Enigmas escrita por Catarina Pereira


Capítulo 11
Capítulo 10 - Companhia inesperada


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal! Tudo bom? Passaram bem a semana?
Já estou atoladíssima de textos da faculdade, como lidar? AIuhaUhAIh
Enfim, deixo novo capítulo, espero que gostem!



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Mais um dia de trabalho passou sem que Eliana conseguisse enviar a resposta para o leitor. Eddy com certeza estaria a ponto de matá-la nesse momento, mas ela simplesmente não tivera tempo de redigir todo o texto. Todo o dia teve artigos para escrever, correções a fazer, novas correções e mais alguns acertos exigidos pelo editor. Era extremamente maçante, mas Eliana preferia ter que escrever sobre assuntos corriqueiros a responder e-mails dos leitores. Primeiro porque era bem mais interessante; segundo, porque mudava de assunto a cada novo artigo e, terceiro, porque não tinha nenhum enigma envolvido. Apesar disso, as ideias estavam bem claras.

Durante o almoço, pode pensar melhor. Como Sarah não tinha saído do trabalho, Eliana resolveu almoçar sozinha naquele mesmo restaurante que conhecera no dia anterior. Sentada na mesa enquanto olhava o menu, ela se lembrou do seu encontro com Luca. Eliana se lembrou que ele tentou puxar assunto com ela, provavelmente devido àquele detalhe de que os dois se encontraram várias vezes por mera coincidência. E o que mais intrigou a jornalista foi a ligação que fez com que Luca partisse.

Em meio a devaneios e com o rosto escondido por trás do menu, Eliana não pode perceber que alguém se aproximava e assustou-se quando uma voz próxima falou com ela.

– Senhorita, que bom vê-la novamente!

A jornalista levantou os olhos, surpresa, em direção do homem que parara em frente a ela. Aquele rapaz que quis ajuda-la em sua primeira ida à revista La Vida. Aquele que insistira bastante para acompanha-la até a redação. Eliana acenou com a cabeça, indicando que se lembrava dele.

– Espero que tenha encontrado seu caminho aquele dia que nos topamos na rua.

– Sim... Sim, encontrei. Obrigada por se preocupar.

Dito isso, Eliana voltou a olhar as folhas que tinha em mãos. Mas o rapaz não foi embora.

– Desculpe, acredito que esteja em horário de almoço... – Ele supôs enquanto arrastava uma das cadeiras disponíveis na mesinha. – Não se importaria se eu me juntasse a você, não é?

Eliana deu uma olhada rápida a sua volta, percebendo que realmente o restaurante tinha todas as mesas lotadas. Ela não podia simplesmente dizer não.

– Por favor, sente-se! – Ela tentou ser simpática, mesmo não querendo realmente alguma companhia. – Sou Eliana. E você?

– Daniel. Que bom você me aceitou aqui, eu não teria como almoçar!

Aguardando a vinda do garçom, Daniel começou a comentar várias coisas à vista na rua. Avistando um senhor idoso sentado algumas mesas ao lado, ele começou a contar sobre seu pai. Como era seu relacionamento com o progenitor, algumas anedotas de quando Daniel era criança e até mesmo histórias que lhe eram contadas pelo pai. Eliana sentia que conhecia o senhor de quem Daniel falava muito bem depois de tantas descrições.

Tendo os pedidos sido feitos e as comidas entregues, Eliana ouviu um monólogo sobre o trabalho de Daniel.

– Sabe, não é fácil ter tanta gente dependendo assim do nosso trabalho. Eu preciso sempre estar atento, porque um idoso é difícil de se cuidar. – Após uma pausa para tomar um gole do suco, ele continuou. – Se viramos as costas cinco minutos, eles aprontam alguma coisa. Sem contar quando tentam se safar dos remédios!

– Deve ser bem complicado, mas bastante recompensador cuidar deles assim. – Eliana comentou, depois que uma brecha apareceu – Mas e como vocês fazem? Digo, nesse asilo deve ter vários velhinhos, vocês são um grupo grande de enfermeiros?

– Na verdade não são tantos. Nossa clínica é bem pequena. Eu sou responsável por cinco idosos, cada um tem uma necessidade pendente, desde remédios até o entretenimento. – Abrindo um sorrisinho, Daniel contou – Um senhorzinho, por exemplo, era arquiteto. Infelizmente ele não consegue mais desenhar como antes, ele tem Parkinson. Então fazemos algumas atividades para que ele possa se divertir sem sucumbir à doença.

– Eu imagino que eles devem se sentir um pouco solitários sem a família por perto.

– Alguns recebem visitas, mas a maioria foi abandonada lá. Seria bom que mais gente se voluntariasse a passar um tempo com eles.

Concordando, Eliana olhou para o relógio. Deus, estava quase em cima da hora! Precisaria correr! Pediu a conta às pressas e se despediu do enfermeiro, desculpando-se por encerrar o assunto na metade, mas ela precisava muito voltar ao trabalho, ou chegaria atrasada. Agradeceu a companhia e foi direto à redação.

Conseguiu chegar ainda meia hora antes do horário de retorno às atividades e encontrou Sarah na sala.

– Chegou cedo. – ela comentou.

– Cheguei... E aparentemente você nem foi. Acertei?

– Eliana, alguém precisa trabalhar nesse recinto! – Sarah brincou antes de, finalmente, tirar os olhos da tela do computador enquanto Eliana se acomodava em frente à mesa. – Não acreditaria se eu te mostrasse quantas correções precisei fazer desde as onze da manhã. Acho que estou sendo perseguida. E acho que você deveria me esperar para voltar a trabalhar, porque eu quero plateia e divertimento enquanto como alguma coisa.

Eliana sorriu frente ao bom humor de Sarah depois de tantas horas de estresse. Enquanto uma retirava um banquete de dentro da bolsa, a outra começou a contar sobre seu almoço.

– Fui almoçar naquele restaurante que você me levou - Eliana aguardou algum sinal de que Sarah estivesse ouvindo antes de continuar. – Estava sentada, até que chegou um homem e pediu para sentar comigo.

Com as sobrancelhas erguidas enquanto mastigava, Sarah balançou a cabeça incentivando Eliana a contar mais.

– Ele me ofereceu ajuda no dia que eu cheguei. Parece que não tinha nenhuma mesa vazia então como já tinha falado comigo antes veio pedir um espaço. Me contou que trabalha num asilo de idosos e que a situação de solidão é bem grave por lá... – Eliana parou um pouco de falar, pensando no discurso de Daniel. – Talvez algum dia eu devesse visitar um asilo...

– Não acredito! Eliana vofê mal chegou e eftá roubando corafões! – Sarah exclamou, mastigando a última porção de sua refeição e arrancando uma risada envergonhada de Eliana.

Uma batida na porta fez com eu as duas se assustassem e olhassem em direção ao som. Tamara colocou a cabeça para dentro da sala, dizendo que já era hora de voltar ao trabalho. E que elas duas eram responsabilidade dela. Eliana e Sarah se olharam, dando de ombros, e voltando os olhares cada uma a seu próprio instrumento de trabalho.

***

A noite, apesar de chegar acompanhada ao cansaço de todo um dia de escritas e correções, também trouxe alguma inspiração. Eliana finalmente sentou-se na biblioteca iluminada e silenciosa do hotel e respondeu a Mr. Flowers.

“Mais um pedido que recebemos essa semana foi o do Sr. Flowers. Ele nos desafiou a decorar um cômodo de dimensões 10x6m, de modo que todos os ambientes fossem demarcados apenas com seus móveis. Primeiramente, acredito que logo em seguida à porta de entrada, o ideal deve ser uma sala de visitas. Nada pode ser mais confortável que uma mesa de centro em cerejeira, com tampo de vidro, rodeada por sofás de couro – ótimo, no caso de receber visitas aos montes, como o senhor mesmo especificou – e eu sugiro a cor preta. Em cima da mesinha, o senhor pode colocar algumas das flores, rosas vermelhas, que deixou claro serem indispensáveis. Um vaso fino e comprido pode abrigar as plantas. Também um armário pode ser colocado ao lado da porta de entrada, a fim de recolher casacos e guarda-chuvas de seus convidados.

Ao lado direito do cômodo podemos colocar um balcão e, atrás desse balcão, uma cozinha. O balcão delimitará os espaços. A cozinha deverá conter alguns armários brancos, bem como os eletrodomésticos que o senhor tiver, e sobre esse balcão, mais flores podem ser colocadas. Também alguns bancos podem transformar o balcão de apensar separador para também um ambiente de refeição.

Também é sua pretensão ter um quarto. A parte do fundo do cômodo será ideal para colocar uma cama, que pode ser de casal, se preferir, e sugiro ao senhor que ela possa ser de um modelo bem prático, que, encostada na parede e sem cabeceira pode ser transformada em mais um móvel para receber visitas. Mesinhas de cabeceira podem se usadas também, sendo nelas que o senhor colocará as flores.

Por último, à esquerda da sala de visitas, uma sala de estar pode ser montada. Claro, isso dependerá de como u senhor deseja, pode ser feita com um aparelho de TV, se prefere ver filmes, com uma mesa de bilhar, com um rádio, com uma escrivaninha... Todos são válidos. As flores podem ser colocadas em valos no chão em cada canto. Sofás ou poltronas, e até mesmo cadeiras podem acompanhar o ambiente. Isso dependerá de que ambiente de entretenimento o senhor planeja ter.

Obrigada novamente por ler a revista La Vida. Espero ter ajudado.

De Madri, Eliana Jones”.

Nenhuma menção ao enigma maluco que esse senhor insistia em fazê-la responder. Esperava que dessa vez ele aceitasse suas sugestões. Só então, depois de revisado e enviado o e-mail com o texto a Eddy, Eliana se lembrou de um detalhe importante: Mr. Flowers separara o enigma em três.

O que restava era esperar. Talvez fosse uma brincadeira de mal gosto. Mas uma ansiedade não deixou que Eliana descansasse tão rápido.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu acho esse tal Daniel um cara meio estranho, mas né, considerando que meu nome é o mesmo da mãe do Luca, não podemos confiar em mim AhAUIAUI

Obrigada por lerem, seus lindos!
Beeijos, até semana que vem!
Cat.



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