Os olhos meus, que são tão seus escrita por La-Fenix


Capítulo 3
O começo


Notas iniciais do capítulo

Gente! Eu nunca tive uma fic tão curta com tantos reviews positivos, muito obrigada! Sério dá vontade de chorar ao ver elogios tão bonitos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/462028/chapter/3

Entrei com cautela no apartamento do Asa Noturna. Eu estava no território inimigo, tinha que prestar atenção em qualquer movimento hostil. Ainda que eu tivesse que admitir que o lugar era monótono beirando ao simplório. As paredes eram de um verde tão claro que poderiam ser brancas, e haviam poucos móveis -todos eles muito funcionais e sem adornos desnecessários- que combinados ao teto alto do lugar faziam o lugar parecer impessoal demais para alguém viver ali.

Eu ainda me sentia desnorteada devido a viagem, no tubo zeta de teletransporte. A tecnologia na terra era melhor do que eu imaginava.

–Pode relaxar um pouco, vou ver se tenho algum moletom que sirva em você. Amanhã podemos te comprar roupas melhores. -Asa Noturna foi para um outro cômodo, eu fiquei na sala, e me sentei no sofá de couro marrom.

Não haviam fotos no apartamento, era como se o morador não tivesse família ou amigos. Ou simplesmente não ficasse muito no próprio apartamento, o que seria coompreensível dada a natureza de seu trabalho.

O moreno voltou para a sala vestindo roupas pretas, de um tecido terráqueo- que deveria ser o tal de ‘moletom’- muito macio por sinal, era um conjunto de calça larga, com uma blusa de capuz, e ainda assim ele usava a máscara.

–Posso saber porque ainda esconde o rosto? -Ele me deu um conjunto verde esmeralda, um pouco menor do que o que ele estava usando, era bem macio e tinha cara de ter sido muito usado.

–Tecnicamente estou exercendo meu trabalho de herói, então não posso revelar minha identidade. -Ele falava isso, contudo estava descalço e vestia uma roupa casual, como se estivesse recebendo amigos de longa data, não uma refugiada qualquer. -Eu usava essa roupa a alguns anos atrás, acho que vai ficar larga em você, mas como você é alta o comprimento vai ficar bom. -ele indicou o quarto de onde havia saído - pode se trocar lá. Aquele vai ser seu quarto, a propósito.

Peguei as roupas e fui para o quarto. Eu imaginava um lugar mais austero do que uma cama de solteiro com colcha de retalhos e uma mesa com um computador, mas ao que parecia aquele era o lugar mais aconchegante do apartamento.

Tirei o vestido branco, quase hospitalar, que estava usando sentindo alivio imediato quando o tecido que coçava saiu da minha pele. O cheiro do rapaz estava impregnado no moletom, um cheiro fraco, porem estava ali, algo amadeirado e masculino. Só que… reconfortante.

Algo que eu nunca havia imaginado de um humano.

_________________________________________________________________________

Esquentei um ensopado de cenoura, enquanto Kory se trocava. O apartamento era de solteiro, portanto seus poucos quartos tinham um propósito de abrigar somente a mim, e a meus equipamentos de trabalho. Eu provavelmente teria que dormir no sofá.

Provei um pouco do ensopado. Um pouco salgado demais para o meu gosto, mas estava aceitável para uma refeição de última hora.

Por sorte eu havia levado a refugiada para meu recanto em um momento em que ele não estava atulhado com fotos de criminosos procurados, e arquivos de casos em andamento, talvez, até mesmo fotos de autópsias. Batman poderia não ser mais meu tutor, porem eu ainda mantinha o mesmo padrão da época em que era seu aprendiz, as marcas daquela época seriam minhas para o resto da vida.

Ouvi a porta do quarto se abrir e me apressei em pegar os pratos, e os talheres. As porcelanas imaculadamente brancas e simplórias.

–Este lugar é realmente… Funcional. -Sorri com a tentativa de educação da tamaraniana e me virei para olhá-la.

Meu moletom realmente lhe serviu perfeitamente. Ainda que suas formas tenham ficado perigosamente delineadas, na minha opinião, pois eu via um pouco demais de seu corpo torneado.

–Obrigado. -Comecei a servir o ensopado e comentei. -Não precisa esconder as coisas da gente eu sei que você está cansada e assustada, mas prometo que não vamos lhe fazer nada de mal.

Kory ergueu uma de suas sombrancelhas vermelhas e começou a comer, impassível. Ainda não era a hora dela se abrir, eu teria que ganhar a confiança dela. Ou pelo menos ter uma boa noite de sono. A algumas noites eu estava fazendo a vigilância, e de dia eu trabalhava no monte.

Comi o ensopado em silencio e fiquei com vontade de tirar a máscara, ela era o sinal de que eu ainda estava trabalhando, que eu ainda era o Asa Noturna, ela tirava minha humanidade e me transformava num mero simbolo.

Quando me dei conta, a alienígena estava na janela observando a cidade.

Para mim, a vista me lembrava uma aranha de luz, numa teia fina. Os carros e as lojas realmente brilhavam como estrelas perdidas na terra.

–É tão linda e brilhante. -Seus olhos eram refletidos na vidraça. Tão verdes quanto esmeraldas. E, diferente de nosso primeiro encontro, estavam alegres e brilhantes, exibindo vida e meiguice.

Ela era forte, mas estava quebrada, e não confiava em ninguém. Naquele momento eu quis me aproximar dela, não por interesse futil, mas para o bem dela.

No fundo, eu tinha vontade de ver aquele sorriso sincero todo o dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Comentem!
Obs: Eu achei o cap meio curto para os meus padrões, mas nos próximos vou escrever mais.