Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 10
Ganho uma Seismós.




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Carol nos deixara na cidade, próximo ao bairro onde eu morava. A partir dali minha missão se iniciara. Jimmy o meu melhor amigo meio menino meio bode, Elly uma garotinha que conheci no dia anterior (que me irritava muito, por sinal) me acompanhavam nessa jornada. Meu objetivo inicial é ir de encontro aos meus amigos cães de rua (que por um acaso são cães infernais, com força e tamanho muito elevado comparado a um cão comum).

Fui até o beco da apelidada ‘’Rua 23’’. Chegando lá os sete cães pularam em mim de felicidade, me derrubando obviamente. Bolt, Colt, Young, Bobby, Bucky, Hus e Yuki. Todos tentavam lamber minhas bochechas, mas eu tentara impedir colocando as mãos na frente enquanto caía na gargalhada, parecia que não nos víamos há muito tempo.

— Caras, tenho uma tarefa para vocês — falei enquanto me levantava.

Hus assentiu com a cabeça.

— Não sei se vocês fizeram isso antes... Creio que não, mas temos que fazer uma tal de viagem pelas sombras até Quebec no Canad—.

Fui interrompido quando Hus passou por entre minhas pernas e me levantou sobre suas costas. Bolt e Colt fizeram a mesma coisa com Elly e Jimmy. Todos os cães correram até o final do beco onde se encontrava um muro muito alto com uma sombra forte. No momento pensei que iríamos bater com tudo no muro, mas em vez disso quando chegamos até lá entramos na sombra, não sei explicar ao certo, era como estar no vazio, tudo escuro e aparentemente sem fim. Senti-me desconfortável naquele lugar e pensei ‘’o certo não era eu me sentir bem? Afinal as sombras é um bom lugar para filhos de Hades, não?’’ mas não pude evitar a sensação estranha que senti em meu corpo, era como... Eu não devesse estar ali.

Em questão de minutos surgimos num parque, o tempo estava nublado e um vento gelado batia por ali. Os sete cães caminharam lentamente e pesadamente até algumas árvores e desabaram ali. Concluí que eles não chegaram a fazer aquilo antes e devia ser cansativo, um esforço muito grande.

— Durmam a vontade, amigões. Já me ajudaram o suficiente — falei baixo fitando-os.

— Bem, boa parte da viagem já foi — disse Jimmy otimista.

Um casal caminhava alegremente próximo de nós.

— Hã... Com licença. Podem me informar onde estou? — perguntei.

— Bem — o casal se entreolhou com uma expressão confusa — você está num dos parques de Montreal.

— Ah, sim. Obrigado! — virei-me e puxei Jimmy e Elly pelo braço com vergonha — eles acham que sou maluco!

— Relaxa cara — Jimmy soltou umas risadas.

— Para onde vamos agora?

— Vamos caminhar um pouco. Temos tempo.

Não sabia o nome daquele parque de Montreal, nem sabia se ele tinha um nome, mas o parque era lindo. Como não era inverno, variedades de folhas preenchiam as árvores: folhas secas, folhas verdinhas e outras nem tanto. Gramado bem aparado, postes de luz bem alinhados. Tudo muito lindo. Seguíamos por uma trilha, ao lado direito via-se um lago extenso que ia até a beira da cidade de Montreal. Eu fitava aquele lago, como se algo surgisse dali e me surpreendesse, mas nada aconteceu. Voltei os olhos para a cidade.

— Temos de ir para lá — disse apontando.

— Vai dar uma bela caminhada — disse Elly.

— Podemos pegar um táxi — disse Jimmy.

— Com que dinheiro? — perguntei.

Pufff! Eu sempre viajo preparado — disse Jimmy tirando alguns dólares canadenses do bolso.

— Desculpa ai, Senhor-Preparado-Para-Tudo.

Caminhámos até a saída do parque, passando por uma pequena ponte bem modelada acima de um riacho e próximo dali alguns arbustos modelados com aparências de animais, dentre eles meus animais favoritos: Leão e... Golfinho. É, um dos meus animais favoritos são os golfinhos.

Chegando ao ponto de táxis, aguardamos a chegada de um motorista. Não demorou muito e logo já estávamos no carro. A viagem não seria tão cara, afinal até chegar à cidade seria rápido demais. Pedi para que o motorista nos deixasse no colégio mais próximo.

O motorista dirigia agora por uma avenida reta, havia poucos carros, poucos mesmo, a pista estava ótima para dirigir a vontade. O motorista manteve-se calado o percurso inteiro, foi então que um raio retumbou algumas quadras a direita. Olhei para o retrovisor do motorista, fitando-o, o mesmo me encarou e quando notei sua pele começara a ficar escamosa e meio verde.

— Saiam do carro, rápido! — gritei quando entendi a situação.

O motorista freiou o carro com tudo. Elly, Jimmy e eu saímos às pressas nos escondendo atrás de alguns carros estacionados. Um som de cobra foi emitido bem alto, olhei discretamente e um basilisco crescia do táxi que estávamos.

— Ok — disse Jimmy baixinho próximo de mim — acho que agora não tenho escolhas — ele abriu sua mochila cuidadosamente e começou a procurar alguma coisa — Cody, isso é para você — um suor escorreu por seu rosto quando ele me entregou uma carta e uma caneta — foi entregue a Carol, a mesma me pediu para lhe entregar quando a situação ficasse ‘’feia’’.

— Que isso, cara?! Agora não é hora de mandar cartas.

— Leia! Rápido!

Eu abri a carta, nervoso. Na carta dizia: ‘’Quando eu disse que lhe observava, não foi em vão. Estou arriscando ter tanto contato assim com você. Por alguma razão eu sinto isso, não me pergunte o por que. Uma vez concedi uma arma parecida para um filho meu que se tornou um herói. O nome de sua arma era Anaklusmos. A sua chama-se Seismós, caso a perca, ela reaparecerá em seu bolso em forma de caneta, ao tocar o chão. Você manejando ela eu me sinto mais seguro. Por favor, confie em mim e cuide-se. ’’

Fechei a carta e olhei a caneta, estava escrito em grego ‘’Seismós’’ e eu entendi... Terremoto. Olhei para Jimmy.

— Cara, isso é apenas uma caneta. Vou rabiscar o chão e fazer um terremoto por acaso?

Curioso dei um clique nela, então uma lâmina surgiu em minha mão. Na lâmina lia-se Seismós e abaixo, próximo de onde eu segurava, um símbolo de tridente.

— Um filho de Hades manejando uma arma de Poseidon. Não entendo esses deuses.

— Meu objetivo é descobrir muitos segredos ainda, amigão — falei e dei um pulo de trás do carro chamando a atenção do basilisco.

O basilisco fitou-me emitindo um som grave de cobra mostrando seus dentes extremamente afiados, foi o momento que me arrependi da coragem que tive, mas eu estava frente-a-frente, eu não podia derrotar aquele basilisco, eu deveria derrotar, levei aquilo como uma obrigação. O basilisco deslizou rapidamente em minha direção, Jimmy deu um pulo por cima de um carro.

— Ei! Ei! Bode cru a venda! — gritou.

O basilisco se distraiu por um momento, voltando os olhos para Jimmy. Tentei manipular chamas negras em seu rosto, mas meus poderes não funcionavam. Fitei Seismós, minha caneta-espada e o símbolo do tridente brilhou numa cor azul. Apertei a espada em minha mão e corri em direção ao basilisco que emitia um som de ataque para Jimmy. Pulei e desferi um corte próximo de seu olho direito, o basilisco se afastou rapidamente grunhindo de dor. Deslizei a espada no chão em direção ao basilisco e rachaduras foram surgindo seguindo até o mesmo e explodindo pedras abaixo dele. Digamos que aquilo fora um mini terremoto, um tanto que diferente. Eu ainda não tinha noção da habilidade daquela espada, me sentia confortável manejando ela, como se fosse feita especialmente para mim... Espera... Mas foi isso mesmo.

— Jimmy! Meus poderes... Não funcionam — gritei para o sátiro.

— Não faço ideia do que seja isso, cara! Como derrotaremos isso?

— Ei! — gritou Elly — tive uma ideia. Vamos tentar domar ele!

— O que?! Impossível. O que você tem na cabeça garota?

— Vai por mim! Vai dar certo. Agora rápido!

O basilisco me olhou furioso agora. Mas tinha dúvidas de quem atacar. Elly começou a agitar os braços e correr por uma rua, aquilo chamou a atenção do basilisco, o mesmo começou a seguir Elly pronto para abocanhar a garota.

— Essa garota tem problemas sérios! Vamos! — chamei Jimmy enquanto comecei a correr.

Elly corria e pulava, passava por obstáculos, tudo para distrair a cobra. Jimmy e eu corríamos próximo do basilisco, eu segurava minha espada Seismós e Jimmy trotava com seus cascos. Num pulo Jimmy subiu para um carro, pulando de um em um e assim subindo nas costas do basilisco. A cobra virou-se para ver o que acontecia, um suor escorreu pelo meu rosto, com a distração Elly subiu também. O basilisco voltou os olhos para mim como se eu fosse o culpado por aquilo.

— Cody! Agora é com você! — gritou Elly.

O basilisco emitiu um som forte de cobra que abalou meu interior. Saí correndo até um beco próximo de dois prédios com o basilisco logo atrás de mim, ele teve dificuldade de entrar no beco então deu a volta, perdi-o de vista. Corri até uma praça próxima de uma avenida e alguns prédios em volta, enquanto corria até lá avistei um chafariz, a área era limpa e ampla com um gramado num verde lindo, e algumas trilhas de pedra, um lugar ótimo para se fazer um piquenique. Cheguei até lá sem nenhum sinal do basilisco.

— Tssssssssssssssss — outro som de cobra, mas não pude identificar de onde veio.

Eu estava próximo ao chafariz, ao meio da praça, olhando ao meu redor sem nenhum sinal do basilisco. Um trovão retumbou próximo dali, a algumas quadras. Outro som de cobra e quando virei-me em direção ao som, o basilisco pulara de cima de um prédio num bote em minha direção. Pulei para dentro do chafariz, e subi até o topo do mesmo, o basilisco parou ao lado do chafariz, quando se virou para mim eu saltei cravando Seismós em seu olho e postando-me de pé em sua cabeça.

— Consegui? Eu consegui!

— Boa! — gritou Jimmy e Elly juntos.

O basilisco grunhiu agoniante por causa da dor e começou a se agitar tentando nos tirar de cima dele. Por sorte conseguimos nos manter ali, afinal era nossa única opção. O basilisco começou a deslizar com velocidade por várias ruas, batendo em carros, postes, e o que mais estivesse em seu caminho (por sorte não se via ninguém na rua. E eu nem queria imaginar como iriam consertar toda aquela bagunça).

— Cody! O trovão! Vá na direção dele! — gritou Jimmy.

Outro trovão retumbou algumas quadras dali, o basilisco seguiu pela rua oposta da direção do barulho.

— Não, não, fera. Lado errado — falei inclinando a espada cravada em seu olho para a esquerda.

O basilisco grunhiu agoniante e virou-se deslizando por um prédio e agora seguindo em direção ao barulho do trovão.

— Beleza, está dando certo! — falei.

Outro trovão retumbou, estávamos mais próximos naquele momento. Com isso, o basilisco parou com tudo tentando dar meia-volta. Cravei a espada um pouco mais fazendo com que ele prosseguisse em frente, e assim ele fez. Dessa vez ele acelerou tanto que quase deixei minhas mãos escaparem da espada.

Chegamos até um bairro sem prédios, e avistamos um colégio de três andares e espaço amplo, um trovão caiu em direção do pátio. Olhei do alto do basilisco e no pátio daquele colégio pude ver três adolescentes combatendo uma criatura que parecia o pé grande: peludo, com presas grandes, corcunda e suas mãos e pés grandes. Com a lâmina cravada no olho do basilisco, direcionei-a para o lado direito, o basilisco grunhiu e se jogou contra o muro do colégio, os três semideuses e o pé grande olharam assustados.

— Pulem! Uma loucura vai acontecer aqui! — gritei para Jimmy e Elly.

Ambos pularam de cima do basilisco. Tirei a espada do olho dele, mas não tinha como ele se desviar sem acertar o pé grande, e assim aconteceu, ambos afundaram entre o primeiro e o segundo andar do colégio, enquanto eu saltei para o lado segurando-me na barra de ferro da varando do terceiro andar. Minha espada havia caído no térreo, estava difícil pegá-la. Quando consegui subir na varanda do terceiro andar, bati em meu bolso e puxei algo de lá: minha caneta-espada Seismós, aparecera ali como mágica.

— Ei! — gritei da varanda do terceiro andar acenando para o pessoal do térreo — vamos fugir enquanto há tempo!

— Quem é você para dar ordens?! — gritou com esforço um garoto com o cabelo loiro acastanhado bagunçado, o rosto sujo e sua camiseta suada.

— O que?! Cara! É para o seu bem, o bem de todos. Vamos dar o fora daqui — falei um pouco bravo.

A cauda do basilisco começou a se mover.

— Vamos! — abri uma porta e fui correndo.

Entrei por uma sala e alguns alunos e um professor me encararam.

— Hã... Essa matéria é ótima... — falei saindo de fininho — ela vai te ajudar a... Hm... Fazer... Coisas... Legais... Fui!

Corri por um corredor, passando em frente a algumas salas. No final, encontrei a escada que daria para o terraço, subi a mesma e por sorte encontrei Jimmy, Elly e outros três adolescentes subindo pela escada de emergência.

— Ótimo! Ocorreu tudo ‘’bem’’ até aqui — falei.

— Íamos derrotar aquela coisa! — disse o garoto loiro acastanhado se aproximando.

— Ei, cara! Porque é tão difícil aceitar ajuda?

— Não aceito quando a batalha já está no papo.

— Fala sério, olha a sua situação! Está exausto.

— Tive de manipular muitos raios! Mesmo assim aquele monstro não morria.

— Vamos trabalhar em equipe. Eu posso te levar a um lugar seguro.

Antes de o garoto falar alguma coisa, o basilisco se ergueu na lateral do colégio.

— Sério isso?! — falei encarando Jimmy, o mesmo fez cara de confuso.

— Consegue manipular mais um trovão? — disse Elly próxima de nós.

— Acho que sim, só mais um. Por quê? — respondeu o garoto.

— Cody, jogue sua espada no olho bom do basilisco, e você — Elly cutucou o garoto — manipule para que um raio caía certeiro assim que a espada atingir o basilisco.

— Esperto de sua parte, nanica — falei.

— Anda logo, não temos tempo para discussão!

Assim eu fiz, quando o basilisco emitiu um som de ataque eu lancei minha espada em direção ao seu olho bom, ao atingi-lo, grunhiu, no mesmo instante o garoto levantou e abaixou uma das mãos e um raio atingiu Seismós, explodindo o olho do basilisco. A cobra caiu sem nenhum sinal de vida.

— Eu. Sou. Um. Gênio — gabou-se Elly.

— Qualquer um poderia ter pensado nisso — falei.

— É, qualquer um menos você!

De repente os outros dois semideuses — amigos do garoto que manipulava os raios e trovões — começaram a gritar desesperados. O pé grande pegou ambos em cada mão, pronto para matá-los.

— Samuel! Jéssica! Não! — gritou o garoto ao meu lado.

— Katai! Ajude-nos! — gritou a garota.

‘’Katai’’? Pensei. Eu sei que não era uma boa hora para pensar nisso, mas... Que nome estranho, cara.

— Katai Gída! Morra por eles, ou veja-os sofrer — disse o pé grande num tom de voz tenebroso.

— Não! Isso não, por favor! — gritou.

Katai e eu parecemos pensar juntos, quando ele correu em direção ao pé grande eu disparei no mesmo instante, mas quando percebemos, uma lâmina de ferro negro atravessara o peito do pé grande. Os dois adolescentes pularam da mão dele desesperados, o garoto caiu e se ajoelhou respirando intensamente, a garota caiu sobre os braços de Katai, voltei meus olhos para o pé grande, o mesmo estava caído ao chão sem sinal de vida, e atrás dele estava quem eu menos queria ver, Lares, minha irmã.


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