Aposta Destrutiva escrita por Wine


Capítulo 3
Sinceridade, respeito e fidelidade




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Não era nada pessoal, James honestamente gostava de Lily Evans. Ela sempre o ajudava a fazer relatórios atrasados e nunca reclamou sobre o fato de ele não ser um monitor tão exemplar quanto deveria. Contudo, amizade à parte, uma aposta era uma aposta.

Por isso, James estava vestindo o uniforme mais lisinho que encontrou no seu armário e usando a colônia mais cara que comprou quando visitou a França no verão passado. Por alguns minutos ele até refletiu sobre a ideia de tentar domar seu cabelo, porém, conforme experiências anteriores comprovavam, as garotas gostavam do penteado dele como era.

James Potter estava pronto para seduzir. Querendo ou não, Lily Evans ficaria caidinha por ele.

– Lily? – James perguntou, abrindo cautelosamente a porta do gabinete dos monitores.

Geralmente, James simplesmente invadia a sala como uma tempestade. Entretanto, como estava prestes a mudar a imagem que Lily tinha sobre ele, queria começar com o pé direito.

– Oi – a garota respondeu desviando o olhar do papel em suas mãos apenas por uma fração de segundo. – Pensei que você não fosse querer fazer a papelada da semana, por isso me adiantei fazendo a minha parte e a sua.

Lá ia a prestativa Lily de novo cobrindo ele nos relatórios.

Ela estava sentada na cadeira da mesa de madeira retangular que ocupava a maior parte do ambiente. Não havia muitos móveis no cômodo, apenas duas estantes cheias de livros, a mesa com seis cadeiras e uma janela que ocupava uma parede inteira, do tipo que se via em igrejas renascentistas. A luz do crepúsculo iluminava o rosto de Lily de forma encantadora e James pareceu perceber que não seria sacrifício nenhum tirar uma lasquinha dela. Lily era bonita para os padrões da sociedade, mesmo que não apresentasse curvas tão acentuadas como ele gostaria.

– Não precisava – James disse e sorriu galante. – Mas já que você adiantou tudo, talvez nós pudéssemos relaxar um pouco...

Decidido, James caminhou na direção dela e se sentou na cadeira ao lado da ruiva. Talvez ele soubesse o que estava fazendo, mas Lily não pôde evitar um olhar assustado na direção do garoto.

– Evans, - ele disse sedutoramente e pousou sua mão direita na coxa dela, bem em cima da saia. – Preciso confessar, você tem me deixado bem louco nesses últimos dias.

Lily arregalou os olhos. Nada parecia fazer sentido. O que ele estava fazendo? Por acaso Potter enlouquecera?

Lentamente, o dedo indicador dele começou a fazer pequenos círculos na perna dela e Lily podia sentir sua pele vibrar onde quer que ele a tocasse. Por acaso ela gostou da sensação? Talvez, Lily não tinha certeza. Sua cabeça dava voltas e mais voltas. O que estava acontecendo? Ela e James não tinham intimidade suficiente para trocar carícias dessa maneira. Eram apenas colegas.

– Eu preciso ir – uma racional Lily à beira da histeria murmurou.

Tão rápido como um relâmpago, Lily levantou-se de sua cadeira. Ela estava ciente de que James Potter possuía um histórico de “pegador”, só não sabia que um dia iria se voltar contra ela. Isto é, assumindo que James estivesse insinuando algo, o que Lily também não tinha certeza.

Lily, espere – James chamou-a, mas já era tarde demais. A ruiva saíra do cômodo como se estivesse numa maratona profissional.

Derrotado, ele colocou a cabeça entre as mãos. O que fizera de errado? Geralmente, ir direto ao ponto lhe rendia pontos extras com as garotas. Em todas as festas que já frequentou foi assim.

Talvez fosse hora de James recorrer aos conselhos de uma expert no assunto.

O que quer, Potter?

– Você poderia pelo menos tentar ser simpática de vez em quando – James respondeu brincalhão. – Preciso da sua ajuda, Lene.

Marlene Mckinnon diminuiu a velocidade de seus passos quando o amigo a alcançou. James não tinha ideia de para onde eles estavam indo, apenas seguia Marlene para onde quer que ela fosse. Precisava da ajuda dela.

– Desculpe – a morena disse, aparentando estar arrependida. Entretanto, sua expressão manteve-se fria. – Mas você é uma das últimas pessoas com quem quero falar agora, Potter.

James segurou-se contra o impulso de revirar os olhos. Marlene podia ser tão dramática às vezes.

– Sinto muito se lhe fiz algo, mas –

Me fez algo? – A voz de Marlene soou inacreditavelmente estridente. – James, você quase me fez ser expulsa com seu esquema de cola barato. Sabe que sozinha já me meto em problemas suficientes, não posso permitir que uma coisa dessas me aconteça!

Não era segredo nenhum que, apesar de deter uma beleza estonteante, Marlene Mckinnon não era nenhuma aluna dedicada. James não se surpreenderia se ela passasse oitenta por cento de seu tempo se agarrando com Sirius Black e os outros vinte por cento arrumando o cabelo.

– Nada lhe aconteceu – James afirmou confiante. – Eu dei um jeito nisso e você ainda ficou com a nota exemplar. Se vamos tirar proveito de algo nesse episódio de nossas vidas é que você me deve uma.

De acordo com a maneira como Marlene o olhou, parecia que ela sofria de intensas ânsias de vômito só de estar na presença dele.

– Você e Sirius são tão egoístas.

James deu de ombros. Já haviam o chamado de coisas muito piores.

– Preciso de um conselho – ele começou lentamente. – É sobre uma garota...

– Sua namorada prostituta?

Incrédulo, James piscou algumas vezes. Até mesmo Marlene estava sabendo de seu relacionamento com Vanessa. Dizer a Sirius Black para guardar um segredo era o mesmo que pedir para ele escrever uma manchete na seção de fofocas.

– Não – James respondeu irritado, recusando-se a desenvolver o tópico sobre “minha namorada prostituta”. – Outra garota.

Marlene ergueu uma das perfeitas sobrancelhas, no entanto não perguntou nada. Pacientemente, ela esperou James contar-lhe a situação, como ele se envolvera em uma aposta com Sirius e agora deveria conquistar a monitora da Grifinória.

– A ruiva? – Marlene perguntou envolvida com a narração de Potter. – Hum. Ela é bonita.

– Creio que sim – ele respondeu sério como se estivessem falando sobre negócios. – Vai me passar umas dicas ou não?

Suspirando, Marlene interrompeu seus passos e posicionou-se de frente ao amigo. James era alto, mas ela não era muito mais baixa do que ele.

– Quer meu conselho? – Marlene perguntou olhando severa nos olhos castanhos dele. – Não faça isso. Não quebre o coração dela. Tudo que uma garota quer é que algum imbecil se apaixone perdidamente por ela e suas manias. Sinceridade, respeito e fidelidade. São só essas coisas que queremos, mas você não está oferecendo nada disso à pobrezinha.

James desviou o olhar, recusando-se a aceitar as palavras de Marlene. Ele não era burro, sabia que estava fazendo algo errado, mas não queria ser responsável no momento, apenas procurava um meio de ganhar a aposta. Contudo, a amiga dizia as palavras com tanto sentimento e paixão que a tornava difícil de ser ignorada.

– James – Marlene continuou quando ele não disse nada. Sua expressão dura fora logo substituída por uma melancólica. – Você acha que Sirius realmente gosta de mim?

– De onde tirou isso, Lene? – James, instantaneamente, perguntou preocupado.

– James, você me contaria se ele estivesse me traindo – ela interrogou-o, demonstrando imenso desespero. – Não é?

Que infernos estavam acontecendo? James realmente não tinha a mínima ideia de como lidar com isso. Marlene Mckinnon era o perfeito retrato da autoconfiança, mas, neste instante, parecia prestes a ter um ataque de nervos.

– Claro que contaria – James mentiu.

A expressão dolorida que estampara o rosto dela dera lugar para um sorriso insincero.

– Esquece – Marlene disse rindo. – Devo estar ficando louca. Lily Evans, não é? Vou te dar umas dicas infalíveis, mas ainda acho que você deveria abordar o plano.

Alice! – uma frenética Lily berrou, batendo a porta do dormitório com força. – Algo estranho acabou de acontecer!

– Ela não está aqui – uma voz rouca respondeu. – Saiu com o namorado.

A outra colega de dormitório. Dorcas Meadowes.

– Oh – Lily exclamou decepcionada, ela realmente precisava conversar com alguém. – Eu... Sabe quando ela vai voltar?

Dorcas chacoalhou negativamente a cabeça e comeu um cookie inteiro de um pacote industrializado. Provavelmente Lily estivesse ficando louca, visto que a ideia de se abrir com Dorcas passou por sua cabeça. Talvez ela pudesse ajudar, mesmo sendo... instável.

– Dorcas? – Lily chamou-a com cautela. Ela e Dorcas já não eram grandes amigas como um dia foram. – Hipoteticamente, o que um garoto quer quando –

Sexo.

Lily piscou os olhos atordoada.

– Eu nem terminei de falar! – Ela reclamou irritada.

Era por isso que ultimamente não se dava bem com Dorcas, a garota sempre se utilizava de comentários ridículos para chamar a atenção.

– É sempre isso que os garotos querem – Dorcas deu de ombros. – Não é assim tão difícil de entender.

Lily bufou. Era perda de tempo conversar com Dorcas. A garota era problemática e egocêntrica demais, nem parecia com a menininha de onze anos sonhadora de anos atrás. Dorcas costumava ter cabelo cor de mel comprido e sedoso, mas, há alguns meses, cortou-o bem rente a nuca. Ela era muito bonita, mas aparentava tentar esconder sua beleza por trás de uma atitude rebelde, roupas pretas e make pesado. Alice uma vez disse que suspeitava que algo de sério aconteceu na família dela, mas Dorcas Meadowes não era do tipo que dividia histórias familiares.

De qualquer forma, Lily gostaria de encontrar uma maneira de ajudá-la.

– Onde foi ontem anoite, Dorcas? – Lily perguntou ligeiramente preocupada. – Fui dormir tarde e não te vi no salão comunal.

– Estava por aí – Dorcas respondeu mal humorada. – Não é da sua conta.

– Por que está agindo dessa forma, Dorcas? – as palavras deixaram a boca de Lily. – Só quero lhe ajudar. Por que está matando aulas? Por acaso, algo grave aconteceu para você ter se transformado tanto nos últimos meses?

Se não fosse pelo vento balançando as cortinas do quarto, nenhum outro barulho seria audível. Dorcas não movera nem mesmo um pequeno músculo para tentar responder a série de questionamentos metralhados a ela. Sentindo-se inútil, Lily lutou contra o instinto de semicerrar seus punhos. Como ela podia ajudar sua companheira de quarto quando Dorcas era sempre tão... Dorcas?

– Vou tomar um banho – a ruiva disse, decidindo que não seria inteligente cobrar Dorcas demais. - Se algum dia quiser falar comigo, estarei contente em ouvi-la.

Não demorou muito para Lily pegar seus artigos de banho e dirigir-se ao banheiro. Dorcas esperou pacientemente a companheira de quarto sair a fim de desabar emocionalmente. A verdade era que as palavras de Lily foram como um verdadeiro tapa para ela.

Por acaso, algo grave aconteceu para você ter se transformado tanto nos últimos meses?

Sim, Dorcas pensou. O amor da sua existência aconteceu de grave na vida dela e, semanas depois, despedaçou cada partícula de seu coração.

Ela tirou a meia do pé esquerdo, revelando a tatuagem na sola do pé que nunca mostraria a ninguém. Era uma palavra escrita em pequenas letras pretas simples.

Sirius.


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Notas finais do capítulo

Heeeey galera, vocês estão gostando da fic? Não sei, estou me sentindo insegura com ela, a grande parte dos leitores não comenta nada.. está ruim? Muito fantasiosa?
.
Ainda tenho que escrever o próximo capítulo e prometo que mais interações jily estão por vir haha, assim como certa prostituta que anda agarrando o nosso herói..
.
Beijos,
WINE ;



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