Devo dizer, fiquei até um tanto decepcionada com o que Drake é.

Sabe, pensei que ele fosse o tipo de “algo” que iria rugir para as pessoas que passassem, ou sei lá. Aquele dia na floresta me pareceu tão assustador...

Dispersei-me dos meus pensamentos quando ouvi meu pai gritar comigo.

-RENESMEE! Vá fazer a porcaria da lição!

Eu realmente NÃO MEREÇO. Nem o diabo merece.

-PAI! Não tem lição porcaria NENHUMA!

-DUH, a do semestre que vem! E que horror menina, quem fica te ensinando esses palavrões?

Respire fundo, Renesmee Carlie Cullen. Respire fundo. Conte até dez. Isso. Calma.

Quer saber? Dane-se essa calma, porque acho que ela nunca decidiu me visitar.

-O PROFESSOR NÃO MANDOU A PORCARIA DA TAREFA! NÃO PERCEBEU QUE VOCÊ MESMO FALOU PORCARIA? –berrei.

Finalmente, ele me deixou em paz, com a promessa de que eu ia fazer a lição de casa. ¬¬.

Passei o resto da minha tarde deitada na cama, imaginando o que Jake fora fazer. Por que ele se fora? Será que o imprinting estava perdendo o efeito?

Bom, naturalmente, eu não sabia a resposta para nenhuma dessas porcarias de perguntas.

***

-Jake! –gritei. Eu não sabia como, mas eu estava vendo ele, diante de mim!

Ele notou minha presença, e correu através da névoa para mim, pisoteando sem dó os campos de morango que se estendiam sobre nós naquele dia ensolarado. Enquanto esperava, rodei em círculos animada, vendo meu vestido verde esvoaçar.

Espera aí. Névoa? Campos de morangos? Vestido verde? Dia ensolarado?Jake?

Mas antes que eu pudesse me dar conta do que estava acontecendo, Um vulto fez com que Jacob desaparecesse da minha vista. E, assim como ele, os morangos e o dia ensolarado. Mas a névoa só se tornou mais e mais densa, como se estivéssemos no topo do Everest ou algo assim.

Flores da tundra surgiram sobre meus pés. O chão estava gelado, coberto por uma pequena camada de neve. O dia virou noite. E, então, eu senti o vulto se aproximar de mim pelas costas.

Ele me agarrou pelas costas.

Senti aquele cheiro bom de neve, de tulipas. Eu estava quase caindo de amores só pelo cheiro quando eu me virei para o pulso que segurava meu abdome.

Lá estava o Rolex que Chris e Chace tanto invejaram durante o horário do almoço.

O que Drake estava usando.

***

Acordei num átimo, assustadíssima com meu pesadelo. Meu corpo estava brilhando de suor, à luz da lua que entrava pela janela escancarada. Apressada, fechei-a.

Voltei a deitar na cama para dormir, mas não conseguia sequer fechar o olho. Minha mente borbulhava de perguntas, como: O que aquele sonho quis dizer? Por que Jake e Drake teriam uma inimizade tão forte? E, principalmente, POR QUE NINGUÉM VEIO AQUI EM CIMA ME SOCORRER ATÉ AGORA?

Tentei pensar bem alto, e esperei um longo minuto, mas ninguém veio. Espiei pela porta do meu quarto. Estranhamente, as luzes estavam apagadas na sala.

Não saia nenhum feixe de luz das fendas debaixo da porta.

A cozinha estava absorta na escuridão. Tudo.

Não havia sinal de, bom... “vida” lá, em nenhum canto da casa.

Então eu vi algo que me fez suspirar de alívio.

O escritório de Carlisle estava aceso. Mas, se havia alguém lá, onde estava meu pai?

***

Segui a passos silenciosos. Andei até a porta, que estava entreaberta. Encostei o rosto na parede e fiquei ouvindo e observando o possível.

Da minha posição, era possível detectar o computador de Carlisle –que estava ligado, e ele só o fazia em situações de emergência, como, por exemplo, quando acabava todo o meu estoque de Count Chocula-, E duas formas conversando. Apertei bem os olhos. Oh, Céus. O que aqueles dois estavam fazendo ali?

Drake estava sentado no sofá de visitas, semi-amordaçado pelo meu pai. Que estranho. Como ele não notou minha presença?

Em frente ao computador, que eu não podia ver o monitor porque estava virado, estava Carlisle, sentado em sua cadeira de “chefão”.

Agucei minha audição o máximo que pude.

-Não adianta deixar os outros de lado nessa reunião. Isso deveria ser uma reunião de família, Edward. –falou Carlisle.

-Eu não quero preocupar Bella desse jeito, Carlisle! Sabe que tipo de ameaça esse coisa representa para, principalmente, Ness? –retrucou meu pai, com a voz alterada. –Os outros não precisam se meter nisso! Já tomei minha decisão!

-Filho, Bella vai ficar mais irada com você se tirá-la da briga. Ela é como Emmett. –disse, ainda calmamente, Carlisle. –E Nessie vai ficar brava com você por tentar mascarar a verdade o tempo todo. Fez Bella mentir para ela!

Então eu ouvi uma voz familiar que quase me fez cair no chão.

-Desculpe Carlisle, mas, pela segunda e última vez, acho que Edward tem razão. Quanto menos Ness souber, melhor será. –Era Jake. A voz dele vinha do monitor.

Então, eu entendi.

Ele não queria falar comigo.

Ele só se importava em falar com eles. Já que, desde que ele se fora, não recebi uma ligaçãozinha sequer.

Senti as lágrimas queimarem meu rosto, marcando-o. Não podia soluçar. Eles me ouviriam. Eu sai do lado da porta, mas tive certeza de que, quando me virei para ir embora, Drake estava me observando.