Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 6
Literalmente uma briga de animais




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Ei! — acordei num susto, pois havia sentido uma dor em minha mão esquerda Qual é!

Eu estava sentado num dos assentos do ônibus, minhas roupas, toalha e Yuki, o Beagle ‘’filhote’’ estavam em meu colo. Yuki me acordou dando uma mordida em minha mão, ele rosnava me encarando.

— Que foi amigão? Algo errado?

Obviamente o cachorro não podia falar, mas todo mundo sempre teve esse costume de falar normalmente com os cães, talvez seja porque eles compreendam. Já pensou o quão legal seria se os animais te respondessem? Enfim, Yuki parecia bastante incomodado, eu olhei por cima de meu assento, as pessoas me pareciam normais, algumas olhavam para a janela, outras liam revistas ou mexiam em seus celulares.

— Viu? Está tudo bem. São apenas... Mortais — me senti desconfortável chamando as pessoas daquela maneira.

Quanto notei já estávamos na cidade fazia alguns minutos, eu comecei a reconhecer alguns locais e por sorte aquele ônibus parava no terminal mais próximo de minha casa. Eu desci correndo e sai em disparada para fora do terminal enquanto ouviam-se os insultos do motorista por eu não ter pagado a viagem, olhei para trás e vi o mesmo chacoalhando o punho e resmungando, próximo dele uns quatro homens de agasalho preto me encaravam. Não tive tempo de notar, eu estava correndo empolgado demais, mal pude acreditar que estaria frente-a-frente com minha mãe, depois da loucura que passei, ela é a pessoa que eu mais gostaria de ver.

Depois de passar por alguns quarteirões, cheguei até a avenida próxima de casa, já estava com gotas de suor escorrendo pelo meu rosto, Yuki estava frenético, parecia estar gostando da corrida que fizemos. Atravessei a avenida correndo assim que o farol fechou para os carros. Passei por dois quarteirões e virei à esquerda, eu já estava na rua de casa e decidi ir caminhando agora. Quando eu estava chegando a casa, um sorriso bobo surgiu em meu rosto, parece que eu não via minha mãe há muitos anos, foi então que a janela do segundo andar de casa quebrou, e um cara de touca e agasalho cinza escuro pulou de lá, e em seus braços estava minha mãe se debatendo para se soltar, o homem foi da janela até o muro e em seguida para a rua, e correu para um beco. Meus punhos cerraram, uma raiva muito grande cresceu em meu peito, Yuki rosnou, e deu um latido bem forte, então ambos corremos em direção ao beco.

Eu corria o máximo que podia para acompanhar a velocidade de Yuki, chegamos ao beco rapidamente, viramos e não encontramos ninguém lá. Um desespero começou a tomar conta de mim. Yuki rosnou e pulou num arbusto do parquinho, próximo ao beco, o homem do agasalho cinza surgiu de lá, eu corri até ele, e antes do mesmo sair correndo, dei um salto e o segurei pelas pernas, aproveitando a situação minha mãe, May Okumura, se soltou e correu para perto de Yuki, o Beagle estava a sua frente em posição de ataque, rosnando para o homem. Num salto, o homem do agasalho cinza tentou escapar de mim, mas puxei sua bota, seus pés eram escamosos e tinha unhas grandes.

— Alguém aqui precisa fazer uma faxina nas unhas, porque né — me levantei na tentativa de empurrar o ‘’homem’’, ele se jogou para o lado e eu rolei para frente, colocando-me de pé o mais rápido possível.

— Vai tio! Bate nesse ladrão! — vozes de crianças soaram em torcida.

Quando notei, algumas crianças olhavam a cena, não entendo o porquê, mas eu era o único que notara os pés escamosos do homem, e seus olhos pareciam de um réptil, observei suas mãos, e as unhas também estavam bem grandinhas e apontadas para mim. Nem mesmo minha mão notara a aparência diferenciada do homem. O que me restava fazer era dar uns cascudos naquele cara... Como eu não sei.

O homem avançou com uma das mãos, ou melhor, garras... Ou patas? Ou... Ah, que seja. Na tentativa de desferir um golpe em meu peito, eu me esquivei para o lado e me abaixei quando a outra garra dele passou cortando uns fios do meu cabelo. Dei um chute baixo em suas pernas, antes de cair, ele apoiou as duas mãos ao chão e fez uma ‘’estrelinha’’ postando-se de pé novamente.

Ambos corremos na direção um do outro, ele tentara me acertar na barriga, mas esquivei e segurei seu braço, o homem tentou acertar meu braço com a outra garra, usei toda força que tinha para segurar o golpe, e o empurrei contra a árvore, o homem rodou e me prensou na mesma, empurrei seus braços e o agarrei pelo torso, ambos caímos ao chão e o homem tentou acertar minhas costas com uma das garras, mas Yuki saltou e cravou os dentes em seu braço e o puxou para o lado. Rolei para a direita, o homem se levantou furioso com Yuki em seu braço, e com a dor o jogou com tudo em minha direção, consegui agarrar o cão dando umas cambaleadas para trás.

O homem estava segurando seu braço com uma das mãos... Garras... Argh! Agoniando de dor. Olhou-me furioso e deu um grande salto em minha direção, com ambas as garrar apontadas, rapidamente deitei-me ao chão e quando o homem me alcançou eu ergui as pernas e apoiei ambos os pés em seu torso, o chutando para frente. Levantei-me rapidamente, Yuki rosnava ao meu lado, ainda em posição de ataque encarando o homem. As crianças gritavam em torcida como se aquilo fosse um espetáculo, quando olhei ao fundo, quatro homens de agasalho preto e touca vinham correndo em posição quadrupede em nossa direção.

— Só-pode-ser-brincadeira! — algumas gotas de suor escorreram em meu rosto.

Rapidamente os quatro ‘’homens’’ deram um salto em sequencia, eu fiquei totalmente sem reação, não sabia como me defender. Algo verde passou rapidamente próximo de mim, num salto e brandindo uma lamina, desferiu um golpe em horizontal impedindo os quatro homens escamosos de se aproximarem. Esfreguei os olhos, e não me enganei, de costas para mim estava um sapo, um sapo segurando uma espada, vestia duas luvas azul escuro, uma túnica medieval branca, um cinto de couro com alguns bolsos, uma bota de couro e um cachecol azul.

— Bravo defensor. Por gentileza, me acompanhastes nesta batalha? — disse o sapo.

— Hã... Sim? Eu... Acompanhastes (?)

— Formidável. Possuístes um equipamento para batalha?

— Ah, não. Estou de mãos livres.

— Aqui — o sapo sacou uma adaga que se localizava na bainha da traseira de seu cinto — tu podes manejar isso?

— Posso... — o sapo colocou a adaga em minha mão — tentar.

Os quatro homens escamosos nos cercaram tentando formar um círculo, o outro com o braço mordido por Yuki, juntou-se a eles. No meio estava eu, o sapo e Yuki, um de costas para o outro.

Os homens escamosos arrancaram as toucas que lhes cobriam o rosto, revelando faces de lagarto... Mas não eram lagartos tatu iguais no meu pesadelo daquela madrugada, eram de lagartos comuns, e tinham o tamanho de adultos comuns. Por algum momento eu me desconcentrei e olhei para minha mãe que tentara se esconder e ver a cena ao mesmo tempo. Não sei o que ela via: seu filho segurando uma faca contra cinco homens lagarto com a ajuda de um cão e um sapo, ou seu filho numa briga de rua... Ou melhor, briga de parquinho. No momento que desviei meu olhar para ela, um dos homens-lagarto olhou para trás e entendeu minha preocupação, voltou-se para minha mãe e minha raiva cresceu, não podia deixar que colocassem as mãos... Garras... Tanto faz. Não deixaria que tocassem em minha mãe novamente. Furioso avancei segurando a adaga firme em minha mão, e desferi um golpe surpreendentemente rápido nas costas do homem-lagarto, um outro tentou me acertar, mas Yuki saltou abocanhando o braço deste e o puxando para o chão, o sapo aproveitou e desferiu um golpe com sua lamina, nas costas do homem-lagarto. Outro pulou na direção do sapo, rapidamente deslizando meu braço pelas escamas do homem-lagarto, e puxei para suas costas, ele tentou me acertar com a outra mão, eu o soltei, abaixei e desferi um golpe em seu estomago. Viramos o jogo, agora estávamos em três contra dois. Estava confiante de que a vitória era garantida... Até que comecei a notar passos pesados se aproximando, de trás de um muro surgiu um homem com uns três metros de altura, suas luvas rasgaram revelando unhas afiadas, o mesmo arrancou uma touca que cobria seu rosto todo, revelando sua face de lagarto tatu, com uma expressão amedrontadora, ele se aproximava devagar. Era parecido com a criatura que aparecera em meu pesadelo... Mas não era o mesmo.

— Ei! Hã... Sapo! — precisamos dar o fora.

— Fugir de uma batalha? — o sapo fitou meus olhos, e fitou os olhos de minha mãe — entendo... Muito nobre... E consciente de razões certas. Vamos.

Não entendi muito bem o que ele quis dizer, aparentemente foi algo como ‘’Muito bem, quer pedir penico, né? Mas foi uma atitude certa de sua parte’’. Peguei pelo braço de minha mãe e assenti com a cabeça quando a mesma me olhou confusa, foi algo como ‘’tudo bem, só confie em mim’’. Yuki, O Sapo, Minha mãe e eu corremos de volta para o beco, e saímos na rua de minha casa, começamos a correr ela toda em direção à avenida. O homem-lagarto-tatu surgiu a nossa frente num pulo que rachou o chão, os outros dois homens-lagarto surgiram atrás de nós, nos cercando. Ficamos em uma posição triangular com minha mãe ao meio, Yuki, O Sapo e eu em posição de batalha. Os dois homens-lagarto começaram a correr em posição quadrupede a nossa volta, não sabíamos por onde atacariam. Numa fração de segundos, os dois homens-lagarto pularam na direção de Yuki e do Sapo, ambos trocaram golpes contra as criaturas, eu me virei rapidamente, mas o homem-lagarto-tatu foi mais rápido, deu uma ‘‘caudada’’ em meu peito que mal pude ver aquilo me acertando, fui jogado para longe, minhas roupas rasgaram um pouco, meus braços, pernas e torso agora estavam ralados por causa do deslize que dei no asfalto. Aqueles ferimentos ardiam, sangue escorria pela minha pele. Quando voltei o olhar para a batalha, os outros dois homens-lagartos haviam virado pó. Em outra fração de segundos, Yuki e O Sapo levaram uma ‘’caudada’’ do homem-lagarto-tatu, e caíram próximos de mim, ambos tentando levantar. Minha mãe, May, agora estava desprotegida, foi no momento que o homem-lagarto-tatu pegou ela com uma das mãos, eu me desesperei, peguei a lâmina do Sapo que estava caída ao chão e avancei contra o grandão desferindo um golpe em seu joelho, ele me chutou e voltei ao chão.

— Filho! Ajude-me! O que está acontecendo?! O que é tudo isso?!

— M-mãe! Eu vou te salvar, e-eu consigo, eu vou! — a dor me deixara com dificuldade em completar frases e a me levantar.

— Filho! Argh! — o homem-lagarto-tatu apertou-a — E-eu... Desculpe-me por tudo... *cof cof* sei que... Que, às vezes fui rígida demais... E... Argh! — ela estava um pouco mais apertada, meu coração batia muito forte, meus olhos ardiam, mas eu não conseguia piscar — Saiba q-que... Tudo que fiz por você... Foi p-porque eu me importo muito... Você é a razão do meu viver, foi à única coisa valiosa que me restou... S-seu pai... Deveria ter orgulho... E-eu... Eu te amo, meu filho.

O homem-lagarto-tatu de três metros de altura aproximou o rosto, fitando minha mãe enquanto a segurava com uma das mãos... Quando ele segurou-a com ambas as mãos, meus olhos arderam mais, e lágrimas começaram a escorrer quando me coloquei de joelhos com esforço.

— Não... NÃO! — por fim, meu grito de desespero ecoou na rua, e ao ver aquela cena... Minha vida pareceu perder o sentido... O grandão havia quebrado o torso de May... E a engoliu com satisfação... — Mãe... — eu soluçava de tanto chorar, mas consegui completar uma frase — eu... Não dei muito valor quando você precisava... M-me desculpe... Agora... É... É inútil... E-eu te amo mais que tudo... M-mas — meu coração apertou, era inútil falar, pois ela se fora... Eu explodi de raiva e berrei furioso, algo como um grito de ataque, voltando o olhar do homem-lagarto-tatu para mim. Minha expressão era uma mistura de ódio, raiva, desespero e tristeza.

A lâmina ainda estava presa no joelho dele, eu corri sem noção nenhuma em sua direção, esquivando de alguns de seus ataques com a cauda. Cheguei até a lâmina e a empurrei mais fundo ainda, o homem-lagarto-tatu rugiu de dor e me lançou em direção ao asfalto. O sapo me segurou no ar dando uns dois rodopios e pousou no chão, fiquei de pé ao seu lado, meus olhos ainda ardiam, o que eu mais queria era acabar com aquela criatura, vê-lo virar pó com prazer.

Nossa equipe estava fraca. Estávamos atordoados com a batalha... Principalmente depois do que presenciei. Eu achara que poderíamos morrer ali, mas algo surpreendente aconteceu, vindo correndo pela rua um bando de cachorros latia... Os cachorros no qual eu cuidava, aqueles que eu havia mencionado, era uma boa equipe. Eu cuido daqueles cães há um ano, nomeei cada um deles; Bolt, o Golden retriever e Colt o Golden retriever preto; Young, o pastor alemão; Bobby, o poodle vira-lata branco; Bucky, o irish wolfhound, o maior cão do grupo... E coloque maior nisso, o cão (quando fica sobre duas patas) chega a ser maior do que eu; Hus, o husky siberiano, o mais velho da equipe e o primeiro dos cães a ter contato comigo, por fim, Yuki, o Beagle e o mais novo da equipe.

Senti-me mais confiante, numa questão de segundos os sete cães ficaram ao meu lado, com as orelhas em pé e seus postos atentos.

— Hus, bom saber que trouxe reforço, amigão — falei olhando para o cão, o mesmo assentiu com a cabeça.

Os cães estavam bem maiores do que do que dá última vez que os vi, eu achara que eles tinham alguma doença que pegaram por ai, pois eles são maiores que outros cachorros da raça deles, estranho... Mas, são cães incríveis e fortes. Uma vez estendi a mão para Hus, o mesmo me deu a pata e senti um peso que tive que colocar força em minha mão para segurar. Por alguma razão esses cachorros são diferentes dos outros. E foi a família que me restou agora...

Fitei o rosto do homem-lagarto-tatu, não me pergunte como, mas sua aparência parecia ser de muito nervosismo e preocupação com a presença da equipe de cães. Os sete latiram em sincronia, dando arrepio ao inimigo.

— Ei, caras. Que tal uma refeiçãozinha? Vão! — falei abrindo um sorriso confiante.

Os sete cães avançaram rapidamente, pulando em cima do homem-lagarto e derrubando-o contra o chão, os sete cravaram seus dentes no inimigo, o transformando em pó.

— Muito bem! Vocês são ótimos — falei desviando o olhar para o céu... O último sorriso que vi de minha mãe se formou em minha mente... Foi antes de eu ir para o colégio no meu último dia de aula... Antes de eu receber a notícia que mudaria minha vida — Mãe... Descanse em paz, minha superprotetora ciumenta — baixei o olhar.

Ao fim da batalha, duas vans do acampamento meio-sangue surgiu na minha rua às pressas, ambas com um símbolo de um centauro nas laterais. Um grupo de cinco arqueiros surgiu de cada van, apontando flechas para minha equipe de cães. Os sete encararam os outros semideuses rosnando, pois estavam se sentindo ameaçados.

— Abaixem esses arcos! — gritei para eles.

— Cody, afaste-se, esses cães... — Carol saiu da van e foi interrompida por uma surpresa — Glenn?!

Ao meu lado ouvi o sapo começando a fazer barulhos... Sons de sapo. Encarei-o, o mesmo parecia muito nervoso ao ver Carol.

— Bravo herói... — o Sapo me encarou — fazeis à escolha sábia, tu decidirás seu destino. Vereemo-nos brevemente, com absoluta certeza — o Sapo saltitou rapidamente por trás do muro e se foi.

Uma flecha foi disparada contra Bucky, o maior cão da equipe, que se postava ao meu lado, antes da flecha o acertar, Hus a agarrou com a boca, e quebrou-a ao meio, seus olhos fixaram nos do arqueiro, ele rosnou fraco e pôs-se em posição de avançar, preparado para abocanhar o arqueiro.

— Hus... Por favor, não — falei calmamente, o cão relaxou seus membros, sem tirar os olhos do arqueiro que havia disparado a flecha, era um jovem, aparentemente dezessete anos, moreno e mantinha um olhar firme, como de uma águia.

Subi nas costas de Bucky.

— Vamos dar o fora! — falei para os cães, e ao perceber a fuga os arqueiros dispararam suas flechas, mas a velocidade dos cães fez com que as flechas atingissem o solo, zunindo pelas suas patas.

O pôr-do-sol começou a surgir, era fim de tarde. Após passar por ruas e becos na correria, chegamos até o final de uma rua, diminuímos a velocidade, eu desci das costas de Bucky e caminhamos tranquilamente pela grama até chegar a areia da praia, o lugar estava vazio, não era a parte mais frequentada da praia, principalmente aquele horário. Caminhamos até a beira da praia, deitei-me sobre a areia e os cães fizeram o mesmo. Eu não sabia o que sentia naquele momento, meus sentimentos estavam todos embaralhados, e depois do que presenciei perdi meu medo por monstros... Minha vontade era de eliminar um por um... Tentei não pensar em nada naquele momento. Minha cabeça estava apoiada no torso de Bolt, e ali fiquei observando o pôr-do-sol.


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