Pov. Sebastian

Eu andava de um lado para o outro na sala de espera. Hazel e Isabel soluçavam, com Gus entre elas, abraçando as duas. Ele estava sério e preocupado, mas eu sabia que ninguém estava mais preocupado que eu.

Poxa, como ela tinha conseguido mexer tanto comigo tão rápido?

Mas eu sei que a resposta pra isso é: É da Emily que estamos falando. Da mulher encantadora, linda, inteligente, carinhosa, prestativa e altruísta que todo mundo não conseguia deixar de amar. Era impossível.

Eu não poderia ser diferente.

E agora eu sou o último a saber que ela foi sequestrada e logo após ela aparece destroçada na televisão. Eu só queria que fosse um pesadelo e eu acordasse, fosse trabalhar e encontrasse Emily cuidando de todos como sempre fez.

Só que uma dor dessas não pode existir em sonhos, nem mesmo nos piores pesadelos. Dói demais, então é real. A realidade torna tudo pior.

O médico entra, é um colega meu e de Emily, Dr. Hummers, ou só John, como chamamos ele. Ele não parecia estar com uma cara muito boa.

Hazel, Isabel e Gus levantaram num salto. Eu só olhei suplicante pra ele, esperando por respostas. John suspirou.

–Emily não está nada bem. Sofreu agressões seguidas de agressões, não se alimentou corretamente, as olheiras profundas indicam insônia, e o pior: Levou uma facada na lateral do tórax e uma costela foi fraturada. -Ele disse, e senti vontade de chorar. Me controlei. -Mas ela vai ficar. Em algumas semanas, no máximo dois meses, ela vai estar 90% curada, só não sei se ela vai precisar de um psicólogo.

Concordei com a cabeça.

–As visitas começam amanhã pela manhã. Um por vez. Vocês terão uma hora cada. A partir da segunda semana, já poderão ficar integralmente com Emily, mas o máximo de quatro pessoas, com vocês não será problema. Bem, é isso. Qualquer coisa, me pergunte, Sebastian. E vocês também. Até. -Terminou John, e saiu.

Hazel e Isabel voltaram a soluçar. Gus suspirou e se jogou no sofá de novo. Eu me sentei na poltrona. Só ia sair dali quando fosse ver Emily, e ponto final.

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Hazel, Gus e Isabel saíram depois da meia-noite, vendo que eu não sairia dali e que não havia sentido ficarem também. Eu tentei adormecer, e não consegui. Só conseguia relembrar da gravidade da situação.

"Sofreu agressões seguidas de agressões, não se alimentou corretamente, as olheiras profundas indicam insônia, e o pior: Levou uma facada na lateral do tórax e uma costela foi fraturada."

Se um dia eu esbarrar em Roberto, vou dar um grande foda-se pra polícia e vou arrancar a cabeça dele.

****

–Sebastian. -Falou Emily, assim que me viu, a voz rouca de cansaço.

–Emily?-Sussurrei. Meu Deus, ela estava horrível. Irreconhecível.

–Ty. -Murmurou ela, usando meu apelido. Os olhos dela ficaram marejados. -Eu senti falta de você.

Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto. Segurei as mãos dela. Estavam enfaixadas.

–Eu também, Em. Você não sabe o quanto. -Respondi.

Ela deu uma risada fraca.

–Eu devo estar horrenda.

–Você nunca está. -Retruquei, o que era e não era uma mentira. Ela não estava horrenda, mas não estava tão bonita. Seja como for, ainda estava bonita aos meus olhos. Ela era Emily Grace, afinal.

–Não minta, Ty. Não tenho nenhuma benção de Afrodite. -Ela devolveu. Depois deu um sorriso. -Mas obrigada mesmo assim.

****

–Sebastian, você tem cinco minutos. -Avisou Gus.

Ele saiu. Suspirei. Emily franziu a testa.

–Eu não sou frágil desse jeito, não sei porque toda essa frescura. -Resmungou ela.

Dei uma risada sem humor.

–Talvez seja pela facada. Ou a costela quebrada. -Respondi.

Ela riu.

–Alerta de humor negro. -Brincou.

Dei um meio sorriso. Vi os olhos dela brilharem e pensei: Ah, que se dane.

–Emily, antes de ir, eu tenho que te dizer uma coisa. An... -Suspirei. -Eu te amo, Emily Grace. Não me mate de preocupação desse jeito de novo, por favor.

Ela pareceu a ponto de chorar de novo.

–Eu também te amo Ty. Com todas as minhas forças. -Sussurrou.

Meu sorriso foi quase automático.

–Acabou o tempo, Sebastian. Sinto muito, só que agora é a vez da Hazel, ai você sabe. -Disse Gus, entrando de novo.

Respirei fundo.

–Te vejo amanhã, Em. -Murmurei, e dei um beijo na testa dela.

Sai a tempo de ouvir um fraco "Até.", que fez meu coração acelerar.

É como eu digo. Ela era Emily Grace, afinal.