Ladrões de Almas escrita por Fleur


Capítulo 5
Problemas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/461893/chapter/5

Conquistar o inimigo seria meu novo desafio e iria custar minha vida. Através dessa relação, poderia descobrir o demônio que havia matado meu pai. Sem sombra de dúvidas, eu iria caçá-lo até o inferno. A confiança era algo presente em mim na maior parte do tempo, embora o medo também espreitasse. Tony estava mais disposto que eu, parecia não temer mal algum, até agora.

Havia pensando durante uma grande parte da noite em como iria agir perto de Frederick e como iria fazê-lo confiar em mim. E foi aí que cheguei a uma conclusão: Eu realmente não sabia o que fazer. Nunca fui o tipo de garota popular que precisava apenas jogar um pouco de charme para atrair olhares masculinos. Havia tido poucos namorados e em sua maioria, era algo de um mês. O único homem a quem eu tinha um "relacionamento" duradouro era Tony, e ainda assim, ele era apenas um amigo.

O barulho das gotas de chuva que batiam freneticamente contra as janelas de meu quarto me fizeram acordar. A escuridão no cômodo, graças as cortinas, deixou-me ainda mais sonolenta. Cambaleei até meu banheiro e escovei os dentes depois de um banho quente, enquanto observava minhas olheiras no espelho. Eu estava digna de um descanso, de preferência em um mundo onde não existissem demônios ou coisas do tipo. Um mundo normal.

O cheiro de ovos e bacon fazia a cozinha parecer o paraíso, parti em sua direção. Enquanto descia a escada, Melissa passou rapidamente até a sala e cambaleou para trás ao me ver, quase derrubando a xícara de café que segurava.
– Querida, você me assustou! - Falou sorridente enquanto pegava uma foto minha. - Temos visitas.

Girei a cabeça rapidamente em direção a cozinha. Frederick estava sentado à mesa, embelezando o lugar. A camisa branca de mangas que ele vestia realçava incrivelmente seus braços e o deixou ainda mais pálido, dando vez a cor de seus olhos penetrantes.
– Bom dia, Annie. - Sua boca curvou-se em um largo sorriso, mostrando dentes perfeitamente alinhados.
– Não seja mal educada, responda. - Melissa me cutucou depois de alguns segundos.
– Oi, Frederick. - Retribuí o sorriso, fingindo estar tendo uma surpresa boa.
– Eu sinto muito por ontem. - Ele caminhava até a mim e só então percebi que Melissa já havia nos deixado. - Não tenho boas reações em situações assim. Eu quis te ajudar, mas não soube o que fazer.

Assenti vagarosamente. Sinto cheiro de mentira, pensei.
– Tudo bem. - Menti. - Perdão por ter dito aquilo, eu não havia entendido o motivo de você não ter entrado e me ajudado.
– Foi muita sorte ou coincidência o seu amigo chegar bem naquela hora. - Insinuou.
– Acho que ele tinha razão ao dizer que iria estar comigo sempre que eu precisasse. - Dei de ombros sorrindo, tentando quebrar o gelo da conversa. - Quer me acompanhar no café?

Tomamos o café da manhã juntos, e durante esse tempo, Frederick sempre fazia perguntas e em sua maioria eram por coisas que eu gostava. Poderia dizer que ele era o homem perfeito, caso eu não soubesse que minha mãe tinha uma língua muito grande. Melissa havia contando quase tudo sobre mim. A chuva estava cada vez mais forte.
– Acho que você esta encurralado. - Apontei para a janela, mostrando as gotinhas de chuva que escorriam pelo vidro.
– Talvez a encurralada seja você. - Disse enquanto apoiava o rosto em uma das mãos com o cotovelo sobre a mesa. Meus olhos se arregalaram e ele sorriu francamente. - Vai precisar me aguentar por um tempo ou fazer algum tipo de dança ou ritual para o sol.
– Bom, eu não sei dançar, sou bastante desajeitada. E isso de ritual para o sol também não seria uma boa escolha, poderia dar errado e eu acabaria iniciando um dilúvio. - Cruzei os braços enquanto mantinha uma feição sarcástica.
– Um casal de cada espécie em uma arca... - Fez apologia à Bíblia. Encarou-me por alguns segundos e mordeu o lábio inferior antes de continuar. - Poderíamos mudar essa história. Seríamos um casal e faríamos um cruzeiro para Bahamas, que tal?
– Acho que seria uma viagem muito longa para a pombinha da paz. - Continuei no jogo dele, fazendo-o gargalhar.
– Você é incrível, Annie. - Frederick me fitou sorridente. Senti meu coração palpitar mais forte.

A lembrança do plano me fez cair do cavalo. Não iria me apaixonar por ele, jamais. Isso iria complicar ainda mais a minha situação, mas eu tinha que me aproximar dele.
– Deveríamos sair qualquer dia desses. - Ele sussurrou.
– Isso não é um convite. - Insisti.
– Você quer jantar comigo, Annie? - Frederick jogou um pouco o corpo para frente, aproximando nossos rostos.
– Isso é um convite, definitivamente. - Minha respiração parou e eu só pude ver aqueles olhos me encarando.
– E isso não foi uma resposta. - Ele virou a cabeça de lado, aproximando-se ainda mais.
– Sim. - Sussurrei. Desviei de seus olhos e caí naquela perdição de boca. Desisti de procurar um lugar seguro naquela proximidade, então me encostei novamente na cadeira.
– Ótimo. - Ele sorriu em vitória. - Quais são seus planos para essas férias?

Frederick levantou-se com nossos pratos e xícaras nas mãos e caminhou até a pia, começando a lavá-los. Eu não sabia o que era pior: Um demônio me seduzindo ou eu tentando seduzi-lo.
– Não precisa, Fred... - Aproximei-me e estendi a mão para que ele me passasse o prato.
– Você não me respondeu sobre suas férias. - Ele ignorou. - Poderia me ajudar secando a louça?
– Eu não tenho planos. - Respondi e logo fazia o que ele havia pedido.
– Sua mãe falou que esse é seu último ano na escola.
– É verdade. - Assenti.
– Bom, nós poderíamos estudar juntos. - Falou enquanto terminava de lavar a pequena louça.
– Seria... Maravilhoso. - Fitei-o incrédula. - Eu, você e o Tony. Perfeito. - Mentira!
– Tony? - Ele fez uma careta. - Dizem que dois é bom, mas três já é demais. Será?

Melissa desceu a escada rapidamente. A calça social preta que usava e o jaleco branco que estava pendurado em seu braço me fizeram concluir que ela iria trabalhar. Então meu coração quase parou quando eu deduzi que eu iria ficar sozinha com Frederick.
– Filha, talvez eu volte mais cedo hoje. - Disse ela, enquanto fechava a porta, sem esperar por qualquer intervenção minha.

Andei até a janela da cozinha, embora o vidro estivesse embaçado, pude ver Melissa atravessar o jardim correndo e entrar no carro. O motor rugiu e ela logo acelerava pela avenida, sumindo no cruzamento.
– Enfim, a sós. - Sussurrou Frederick, encostado na parede de entrada da cozinha. - Ou vai convidar seu namoradinho?
– Eu não tenho namorado. - Disse à ele, meio rabugenta.
– Esse seria um bom começo para nós. - Frederick permaneceu sarcástico, esbanjando aquele meio sorriso que caía perfeitamente bem em seus traços.

Virei-me e logo o fitei surpresa. Como alguém poderia ser tão confiante em si como ele? Ok, beleza era fundamental e ele a possuía, mas sua autoestima estava acima dos padrões. Como era possível irritar e seduzir ao mesmo tempo?
– Frederick, qual é o seu problema? - Perguntei impaciente.
– Qual é o seu? - Ele retrucou.
– Eu não tenho...
– Tem sim! - Fred caminhou até mim de braços cruzados, parecia incomodado. - Estou tentando te agradar de todas as formas possíveis, mas você não me dá uma chance. - Por fim, suspirou pesadamente e abriu os braços de forma desesperançosa. - Annie, qual é o seu problema?

Você é o meu inimigo, pensei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Perdoem-me pela demora em postar um novo capítulo. Estive sem tempo esses dias e a falta de criatividade me aterrorizou. Enfim, espero que tenham gostado. Obrigado à todos que estão acompanhando minha história, especialmente aqueles que tiveram o carinho de me procurar para parabenizar meu trabalho. Novos capítulos virão em breve!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ladrões de Almas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.