Parei minha moto á beira da estrada de um parque de Portland, onde eu havia combinado de me encontrar com Damon. O lugar era quarenta minutos da cidade, bem afastado então não havia perigo de ninguém da minha nova vida ver.
Willa insistiu que queria ir junto e que queria conhecer o meu irmão, foi uma luta para fazê-la desistir disso e ainda tive que fazer uma falsa promessa sobre convidá-lo para um jantar. Olhei tudo a minha volta, procurando por algum sinal de Damon ali. Como sempre, nada pontual.
A figura de um carro começou então a se formar no fim da estrada, de primeira eu sabia que era Damon. O azul inegável de seu Camaro chamava a atenção de longe e ele não estava sozinho. Parou o carro a beira da estrada também e saiu do mesmo, junto com ele estava Elena.

"Você está atrasado." Eu disse.

"Você não dá sinal de vida." Respondeu ele, com seu sorriso convencido.

Damon se aproximou e me puxou para um abraço apertado e desajeitado, que eu retribui na hora.

"É bom ver você, Stefan." Ele disse, me soltando.

"É bom ver vocês também." Falei com um sorriso sincero.

"Eu sei." Disse Elena ou devo dizer, Katherine. A semelhança era muito mas bastava a forma de falar que você já sabia dizer que é quem.

Katherine ficou ali me olhando, um lento e iluminado sorriso se materializando em seus lábios. Ela estendeu a mão para mim que eu simplesmente fiz a questão de ignorar. Katherine fez uma careta e revirou os olhos com uma expressão de tanto faz, recolhendo sua mão para perto do seu corpo.

"Onde está Elena?" Perguntei.

"Ela está resolvendo alguns problemas com Jeremy." Respondeu Damon.

"Elena, blá-blá-blá. Porque tudo que vocês falam tem que levar a Elena? Quem precisa de Elena quando se tem eu aqui!" Katherine disse, egocentrica como sempre.

"Porque você a convidou?" Olhei para Damon.

Katherine se virou para mim com a boca aberta sem acreditar no que eu falei.

"Eu não a convidei." Damon disse sincero, como se eu estivesse louco de pensar isso.

"Grosso." Katherine falou para mim. "Na verdade, fui eu quem o convidou." Ela inclinou a cabeça, seus olhos sem desviar dos meus. Seus dentes brancos brilharam da forma que ela sorriu.

"E posso saber o que é tão urgente assim para você ligar para a minha casa, Damon?" Perguntei, interessado na resposta que eles iriam me dar.

"Está acontecendo que..." Katherine começou a falar mais eu lhe cortei.

"Eu disse Damon. Você não se chama Damon, Katherine!" Não queria iniciar uma conversa com Katherine, na verdade, não queria nem que ela fosse parte dessa conversa. "Então, Damon..." Continuei, esperando sua resposta.

"Você." Ele disse, simplificando tudo.

"Eu?" Perguntei sem entender.

"Eu vi o que você naquele acampamento há dois dias na TV, então eu fui pesquisar mais de perto e adivinha só? Os adolescentes foram mutilados em pedaços e depois seus corpos foram colocados no lugar novamente." Katherine foi quem explicou. "Eu não conheço muitos psicopatas que façam isso mas se fosse para apostar em alguém, seria em você. Estava perto da sua casa, então eu fiquei preocupada. Você não dava notícias á anos, então eu liguei para Damon e pedi para ele vir checar você comigo, porque eu sabia que eu sozinha não poderia. Quer dizer, eu poderia mas então pensei... se eu ligar para a sua casa, o que a sua namoradinha vai pensar?" Katherine fez charme, fazendo um biquinho como se estivesse pensativa. "Como é o nome dela mesmo? Perla? Carla? Willa?" Seus olhos se iluminaram com o nome Willa saindo dos seus lábios.

Meu corpo ferveu de raiva e rangi os dentes, usando a velocidade de vampiro pela primeira vez em quase um ano, eu fui para cima de Katherine. Fechei uma das minhas mãos em torno da sua garganta sufocando-a no alto, prendi seu corpo contra uma árvore e minha mão, levantando-a para o alto. Ela fez uma cara de dor e apertou minha mão com as duas suas, fazendo eu soltá-la com facilidade.

"Stefan, relaxa." Damon disse, assim que Katherine me obrigou a soltá-la.

"Relaxa? Eu tenho uma ótima vida e está tudo sob controle, então vocês aparecem do dia para a noite para me acusar de uma coisa que eu não fiz." Cuspi as palavras, com raiva.

"Não foi você?" Damon perguntou, sem entender e então olhou para Katherine. Ela olhou para Damon e deu de ombros.

"Prove que não foi você." Ela disse, com o nariz empinado.

"Eu não tenho que provar nada para nenhum de vocês." Virei minhas costas para eles e sai dali a caminho da minha moto mas bastou que eu desse três passos para Katherine entrar na minha frente e me impedir de continuar.

"Nós estamos preocupados com você, acredite ou não."

"Fique longe da Willa!" Falei para Katherine como uma ameaça.

Dei um sorriso sem acreditar que ela poderia estar falando sério, desviei de Katherine no caminho e caminhei até a minha moto. Liguei a mesma e não hesitei, sai dali em disparada, levantando uma chuva de cascalhos saindo dali com a moto.
Fui direto para o trabalho assim que sai dali, quando cheguei ao trabalho a primeira coisa que eu fiz foi ligar para Willa para garantir que estava tudo bem. Katherine era imprevisível, era difícil saber o que ela ia fazer exatamente e tinha sempre um plano extra, se tratando dela eu achei melhor não baixar as guardas pelo menos por enquanto.
Passei grande parte da manhã e toda a tarde pensando no que havia ocorrido com aquele grupo de adolescentes. Ataque de animal? Mesmo querendo acreditar eu não poderia, até porque não haviam animais selvagens por aqui. Só poderia ser algum sobrenatural mas Portland parecia uma cidade limpa desse tipo de coisa, em meus quatro anos aqui ainda não encontrei com nenhum. Mas aquele acidente deixava evidente de que haviam outros sobrenaturais ali e sendo o que fosse, era perigoso.
Já eram seis horas e falta apenas uma hora para eu acabar meu turno no bar. Eu trabalho com Jesse. Ele é um cara muito legal, trabalha para poder pagar a sua faculdade de medicina, um sucesso entre as mulheres no bar e está sempre de bom humor.
Enquanto secava alguns copos com um pano branco, acidentalmente deixei um deles cair e quebrar. Jesse me olhou surpreso e riu.

"Você está bem, cara?" Ele sorriu, olhando para o copo quebrado no chão. "Essa é a primeira vez que te vejo quebrar um copo."

"Eu estou bem, Jesse. Só... com a cabeça longe." Tentei disfaçar, joguei o pano no balcão e peguei uma pá e uma vassoura.

"Problemas com Willa?" Ele me olhou desconfiado. Jesse estuda na mesma faculdade que Willa, ele quem nos apresentou oficialmente.

"Bom se fosse." Falei varrendo os cacos para a pá. "Não é nada demais, vou jogar isso no lixo." Peguei a pá e sai dali.

Fui até os fundos do bar que dava em um beco e joguei os cacos dentro do lixo, aproveitei para tomar uns cinco minutos e de ar e voltar para dentro. Essa era a hora mais agitada no trabalho, as pessoas saiam do trabalho e iam direto para lá. Para comer, beber, ver shows ou até ver futebol. O bar era como Grill em Mystic Falls.
Entrei e levei a pá e a vassoura para o armário, depois voltei e atendi dois caras que estavam ali, pedindo apenas cerveja, então Jesse se aproximou de mim enquanto eu secava os copos novamente.

"Stef, tem uma garota ali chamando por você." Jesse disse sorrindo e confuso ao mesmo tempo. Ele sabia tão pouco de mim quanto todo mundo nessa cidade, família morta, nenhum amigo próximo.

Me virei e olhei para o balcão. Katherine estava lá, com um braço apoiado sobre o balcão e um sorriso falso nos lábios, acenando com a ponta dos dedos para mim. Ao vê-la, uma lenta onda de calor percorreu meu corpo, trazendo à mente lembranças de outros tempos. Amaldiçoei a traição da minha mente. Respirei fundo, sem acreditar que ela estava mesmo ali.