uma pequena risada

– Sonhei com a minha mãe. Eu tinha acabado de chegar em casa e ela estava me esperando com os olhos vermelhos. Ela estava furiosa comigo, perguntou onde eu estava e onde fui.

– Você está muito preocupada com a sua mãe, tente se esquecer um pouco dela. Começa pensando em onde vamos agora – levantei animado

– Não sei, tem alguma ideia?

– Na verdade sim, estava pensando em esquiar, você já esquiou?

– O que você acha?

– Eita! Está de mau humor? Pois é bom você melhorar esse humor senão não vai curtir nada hein.

– Ei, que casaco é esse

– Hehe arrumei pra você. Recomendo você usar, onde vamos é mais frio que isso. Próxima parada, cadeia de montanhas Monroe Brothers, é em Notheham.

– Não me diga que você quer dar um ‘Oi’ pro Breu?

– Não se preocupe é bem distante daquela montanha.

Não demorou muito para chegarmos lá. Rapunzel vestiu o casaco.

– Chegamos

– Aqui é bem deserto hein

– Só na área que estamos

– Eu posso parecer uma troglodita mas vou ter que perguntar. O que é esquiar pra inicio de conversa?

– Poxa vida Rapunzel, você não sabe nada o que é bom! Isso é esquiar – corri até ao topo de uma montanha

– Jack você ficou louco? Ai é muito alto!

– Relaxa querida, só aproveite o show.

Desci a toda velocidade e pra que? Acabei caindo feio o que deu a Rapunzel motivo pra rir.

– Ajuda aqui, acho que me machuquei.

– Relaxa querido.

– Engraçadinha

– Mas que cara é essa Jack? É assim que esquia?

– Essa montanha é muito íngreme. Tive uma ideia melhor.

Me toquei que tenho poderes! E fiz um tobogã de gelo e neve.

– Agora sim. Tudo que precisa fazer é descer do topo até aqui.

– Ahããã! Isso é pra ser divertido? Você acha mesmo que eu vou me ralar toda descendo de uma montanha? – revirei os olhos

– Que tal com isso?

– E o que é isso?

– Um ski abandonado. Basta sentar e deslizar.

– Me garanta que isso é seguro

– Eu garanto, deixa de ser medrosa

– Sei não...

– Faz o seguinte, você desce daqui mesmo, é apenas uma inclinação. Poxa, até Me uma criancinha desce!

– Ok, ok, você venceu. E agora e o que eu faço?

– Aproveite a viagem – eu a empurrei de leve

– AAAAAH!!!!!!!

– Pode abrir os olhos! – revirei os olhos de novo – Morreu por acaso?

– N-Não n-não morri, morri? Não vejo diversão nisso!

– É porque você não viu nada de legal! Me dá aqui o ski.

– Aonde você vai?

– Lá em cima

Fui ao topo da montanha – dessa vez com o escorregador que fiz

– Uhuuul! – desci rindo da cara de susto da Rapunzel

O escorregador terminava no fim de Monroe Brothers, perto da entrada do vilaregio. Perdi Rapunzel de vista mas ela continuava a me acompanhar com os olhos. Enquanto deslizava, vi em um piscar de olhos algo preto com fumava passar na minha frente. Me distrai e quase cai em um rio.

– Jack, você está bem?

– Sim, você viu aquilo?

– Aquilo o que?

– Uma fumaça eu acho ou um vulto. Talvez um dos do Breu.

– Breu? Aqui? Tem certeza?

– Não, mas tive a impressão de estar sendo vigiado - peguei meu cajado – É melhor sairmos daqui agora

– Por que? Perdi o medo, parece divertido esquiar.

– Agora já era, vamos sair daqui. Olha de leve pra esquerda.

– O que... Jack aquilo é uma sombra na neve? Mas não há nada ali. Você acha que é um dos vultos dele? – ela cochichou

– Não, acho que é neura minha. Vamos até o vilaregio está escurecendo. Que tal tomarmos um chocolate quente?

– Otima ideia

Fomos até um quiosque aconchegante onde vendia bebidas quentes.

– Como vamos pagar?

– Com isso – tirei do bolso duas moedas de ouro

– Jack, como consegui isso?

– Achei, e não me olhe assim, eu não passei a perna em ninguém. Com uma moeda de ouro de compra muita coisa aqui.

– Ok, e que tal sentarmos ali no fundo? Se você vai tomar algo precisa ser discreto, acredito que ninguém aqui está acostumado a ver um copo se levantar sozinho.

– Claro

Tomamos chocolate quente acompanhados de deliciosas rosquinhas. A noite caiu e as luzes da pequena vila foram acesas.

– Como aqui é bonito a noite. – ela bocejou

– Está com sono?

– Um pouco

– Vem comigo - levei-a até uma casa ali na mesma vila.

– Pode ficar ai por hoje

– Mas quem mora ai?

– Um casal mas eles viajaram e só vão voltar no fim do mês. Sei disso porque costumo vir aqui.

– Tem certeza?

– Absoluta!

– A porta está trancada

– Mas a janela dos fundo tem uma tranca falsa. Mas só vai poder ficar no quartinho dos fundos onde eles mal vão.

– Fico em qualquer lugar.

– Ok, fique ai, aproveite e durma

– Vai sair?

– Sim

– Não está com sono?

– Não sinto sono só durmo por vaidade, boa noite

– Boa noite

...