Aposta Destrutiva escrita por Wine


Capítulo 6
Hormônios, tutores e alunos problemas




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James Potter podia ser assombrosamente insistente, enquanto Lily Evans podia ser terrivelmente teimosa. Os dois juntos formavam uma combinação desastrosa.

Todos os dias, ele chamava-a para sair e Lily recusava, às vezes de modo não tão simpático como gostaria. Entretanto, não importava, porque no dia seguinte James estava lá para atormentá-la novamente. Agora mesmo, o garoto estava a perseguindo na sala comunal da grifinória. Era evidente que James a transformara em uma meta e, dizendo a mais pura verdade, Lily estava adorando esse jogo, mesmo sabendo que a qualquer momento iria ceder.

Ela também não se sentia mais tão nervosa perto dele, o que já era um progresso. Ocasionalmente eles ingressariam em um diálogo sobre assuntos triviais e ela quase podia acreditar que não estava conversando com um deus grego encarnado.

– Hoje é sexta-feira – James lembrou com seu sorriso característico estampando o rosto, enquanto caminhavam até a sala de feitiços. – Todo mundo sai às sextas.

Lily revirou os olhos, mas não conseguiu evitar que um sorriso honesto se incorporasse em seus lábios. O bom humor de James parecia deixa-la de bom humor também.

– Temos que patrulhar os corredores – ela lembrou.

– Amanhã, então? – James perguntou esperançoso. – Amanhã é sábado e tenho certeza de que a senhorita está com a matéria escolar em dia. Podemos tirar uma folguinha e ir à Hogsmeade. O que acha? Sim ou claro?

Uma gargalhada harmônica e contida tomou conta do corpo de Lily. Será que James nunca desistiria?

– Não está se esquecendo de algo, James? – Ela perguntou arqueando acentuadamente as sobrancelhas. – Essa semana Slughorn lhe deu trabalhos extras e eu, como sua tutora, tenho a obrigação de transformá-lo num bom aluno.

– Já sou um ótimo aluno – James sorriu.

– Então por que precisa de uma tutora?

– Não preciso de uma tutora – ele negou, olhando fixamente nos olhos verdes de Lily. – Preciso de você.

Alguns milésimos foram suficientes para Lily quebrar o contato visual. Ela odiava quando Potter lançava uma de suas frases conquistadoras no meio da conversa, principalmente pelo fato de Lily não saber como reagir a elas. Ou talvez ela odiasse porque gostava mais do que deveria das frases baratas. Estúpidos hormônios femininos.

Reunindo todo o cuidado do mundo, a mão de James alcançou a bochecha dela e a pele da garota pareceu ligeiramente fria em relação à temperatura quente da dele. Os olhos de Lily voltaram a se focar nos dele e era possível perceber um traço delicado de lápis de olho que não seria encontrado dias atrás. James não era alienado, ele percebeu que Lily Evans andava muito mais produzida nessa semana do que nos últimos anos – bem, estava longe de ser uma produção extrema à la Marlene Mckinnon – era delicada e combinava com a personalidade de Lily.

– Será que nunca vou conseguir ter um encontro com você, Lil? – James perguntou, seu indicador traçando a maçã do rosto dela. – Nunca mesmo?

Lily engoliu em seco e mordeu o lábio inferior. Todas as forças de seu corpo se concentraram para evitar que ela desviasse o olhar.

– Do que me chamou? – Ela disse afastando-se e recomeçando a andar em uma clara tentativa de quebrar o clima - Lil? Que tipo de apelido é esse?

Uma risada nervosa deixou a garganta dela. Lily gostava de James, ela desejava-o. Ele era gostoso, bonito e se a ruiva acreditasse em tipos, James Potter definitivamente fazia o seu. Alice aconselhara-a a ir fundo com ele, no entanto, Lily temia decepciona-lo com sua chatice natural caso James a conhecesse de verdade.

– Não mude de assunto – ele pediu. – Estou falando sério. Por você, eu iria a qualquer lugar a qualquer hora – James parou, lembrando-se do conselho de Marlene. Garotas como Lily eram inexperientes e precisavam ser tratadas com delicadeza. – Prometo não fazer nada que você não esteja preparada.

Lily sorriu, sentindo-se momentaneamente quente e com uma resposta na ponta da língua.

– Você se surpreenderia com o que eu estou preparada para fazer, James – a voz dela saiu ligeiramente mais firme do que de costume.

James sorriu também, sentindo-se tão atirado quanto ela. Talvez fosse a convivência ou talvez fosse obsessão por ganhar a aposta, mas ele se pegava pensando nos cabelos ruivos com frequência. James perguntava-se como seria beijar o pescoço macio dela e como Lily pareceria enrolada em finos lençóis. Possivelmente ele se envolvera além do planejado nesse jogo de conquista, mas James ainda estava no controle.

– Por acaso Lily Evans acabou de flertar comigo? – Ele indagou numa voz sexy demais para a sanidade da garota.

– Não se vanglorie, James Potter – Ela respondeu fazendo um biquinho inconscientemente. Desde quando Lily agia de forma atrevida, ela também não sabia. – Posso escolher o lugar?

– Que lugar?

– Você não estava me chamando para sair? – Ela perguntou sorrindo. – Ou estava só blefando?

James arqueou uma sobrancelha. Lily estava falando sério? Ele já quase acreditava que nunca conseguiria leva-la para sair.

– Claro que estava – ele afirmou, recuperando-se de sua surpresa.

– Tudo bem – Lily assentiu e recomeçou a se afastar. – Te vejo amanhã, às duas horas. Da tarde – ela fez questão de especificar, sabendo que James era famoso por sair de madrugada. – É melhor usar botas.

– Eu tenho um encontro com Evans – James cantarolou feliz jogando-se em sua cama. – Vou fazer você engolir suas palavras, Padfoot.

Virando um pouco o rosto, James notou que havia algo áspero em seu travesseiro. Migalhas de torta de limão. Ele deveria se lembrar de não fazer lanchinhos noturnos na cama.

– Idaí? – Sirius Black respondeu enquanto procurava algo em seu guarda-roupa. – Tenho encontros com garotas o tempo todo. Não quer dizer que a menina está pronta para o abate.

– Vocês podiam, por favor, parar de falar da minha amiga como se ela fosse um porco de açougueiro? – Remus Lupin disse irritado.

Droga, James não havia notado que Remus estava no quarto também. Ultimamente o amigo somente dava-o discursos moralistas a respeito de Lily Evans, como ela não merecia sofrer e blá blá blá. Por acaso Remus achava que James era estúpido? Ele também não queria ferir a garota.

– Já conversamos sobre isso, Moony – James disse invocando sua paciência. – Não vou machuca-la. Quando Lily estiver caidinha por mim, vou fazer com que perceba que sou um idiota e ela mesma vai querer ficar longe. Ela vai sair por cima, você vai ver.

Do fundo de seu coração, Remus esperava que James estivesse falando a verdade. Lily não dava-lhe ouvidos; toda vez que ele aconselhava-a a ficar longe de Potter, ela logo se ofendia. Remus só queria protege-la, já que tinha certeza de que ela poderia se quebrar em centenas de pedaços caso descobrisse a verdade.

Sirius virou-se e encarou os amigos por alguns instantes.

– Esperem – ele disse lentamente. – Está faltando um de vocês.

– Wormtail – James respondeu despreocupado. – Foi treinar quadribol sozinho.

– Ah! Verdade – Sirius assentiu com a cabeça. – O plano cruel para roubar minha namorada. Se Wormtail soubesse o quanto aquela mulher é irritante ficaria longe dela. O mundo inteiro deveria ficar longe daquele demônio preso em corpo escultural.

Remus ergueu uma sobrancelha.

– Se Marlene é tão insuportável porque não termina com ela?

Está louco? – Sirius perguntou, jogando um travesseiro no rosto de Remus. – Você já transou com ela? É claro que não, porque não estaria falando uma bobagem dessas.

Remus lançou um olhar horrorizado a Sirius Black. Remus acreditava que uma relação entre casais deveria ser igual aos livros que lia, por isso nunca entenderia os amigos. Entretanto, James compreendia. Ele sabia que Sirius, apesar de reclamar vinte e quatro horas por dia a respeito de Marlene, trai-la com outras, xingá-la e envolver-se em briguinhas com ela, amava a namorada sinceramente. James Potter era esperto o suficiente para perceber que a relação de Sirius e Marlene era a mais pura, e selvagem em certas ocasiões, forma de amor. Ele queria algo assim para sua própria vida.

– De qualquer forma, - Remus disse tentando ao máximo ignorar a última fala de Black. – Tenho que ir a sala do Professor Slughorn.

– Por quê? – James perguntou espantado. – Se meteu em confusões? Logo você, Moony?

Remus Lupin quase pôde sorrir. Quase.

– Não – ele respondeu forçando uma expressão séria. – Quem se mete em confusões é você ou Sirius. Eu só me ofereci para ser tutor de alguém.

Depois de ouvir os gritos indignados dos amigos que envolviam muitos “que porra? Tutor?”, “por que infernos alguém se envolve em uma cagada dessa?” e “a lua cheia afetou seu cérebro?”, Remus finalmente foi capaz de deixar o dormitório e se dirigir a sala do Professor Slughorn. A verdade era que ele sempre quis ser professor, deveria ser tão estimulante ter tamanha influência na vida de pessoas... Além do que, ele achava sexy o título “Professor Lupin”.

Foram pensamentos como esse que o guiaram até a sala de poções naquele final de dia. Como ninguém pedira diretamente seus serviços de tutor, Slughorn iria escolher quem ele deveria tutorar. Embora Remus acreditasse que tinha a capacidade de tutorar qualquer aluno daquela escola, ele só esperava que não fosse ninguém da Sonserina.

– Senhor Lupin! – Slughorn cumprimentou-o com um sorriso. – Fico contente que tenha se voluntariado. Espero que essa atividade extra não atrapalhe o desempenho de suas demais tarefas.

– Não se preocupe, Professor – Remus respondeu. – Tenho tudo em ordem.

– Ótimo – Slughorn disse, mais para ele mesmo do que para Remus. – Como o senhor é um aluno excepcional, sr. Lupin, não me sentirei mal em coloca-lo para trabalhar com uma de minhas alunas problema.

O estômago de Remus se revirou. Aluna problema só poderia significar uma coisa: Sonserina. Que horror, ele odiava Sonserinos eram tão mesquinhos e –

– Ela já deveria estar aqui – Slughorn continuou preocupado, olhando para o relógio. – Dorcas Meadowes. O nome lhe é familiar?


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que favoritaram a fic nessa última semana! Quem mandar review ganhará um sapo de chocolate imaginário ;)



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