Enigmas escrita por Catarina Pereira


Capítulo 12
Capítulo 11 - Acusações


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aperece né? KKKK
Desculpem aí pessoal a minha ausência, estou com dificuldades de escrever com as coisas para ler e tudo mais. Mas aqui estoy!
Aproveitem a leitura!



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Uma semana se passou e a família Hopp continuava sem saber nada sobre o patriarca desaparecido. A polícia seguia buscando pistas sobre o paradeiro de Luis e o investigador ainda analisava os depoimentos dos familiares, empregados da casa e funcionários do ministério da justiça, tentando encontrar alguma informação que ajudasse a pensar no que pudesse ter ocorrido.

O escritório do juiz também tinha sido visitado e revistado minuciosamente várias vezes por ambos policiais e investigador a fim de que alguma pista de como Hopp poderia ter saído – ou sido levado por alguém –sem passar pela porta dianteira, a única do aposento, aparecesse. Até mesmo alguma anotação de onde Luis Hopp poderia estar, ou planejado ir. Ou qualquer coisa que se relacionasse com o desaparecimento. Infelizmente, ainda nenhuma conclusão fora tomada e nenhuma busca específica, iniciada.

Apesar de estar com os pensamentos voltados para o pai, Luca não podia deixar de trabalhar, primeiro porque precisava ocupar sua cabeça com algo e segundo, era necessário tomar uma decisão quanto ao caso que tinha em mãos. Naquela tarde, Luca encontraria seu cliente para conversar e traçar possíveis planos de defesa. Além disso, Luca ainda tinha algumas dúvidas sobre o caráter das várias acusações, algumas mais graves, outras nem tanto, mas em todo caso queria tentar confirmar se o cliente era realmente inocente.

Desde que conversara com o homem em Boston, Luca tinha passado os dias analisando os processos e como cada situação podia ter acontecido. Claro que o homem se dizia inocente, e a palavra do cliente devia ser respeitada, mas Luca não queria se envolver em nada ilícito. Portanto, combinara de se encontrarem mais vezes antes de tomarem qualquer decisão de acordo.

Há alguns dias, Luca conversara com o gerente do hotel para pedir alguma sala de reuniões para que pudesse conversar tranquilamente com seu cliente. Tendo a sala reservada e todos os papeis bem lidos e estudados, Luca apenas precisava aguardar o horário da reunião. Enquanto isso, um café da manhã cairia bem, e de preferência no restaurante, onde poderia encontrar pessoas diferentes que o entretivessem. E quem sabe alguém conhecido também pudesse estar por lá.

O grande salão cheio de mesas e cadeiras também tinha muitas pessoas àquela hora. Logo Luca avistou em uma mesa perto da parede uma garota ruiva e não hesitou em juntar-se a ela. Porém, ao chegar mais perto, percebeu que havia um outro homem com Eliana e os dois conversavam animadamente. Não querendo interromper, Luca deixou os planos de conversar um pouco com Eliana sobre o dia em que estavam na biblioteca e ele recebeu o telefonema de sua irmã de lado e sentou-se em outra mesa. Assim também aproveitaria para dar uma última olhada nos processos sobre os quais conversaria mais tarde...

***

A tarde chegou e Luca, já na sala de reuniões, aguardava a presença de seu cliente. Às duas em ponto, um homem alto, magro, com o rosto carcomido e a coluna encurvada entrou na sala, sendo antes anunciado por um dos funcionários do hotel. Fernando Zaradova estendeu a mão a Luca, sentando-se em seguida na cadeira em frente ao advogado.

– É um prazer revê-lo, Sr. Zaradova.

– Não posso dizer o mesmo – Respondeu, frio, Fernando – Eu não precisaria de um advogado se não estivesse em uma situação difícil.

– Tem razão. Há muitas acusações aqui, e algumas têm um caráter... bem grave, eu diria... – Luca observou como Fernando o observava silenciosamente, com os olhos semicerrados, e continuou, lembrando-se do propósito da reunião. – Acredito que possamos começar a conversar sobre cada uma delas.

Fernando protestou rapidamente:

– Não entendo qual o sentido de explicar cada uma, se o objetivo aqui é me inocentar somente.

– Eu preciso que me conte com detalhes, sr. Zaradova. Entendo que seja desconfortável reviver as experiências e ainda ter que se explicar, mas se eu tiver a história completa posso construir melhor meus argumentos frente ao juiz.

Luca manteve os olhos fixos no cliente até que este se mostrasse mais condescendente com seu pedido e assentisse com a cabeça, como se tudo fizesse muito sentido. Luca não havia dito nenhuma mentira: simplesmente usaria os relatos de Fernando também como um filtro para seu trabalho.

– Quando estiver pronto... – declarou Luca, com papel e caneta à mão para as anotações mais importantes.

– Acredito que a primeira acusação seja de porte ilegal de armas... – Disse Fernando, depois de alguns minutos de hesitação – Realmente, eu tinha uma arma. Como o senhor deve saber, há lugares nos Estados Unidos que permitem a posse de arma mediante registro e tudo mais. Infelizmente um dia fui pego sem meus documentos, mas com a arma. Foi isso. Me disseram que eu deveria apresentar ao juiz o documento, mas eu não quis fazer sozinho, já que tenho outros assuntos que resolver.

Luca balançou a cabeça em concordância enquanto anotava algumas palavras.

– Bem, pedirei ao senhor que providencie os documentos e me envie quando possível. A próxima...

Produtos roubados. Luca acreditava que o problema com a arma poderia ser um mal entendido, já que outros casos assim já ocorreram. Mas roubo era algo mais complicado. Sr. Zaragova narrou o incidente com a mesma simplicidade que o anterior: comprara alguns produtos eletrônicos pela internet, mas quando sua encomenda chegou, os produtos entregues não eram os mesmos comprados. Em contato com a loja, recebeu a notícia de que ele não poderia fazer a troca nem a devolução mediante reembolso, exatamente porque a loja não providenciou os cupons fiscais. Para não ser prejudicado, Fernando tentou vende-los na garagem de sua casa, mas um dos compradores o denunciou.

Luca anotou em itens o que talvez o ajudaria. As provas, nesse caso, não existiam, sendo assim o sucesso da defesa seria puramente baseada em sua capacidade argumentativa.

Também havia uma acusação mais importante, referente a um sequestro relâmpago. Fernando riu dessa acusação, contando que ele estava no supermercado certa vez e avistou uma criança chorando e um dos corredores. Como a criança era muito pequena, não sabia falar, mas ele deduziu que estava perdida. Ele então segurou a mão da criança e a levou até a frente do lugar pra quando os pais passassem, a encontrassem. Mas claro que quando chegou lá todos disseram que estava sequestrando a menininha e os pais foram direto para a delegacia.

Outros documentos que estavam com Luca diziam respeito à falsidade ideológica, sendo que Fernando fora acusado de passar-se por outras pessoas, fatos que foram explicados por sua atividade profissional. Fernando era ator no centro de belas artes, e estava testando seu personagem em vários lugares. Acabou denunciado.

A última acusação, para Luca, era a mais complicada, pois envolvia um assassinato sem testemunhas. Fernando contou que na volta de um de seus ensaios, ouvira um grito em um beco. Um casal estava amarrado com cordas e tinham cortes profundos por todo o corpo. Aparentemente, haviam sido assaltados. Incomodado com a cena, Fernando encontrou o canivete usado pelos assaltantes e estava cortando as cordas quando a polícia chegou. Ambos homem e mulher morreram a caminho do hospital, fazendo de Fernando o principal suspeito. Como em todos os documentos, foi um mal-entendido homérico.

– Bem, agora que temos o ocorrido, preciso explicar de tudo o que preciso para defender cada acusação. Essas duas – disse apontando as primeiras acusações – são mais simples. Com um documento e um comprovante conseguimos anular. Mas essas outras, dependem de testemunhas. A não ser que consigamos pessoas que tenham visto de fato o ocorrido, não conseguiremos nos defender com apenas a argumentação.

Após uma pausa, Luca continuou, empilhando os papéis:

– Essa acusação do assassinato é tremendamente difícil de ser contestada. Foi registrada como ‘sem testemunhas’ o que não nos deixa opções.

– Garanto a você que eu não era o único naquela rua que viu o casal sendo abordado. – Sr. Zaradova parecia determinado em provar sua inocência, mesmo parecendo impossível sua solução - E eu sei exatamente quem viu. Posso encontrar o contato.

Luca concordou com o cliente, não querendo destroçar sua confiança. Infelizmente, ocaso de Fernando tinha sido transferido e não seria julgado nos Estados Unidos e sim na Espanha. E em países diferentes, as leis são diferentes.

– Hopp, eu lhe garanto que nada do que dizem aconteceu. Todos esses crimes foram mal entendidos e eu quero dizer que me ofenderá muito se tomar a decisão de não me defender. Posso pagar a quantia que precisar, mas preciso limpar meu nome. Não importa o que tenha que fazer. Está entendido?

O advogado assentiu, nada do que dissesse ajudaria nesse momento e Fernando não deixava escolha a Luca. Se pelo menos pudesse contar com algum conselho de seu pai...

Terminada a reunião, Fernando partiu, enquanto Luca ainda permaneceu na sala reservada do hotel. Teria que pensar em estratégias, tanto de defesa do réu, quanto de si próprio. Fernando Zaragova realmente era o que Luca pensava.


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Notas finais do capítulo

Vish pessoal, e esse Zaragova aí, que acharam?

beijoos, até mais e obrigada por lerem!
Cat.



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