P.O. Vs – Elizabeth Taylor

Eram 3 horas da manhã e aqui estou eu acordada, sendo que amanhã tem aula. Tenho que terminar de ler esse livro, não sei como consegui demorar dois dias para ler ele. Decepcionante.

Sou Elizabeth Taylor, sim Elizabeth Taylor, igual à atriz. Minha mãe é louca por ela. Alguns me chamam de Liza, outros de nerd esquisita. Minha vida é uma chatice. Nada de interessant acontece. Não tenho liberdade para nada, caso eu for ao mercado tenho que falar a todos. Não sei o significado da palavra privacidade. Meus pais acham que eu sou uma criança de que ainda precisa de cuidados constantemente. Minha vida é tão pacata que a situação mais emocionante que já aconteceu comigo foi ter ficado trancada em um banheiro público por 2 horas.

Minha família é apenas uma fachada. Amor, carinho e compreensão? Não sei o que é isso. Pois meus pais querem que eu seja perfeita. Que eu seja estudiosa e que passe em engenharia. Não quero fazer engenharia. Quero fazer fotografia e viajar pelo mundo e conhecer culturas diferentes. Eu desenvolvi uma teoria sobre a maioria dos pais e seus filhos, acredito que nós filhos somos troféus para eles exibirem aos amigos ou compararem entre si qual troféu é melhor. Se um dia eu chegar a ter filhos vou procurar não exigir deles aquilo que não for necessário, apenas deixarei eles traçarem o caminho que desejarem.

Termino o livro, até que ele é legal, mas não é tudo isso que todos falam. Não sei por que tanta especulação para um livro normal.

Vou ao banheiro amarrar meu cabelo castanho escuro. Eu sou baixa, magrinha e tenho pela clara. Tiro meus óculos e ponha no criado mudo ao lado da minha cama. Além de ser "nerd" e pequena, Deus me presenteou com um par de olhos míope. 

Vou dormir, mal fecho os olhos e já estou sonhando, não, tendo um pesadelo. No pesadelo eu me encontrava em um hospício. As paredes eram beges encardidas, as portas estavam abertas e o lugar parecia vazio. Entrei em uma sala. Ela estava vazia, mas havia um homem sentado no canto da sala, sua cabeça permanecia baixa. Eu aproximei dele. Enquanto eu caminhava até ele, escutei ruídos. Comecei a ficar apavorada. O homem levantou o rosto e eu consegui ver a maldade em seus olhos. Os olhos que me perseguiam, os olhos que destruíam meus sonhos. Seu sorriso ampliou ao me ver, ele ergueu as mãos e direcionou elas a mim.

— Querida Liza, fico muito grato por te ver aqui. — disse abrindo os braços.

— Eu não quis estar aqui.

— Não se faça de boba minha criança. — seu sorriso estava maior.

— Não sou boba e muito menos uma criança. — aquele homem me irritava.

Ele sempre me fazia vistas, sempre invadindo meus sonhos e destruindo tudo que encontrava. Apagando qualquer luz de esperança.

— Esqueci que você está ficando adulta, estou tão orgulhoso.

— O que você quer? Me amedrontar mais um pouco? Por que se for isso já pode parar, eu já te conheço e sei seus joguinhos.

— Minha pequena, nunca quis te amedrontar. Eu só destruo o que é inútil — ele começou a levantar. A cada passo que ele dava em minha direção eu dava dois para trás.

— Se afasta de mim! — eu estava amedrontada.

Comecei a correr de volta ao corredor. Os ruídos que eu escutava ficaram mais altos. Escutei latidos de cachorros e eles estavam com raiva. Virei à esquerda. No final do corredor havia cinco cachorros enormes. Pareciam lobos, possuíam os olhos vermelhões e os pelos negros como a noite. Eles perceberam minha presença e começaram correr em minha direção. Quando viro para correr, caio nos braços daquele homem. Ele me ampara e sorri maleficamente.

—Buu!

Acordo toda suada. Tento me acalmar, sei que é apenas um pesadelo, mas é difícil respirar normalmente. 

—Fique calma Liza, foi apenas um pesadelo. Nada disso é real. 

Liguei o abajur que ficava em cima do criado mudo, a luz iluminou um pouco quarto e crio algumas sombras. Corro até o interruptor e ligo a lâmpada do quarto. Penso em descer para beber um copo de água, mas o medo que estou sentindo é maior que a sede.

Não sei se irei conseguir voltar a dormir, a probabilidade daquele homem medonho voltar é muio grande. Procuro um livro novo para ler, quem sabe assim eu consiga relaxar.