Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 2
Um ataque inesperado.




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Eu estava tão confuso, tantas perguntas batendo na minha mente, mas minha ficha não caía, não consegui perceber que tudo aquilo era realmente real, ou melhor, não queria acreditar que era real. Lá estava eu, o garoto problemático do colegial, meu cabelo desgrenhado balançava ao vento, meus olhos fitavam o cenário abaixo do terraço, e não fazia ideia do que fazer.

Lyu se levantou, e sua expressão parecia mais séria. Ele pegou a mochila de Franklin que estava caída no terraço. Então voltou o olhar para mim, eu esperava que ele fosse discutir comigo, algo como ‘’se não fosse por culpa de certo moleque indefeso, não teríamos uma baixa’’ eu baixei a cabeça, então Lyu começou a falar:

— Então, você deve estar totalmente confuso com essa situação... Com certeza deve estar lotado de perguntas e... Posso responder se quiser.

— Bem... — olhei para Lyu — se não se importar... Apenas me explique... Porque eu? Porque isso tudo, justo comigo? Sabe, eu não tenho nada de mais e...

— Ah, você tem sim — Lyu me interrompeu — você não faz ideia, mas se a profecia estiver certa, você terá grande importância nessa jornada.

— Profecia? Ótimo! Mais um motivo de perguntas.

— Bem, profecias são relatos no qual se afirma prever acontecimentos futuros — disse Lyu.

— E eu observei você esse tempo todo, cara. Sempre soube que você era um semideus, mas ainda não era a hora certa para te levar, pois aparentemente você é uma peça da profecia que recebemos — completou Jimmy.

— Qual é! Todo esse tempo e você não me disse nada? Tsc! Tudo bem, eu entendo. Mas, qual é a das suas pernas? Pensei que você tivesse problemas e do nada rebateu Orcs com muletas.

Então Jimmy fez uma coisa bizarra, começou a tirar a calça, em seguida tirou o tênis, eu quase perguntei o que ele tinha na cabeça para fazer aquilo, até que vi pernas peludas, não do jeito que você imagina, peludas mesmo! Com cascos no lugar dos pés e um rabinho acima do traseiro.

— Cara! Você é metade animal!

— Sou um sátiro, aprendi esse truque da calça com um tio meu — disse Jimmy.

— Metade animal, cara! — interrompi.

— Ah, que seja.

— Bem, então, tudo indica que ele é o semideus que procuramos? — disse Thalles.

— Aparentemente sim, ele se encaixou na profecia, veja:

"Num colégio a jornada irá iniciar,
O filho do deus desconhecido deve salvar
Uma queda inesperada irá surgir
Para a terra onde um juramento foi quebrado deveram seguir
Segredos iram se revelar
E a vingança que almeja realizará. ’’

— Então... O que eu faço agora? — perguntei ainda meio atordoado com a ideia.

— Bem, parece que não vamos para o acampamento tão cedo — disse Jimmy.

— Infelizmente. Mas a questão é para onde ir agora? Temos carona? — perguntou Thalles.

— Te explico daqui a pouco. Temos ajuda dupla a caminho.

Acho que eu já estava me acostumando com aquela maluquice toda, afinal eu teria de vivenciar aquilo mais vezes. Eu entendi bem essa coisa de ‘’semideus’’ mas, quem seria meu pai então? Porque deixara minha mãe sozinha? Minha mãe! Como pude esquecer? Eu precisava ver ela mais que tudo, será que ela sabe o que eu sou? Sabe que sou essa coisa de semideus? Mais e mais perguntas surgem na minha cabeça, o que me deixa mais confuso. Mas não adiantaria ver minha mãe agora, eu teria que acompanhar esses semideuses na jornada, como disse ‘’sou a peça da profecia’’ e aparentemente sou o ‘’filho do deus desconhecido’’ ótimo jeito de ser reconhecido.

Após descer as escadas de emergência. Eu, Jimmy o tal do ‘’sátiro’’, Thalles o semideus filho da tal deusa Deméter e Lyu, filho do deus Apolo que havia presenciado a baixa de seu irmão. Falando nisso, fomos verificar onde ocorreu a tragédia... E, por estranho que pareça, não havia nada, cinzas, corpos, tudo sumiu, como se tivesse sido sugado pelo chão ou sei lá o que. Onde quer que Franklin esteja agora, espero que ele saiba que serei eternamente grato, o ato que ele fez foi muito corajoso e heroico da parte dele... Mas, deixa isso para lá, eu não tinha coragem de falar ou perguntar nada sobre ele para Lyu, pois eu percebia a tristeza nos olhos do mesmo. Fomos em direção ao portão, então pulamos o mesmo para sair do colégio. No final da rua vazia, havia uma van, uma van branca, simples, com um desenho de um homem metade homem metade cavalo segurando um arco... Centauro é isso? Acompanhei os dois semideuses e meu amigo sátiro até a van, no banco da frente tinha uma garota com cabelos escuros que iam até os ombros, os olhos dela era de um castanho escuro muito belo e demonstrava firmeza no seu sorriso. Ao lado dela, um garoto com sorriso travesso que parecia pensar ‘’cuidado, pode acontecer qualquer coisa com você, até mesmo... BUM! Te dei um susto com a bombinha, não foi? Sei que sim. ’’ O garoto tinha o cabelo um pouco curto e meio bagunçado, era de um tom castanho escuro, e seus olhos num tom de castanho um pouco claro.

— E aí, cara! Sou o Tony, Tony Neil! Toca aqui — Tony estendeu a mão.

— Acho melhor não — Jimmy segurou minha mão e apontou para a mão de Tony.

— Poxa, cara! Não estraga a brincadeira, ia ser um choque bem leve — resmungou Tony.

A garota no volante ficou me encarando e analisando meu rosto por alguns segundos, cheguei até a ficar sem graça, garota nenhuma chegou a me analisar tanto.

— Então, sou Larissa Khouri, mas me chame de Lares que é melhor — disse ela estendendo a mão.

— Hãn, tá bom... Sou o Cody! — cumprimentei-a.

— Ok, algo na profecia diz sobre irmos a uma terra onde um juramento foi quebrado. Fazem ideia? — perguntou Thalles.

— Pra falar a verdade eu sei... Não é exatamente a terra dos Orcs, aliás, é uma das. Onde um juramento de tratado de paz foi quebrado... Eu, meio que... Estava lá.

— Vamos entrar na van, conversamos isso no caminho! — disse Lyu apressado.

Todos entraram na van, Lares e Tony continuaram na frente. Sentados na parte de trás da van, Jimmy deu algumas informações sobre o território inimigo, e se eu entendi bem, de acordo com a profecia estamos indo para descobrir alguns segredos, sei lá, não sou bom nisso. Mas o que quer que, esteja por vir, ainda não entendo que importância eu tenho nessa história, ou será que por algum acaso um Orc vai virar pra mim e falar ‘’ei! Eu sei tudo sobre sua vida! Quer saber sobre seu pai?’’ duvido muito. Mas a única coisa que eu tinha que fazer era acompanhar esse pessoal. A questão, se lá é uma área deles, com certeza vai ter outros Orcs maiores, igual ao que Franklin se sacrificou para derrotar, então não vai ser tão fácil assim para cinco adolescentes e um bode conseguir algo.

Jimmy foi interrogado, mas parece que nem para isso temos sorte. Quando o coitado ia começar a falar algo sobre o juramento quebrado, barulhos surgiram de fora da van, garras raspando no metal, gritos furiosos, mas não pareciam de Orcs, pareciam de aves, mas aves roucas, então no vidro traseiro da van eu pude ver umas coisas voadoras com forma de mulher, asas negras e vermelhas, olhos vermelhos e presas afiadas, e pra variar, unhas afiadas. Tem como o dia melhorar? Deve ter. Lares ficou um pouco espantada no volante, pois as coisas voadoras começaram a bater na lateral de fora da van.

— Mais essa agora? Que diabos são essas coisas? — perguntei.

— Empousas! Fala sério — resmungou Tony.

Se a van parasse estaríamos cercados, se continuasse em movimento, estaríamos cercados. Fala sério! Então eu tive uma ideia não tão brilhante assim, pedi que todos se segurassem, chutei a porta traseira da van enquanto me segurava num apoio próximo do teto da van, e Jimmy soltou o pneu reserva, acertando uma Empousa que estava próxima da porta, Thalles levantou se segurando num outro apoio no teto, inclinou parte do corpo para fora da van e começou a gritar pelas empousas.

— Galinhas voadoras! Morcegos de meia tigela! Sua mãe fede a sovaco de ogro!

As empousas deram um berro de raiva e voltou o olhar para Thalles, aproveitando a situação, Lares acelerou na estrada, e assim Lyu teve um bom ângulo para ver as Empousas, e o mesmo começou a disparar flechas, mas não era o suficiente para matar todas. Tony começou a abaixar o vidro da janela da frente, do lado de seu assento, então o mesmo se inclina para fora, e tenta se equilibrar em cima da van. Fica próximo da porta traseira e Thalles joga uma espada para ele, Tony da um salto e seu tênis All-Star começa a bater as asas laterais, fazendo com que Tony comece a voar com os tênis.

— Uau! Como aquilo? — perguntei surpreso.

— Filho de Hermes, sabe como é — disse Jimmy.

Na verdade eu não ‘’sabia como é’’ pois não sabia nada dessa de filhos de deuses, mas fingi entender. Depois de nossos esforços sobraram quatro empousas, para o que eram nove. Infelizmente, uma delas acertou suas unhas afiadas numa das asas do tênis de Tony, fazendo o mesmo perder o equilíbrio, mas por sorte pousou dentro da van. O estoque de flechas de Lyu se esgotou. Com isso ficamos com um escudo que eu não largava um par de muletas e uma espada média, apenas isso contra quatro empousas. Eu esperava que aquelas quatro coisas tivessem um cérebro de minhoca, mas as espertas foram para o lado esquerdo da van, e começaram a empurrar, e por sorte delas, tombaram nossa van que deslizou para fora da estrada, eu mal tinha notado que a estrada fazia parte de umas ‘’colinas’’ mas notei quando começamos a deslizar morro abaixo, então com a van descendo e chacoalhando e eu batendo de um lado para o outro, foi apenas o que vi borrões verdes de fora da van e meus companheiros desesperados, então eu apaguei.


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