Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 7
Abraço alguém que jamais imaginei abraçar.




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Abri os olhos e notei que tinha caído no sono. Acordei às cinco e meia da manhã deitado na areia da praia, usando um dos meus amigos cachorros, Bolt, como travesseiro, era estranhamente maior que um Golden retriever normal, e seu pelo cor de mel era bastante confortável. Esfreguei os olhos e notei uma presença do meu lado, um homem de camisa havaiana azul marinho com flores brancas desenhadas, um short branco e chinelos. O homem tinha a pela bronzeada e cabelo escuro bagunçado. No momento que ele fitou meus olhos, eu fitei os dele, um tom divino de verde água. Rapidamente olhei para os cães, eles poderiam achar que era um inimigo, mas pensei que, se realmente fosse um inimigo teria me matado enquanto eu dormia. Por sorte os cães estavam num sono muito profundo. Levantei-me devagar e o homem fez o mesmo.

— Hã... Oi?

— Deve estar se perguntando quem sou e porque estou aqui — adivinhou o homem.

— Acho que sou o garoto com mais perguntas que conheço.

— Tudo bem — o homem deu uma leve risada — sou Poseidon.

— Poseidon?

— Poseidon.

— Hã... Tipo o Poseidon deus supremo dos mares e terremotos?

— O próprio.

— Ah, legal... Pelo visto seus pais curtiam mitologia grega. Muito por sinal.

— Hm... — Poseidon bateu uma das mãos no próprio rosto — eu quis dizer que EU sou Poseidon, o deus Poseidon.

— Ah! Espera... Uaaaau! Espera... Como assim?

— Como assim o que? — perguntou Poseidon. Nós dois nos interrompemos num silêncio, ambos se encarando por uns dois minutos.

— Que? — perguntei sem noção da minha própria pergunta — ah, deixa para lá. Você costuma visitar adolescentes que dormem na praia?

— Só os que eu observo desde criança.

Meu coração acelerou naquele momento. Poseidon colocou uma das mãos em meu ombro, de frente para mim. Seus olhos agora me pareciam familiares...

— V-você... É... M-meu...

— Não... Sinto muito, não sou seu pai — disse Poseidon.

Eu avancei num abraço e o apertei um pouco, com minha cabeça encostada em seu ombro comecei a chorar.

— Desculpe por isso... E-eu estou tão confuso... É difícil...

— Está tudo bem — Poseidon colocou a mão em minha nuca, com a outra mão deu tapinhas de leve em minhas costas — não sei se deveria lhe contar... Deixe isso como segredo nosso... Hã... Assim, muitas coisas poderiam acontecer com você antes... Mas eu estava ao seu lado, não o tempo todo, até por que não posso isso, muito menos te visitar.

— Entendo... — me afastei um pouco o fitando — já nos vimos pessoalmente... Tenho quase certeza.

— Três vezes.

— Minha cabeça dói um pouco...

— Não tente se lembrar. Nem tente entender como, apenas saiba que eu não larguei mão de você. Mesmo sendo tão ausente.

— Não entendo... Você... — Poseidon baixou os olhos e o abracei novamente — hã... Você seria um ótimo pai para mim... Eu acho... Mesmo pela grande ausência...

— Você ainda vai entender muita coisa... E será importante, muito importante — Poseidon deu tapinhas de leve em meus ombros — agora tenho que ir... Certamente alguém não deve estar gostando nem um pouco desse momento.

— Ah, tudo bem...

— Ah! Mais uma coisa... Volte para o acampamento... É melhor e seguro para você, confie na minha palavra.

— Pelo pouco que conversei com você, e pelo pouco que o vi, desejei que fosse meu pai... Claro que confio... E já estava pensando em ir, já que agora... — Poseidon baixou os olhos, entendendo o que quis dizer.

— Bem, vou indo... — Poseidon caminhou até o mar e virou-se para mim — Ei! É... Você — Poseidon tossiu e passou à mão na própria nuca — você seria um ótimo filho...

Poseidon caminhava em direção ao nascer do sol, até as profundezas do mar, uma onda passou por cima dele, e o mesmo sumiu... Baixei os olhos, coloquei as mãos em meus bolsos e chutei uma pedra que estava perto do meu pé. ‘’Porque não era meu pai?’’ aquela pergunta batia em minha cabeça ‘’Minha mãe poderia saber... ’’ mas minha mãe não estava mais nessa terra ‘’Talvez algum amigo familiar...’’ tipo, quem? Ninguém. ‘’Algum amigo meu... ’’ Bem... Deixa pra lá. Infelizmente meus amigos cães de rua não podiam falar se não eu ficaria o dia todo conversando com eles, e eles me compreenderiam e até me ajudariam, falariam palavras confortantes que me fizesse sentir bem. Enfim, eu estava pensando distante mais uma vez, me dei conta que ainda estava naquela praia quando ouvi os rosnados dos cães, me virei rapidamente e próximo da praia, duas vans estacionadas na rua e no gramado antes da areia, alguns semideuses estavam de pé me observando, arqueiros seguravam seus arcos com uma flecha armada, mas não estavam apontadas para os cães, mesmo assim me coloquei a frente deles.

— Vocês venceram — falei olhando para Carol que estava de pé no gramado.

— A batalha não é contra nós mesmos, querido — Carol falava se aproximando. Os cães rosnaram um pouco mais forte, olhei para eles e sorri, significando que estava tudo bem, eles se silenciaram no mesmo instante.

— Se eu voltar... O que acontece em seguida?

— Ingressará numa missão. Agora que sabemos que você é filho de Posei...

— Não, não sou — interrompi.

— Mas vimos vocês conversando e até se abraçaram... Hã...

— Como sabem que ele é... Deixa pra lá. Longa história... Na qual não quero contar.

Aproximei-me da minha equipe de cães.

— Vocês ficarão bem?

Hus, o mais velho da equipe e o primeiro com qual eu tive contato, se aproximou e assentiu com a cabeça, fitando-me em seguida. Agachei-me e acariciei seu focinho.

— Obrigado por me acompanharem... Vocês — olhei para os cães que foram se aproximando ao meu lado — Vocês são especiais, são os melhores. Prometo que nos veremos.

Sentei ali mesmo, e estendi a mão, em seguida, Bucky colocou sua pata enorme sobre a minha mão, depois Young colocou a pata por cima, Bobby colocou sua pata também, Bolt e Colt colocaram quase ao mesmo tempo, Hus piscou calmamente e colocou sua pata também e por último, Yuki, todo agitado apoiou as duas patas no monte de patas dos outros cães, perdi a força, pois eles eram bem fortes, e minha mão foi ao chão junto com as patas dos cachorros, comecei a dar risada da situação, mas agora eu tinha de ir. Acariciei rapidamente cada um e fui em direção a Carol.

— O amor que você tem por esses cães é admirável, mesmo eles sendo...

— De rua? Isso chega a ser preconceito, sabia? — interrompi.

— Não é isso, é que...

— Tudo bem. Eu agradeço o elogio.

Antes de irmos ao acampamento meio-sangue, Carol me deixara em minha casa para que eu pudesse fazer minhas malas... Foi muito duro entrar lá, em muitos lugares que eu olhava, eu via porta-retratos com fotos de minha mãe e eu juntos, sorridentes. Cada foto que eu via meu coração apertava, meus olhos lacrimejavam, mas eu segurava para não chorar pra valer, mas era difícil, cada foto que eu olhara, me lembrava de tudo que minha mãe fez por mim. Da vez que me levou ao zoológico e sentamos lado-a-lado observando os leões, ela disse ‘’filho, leão é meu animal favorito, olhe bem, são lindos, fortes, saudáveis e tem uma juba majestosa. São independentes, corajosos e ferozes. ’’ Desde aquele dia eu queria ser muito independente, corajoso e feroz, tanto que quando uma abelha ficou rondando o suco de caixinha que minha mãe bebia eu tentei rugir igual um leão, algo como ‘’rawr!’’ e dei um tapa no ar que acertou o suco dela, espirrando um pouco no seu rosto, olhei e disse ‘’desculpa mamãe. Eu queria ser corajoso e feroz igual a um leão. ’’ Ela me olhou brava, fiquei com um pouco de medo. Eu tinha nove anos. Ela pegou um pote de geleia da bolsa, abriu e sujou meu nariz ‘’Ei!’’ eu protestei então ela passou mais geleia nas minhas bochechas ‘’isso não é justo, mamãe!’’ falei melecando as mãos enquanto tentava limpar... E me lembro do quão doce e meigo foi sua risada, seu sorriso... É... Vou sentir saudades, muita por sinal.

Após arrumar minhas malas e ter uma carona de van, chegamos ao acampamento. Nem parecia que eu havia fugido de lá ontem, foi uma loucura tão grande que parecia que eu fugi de lá há um mês.

— Hm, bem-vindo de volta. Espero que tenha decido ficar conosco mesmo — disse Carol sorrindo para mim.

— É... E agora?

— Bem, daqui algumas horas é o almoço. Após o almoço vocês, campistas, descansam um pouco e em seguida faremos a atividade Caça a Bandeira, você vai gostar muito, e quem sabe seu pai olimpiano não o reclame como filho hoje?

Aquela ultima frase me acertou como um tijolo. Só hoje, talvez, meu pai ia me ‘’reconhecer’’ como filho? Eu estava começando a odiar meu pai cada dia mais... Como eu disse... Poderia ser Poseidon meu pai... Mas nem tudo dá certo na minha vida.

Eu caminhei pelo bosque por alguns minutos, encarei a água que formava um riacho na esperança de que Poseidon surgisse para conversar comigo... Mas ele é um deus, é um dos Eu Sou Muito Ocupado Da Silva. Por fim, na hora do almoço, todos foram para o pavilhão do refeitório. Sentei-me a mesa do chalé 13 (Hades), mas Lares não estava lá... Agora uma novidade? Tive que almoçar sozinho. Uau!

Eu passei o resto da tarde colhendo morangos, sozinho, e com minhas malas jogadas do meu lado. Carol tinha dito para eu arrumar minhas coisas no chalé de Hermes enquanto eu não era reclamado, pois lá é onde ficam os semideuses que não foram reclamados, mas preferi não ir. Todos os outros campistas andavam por ai, conversando, brincando, praticando atividades. E eu estava ali sentado, colhendo, era difícil ser deslocado.

Faltava cerca de uma hora para começar o tal do caça a bandeira. E estava nos campos de morango observando a vista.

— Chegou há muito tempo? — uma vez feminina e familiar soou. Era Lares sentando ao meu lado.

— Hã... Cheguei de manhã...

— Como você está?

— Eu... — olhei para ela, a mesma fitava meus olhos — Eu estou bem.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Jura?

— Não.

— Eu sinto muito... — ela se aproximou, e segurou minhas mãos, eu definitivamente fiquei vermelho, não esperava o que vinha a seguir.

— Pelo o que? — perguntei nervoso.

— Mamãe se fora... E eu nem pude te ajudar...

— Hã... Como assim?

— É... Você teve que aguentar tudo sozinho... E deixei vocês aos sete anos... Fui uma péssima filha, não deveria ter abandonado vocês. Não sabia que ia ser tão complicado para você...

— Que?!

— Cody — Lares apertou minhas mãos fitando-me — Sou sua irmã.


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