Aposta Destrutiva escrita por Wine


Capítulo 9
A delinquente, a idolatrada e o ciúmes




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Surpreendentemente, acontece que a comida daquele restaurante de fim de mundo era boa. Muito boa. Lily ficou satisfeita em seu segundo pedaço da torta de legumes, mas James continuou comendo, já estava em seu quarto pedaço. Fato que era realmente impressionante, visto que ele nunca foi um grande fã de vegetais.

– Não pensei que fosse do tipo que come sem limites – Lily comentou assistindo-o comer de seu lado da mesa como se a cena fosse um musical da Broadway.

Ele não pareceu nem um pouco abalado com as palavras dela.

– Não pensei que você fosse do tipo que julga os comilões – foi a simples resposta que James deu.

– Não estou julgando – ela jogou as mãos para cima em falsa inocência.

Sim, Lily Evans estava julgando-o.

A verdade era que Lily sempre imaginou como seria almoçar com o lendário James Potter. Por motivos desconhecidos, parte dela acreditava que ele comia sentado em tronos com talheres banhados à ouro e platina. Assim como babadores de seda, é claro. Mesmo no refeitório de Hogwarts, o lugar onde ele se sentava no banco parecia mais brilhante do que os outros.

– Ótimo – Lily disse mais para si mesma do que para Potter. – A banda chegou.

Curioso, James olhou na direção em que ela olhava. Algumas pessoas subiam no tablete de madeira, mas nenhuma delas aparentava ser músico. Para ele, homens de uma banda deveriam ter um ar chapado devido à influência de maconha, assim como os Beatles, e talvez uma ou duas tatuagens. No entanto, os homens que subiam no palco pareciam incrivelmente comuns. Eram decepcionantes.

Finalmente, uma mulher loira com cabelos até a cintura entrou segurando um microfone. Deveria ter no máximo uns trinta e cinco anos. Hipnotizado, James não conseguiu desviar o olhar dela, já que seus peitos pareciam grandes demais para a justa regata branca que vestia. Merlin, James realmente gostava de uma mulher provocante.

– Boa tarde, pessoal! – A loira disse com um largo sorriso no rosto. Um sotaque que James não sabia dizer de onde era encantava a voz. – Vamos animar esse dia nublado? Soltem a batida!

Famílias de algumas mesas levantaram-se e dirigiram-se a pista de dança. James percebeu que as crianças ficavam na frente, mais perto do palco, e os pais mais para trás. Todos pareciam animados e repletos de expectativa. O baterista iniciou um ritmo acelerado e logo foi acompanhado por outro membro da banda que, por sua vez, tocava um instrumento muito parecido com um pequeno violão – talvez o nome fosse banjo.

– Venha – Lily disse, levantando-se de sua cadeira.

Pela expressão dela, parecia que Lily era uma das crianças empolgadas que ficavam à frente do palco.

– O quê?

– Você disse que sabia dançar! – Ela lembrou sorrindo. – Dance comigo, James!

Ele hesitou. James sabia dançar músicas de festas... não músicas caipiras. Quando conviveu com Lily Evans em Hogwarts, ela não parecia do tipo de pessoa que passava seu tempo livre em espeluncas com música cafona. Parte dele ainda temia contrair alguma verminose naquele lugar.

– Nunca ouvi essa música – ele respondeu hesitante. De jeito nenhum James se arriscaria numa aventura caipira da América.

– Não importa, é fácil.

Relutante, ele largou o garfo que segurava e levantou-se.

Sirius Black não gostava de não saber onde sua namorada estava. É uma reação natural de um namorado, porém Sirius realmente não gostava de não saber onde Marlene estava. O sangue dele fervia na mais quente raiva e impulsos violentos passavam por sua mente.

Ele já procurou em todos os lugares possíveis. Algumas garotas afirmaram que Marlene saíra do dormitório cedo, perto das seis da manhã. Demorou alguns longos minutos até Sirius finalmente aceitar que isso fosse verdade, já que Marlene Mckinnon era uma das pessoas mais preguiçosas que o mundo – bruxo e trouxa – já viu. Nunca ela estaria acordada antes das dez e meia em um sábado.

Porém, já passavam das duas horas da tarde e o rapaz não conseguia encontrá-la. Era frustrante percorrer Hogwarts inteira e não ter nenhuma pista sobre onde a namorada estava. Agora, ele se encontrava na sala comunal, andando de um lado para o outro com os braços cruzados, esperando magicamente que Marlene entrasse pela porta de entrada.

Infernos, ela era a namorada dele. Devia explicações sobre por onde andava e por quê.

– Já tentou procurar na biblioteca? - Uma garota ruiva com cabelos emaranhados perguntou, cansada de vê-lo pisar de um lado para o outro, praticamente marchando como um soldado de guerra na sala comunal.

Espantado, Sirius arregalou os olhos e olhou melhor para a garota que se pronunciara. Ela estava sentada no sofá, encarando-o com o que parecia ser extrema irritação. Pessoalmente, ele não se lembrava de já a ter visto antes, ela parecia ser do segundo ou terceiro ano, entretanto não era como se Sirius Black se lembrasse de todos os rostos do mundo.

Biblioteca? Pessoas como ele e Marlene não frequentavam a biblioteca.

Marlene Mckinnon entendia tudo sobre truques de beleza, poderia ser uma maquiadora profissional sem precisar assistir a sequer um curso. Também poderia ser modelo, afinal, já andava desfilando sem nem mesmo perceber. A garota também gostava de cozinhar, acreditava ser uma cozinheira de mão cheia. Porém, havia certas coisas que definitivamente não se encaixavam em sua vocação. Ler livros era uma delas.

Desesperada e afogada em medos de reprovação, Marlene passou a manhã toda enterrada em grossos livros de poções. Ela morria de vergonha de admitir que sua situação escolar estava grave. Gravíssima. Pelas contas dela, por mais que ela gabaritasse os próximos exames de poções, ela ainda deveria tirar notas exemplares no período de provas posterior ao próximo para ter alguma chance de não ser reprovada no seu último ano em Hogwarts. Além disso, não era como se ela fosse uma boa aluna em História da Mágia também.

Em outras palavras, Marlene estava perdida.

Numa conversa particular, Slughorn a aconselhou a encontrar alguém disposto a ser seu tutor. De fato, não parecia uma ideia tão ruim assim... Todavia, Marlene não queria chegar a uma pessoa estranha e contar seus problemas de notas. Como ela desejava que seus melhores amigos fossem bons alunos. Na última vez em que ela pediu ajuda aos Marotos, ao invés de estudarem como pessoas normais, Potter armou um esquema de cola abominável, o que a salvou temporariamente em Transfigurações. No entanto, nesse momento, Marlene não estava à procura de planos maléficos e criminosos para obter um resultado gratificante nas provas. Tudo que a garota queria era encontrar alguém humilde e inteligente o suficiente em poções para ensiná-la no mínimo o básico da matéria, visto que ela passou a manhã inteira lendo livros e mais livros e não entendeu porcaria nenhuma. Será que existia alguém capaz de ajudá-la em Hogwarts?

Como um rápido clique, Marlene logo recebeu a resposta para sua pergunta: Remus. Era óbvio. Ele era bom em todas as matérias, com toda certeza poderia ajuda-la com o problema que enfrentava. Ela não era tão próxima dele quanto era de Sirius ou James, mas ainda assim eram bons amigos.

Cansada de ficar sentada na dura cadeira da biblioteca, Marlene saiu à procura de Remus Lupin. Estava pronta para caminhar até o outro lado do castelo onde ficava a sala comunal da grifinória, porém nem precisou. Avistou-o sentado a algumas mesas de distância com... Dorcas Meadowes?!

Desde quando Remus era amigo de psicopatas infanto-juvenis Marlene não sabia. Contudo, não hesitou em caminhar até a mesa deles.

– Moony – Marlene chamou-o quando estava perto o suficiente.

Além dos garotos, Merlene era a única pessoa que utilizava os apelidos deles. Ela não sabia o significado por trás de cada termo, mas, devido à convivência, estava acostumada a ouvi-los.

Remus olhou para cima assim que a morena parou ao lado da sua cadeira. Ele podia entender porque Peter Pettigrew e Sirius Black se apaixonaram – se é que Sirius Black era capaz de se apaixonar – por essa garota. O cabelo dela era repleto de ondas impecáveis e a cor castanha escura contrastava com o azul gelo do olhar e pele clara. Ademais, não era como se Remus Lupin fosse cego para as curvas que Marlene exibia. Ele tinha hormônios e instinto de sobrevivência.

Entretanto, por mais absurdo que possa parecer, não eram todos que sabiam apreciar Marlene. Dorcas, que estivera quase dormindo na mesa retangular da biblioteca enquanto ouvia Remus dizer vários blá blá blás sobre poções, levantou a cabeça instantaneamente quando a tão adorada Marlene Mckinnon se aproximou, o tédio já se dissolvendo em irritação.

– Preciso de um favorzinho seu, Rems – Marlene disse num tom de voz doce e macio que lhe vinha com naturalidade.

Ela não tentava ser simpática. Ser encantadora era sua natureza.

– Qualquer coisa por você, Lene – ele respondeu sincero.

Remus Lupin era um cara verdadeiramente legal. Em um piscar de olhos, ajudava os amigos sem precisar de um motivo. Dorcas, por outro lado, não acreditava na sinceridade e altruísmo do garoto. Para ela, ele era só mais um que queria deitar e rolar com a idolatrada rainha da beleza.

– Eu preciso de uma ajudinha em poções – Marlene continuou com a mesma voz melódica. Apertou o dedo indicador contra o dedão para fazer um gesto que ilustrasse o quão pequenina seria a ajuda. Lógico, ela estava mentindo. Precisaria era de muita ajuda mesmo. – Estava pensando se você não poderia me ajudar hoje e –

– A senhorita-miss-fofura não está vendo que ele já está ocupado? – Dorcas Meadowes enfim se pronunciou, farta de agir como se não estivesse presente.

Até então, ela assistiu a cena enojada. Tudo que vinha de Marlene enojava-a. A garota lindíssima ao extremo já roubara seu namorado uma vez, agora estava prestes a roubar seu professorzinho. Por acaso ela nunca se cansava de roubar homens?

Marlene piscou algumas vezes, surpresa com o comentário nada educado da garota sentada. O cabelo curto de Dorcas estava ligeiramente espetado e uma careta tomava o rosto dela. Pessoas comuns não perceberiam que o grosso traço de lápis de olho nos cílios dela estava torto, mas Marlene era uma expert no assunto.

– Me desculpe – A morena disse realmente arrependida. – Não quis lhe ofender em nenhuma maneira. Apenas estava –

– Eu sei muito bem o que você estava fazendo – Dorcas interrompeu-a com um tom de voz que claramente insinuava que a atitude da outra garota era condenável. – Todas as vadias fazem isso.

Marlene ergueu uma sobrancelha tão alto que a ciência dizia ser impossível. Qual era o problema daquela garota? Uma coisa era Dorcas ser rebelde e revoltada, outra totalmente diferente era ela atacar Marlene com tanta severidade sem que Mckinnon tenha feito nada.

– Por acaso tem algum problema comigo?

– Como se você não soubesse – Dorcas encarou-a impetuosamente.

Remus assistia às duas garotas sem ter a mínima ideia sobre o que fazer. Ele era um ótimo mediador em teoria, já lera centenas de livros a respeito de debates, porém, na pratica, não dispunha de atitude. Sua cabeça virava na direção de cada uma, sempre analisando aquela que se pronunciava. Será que aquilo era uma briga de garotas?

Para melhor ou pior, o galante Sirius Black resolveu entrar nesse instante na biblioteca.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer mais uma vez a todos que estão comentando, vocês merecem todos os cupcakes imaginários que eu cozinhei! haha *-*



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