Aposta Destrutiva escrita por Wine


Capítulo 2
Livre, bonito e carismático


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente não esperava que essa fanfiction fosse fazer sucesso, haha. Porém fiquei tão contente com o feedback que recebi que resolvi postar mais cedo do que planejei.
Boa leitura :)



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Lily Evans não se classificava como o tipo de pessoa cética. De fato, ela sinceramente procurava acreditar na palavra dos outros, não importava quem fosse. Entretanto, a cena que a sala inteira presenciava durante a aula era ridícula.

– Ainda não compreendi como os quatro gabaritaram esse exame – a respeitável Professora Mcgonagall disse amarga, como se houvesse balinhas incrivelmente azedas em sua boca. – Quero vê-los na minha sala depois da aula senhores Potter, Black e Pettigrew.

A senhora parou, lançando um olhar horripilante para cada garoto de sua lista. Todos os alunos presentes prendiam inconscientemente a respiração com um misto de medo e pena dos malfeitores.

– E não vamos esquecer a senhorita – Mcgonagall continuou, desviando o olhar para a menina no fundo da sala de aula, deixando claro que ela não escaparia de qualquer punição que a Professora tinha em mente. – Marlene Mckinnon. Deveria ter vergonha de participar de algo tão baixo como esse esquema de cola.

Pessoalmente, Lily Evans nunca tivera um diálogo relevante com Marlene. A garota sempre foi muito bonita e intimidante para que meros mortais como Lily se aproximassem dela. O cabelo escuro e comprido descia em ondas precisamente modeladas, do tipo que qualquer garota invejaria. Fato que só era intensificado pelo corpo escultural que Marlene tinha. Algumas garotas simplesmente nasceram para serem deusas gregas.

De qualquer forma, mesmo não conhecendo profundamente Marlene Mckinnon, Lily teve certeza de que a pobrezinha tremia por dentro. Mcgonagall podia ser bem amedrontadora quando queria e Lily não pôde deixar de imaginar como ela seria em um período de trinta anos.

– Professora, - James Potter se pronunciou diante do olhar gélido que era lançado em sua direção. – Não sei se entendi muito bem. Quer nos punir por tirarmos boas notas?

James era do tipo de garoto que facilmente se camuflaria em uma festa da alta sociedade. Seu cabelo castanho estilosamente bagunçado fazia maravilhas aos seus traços perfeitinhos demais. Ele não era robusto, estava longe de ser musculoso, mas o uniforme de Hogwarts caía melhor nele do que em qualquer veterano. James Potter era bonito basicamente porque era bonito. Não havia explicação. Talvez fosse genética ou magia negra. Ninguém sabia ao certo.

Se não bastassem todas as características físicas de tirar o fôlego, James também tinha o dom de mover milhões com seu carisma incomparável. Seria um advogado excepcional ou um político de quem ninguém questionaria.

– Quero puni-los por acertar um teste extremamente complexo, cuja média dos alunos foi catastrófica, com as exatas mesmas respostas – Minerva Mcgonagall ditou as palavras inabalada. Da maneira como seus olhos pareciam ferozes, podia-se inferir que ela não gostava nem um pouco em ser desafiada por alunos. – O que tem a me dizer sobre isso, Potter?

– Eu digo que não há nada de errado em sermos bons alunos – James respondeu calmo com um sorriso angelical no rosto.

– Exato! – Dessa vez, fora o gostosíssimo Sirius Black que resolveu dizer.

Alguns diziam que Sirius Black era o garanhão mais gostoso de toda Hogwarts, certamente um dos mais cobiçados. No entanto, Lily Evans discordava. Para ela, Black parecia vivido demais, como se carregasse demônios próprios. Se James era o garoto de ouro, Sirius era o obscuro. Não que isso fosse impedi-lo de lançar seu melhor sorriso galante para qualquer ser feminino que se materializasse em sua frente. Ainda que namorasse firme a ambicionada Marlene Mckinnon, sua cabeça de baixo sempre falou mais alto.

– Estudamos juntos, – Sirius continuou despreocupado. – É natural que as respostas se pareçam.

Apreensivos, todos os espectadores do pequeno showzinho olharam para a professora. Os olhos dela se espremeram ligeiramente, parecendo azeitonas gordas, na medida em que uma veia pulsava intensamente em sua testa.

– Talvez uma palavrinha com o diretor seja necessária – ela respondeu.

Ao fim do dia, Lily percebeu que a vida seria muito mais justa se o diretor de Hogwarts fosse um homem severo que buscasse a disciplina acima de tudo. Pois bem, aparentemente, Dumbledore não era assim, visto que os quatro delinquentes coladores de prova, como Lily iria chamá-los de agora em diante, estavam de volta ao salão comunal com grandes sorrisos estampando os rostos.

– Seria bom se eles fizessem menos barulho - Alice murmurou infeliz, enquanto trabalhava em sua lição de casa.

– Pelo menos você não dorme no mesmo quarto que eles - Remus respondeu, folheando as páginas que acabara de escrever.

Solidária, Lily sorriu para os dois amigos. Alice e seu cabelo de estrela de cinema castanho claro estavam completamente envolvidos com o livro que ela lia desesperadamente; enquanto Remus parecia o perfeito retrato da calma. Alice era sua colega de quarto, mas Lily mal se lembrava como a amizade com o garoto começou. Talvez noites em claro estudando no salão comunal tivessem algo a ver com isso.

– Por que é amigo deles, afinal? – Lily não pôde deixar de perguntar. – Remus, conheço você, é um cara super decente. Por que se mistura com esse bando de... perdidos?

Remus abaixou os papeis que lia e lançou a Lily um olhar compreensivo. A ruiva Lily Evans buscava sempre uma linha de pensamento lógico para analisar o mundo a sua volta e deveria ser difícil para ela entender porque alguém como ele, um nerd fofinho e responsável – como o próprio Remus gostava de pensar que as garotas o consideravam –, andaria com James, Peter e Sirius.

– Eles são bem legais, Lily – Remus disse sinceramente.

Era verdade. Remus guardava um segredo tenebroso sobre si e, quando os colegas de quarto descobriram, foram os primeiros a apoiá-lo sem qualquer julgamento. Por essas e por outras, Remus Lupin sempre seria grato aos seus melhores amigos.

– Só acho que não é justo – Lily continuou determinada. – Quero dizer, nós dois, Remus, trabalhamos muito duro para conseguir notas aceitáveis e o cargo de monitores. Potter? Ele tem sempre tudo que quer, na hora que quer. Como um praticante de bullying pode ser monitor?

– Ele mudou – Remus respondeu. – Parou de ser tão idiota.

– Sei.

A ruiva bufou e levou a mão ao cabelo como se fosse prendê-lo, porém desistiu ao perceber que não tinha um prendedor em mãos. A vida era injusta.

– É sério, Lily. James não é o vilão que você imagina que ele seja – Remus afirmou. O garoto levantou e começou a recolher suas coisas da pequena mesa de estudos, tentando não esbarrar na focada Alice. – Vejo vocês mais tarde. Tenho que falar com Peter. Até mais.

– Até – Lily respondeu e tentou voltar sua atenção às equações que fazia.

Às vezes ela desejava que a sala comunal não fosse um lugar tão escuro, além de tão apertado. Ela podia perfeitamente ouvir o que as garotas segundo ano fofocavam do outro lado do cômodo. Pelo menos, as poltronas eram confortáveis.

Ao seu lado, Alice deu um risinho.

– O que há de tão engraçado em história da magia? – Lily perguntou sorrindo também. O riso de Alice era contagiante.

– Você – Alice respondeu sem hesitar, seus olhos castanhos profundos demais. – É tão hilário quando você fala de Potter. Você gosta dele.

Instintivamente, Lily arregalou os olhos verdes e fechou o livro que estava em seu colo como se o objeto estivesse em chamas. Qual era o problema de Alice?

– Alice – Lily disse vagarosamente. – Você não sabe do que está falando, ok?

– Tudo bem – Alice respondeu, enrolando uma mecha de cabelo no dedo indicador. – Você quem sabe; só estou dizendo que vocês ficariam fofos juntos. Você, dona Lily Evans, também pensava assim no quinto ano.

Lily revirou os olhos, desejando ser forte o suficiente para dar um soco na amiga sem quebrar nenhum dos dedos da mão.

– Tinha uma quedinha por ele – Lily admitiu, as bochechas corando. – Quedinha passageira. Já passou. Trabalhar ao lado dele como monitora só fez com que eu percebesse que James Potter não faz meu tipo. Fim da história.

– Estão falando sobre mim, garotas?

Não. Não podia ser, Lily pensou. Semicerrando seus olhos, Lily virou-se para encarar o garoto mais célebre de Hogwarts inteira ao lado de seu formoso escudeiro a poucos passos de si.

– Oi, Sirius – Alice cumprimentou. – James.

– Não estávamos conversando nada a seu respeito, James – sem se preocupar com cortesias, Lily falou, parecendo culpada demais.

– Pensei ter ouvido meu nome – James respondeu em um tom simpático. – Meu erro.

Um silêncio constrangedor caiu sobre os quatro. Lily não quebraria o clima, disso ela tinha certeza. Talvez se ficasse quieta o suficiente os garotos iriam embora.

– James, acho que deveríamos subir, vamos nos atr – Sirius foi interrompido.

– Evans? – James voltou a dizer com o mesmo tom agradável que ele usara antes. Ele não sabia por que, mas gostaria de construir uma relação mais amigável com sua colega monitora.

– Sim? – Lily disse séria, forçando sua respiração manter um ritmo normal enquanto encarava o garoto a sua frente.

– Mandou bem em transfiguração hoje? – James Potter perguntou, seu característico sorriso carismático no rosto.

Por acaso ele estava sendo irônico? A pior matéria de Lily era transfiguração. Não havia nada de mais insuportável para ela do que transformar animaizinhos em objetos e vice versa, a parte teórica era pior ainda.

– Nós fomos muito mal – Alice respondeu quando ficou claro que Lily não diria nada.

– Não colamos como vocês – a ruiva completou.

O majestoso Sirius Black caiu na gargalhada, chamando mais atenção do que um indivíduo comum chamaria.

– Nem nós colamos – Sirius disse com tom de deboche. – Pelo menos, ninguém provou que colamos.

Lily mordeu o interior de suas bochechas para impedir que qualquer reação indesejada transparecesse. Era irritante como James e seu grupo sempre se davam bem em tudo sem esforço algum, apenas exibindo sorrisos tortos que arrancavam suspiros do sexo feminino. Lily odiava-os por isso.

A responsável Lily Evans acreditava em trabalho acompanhado de esforço e suor.

– Potter, já entregou o relatório do mês passado para Dumbledore? – Ela mudou de assunto, referindo-se a uma tarefa de monitores. – O prazo é até amanhã.

– Vou entregar amanhã – James respondeu lentamente. Se Lily não tivesse mencionado o relatório, ele nem mesmo teria se lembrado de fazer. Era sempre bom manter ela por perto.

– Tá bom – ela concordou, não sabendo mais o que dizer.

Percebendo que a conversa não evoluiria mais do que isso e louco para ir embora, Sirius Black apertou o ombro de James.

– Vamos indo, James – Sirius disse, arrastando o amigo em direção aos dormitórios masculinos. – Tchau, Lily. Tchau, mina do Frank.

– Tchau – Alice respondeu sorridente.

Frank era o namorado dela e, por mais que Alice apoiasse os ideais do feminismo, ela adorava quando as pessoas se referiam a ela como um objeto pessoal do namorado. O amor é um verdadeiro mistério.

– Essa garota é muito estranha – Sirius reclamou quando não podiam mais ser ouvidos.

As escadas que levavam até o dormitório eram estreitas e, frequentemente, James se pegava olhando para o próprio pé a fim de ter certeza de que não tropeçaria.

– Quem? Alice? – James perguntou confuso, passando os dedos por entre os fios de cabelo.

– Não, Lily – ele negou. – Parece que ela chupou um limão, é toda mal-humorada.

– Ela não é mal humorada – James disse, mais na defensiva do que esperava. – É só o jeito dela.

– Não sei – Sirius respondeu pensativo. – Ela definitivamente não gosta de nós.

James encolheu os ombros. Nunca antes havia pensado nessa possibilidade. Lily Evans, sua colega monitora, não gostava dele?

– Yo, bros! – Sirius disse assim que abriu a porta do quarto, revelando Remus atrás de um livro de poções e um entediado Peter. – Vocês não sabem da última!

Peter ergueu uma sobrancelha, mas Remus nem mesmo desviou seus olhos do texto que lia.

– James está namorando uma prostituta! – Black anunciou, jogando-se em sua cama.

Padfoot! – James exclamou irritado.

Como Sirius se atrevia a comentar sua vida amorosa dessa forma, James não sabia. Ele não deveria ter confiando em Sirius Black para guardar um segredo.

– O quê? – Sirius perguntou. – É a verdade.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – Remus perguntou pasmo.

– Uma prostituta? – Peter perguntou, animando-se. – Que demais!

– Sim, uma prostituta – James disse a contragosto. – Idaí?

– Ela tem quarenta anos! – Sirius continuou, atirando seu travesseiro na direção de James. – Ele é um garanhão!

– Trinta e oito – James corrigiu, como se os dois anos fizessem toda a diferença.

– Uma mulher mais velha! – Peter disse admirado.

– Uma mulher fóssil! – Remus reprovou. – Como assim? Como tudo isso aconteceu? Como vocês se conheceram?

– Por favor, Moony – Sirius revirou os olhos. – Como será que James conheceu uma prostituta?

– Durante um programa, é claro – Peter esclareceu o óbvio.

– E agora eles estão namorando – Sirius continuou. – Ou melhor, ela está namorando o dinheiro dele.

Remus arregalou os olhos. Ele sabia que seus amigos frequentavam prostíbulos, mas não esperava que um deles apareceria namorando uma prostituta.

– Muito engraçado, Padfoot – James disse, seu tom deixando claro o quanto ele estava irritado com tudo aquilo. – Mas nós estamos apaixonados. Vanessa me ama de verdade.

– Seeeeei... – Sirius disse sarcástico. – E eu sou o lobo mal – ele pausou dramaticamente enquanto levava o polegar ao queixo pensativo. – Bem, esse é o Remus.

Remus balançou a cabeça incrédulo e voltou a encarar seu livro. Seus amigos não tinham jeito mesmo.

– Não é brincadeira – James fez uma careta. – Estamos apaixonados.

– Não seja otário, James – Sirius disse. – Uma mulher como ela nunca se apaixonaria por você.

– O que isso quer dizer? – James cerrou os punhos. – Posso ter qualquer mulher que eu quiser.

– Há há – Sirius caçoou. – Aposto que você não consegue nem mesmo seduzir a garotinha ruiva que acabou de falar com a gente.

– Evans? – James perguntou, um brilho desafiador no seu olhar. – Fácil demais.

– Eeeei, - Remus voltou a se manifestar, temendo por sua amiga – Lily não. Ela é legal demais para ser objeto das apostas de vocês.

– Tarde demais, Moony – James disse. – A aposta já está feita.

Peter sorriu, desejando ter pipoca para acompanhar a cena a sua frente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Galera, eu gostaria de perguntar se vocês se sentem bem em relação a hentai, porque estava pensando em acrescentar na fic. Alguém contra?



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