Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 4
Conheço um acampamento.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/461715/chapter/4

Estávamos chegando até a estrada. Aquela estava sendo a madrugada mais louca da minha vida. Descobri que meu melhor amigo, Jimmy, é um sátiro, um ser da natureza metade garoto metade bode, ele me vigiava no colégio, como se fosse uma espécie de ‘’protetor particular’’. Em seguida conheci um semideus, filhos de deuses com parceiros mortais, um deles é Thalles, filho de Deméter, deusa da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano. Thalles aparecera para ajudar quando Jimmy e eu fomos atacados por Orcs, monstros deformados, fortes e... Fedorentos! Na fuga para o terraço, conheci Lyu, filho de Apolo, o deus do sol, possuía muitos atributos e funções, deus da morte súbita, das pragas e doenças, mas também o deus da cura e proteção, protetor de pastores, marinheiro e arqueiros. Conheci também Franklin, filho de Apolo e irmão por parte de pai, de Lyu. Infelizmente, Franklin já não estava, mas conosco, digo, nesse mundo... Franklin lutou no terraço contra o maior dos Orcs do meu colégio, ele cravara uma flecha com a ponta esverdeada no peito do monstro e ambos, juntamente com quatro Orcs menores, caíram de um ‘’prédio’’ de três andares. Pensamos que Franklin falecera neste momento, até que invadimos território inimigo e o encontramos lá, infelizmente nossa chance de salvá-lo falhou. Antes disso fomos atacados numa van por Empousais, mulheres avantajadas com garras, dentes, olhos e asas de morcego. Nessa missão conheci também o Tony, filho de Hermes, possuidor de vários atributos, deus da fertilidade, dos rebanhos, da magia, da divinação, das estradas e viagens, entre outros atributos. E conheci Lares, filha de Hades, deus do mundo inferior e dos mortos. Por ser filha de um dos três grandes, Lares que comandara a missão, é uma garota misteriosa e parece esconder algo de mim que mudaria minha vida (é, acho que fiz minha lição de casa direito).

No término da missão, uma mensagem de íris aparecera em nossa frente, aparentemente era uma mensagem de vídeo em tempo real num... Arco-íris. Na imagem, uma mulher loira com belos olhos azuis informou-nos que uma carona estaria nos esperando na estrada, assim fizemos, caminhamos até a estrada depois de uma batalha dura e cansativa.

No caminho para a estrada, ninguém se quer falara algo, todos aparentavam estar em choque depois do que aconteceu principalmente Lyu... Estávamos bem próximos da estrada, e de lá pude avistar um jipe com o capo aberto e alguém mexendo nos equipamento, o veículo é equipado com placas de bronze por todos os lados e na lateral da porta esquerda estava escrito com tinta branca ‘’máquina mortífera’’. Aproximamo-nos e uma garota tirou as mãos do motor e fechou o capo, pegou um lenço vermelho que guardava no bolso de trás da calça jeans azul escuro com alguns rasgos na parte do joelho, vestia uma regata preta, da cintura para cima ela estava toda suja de graxa, principalmente nas mãos e entre o pescoço e as bochechas. A garota colocou o lenço de volta no bolso de trás e mexeu o cabelo jogando-o por cima dos ombros, o cabelo dela é de um tom de castanho avermelhado, ao aproximar-se fitei seus olhos cor de mel.

— Oi! — a garota chegou a minha frente com um lindo e contagiante sorriso — Me chamo Marrie Gontier, tenho quatorze anos. Prazer em conhece-lo — Marrie estendeu a mão em forma de cumprimento, eu fitei sua mão suja de graxa, mas não me incomodei em cumprimenta-la.

— Sou Cody. Prazer — falei desviando o olhar.

— Ai, Marrie. Saca só. Seu pai não é mecânico, mas você é uma graxinha. Entendeu, entendeu? — disse Tony cantando a garota.

— Olha, teoricamente...

— Não estraga a cantada! Que coisa — resmungou Tony.

— Filha de Hefesto — Marrie começou a dizer enquanto me olhava — deus dos ferreiros, artesãos, escultores, metais, metalurgia, fogo e dos vulcões — em seguida ela olhou para os outros, interrompendo-se de falar, pois alguns pareciam estar distantes dali em seus pensamentos... Ela notara principalmente a expressão triste nos olhos de Lyu.

— Bem, vamos indo pessoal — disse Lares.

Todos subiram no jipe. Marrie estava no volante, eu estava no assento ao lado dela e os outros ficaram na parte traseira do jipe, uma janela de vidro nos separava deles. Eu coloquei o cinto e me segurei num apoio acima da janela a minha direita.

— Medo de carros? — Marrie deu uma risadinha.

— Não, não me leve a mal... É que... Não confio muito numa garota sem idade para dirigir conduzindo um veículo apelidado de ‘’máquina mortífera’’ — falei desconfortável.

— Hm... Você vai adorar isso então — ela deu uma risada maléfica e pisou fundo no acelerador, com isso seguimos estrada em alta velocidade.

Já estava começando a pensar que estavam distribuindo carteira de motorista para menores, primeiro foi Lares, um ano mais velha do que eu, dirigindo a van, agora para piorar tem Marrie, um ano mais nova. Se eu tinha medo daquele troço bater? Não, imagina! Em momento algum eu me sentia seguro, parecia que qualquer coisinha que acontecia viraria uma catástrofe de tão perigoso.

— Ah, sabe... É legal ter alguém me acompanhando no meu possante — disse Marrie.

— Acha mesmo que eu queria estar aqui!? — falei por impulso e Marrie fechou a cara, aparentemente aquilo a chateou bastante, eu gaguejei um pouco a fitando — ah, me desculpe, tá bem? Falei por impulso, mesmo com esse perigo todo é legal arriscar minha vida, super legal!

— Está tudo bem — ela deu um soco rápido no meu braço — seu medroso.

— Ei! Isso não é totalmente verdade! — falei com os olhos arregalados para a estrada.

Alguns minutos depois, Thalles deu três toques na janela de vidro que nos separava, em seguida abriu-a.

— Não querendo incomodar a viagem, mas... Temos companhia.

Consegui olhar para trás, vi Thalles agachado próximo à janela, e Empousais começaram a surgir vindo voando das árvores em nossa direção. Marrie apertou um botão com os olhos fixos na estrada, quando olhei para trás de novo um aparelho começa a se formar na traseira, até virar uma balista pequena. No total, uma dúzia de Empoisas. Thalles disparava com a balista, Lyu puxava flechas de ossos de sua aljava, disparando-as rapidamente, Lares brandia sua espada acertando qualquer Empousa que ousasse chegar perto. Jimmy e Tony também brandiam suas espadas de ferro, Jimmy tinha mais dificuldade, então estava mais para ‘’agitar a espada no ar’’ do que ‘’brandir ela heroicamente’’. Lembrei-me do que Lyu me dissera sobre quantidades de semideuses juntos, que chama a atenção de muitos monstros, obviamente aquela era a resposta sobre o ataque, mas estava tudo sobre controle, mas por alguma razão quando uma Empousa morria mais duas ou três surgiam das árvores e nos perseguia, a quantidade só aumentava, daquele jeito não iríamos dar conta.

— Segura firme, chegaremos ao acampamento em menos de dez minutos! — Marrie pisou fundo no acelerador.

Estávamos indo rápido demais, por sorte a estrada estava totalmente vazia. Para piorar a maluca da Marrie tirou o carro para fora da estrada, seguimos em alta velocidade em direção a uma colina pequena, acima delas pude ver um grupo de arqueiros, vários com o arco armado de flechas flamejantes prontos para atirar, quando atiraram, uma chuva de fogo passou por cima do jipe, atingindo nove de vinte e oito Empousais. Depois da colina, passamos perto de uma parede de escalada, atravessamos um riacho e então Marrie freiou com tudo, fazendo uma manobra derrapando o carro.

— Uau! Isso foi demais! — disse Marrie descendo do jipe igual aos outros — deveríamos fazer isso mais vezes! — então, sentou-se ao chão.

—Ei, amigão. Seja bem-vindo ao Acampamento Meio-Sangue!

Jimmy começou a me apontar os locais. Na direção de onde viemos, logo a direita seguindo uma trilha via-se o pavilhão do refeitório, uma construção com bastante espaço, imaginei a quantidade grande que deveria ter de semideuses. Logo mais ao fundo, depois do riacho havia a parede de escalada escorrendo lava do topo (aquilo não me confortou muito) ao lado direito da parede de escalada via-se o anfiteatro, próximo dali encontrava-se o lago. Do lado direito do pavilhão do refeitório, via-se os chalés, eram mais de dez chalés, não parei para contar o certo, pois Jimmy dava algumas informações e apontava rapidamente. Do nosso lado direito via-se outro riacho nomeado de ‘’Riacho Zefiro’’ que se encontrava entre as árvores. Após o Riacho Zefiro, havia a arena de combates, do lado direito o Arsenal e do outro lado os estábulos e a frente do mesmo estava os campos de morangos. Um pouco mais a frente via-se a continuação do riacho que se ligava do lago central, atravessando-o, encontrava-se a Casa Grande, do lado esquerdo a quadra de vôlei e do lado esquerdo da quadra as Artes e Ofícios, próximo do lado. Atrás da quadra de vôlei algo dourado brilhou chamando minha atenção.

— Lindo, né? Aquele é o velocino de ouro. Meu tio me contou que foi resgatado por um herói filho de Poseidon.

— Cara! Aquilo é um dragão!? — interrompi Jimmy com o olhar fixo.

— Ah, é. É sim... Peleu é seu nome, ele toma conta do velocino de ouro que serve como proteção para o acampamento, impedindo a entrada de monstro — disse Jimmy.

— O velocino cria tipo, uma barreira mágica? Super demais! Sério! — falei empolgado.

— Bem, preciso te levar a Casa Grande agora, alguém quer falar com você — disse Jimmy começando a caminhar — Vamos.

Jimmy me conduziu por uma trilha, passamos pela frente dos chalés, muitos adolescentes corriam, riam, conversavam. Sem querer deixei escapar um sorriso. Eu tive a sensação de que estivesse num lugar onde me aceitariam. Todos os adolescentes e crianças de lá usavam uma camiseta laranja escrito em preto ‘’Acampamento Meio-Sangue’’ algumas das camisetas com um Centauro (criatura com cabeça, braços e dorso de um humano e no corpo e pernas de um cavalo) desenhado em preto, outras com um Pégaso (cavalo alado). Alguns usavam no pescoço um colar com bolinhas penduradas e desenhos diferenciados, Jimmy me disse que era chamado de colar de contas. Não acredito que disse colar com bolinhas penduras, mas pelo menos sabia a pronuncia correta.

Atravessamos o riacho e logo estávamos de frente a Casa Grande. Antes de nos aproximarmos da porta de madeira, uma mulher saiu de lá. Era a moça loira da mensagem de íris, vestia botas escuras, um jeans cinza, sua camiseta preta escrito de cor laranja ‘’Acampamento Meio-Sangue’’ e um símbolo de Pégaso também da cor laranja. Enquanto ela caminhava em nossa direção, a mão dela voltou-se para a nuca tirando um prendedor de cabelo e chacoalhando seus fios loiros ao ar.

— Seja bem-vindo ao acampamento, semideus. Faço parte da direção e aulas de combate. Meu nome é Carol Zadres, é um prazer te conhecer — Carol estendeu a mão mostrando seu sorriso. Seus olhos azuis pareciam ter mais destaque do que na mensagem de íris, tinha um tom de azul cobalto.

— Ah... Olá. Cody Okumura! Prazer é u meu — cumprimentei-a fitando seus olhos.

— Bem, fornecemos esse lugar para todos os semideuses que estão mundo a fora, aqui serve como refugio e total segurança, deve saber o porquê.

— Há, se sei.

— Enfim, sei que foi difícil para você encarar tanta coisa de uma hora para outra, ah... Trouxe alguém que lhe fará sentir-se melhor — Carol foi até a porta da Casa Grande, entrou metade do corpo e assoviou, não entendi o porquê, então ela empurrou a porta e um cachorro veio correndo, era um filhote de Beagle, não tão filhote, mas dava na mesma. O Beagle veio correndo em minha direção, até então eu já o reconheci, era Yuki, um dos cachorros de rua que eu cuido.

— Como soube de Yuki? — disse para Carol e me agachei para acariciar o cachorro, o mesmo pulava para lamber meu rosto freneticamente.

— Tive que pesquisar tudo sobre você. Sabe o lugar que contribui com ração para lhe ajudar nisso? Então, falei com o dono e ele me disse onde ficavam os cachorros. Chegando ao local encontrei apenas esse Beagle na entrada de um beco, o mesmo pareceu confiar em mim e veio comigo esperar sua chegada. Eu admiro o que você faz por eles.

— Ah, obrigado — falei sem graça — é o mínimo que eu posso fazer — eu me sentia desconfortável falando, pois realmente apenas eu ajudava aqueles cães, era um total de sete. Por algum motivo me ajudavam entregando sacos enormes de ração, o resto é por minha conta, sozinho. Já tentei pedir ajuda algumas vezes, mas as pessoas pareciam ter medo dos cães, não entendo o porquê, afinal eles são extremamente carinhos e atenciosos, são minhas companhias favoritas.

Para um beagle filhote, ele até que era bem fortinho, fico orgulhoso por ver ele bem e saudável, significa que estou ajudando bem e era tão bom vê-lo ali comigo. Peguei o cachorro no colo, ele ficara lambendo meu rosto várias vezes, abanando o rabo e raspando a pata na minha camiseta.

— Ah, bem. Já está bem tarde. Amanhã conversamos, pois você parece estar exausto e com sono. Como não sabemos de que deus você é filho, terá de ficar no chalé de.

— Eu o levo — disse Lares que eu nem notara a presença ali — venha — ela segurou meu braço me levando a caminho dos chalés.

— Ei! Espere, isso não pode ser feito e — Carol foi interrompida por Jimmy que pousou a mão em seu ombro e lhe falou alguma coisa que não consegui escutar.

Eu carregava Yuki, o beagle, com um dos braços enquanto Lares puxava meu outro. Ela me conduziu até o local dos chalés. Paramos a frente de um chalé preto, com alguns mármores cinza escuro, várias caveiras desenhadas e no topo uma caveira com dois ossos cruzados estava esculpida. Ela me fez subir os três degraus primeiro e me acompanhou em seguida. Entrando no chalé eu olhei em tudo, parecia um quarto de adolescente comum: armário, estantes, livros, algumas roupas penduradas, e outras coisas pessoas a gosto da pessoa. No canto direito do chalé havia uma beliche, soltei Yuki que foi correndo e começou a pular em cima do colchão do beliche.

— Fique aqui, vou me trocar — Lares foi até o armário e abriu uma das portas para não ficar exposta. Quando terminou de se trocar, ela estava descalça e vestia uma calça moletom preta e uma regata preta. Eu olhei para mim mesmo e lembrei que estava sem nada ali comigo, até meu material escolar havia deixado para trás. Apenas tirei meu tênis e decidi dormir de calça jeans preta e camiseta preta com o símbolo azul e branco metálico do The Strokes.

— Você dorme na parte de cima. E desligue a luz já que será o último a deitar. Tenha uma boa noite — disse Lares acomodando-se no colchão de baixo com Yuki encostado em suas pernas.

— Ah — me interrompi lembrando que fazer perguntas agora não adiantaria, o melhor que eu pudera fazer é dormir, então apaguei a luz do chalé e subi para a parte de cima do beliche. Antes que eu pudesse parar para pensar, já havia caído num sono profundo de tanto cansaço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Surge um escolhido." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.