Pov. Augustus

–PORQUE NINGUÉM PEGUNTOU ONDE ESTAVAM OS PAIS DELA?

–Perguntamos, senhor, e ela respondeu que eles estavam lá fora, e...

–E VOCÊS ACREDITARAM? QUE TIPO DE IDIOTAS SÃO VOCÊS? ELA NÃO PODIA ENTRAR, NINGUÉM PERMITIU! SEUS... seus... -E comecei a chorar, não conseguindo nem falar.

Fui lá para fora. Os animados desenhos infantis e paredes coloridas pareciam me deprimir mais do que o branco do Memorial, mais do que o preto constante nas roupas da Hazel... minha Hazel Grace... o que ela fez? Ela tinha vida pela frente, comigo, e jogou no lixo! Depois derrubou a lixeira e tocou fogo. O que ela tinha na cabeça?

O mesmo que você tinha quando foi para Amsterdã não se importando se estava morrendo ou não. Não se importando que seu corpo tenha acendido como uma árvore de Natal, como você mesmo disse, falou minha consciência, você queria liberdade e mais tempo do lado dela. Ela quer liberdade. Ela quer mais tempo. Ela quer aumentar o infinito dela, assim como você aumentou. Ela não jogou o tempo no lixo. Ela agora mesmo está tentando fabricar mais.

Esse último pensamento me abalou mais do que os outros: "Agora mesmo está tentando fabricar mais..." Agora mesmo. Nesse instante. Agora, ela está sendo guerreira, enquanto eu estou chorando e deixando de apoiá-la e... sei lá, eu deveria pegar uma espada e ajudá-la a vencer o câncer melhor do que os espartanos defenderam Esparta em 300. BEM melhor. Eles perdem.

Enquanto entrava, pensei na insignificância da vida humana. Como tão facilmente ela se esvai, entre os dedos dos que amam essa pessoa.

–Senhores, a cirurgia acabou. -Disse um médico sério, chegando até onde estava eu e os pais da Hazel.

–E...? -Perguntei, agoniado.

–E acho que vocês podem ver por si sós.

Fomos andando atrás deles, devagar, com medo do que iríamos encontrar. Vimos uma sala, com a Hazel deitada na cama, e uma máquina de batimentos cardíacos. E ela não tinha nenhum.