Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 5
Me torno o Todo Poderoso Da Escalada




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Enquanto eu dormia comecei a ter um pesadelo. Eu estava na cidade, em meio à avenida próxima de minha casa, estava deserta, não via sinal algum de vida. Corri até a rua da minha casa, mas parecia que eu não alcançava, aliás, parecia que eu permanecia no mesmo lugar, corria, mas não mudava de lugar. Passos fortes e próximos começavam a tremer o chão, olhei de um lado ao outro, mas nada vi, a firmeza dos passos aumentava, foi então que vi uma criatura no mínimo uns três metros de altura surgindo do quarteirão esquerdo. A criatura me olhou fixamente de onde estava, vestia um traje rasgado preto e segurava aparentemente uma touca em sua mão... Pata? Mas o que me surpreendeu foi à aparência dele, tinha escamas e... Seu corpo era de um lagarto tatu. Espantei-me e procurei algo como arma, mas não havia nada por perto, a criatura em pose de homem e corpo de lagarto tatu pôs-se em posição quadrupede e veio correndo em minha direção, quando ele se aproximou eu fui aparentemente engolido pelas sombras, fui ‘’tele transportado’’ para outro local. O local eu reconhecia, era minha casa, meu quarto, eu teria tempo para analisar tudo, mas minha mãe surgiu da porta correndo com os braços abertos, eu me emocionei e deixei uma lágrima escapar, quando me inclinei para frente com os braços estendidos acabei abraçando as sombras, o cenário havia desaparecido de novo. Abri os olhos, mas aparentemente eu ainda estava num sonho... Pesadelo. Dessa vez eu estava acima de uma colina rochosa, abaixo notei o cenário seco, parecia o Grand Canyon, e sombras no formato de pessoas e monstros travavam uma batalha cruel, eram apenas sombras, mas se aquela batalha fosse real, seria um massacre. Ao meu lado estava um garoto da mesma altura que a minha, os traços do seu rosto parecidos com o meu, seu cabelo desgrenhado parecido com o meu, a diferença é que seu tom de cabelo é ruivo natural, sua pele um pouco mais branca e seus olhos num tom de verde piscina, por mais que fosse um garoto eu devo admitir que ele é muito bonito. Ele também observara a batalha abaixo de nós, no momento que o fitei ele também me fitou. Seus lábios moviam-se calmamente, ele parecia estar dizendo alguma coisa, mas eu não era capaz de escutar, aparentemente eu estava com minha cara de bobo quando eu viajo em meus pensamentos. Apenas o que pude ouvir foi o latido de um cachorro enorme, era um... Beagle enorme... Com uma aparência de irritação e nervosismo. O cenário se desfez, e eu estava encarando o teto agora, Yuki, o Beagle ‘’filhote’’ que eu cuido estava acima do tapete no chão, latindo para mim como se fosse meu despertador. Ouvi um som de gaveta, e próximo dali estava Lares arrumando algumas roupas. Eu desci do beliche, meu cabelo estava todo bagunçado e minhas roupas amassadas.

— Toma — ela jogou uma toalha e um conjunto de roupas... Incluindo a íntima, quando vi isso minhas bochechas coraram — só trouxe isso, pois você terá oportunidade de fazer uma mala com o que precisa.

— Quer dizer que vou voltar pra casa? — falei segurando a toalha e o conjunto de roupas.

— Provavelmente... Mas não agora. Carol decidiu fazer uma sessão de atividades hoje, você precisa participar.

— Hã... Tudo bem. E onde eu posso tomar um banho?

— Eu levo você — disse ela enquanto caminhava para a saída do chalé.

Fiz uma caminhada com Lares, ela me deixara em frente ao vestiário masculino. Ao entrar lá, percebi que não havia muita gente, no máximo uns três garotos escovando os dentes e outro colocando a camiseta, é... Aparentemente eu estava atrasado, pra variar. Entrei numa das cabines e fechei a porta. Liguei o chuveiro e aproveitei a água quente por uns 10 minutos.

Após terminar o meu banho, o vestiário encontrava-se vazio, coloquei um jeans escuro, um all-star preto e branco e uma camiseta laranja igual a dos outros campistas.

Saindo do vestiário me encontrei com Lares, ela segurava um pão de mel e um suco de tutti-frutti azul de caixinha.

— Pegue. Coma isso enquanto vamos até a parede de escalada.

— Ah, esse é meu café da manhã?

— Sim, algum problema?

— É que... É meio pouco, não? Eu geralmente...

— Geralmente come bastante, eu sei — Lares me interrompeu — isso é por ter acordado atrasado.

— Ah, qual é! Mas... Como você sabe? — peguei o pão de mel e o suco.

— Vamos logo e sem reclamar.

Caminhamos até a parede de escalada. Lares vestia uma camiseta um pouco larga com o logo do AC/DC, uma calça jeans escura e um tênis all-star preto e um colar com três contas (três verões no acampamento, pelo que sei). Seus cabelos negros estavam um pouco ondulados e caiam sobre o ombro e ela mantinha seu olhar sério. Chegando lá. Os campistas já estavam prontos para a escalada. Ao me ver, Carol veio correndo me puxando para a fileira de outros semideuses que iam competir. Ela me explicou algumas coisas sobre a parede de escalada, mas tudo que entendi foi ‘’Cuidado. Subir. Pegar. Vencer’’ é, acho que dá para fazer alguma coisa.

— Prontos, semideuses? Vão! — Carol gritou.

Acabei ficando para trás, pois quando notei que era para correr até a parede, alguns semideuses já estavam correndo até lá. Peguei velocidade no desespero, pulei e me agarrei num dos apoios de madeira. Esforçando-me acabei conseguindo me equilibrar na plataforma que rodava em horizontal. Quando me equilibrei e olhei para frente, um semideus foi atingido por um apoio de borracha, que o tirou da escalada. Abaixei-me a tempo de também ser acertado. Quando olhei para trás um pouco de lava estava escorrendo, e antes de ser atingido eu dei um impulso para frente e pulei segurando um apoio de borracha que estava parado coloquei os pés em outro apoio e comecei a subir. Enquanto eu subia, acabei olhando para trás, logo abaixo de mim, fora da escalada, Lares me observava com os braços cruzados, aparentemente era a única torcendo por mim, ou não. Comecei a ouvir muitos gritos de torcida ‘’Josh! Josh! Josh!’’ quando me desconcentrei da torcida uma das minhas mãos escapou, o apoio que eu estava segurando tinha sido puxado, então ouvi uma voz do outro lado da escalada.

— Problemas na subida, Okumura?

— Ah... Não eu só. Cala a boca, não te devo satisfações — puxei um dos apoios e o garoto do outro lado soltou um palavrão.

— Sabe que não vai ficar assim, né? Vai ver só...

Ignorei-o e voltei a subir, quando notei só restava eu e o garoto, aparentemente ele se chama Josh, pois só restou ele ali comigo e a torcida não se silenciava. Ainda escorria lava como obstáculos, eu me esforçava o máximo para desviar-me, apoiando de um lado para o outro o mais rápido que podia, enquanto isso Josh não ficava quieto, dizia que eu era lento, que nunca venceria e blábláblá sem contar as milhões de vezes que me chamara de novato. Cheguei próximo do topo da escalada, e uma parte ficava rodando na horizontal com vários apoios de madeira, agarrei um e comecei a me movimentar pela horizontal. Passei acima de Josh, o mesmo ao me ver fechou a cara e me xingou, comecei a chutar todos os apoios próximos do meu pé, na tentativa de algum acertar Josh. Ao chutar o quinto apoio, ouvi Josh bufando, como se houvesse lhe atingido o estômago. Impulsionei meu corpo para cima, e me ergui até o topo, lá se encontrava uma medalha escrita ‘’Todo Poderoso Da Escalada’’ estendi a mão para pegar, mas minha perna foi puxada, Josh havia agarrado meu tornozelo.

— Que novato de sorte! Seria uma pena se caísse daqui de tão alto — disse Josh. Escorria suor da sua testa até o queixo, seu cabelo castanho claro estava molhado e sua regata laranja também.

— Espere! — falei em voz alta.

— O que?!

— Nada! — estendi o braço e me joguei para frente. Josh notou a situação e apertou meu tornozelo com uma das mãos enquanto se segurava com a outra. Mas não adiantou, o cordão da medalha já estava em meus dedos, Josh me puxou e eu cai para baixo. A queda era rápida demais, tudo que conseguir pensar era me agarrar em algo, consegui me segurar num apoio de madeira que se encontra logo no inicio da escalada, mas aquilo só me serviu de amortecedor, pois não segurei firme o suficiente e fui lançado para a terra, cai rolando aos pés de Lares, abri os olhos e ela me encarava de cima com os braços cruzados e uma aparência séria.

— Parabéns. Novato de sorte — ela estendeu a mão para mim.

— Temos um vencedor! Cody Okumura o ‘’Todo Poderoso Da Escalada’’ — anunciou Carol.

Um silêncio se formou, aos poucos foram surgindo aplausos, e a cada semideus que ia no ritmo do aplauso do outro um som maior se formava. E quando finalmente todos aplaudiram, ou a maioria, eu mantive a minha super pose e expressão de campeão: caído no chão sujo de terra segurando uma medalha com a maior cara de interrogação do mundo.

— Campistas, por favor, peço por gentileza que se dirijam a arena de combate para darmos continuidade às atividades.

Peguei na mão de Lares que me ajudou a levantar. Ela deu uns tapinhas nas minhas costas tirando a poeira da terra seca. Começamos a caminhar em direção a arena.

— Hã... Vou passar no vestiário antes, ok? Te encontro lá! — fui correndo até o vestiário, entrei e subi em cima de uma privada para espionar de uma janelinha, vi Lares caminhando até a arena.

Aproveitando a situação, fui correndo até o chalé de Hades, onde Lares estava alojada. Peguei o conjunto de roupa que eu usara, e segurei Yuki no colo, sai correndo do chalé em direção a uma colina. Quando comecei a subir, Yuki deu dois latidos, que para minha ‘’sorte’’ ecoou colina abaixo, olhei para trás, e alguns dos campistas que se aproximavam da arena saíram correndo para alertar Carol. Corri colina acima desesperado, e me deparei com uma estrada, atravessei a mesma depressa e fui correndo até um ponto de ônibus. Cheguei lá no momento exato que um ônibus estava chegando. Dei sinal e o motorista parou, abriu a porta e entrei correndo, olhei para a estrada da janela do fundo e vi um bando de semideuses subindo a colina com Carol na frente, mas não vi Lares.

Eu já estava tranquilo, pois tudo parecia normal agora. Sentei-me num dos assentos da terceira fileira. Yuki estava no meu colo, aparentemente nervoso. Devo admitir que um pouco de nervosismo tomava conta de mim, não tanto, pois eu estava cansado depois da escalada e um pouco de ânimo me contagiava, pois daqui algum tempo eu estaria abraçando minha mãe. Meus olhos pesaram um pouco, e então cai num leve cochilo.


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