Lua de Sangue escrita por Kat Salvatore


Capítulo 1
Prólogo




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Para alguns vampiros eu poderia estar dando a impressão errada vivendo da forma que vivo, como um humano. Escondendo de mim mesmo quem eu realmente sou, vivendo sem truques ou jogos de um vampiro. Para a maior parte de nós isso seria até um tipo de piada. É claro que nós vivemos como humanos mas não chegamos a nos tornar completamente parte de sua sociedade. É como se fosse uma peça de teatro em que interpretamos os papéis e controlamos as rédeas da situação, sempre com compulsão e todo esse tipo de coisa, usando dos seres humanos apenas para as nossas necessidades mais obvias, como comida, abrigo e sexo. Infelizmente, eu não consigo pensar como a maioria.
Talvez seja porque fui transformado em vampiro não por vontade, não escolhi essa vida. Eu realmente gosto da idéia de fazer planos para o futuro, pensar coisas idiotas, ter uma casa, uma família, um emprego, estabilidade, essas coisas. O que é quase impossível viver quando se tem a vida que eu costumava ter.
É claro que grande parte dessas coisas eu não poderia ter da forma mais natural do mundo mas é como minha Lexi me disse uma vez, eu sou um vampiro. Tenho tantas vidas para viver, em cada uma delas posso ser alguém melhor.
Me mudei para Portland na noite em que Elena escolheu meu irmão, ter me apaixonado por ela daquela forma fora do normal talvez se deva ao fato de que por um momento ela me fez viver a vida que eu sempre quis, como um humano, quando estava com ela eu costumava me esquecer de quem eu sou. E como Lexi disse, novamente e certa novamente, um vampiro pode se apaixonar muitas vezes. É claro que não é da noite para o dia mas nos superamos.
Eu superei, comecei uma nova vida na cidade. Arrumei um emprego em um bar, conheci uma garota que me fez sentir daquela maneira novamente e dessa vez, ela não precisava saber quem eu era, só quem eu sou e quem quero ser.
Willa Otherkin, morena do sorriso grande e olhos azuis, com pequenas covinhas que parecem dois furinhos em suas bochechas. Ela é temperalmente, complicada, argumentativa, sempre vendo a vida com bons olhos e procurando o melhor das pessoas, como faz comigo. Com ela eu pude me reinventar, criar uma vida totalmente nova e ser a pessoa que sempre quis ser.
Meu irmão não conseguia entender a minha necessidade de viver como um humano mas já sabia como aceitar isso. Mesmo que no começo não tenha sido fácil a idéia de que ele roubou minha namorada, com o passar do tempo eu fui aceitando isso. Afinal, Elena realmente o transformou em uma pessoa mas não apenas porque ela quis, porque ele quis. O amor faz isso, nos faz querer ser bom o bastante pela pessoa que gostamos e eu quero ser bom por Willa.

Já passava das nove da noite quando quando Willa entrou no meu apartamento carregando o que ela chama de jantar.

"Espero que você esteja com fome, tem comida o suficiente para três." Disse ela, colocando um saco de fast-food sobre a mesa.

Eu estava, embora não fosse exatamente disso que eu estava com fome. Minhas refeições eram controladas já que ela não sabia de nada, então, era trabalho dobrado. Vivendo uma vida de humano eu tinha que viver como eles, o que significava que eu estava sempre comendo comida normal, até ajudava a enganar a sede mas nunca realmente a fazia passar.

"Meu pai me ligou hoje." Willa contou enquanto tirava as coisas de dentro do saco e as colocava sobre a mesa. "Ele quer saber se você está livre no sábado para aquela pescaria que vocês combinaram." Ela falou e jogou uma batata frita na boca.

"Sério?"

Ouvi a surpresa evidente no meu tom de voz. É claro que pescar com o pai da minha namorada humana não estava nos meus planos e realmente não parecia uma ideia empolgante mas eu tinha que fazer. Eu já estava com Willa há dois anos e meu relacionamento com seu pai era o mesmo desde o dia em que eu o conheci.

"Isso é um sim?" Ela me olhou sorrindo, esperando uma resposta concrenta. "Faça um esforço por mim, por favor!"

"Tudo bem mas eu não sou o melhor pescador do mundo."

"Você não pode ser pior do que meu pai." Ela disse sorrindo e me fazendo rir também.

Depois do jantar, Willa decidiu ir até a academia para gastar um pouco de toda a gordura que ela comeu. No começo nós costumavamos até fazer essa coisa de exercícios juntos, era bom estar exausto, cansado demais para pensar em sangue. Mas a coisa ficou meio esquesita no dia em que eu estava distraído em uma conversa casual na academia e comecei a levantar cento e cinquenta quilos como se fosse nada, desde esse dia eu passei a evitar exercícios em lugares fechados e com muitas pessoas em volta. Desde esse dia Willa vai sozinha até a academia.
Enquanto ela saiu para a academia, hoje era a minha noite de turno livre no bar então decidi aproveitar de forma mais humana possível, vendo TV. Colocando no jornal da noite, notícias sobre o presidente e seus acordos, sobre quanto os famosos tem gastado por mês, enquanto os ricos jogam dinheiro no lixo, assaltos e essas coisas que vemos todos os dias nos jornais. Porém, a última reportagem da noite foi a que mais me chamou a atenção. Um grupo de adolescentes vai acampar em um parque de Portland, o que era para ser uma noite tranquila acaba se tornando em um pesadelo, essas foram as palavras do apresentador do jornal. Se eu não fosse um sobrenatural, eu poderia acreditar na ideia de que algum louco fugiu da cadeia e fez isso mas não, cinco jovens dilacerados. Ataque de animal, vai nessa. Imagens de cenas muito parecidas passaram em minha mente, afinal, eu já havia feito isso tantas vezes. Assim que o jornal acabou Willa chegou.

"Como foi?" Perguntei, olhando para o seu rosto vermelho e seu corpo molhado de suor.

"Como você acha?" Ela disse bem humorada, se aproximando de mim no sofá. "O que você está vendo?"

"Estava vendo ao jornal mas já acabou."

"Jornal? Pensei que você fosse um cara de novela." Willa riu me deu um beijo na bochecha. "Vou tomar um banho, você vem?"

"Não precisa pedir de novo."

"Não demore." Ela disse dengosa e se dirigiu ao banheiro.

Me levantei do sofá e desliguei a TV, o telefone então começou a tocar. Eu não recebia muitas ligações no telefone fixo, na verdade, quase nenhuma e quando recebia era do trabalho ou coisa assim. Provavelmente era para Willa, eu gostava de evitar atender as suas ligações porque na maioria das vezes era de sua família e eles quando começavam a falar não paravam mais. Ignorei os toques do telefone até que Willa apareceu no corredor, enrolada apenas em uma toalha branca me olhando com desaprovação.

"Quando o telefone toca, você atende!" Apenas lhe respondi dando de ombro.

Então caiu na secretária eletrônica.

"Stefan? É Damon." Parei de andar na hora e fiquei escutando o escado, assim como Willa. "Me liga, por favor. É urgente."

Sua voz sumiu e a chamada acabou. Willa me olhou surpresa e saiu do banheiro enrolada na toalha.

"Quem é Damon? Você não tem lá muitos amigos e os poucos que você tem eu conheço."

"Damon..." Repeti seu nome, respirando fundo. "É meu irmão."

"Irmão?" Willa sorriu, surpresa. "Será que vou finalmente conhecer sua família tão mistériosa?"

"Eu não acho que seja uma boa ideia."

"Porque não? Você já conhece toda a minha família." Ela disse sem acreditar que eu estava realmente falando sério. "Ele parecia realmente precisar falar com você."

Willa é uma garota muito boa e realmente não queria envolver ela nesse mundo mas já a envolvi no primeiro momento em que me aproximei dela.

"Eu acho que não era nada demais." Tentei disfaçar e mudar de assunto.

"Pareceu importante para mim. Você deveria falar com ele."

"É complicado." Falei.

"Complicado? Ele é a sua única família, fale com ele." Ela praticamente ordenou.

"Tudo bem, vou falar com ele."

"Ok!" Ela respondeu empolgada. "E eu quero conhecê-lo."

Willa virou as costas e voltou para o banheiro. Peguei meu celular que estava sobre a mesa da cozinha e escrevi uma mensagem de texto para Damon, marcando hora e ligar para encontrá-lo amanhã. Só poderia ser realmente importante para ele ligar na minha casa.


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Notas finais do capítulo

Todo mundo que shippa Steferine assim como eu, apareçam !! E não me deixem sozinha por favor rs