Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 9
Me preparo para uma missão.




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Comecei a abrir os olhos lentamente, pois os mesmos pesavam. Quando notei, eu estava numa cama de casal, bem aconchegante por sinal.

— Ei, amigão — Jimmy, o sátiro estava sentado numa cadeira ao lado da cama — você está bem?

— Ah, claro. Estou ótimo — falei num tom irônico esfregando meus olhos.

— É só eu sair por um dia atrás de outro semideus que você resolve fugir? Achou que eu não ficaria sabendo?

— Foi preciso.

— Ah, eu imagino... Fiquei sabendo da história enquanto você descansava aqui.

— Quanto tempo eu dormi? — fitei seus olhos.

— Por trinta anos.

— O que?!

— Brincadeira! — disse Jimmy caindo na gargalhada — por três horas, apenas. Graças a você o time vermelho venceu.

— Como assim?

— Você garantiu a vitória do time vermelho, cara. Os campistas que ficaram na defesa disseram que você surgiu da sombra de uma árvore e caiu sobre os pés deles com a bandeira do time azul em mãos.

— Eu... Consegui?

— Conseguiu — Jimmy abriu um sorriso e deu tapinhas no meu ombro — falar nisso, você ainda tem que jantar. Acabou dormindo no horário da janta, mas te acompanho se quiser. E se prepare para os elogios.

— Tudo bem... Espera! Elogios? Para mim?

— Você vai ver.

Sentei-me na cama e observei o quarto. Do lado esquerdo onde eu estava deitado, tinha uma mobília pequena com um copo d’água. No teto viam-se aquelas coisas que colam e que brilham no escuro, sabe? Eu nunca soube o nome daquilo, mas achava muito legal ficar olhando enquanto o sono não vinha — eram várias estrelinhas formando constelações — um armário se encontrava do lado oposto do quarto, ao lado da porta. O quarto era muito simples, porém muito agradável.

— Cara, vou tomar um banho e me trocar antes de ir jantar, tudo bem? — perguntei.

— Tranquilo. Aqui tem um banheiro, pode usar se quiser. Mas só porque tem permissão da Carol, não abusa — Jimmy deu uma risada — te encontro no pavilhão do refeitório — ele saiu do quarto.

Peguei minha mochila que estava do lado da mobília e fui até o banheiro que por um acaso era no mesmo corredor do quarto.

Após meu banho, eu me sentia melhor. Tinha esquecido um pouco as preocupações, pois era inútil ficar só pensando nisso e depois me sentir deprimido. Troquei-me, coloquei minha mochila nas costas e desci as escadas até a saída da Casa Grande.

Cheguei até o pavilhão e na mesa do Chalé 13 estava Jimmy acenando para mim quando entrei. O lugar estava completamente vazio. Peguei um prato e um copo mágico e fui até a mesa. Sentei-me. Coloquei o prato e o copo na mesa. No prato imaginei três pedaços de pizza quatro-queijos e no copo imaginei uma Pepsi com uma rodela de limão. Puff! O que eu imaginei surgiu, não é atoa que é mágico.

— Não fale nada de eu estar comendo com as mãos, é assim que se deve comer pizza! É muito melhor. E minhas mãos estão limpas — falei mostrando as mãos para Jimmy.

— Tudo bem eu não iria falar nada, até porque eu como tudo com a mão mesmo — disse Jimmy mastigando uma lata.

— Então — falei após uma mordida na pizza — achou o tal semideus que foi buscar?

— Semideusa. Sim, encontrei. Por sorte não fomos atacados. Aliás, fomos, mas tivemos sorte de fugir.

— É, acho que sou o único sem sorte por aqui.

— Ah... Enfim. Ela tem onze anos.

— Hum. Que nova.

— Eu sou muito madura, ok?! — uma voz de criança soou próximo dali.

Virei-me e uma garota escondida atrás da mesa nos encarava. Tinha os olhos cor verde mar — por um acaso me prendeu a atenção — seu cabelo num tom de castanho claro tinha a medida até os ombros e sua pele num tom claro.

— Hã... Está fazendo o que ai? — perguntei enquanto mastigava.

— É feio falar com a boca cheia! — disse ela.

— Não estou com a boca cheia, sua catarrenta. Só tem um pouco de pizza... — falei apontando para o pedaço.

— Mesmo assim, seu bocó — disse ela vindo em minha direção com o passo firme. Virei-me do banco e ela ficou frente-a-frente me encarando tentando fazer cara séria e brava, e eu sem expressão nenhuma segurando meu pedaço de pizza — você é um bocó.

Eu encarava-a sem expressão, ela me encarava ainda tentando parecer brava. Esfreguei o pedaço de pizza na cara dela.

— Cara feia para mim é fome — disse enquanto sujava seu rosto.

— Seu... Seu... Idiota! — ela soltou um gritinho — você sujou meu rosto de pizza! Argh! Tem um tomate na minha bochecha! — resmungou ela.

Jimmy começou a gargalhar da situação, eu olhava de um a outro sem expressão.

— Que foi, cara? Está tudo bem? — perguntei.

— Cara — Jimmy tentava falar, mas ria enquanto a garota reclamava dando socos no meu braço — não consigo — ele ria enquanto falava aos poucos — não... Parar... Eu... Não... Consigo... Ai meus deuses! — ele continuava rindo.

— Seu fedorento! — resmungou a garota.

— Mas eu tomei banho.

— Hum... Seu feio!

— Hã... Acho que nisso eu concordo.

— Bocó!

— Ai, ai — Jimmy limpou uma lágrima que escorreu de tanto rir — Cody, está é Elly Johnson.

— Ah, prazer — estendi minha mão segurando o pedaço de pizza.

— Hã — ela encarou a pizza em minha mão, depois me olhou frustrada — não vou me sujar de pizza mais, obrigada.

— Ah, eu nem tinha notado. Foi mal.

— Bocó.

Elly sentou-se ao meu lado, mas não muito perto. Jimmy e ela conversavam de qual herói derrotava qual: Marvel x DC (eu ficara quieto enquanto os dois debatiam, mas torcia pelos heróis da Marvel, claro). Quando terminei de comer, Jimmy olhou para mim com uma expressão mais séria.

— Que houve? Tu queria o último pedaço? Foi mal — falei.

— Não, não é isso. Carol quer te colocar numa missão... — disse Jimmy preocupado.

— Hã... O que isso tem de mais?

— É uma missão perigosa, Cody... Tem algo há ver com a Grande Profecia... — disse tendo dificuldade em completar aquelas frases, algo o abalava.

— Não gosto de profecias depois que descobri que eu era o segredo de uma.

— Bem... Teoricamente você é parte da Grande Profecia também.

— Fala sério!

— Sério. Eu te falaria sobre a profecia... Mas eu também não sei... Ela envolve os filhos dos três grandes: Zeus, Poseidon e Hades. Mas... Envolve mais um semideus... Não sei muito sobre essa profecia... Mas a missão que Carol quer te colocar é justamente para encontrar um filho de Zeus... Sabemos que ele existe e por alguma razão um filho de Hades o trará para cá. E você é poderoso, Cody. Thalles me contara sobre suas habilidades em campo de batalha.

— Ótimo! Mais essa agora. Por onde começarei? Irei sozinho? Diga-me tudo, por favor.

— Hum. Vejamos. Seria mais fácil para mim te explicar se eu soubesse a profecia... Mas tem outra coisa que sei, é uma informação: o filho de Zeus corre perigo, fugindo de monstros, felizmente não está sozinho, mas ainda está em perigo. Pelo que eu sei ele estuda num colégio de Montreal cidade da província de Quebec – Canadá. Carol lhe dará todas as informações e... Provavelmente você terá de ouvir a profecia.

— Hum — suspirei profundo — tudo bem... Hã, vou dormir agora, já que terei de me aventurar amanhã... — levantei-me com o prato e o copo na mão para levar até uma das pias — Boa noite Jimmy e Elly. Vemo-nos amanhã.

No dia seguinte, todos os campistas se reuniram no anfiteatro. Eu, como sempre, acordara atrasado, e ao levantar coloquei a primeira camiseta minha que encontrei — no caso a primeira que puxei da mochila. Uma camiseta do Homem-Aranha toda preta e com o desenho da aranha do peito até as costas, cor vermelha —, sai correndo do Chalé 13 em direção ao anfiteatro. Chegando lá eu entrei por uma porta de madeira que me deixou na opção de seguir pelo corredor da esquerda ou direita... Ou seguir por outra porta de madeira. Ao abrir a outra porta de madeira, dei de cara com vários campistas, acho que todos do acampamento, ou pelo menos a grande maioria. Todos estavam sentados num círculo em bancos almofadados e no centro um grande campo com gramado baixo. Carol estava no centro postada de pé, ao seu lado Jimmy o sátiro, Elly a criança que me chama de bocó. Conversando com Carol, uma mulher morena com cabelo curto castanho escuro, usando uma bandana verde cobrindo a testa. Vestia uma blusa de lã preta e uma camiseta verde com letras em branco ‘’eu vi o que você fez no verão seguinte’’ — não entendi o sentido daquela frase, o correto não é ‘’verão passado’’? Enfim —, vestia jeans escuro e um tênis preto. Conversando também com aquela mulher estava Lares... Minha irmã que eu evitava desde quando me contara sobre nosso parentesco, desde então não queria papo algum com ela. Aproximei-me deles.

— Cody! Usar a camiseta do acampamento que é bom, nada né?! — disse Carol colocando as mãos na própria cintura.

— Ah, foi mal e tal. Eu tive que sair correndo.

— Vou fingir que nem vi. Bem, essa é Lucy Massari, nosso oráculo.

— Então — Lucy me analisou por inteiro — é você mesmo.

— Eu mesmo o que?

— Que eu vi.

— Eu também estou te vendo.

—Não é isso, — Lucy bateu a mão no próprio rosto — sou o Oráculo de Delfos. Eu tenho o dom da profecia.

— Ah, verdade. Vai ver meu futuro agora?

— Não. Vou ver o futuro da missão, novamente.

De repente Lucy pareceu entrar num transe, um brilho verde surgiu em seus olhos, uma fumaça verde começou a sair do mesmo, igualmente pela sua boca. Uma voz diferente soou vindo dela:

Viaje para um resgate
O semideus das sombras, o filho do raio salvará
A revelação do descendente da divindade do mar
Com a espada concedida o coração há de ceifar
E irá com sucesso o ódio esfriar

Meus olhos se arregalaram, então aquilo era ‘’receber uma profecia’’? Uau! Lucy voltou ao normal e sorriu para mim como se dissesse ‘’é só isso, boa sorte’’. Parei para pensar durante alguns minutos e conclui com as informações de Jimmy e a profecia que, resumidamente: teria de viajar até Quebec, salvar o semideus filho do raio... Raio... Zeus... Um dos três grandes. Após isso tudo poderia acontecer, a revelação do descendente da divindade do mar... Um descendente de Poseidon... Mas quem? Um coração ceifado por uma espada... Aquilo me abalava um pouco... Por fim, um ódio irá se esfriar... Será que era meu ódio por alguma coisa em si? Por alguém? Ah, aquela profecia mexeu um pouco comigo, pensava em mil coisas que poderiam acontecer, mas não estava com medo, estava confiante.

— Bem, é isso. Pronto? — Carol fitou-me.

— Pronto para o que?

— Para a missão, ué.

— Ah, sim! Sim, estou.

— Ótimo, você tem direito a um acompanhante. Alguém que você confie para ir junto.

— Eu vou! — disse Lares dando alguns passos.

— ‘’Alguém que você confie para ir junto’’ — repeti a frase friamente, fitando o rosto de Lares.

— Cody, eu...

— Jimmy, me acompanha amigão? — olhei para o sátiro.

— Hã... Eu?

— Sim, cara.

— Mais uma coisa... — disse Lucy — essa garota vai com você.

— Elly! — disse a menina em voz alta.

— Elly vai com você. Assim como eu vi você, ela estava junto. Concluí que vocês dois seriam importantes.

— Ei! Eu também seria importante! — disse Jimmy.

— Você é importante, cara — encostei a mão em seu ombro — mas essa menina tem apenas onze anos — falei para Lucy.

— Sou mais madura que você — disse ela mostrando a língua.

— Ah, sim, muito madura! — olhei pelo canto do olho e mostrei a língua de lado.

— Bem, que seja — disse Carol — está decidido, pelas informações que possuo, vocês encontrarão esse semideus num colégio de Montreal em Quebec. Por mais perigoso que seja eu arranjei um modo de levá-los para lá o mais rápido possível... Não confio muito na ideia. Mas creio que dê certo com você por perto — disse Carol fitando-me.

— E qual é o modo? — perguntei.

— Os cachorros que você cuida.

— Fala sério! Por que implica tanto com eles?

— Cody, eu tentei falar o que eles eram na batalha contra o Largatine.

— Largatine?

— É o nome dos homens-lagartos.

— E o que meus cães são então?

— Cães infernais. Inimigos de semideuses. Mas agora entendo o total controle que você tem sobre eles, e isso é bom, na verdade é ótimo, mas não posso baixar a guarda, pois são perigosos. Mas quem sabe você não os acostume com a gente?

— Cães infernais... — falei baixo, aquilo explicava muita coisa, a força deles, o crescimento fora do normal, etc. — tudo bem. Posso tentar. E como vou viajar com eles?

— Pelas sombras.

— Pelas sombras — repeti.

— Então está tudo decidido! Já pode ir arrumar suas coisas, levar tudo o que precisa. Darei trinta minutos para vocês três. Em seguida, darei uma carona até a cidade e o resto é com vocês — disse Carol olhando para Jimmy, Elly e eu — e todos estão dispensados.

Saí correndo para fora do anfiteatro antes que os semideuses lotassem a saída. Eu estava empolgado e nervoso ao mesmo tempo. Comecei a arrumar minhas coisas e não parava de pensar que, daqui a aproximadamente vinte cinco minutos eu estarei numa missão com meu melhor amigo meio garoto meio bode, uma garotinha irritante e meus amigos cães de rua.


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