Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 13
O início do fim diante dos meus olhos


Notas iniciais do capítulo

Realmente dediquei muito nesse capítulo, espero de verdade que gostem



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Num piscar de olhos estávamos no gramado do Acampamento Meio-Sangue, logo em frente a Casa Grande. Semideuses correram em nossa direção, os cães infernais se sentiram ameaçados e formaram posição de ataque, mas antes de algo acontecer eu gritei.

— ESPEREM!

Os semideuses pararam um pouco distante, formando um círculo a nossa volta, os cães se acalmaram. Em meio a multidão surgiu Carol.

— Vocês conseguiram! Resgataram com sucesso! — disse abrindo um sorriso que logo se fechou ao observar nossas expressões.

— Que seja. Quero explicações! — comecei a falar.— O que diabos é essa arma que você me ‘’entregou’’ juntamente com uma carta? Fala sério! Aquilo foi quase uma missão suicida! Ou melhor, foi, não foi? — Carol engolia quaisquer argumentos que tentava ter — E tem mais! Aquela coisa gigante. Os Elfos. E o... — antes de finalizar Carol me interrompeu rapidamente.

— Elfos?!

— Não mude o foco do assunto!

— Não, não é isso! Elfos… isso quer dizer uma coisa… Uma coisa terrível… Continue falando. — Carol agora fitava meus olhos, perplexa.

— Hã… Aquele troço… Não sei, uma flor… Prateada, gigante. Uma espécie de, hm… Ovo? Com uma sombra.

— Ah, não…

Todos campistas mantinham-se em silencio e observando com atenção a conversa. Eu não entendia nada, não entendi o porquê da preocupação de Carol. Seu olhar não fixava em algum lugar, ela simplesmente olhava para tudo com extrema preocupação, como se algo fosse nos atacar em questão de segundos, vindo de alguma direção.

— Ele quer a destruição dos filhos dos três grandes. A destruição dos semideuses… A destruição do Olimpo…

— O que?! Quem?!

Carol tremia e me olhava perplexa, mas antes de continuar a falar a barreira mágica que protegia o acampamento começou a retumbar. Todos viraram para ver o que era. Explosões, monstros… Diversos monstros. Estávamos sendo atacados pra valer.

— Semideuses! Atenção! — Carol começou a falar num tom confiante e muito corajoso — Esse é apenas um aquecimento para a verdadeira guerra. A vida de vocês está em jogo. Agora é hora de mostrar o valor que vocês possuem. A coragem, a força, a sabedoria… O poder! Preparem-se!

Os campistas correram para todos os lugares, principalmente para o Arsenal. Carol virou-se para minha equipe.

— Jimmy, Elly, vão ajudar os sátiros, rápido! — Os dois assentiram e saíram em disparada. — Vocês três, quero que se escondam. Fiquem na Casa Grande e... — Carol foi interrompida.

— Não mesmo! Vou proteger o acampamento… O meu lar! — Lares começou a falar.

— Lares! Deixe de ser cabeça dura! Você sabe o quão sério é a situação, e eles não vão ter piedade de acabar com você, filha de Hades. — disse Carol.

Um suor percorreu o rosto de Lares. Ela rangeu os dentes.

— E olhe a situação desses dois. Estão exaustos, quase não ficam de pé. Ajude-os a se recuperarem na Casa Grande. — concluiu Carol.

O que era totalmente verdade. Katai manteve-se agachado no gramado desde o inicio, não era para menos, o cara deve ter passado do seu limite de conjuração de raios e tal. Eu tentava me manter de pé, mas minhas pernas tremiam muito, uma dor atingia meu estomago também, como se eu tivesse levado uma flechada.

— Sim… — disse Lares com um olhar duro.

Carol correu para longe de nós, não pude ver para onde fora, pois Lares começou a nos empurrar para a Casa Grande. Ela abriu a porta para Katai e eu, quando entramos a porta se fechou com tudo, e pude ouvir um barulho da fechadura.

— Está brincando! LARES! ABRA ISSO, CARAMBA! Pare de ser idiota! — dei um soco na porta. Lares não respondeu. — Tsc! Que seja. Cara, vamos ver o que pode nos ajudar.

— Ambrosia… Néctar… — Katai disse com a voz fraca.

Katai e eu cambaleamos até a cozinha, havia estoques de ambrosia e néctar em vários lugares. Katai pegou o néctar rapidamente e bebeu, pegou a ambrosia e comeu rapidamente. Observei-o e em questão de segundos ele conseguiu se equilibrar.

— Como sabia disso?

— Minha mãe… Costumava me dar isso quando eu era criança e ficava doente ou machucado. — disse e tossiu em seguida.

— Uau!

— Pegue. — Katai apontou enquanto mastigava outro pedaço de ambrosia.

Bebi o néctar e comi a ambrosia, tinha um gosto muito bom, doce, cremoso... Meus olhos arregalaram. Comecei a sentir minha energia renovada.

Havia alguns papéis caídos no chão, formando uma trilha. Eu segui os papéis e fui parar num quarto pequeno, logo depois de um curto corredor. Dentro do quarto havia uma mesa de trabalho, papéis pendurados, materiais, rolos de papel e uma estante de livros. Havia um livro em cima da mesa de trabalho com várias marcações. O livro não tinha título, ele parecia bem acabado, páginas amareladas, capa de couro com vários arranhões, bem amassado. Abri numa das marcações e falava sobre Gaia, deusa da Terra… A Mãe Terra.

— Cara! Achei uma coisa aqui. — balancei o livro em direção do corredor. Katai olhou e veio até mim.

— O que é isso? — perguntou.

— Não sei… Fala sobre titãs, deuses e algumas outras coisas.

Abri onze marcações depois da marcação de Gaia. Nessa falava sobre Cronos, divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega e titã. Filho de Urano, o Céu estrelado, e Gaia, a Terra, é o mais jovem dos Titãs. A pedido de sua mãe, se tornou senhor do céu castrando o pai com um golpe de foice. Entre essas e muitas outras informações, eram páginas e mais páginas de puro conteúdo.

Folheamos várias páginas, a principais falavam sobre os Deuses Primordiais: Caos, Gaia, Tártaro, Urano, Érebo, Nyx, Hemera, Éter, Ponto, Tálassa, Chronos — havia uma enorme marcação em vermelho escrito ‘’ Chronostem sido frequentemente confundido com o titã Cronos, especialmente durante o período alexandrinoe renascentista.

De acordo com a teogonia órfica, Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo. Era um ser incorpóreoe serpentinopossuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão.’’ —, Ananke, Óreas e Eros.

— Uau! — Katai suspirou e arregalou os olhos.

— O que houve?

— Já ouvi histórias sobre o Tártaro. Jamais pensei que fosse um Deus Primordial, pensei que fosse apenas um lugar.

— É, ouvi histórias também.

— Agora eu fico imaginando — continuou Katai. — O Tártaro deve ser imenso, imagina uma dessas coisas vagando por ai?

— Creio que não vivem mais, hoje em dia.

— Concordo, mas já imaginou?

— Eles matariam todos nós, dominariam o mundo.

— É verdade…

Katai e eu nos encaramos. Voltei os olhos para o livro e minha mão estava em cima de uma das páginas de Caos:

‘’ a primeira divindade a surgir no universo, portanto a mais velha das formas de consciência divina. A natureza divina de Caos é de difícil entendimento, devido às mudanças que a ideia de "caos" sofreu com o passar das épocas.

Seu nome deriva do verbo grego χαίνω, que significa "separar, ser amplo", significando o espaço vazio primordial. ’’

Havia uma marcação na terceira página sobre Caos, eu folheei até essa página e vi marcas feitas a caneta, anotações, como se fosse um ‘’isso é extremamente importante, não esqueça’’. Minha leitura foi interrompida por uma explosão que veio do lado de fora da Casa Grande.

— Não queria dizer isso, mas… Acho que atravessaram a tal barreira mágica. — disse Katai.

— Essa não…

Puxei Seismós do meu bolso, cliquei, a mesma se tornou uma espada. Desferi um golpe na fechadura. Katai e eu chutamos a porta e logo estávamos do lado de fora da Casa Grande. Um pouco distante dali as batalhas já aconteciam. Na linha de frente estavam os filhos de Ares com escudos, espadas ou lanças, sendo liderados por Josh. O conselheiro do chalé berrava ordens de combate, e as mesmas pareciam infalíveis. O chalé de Ares estava de armaduras completas, e seus rostos com variados tipos de pintura, feitos por tinta vermelha.

— CICLOPES URANIOS! — gritou um dos filhos de Ares.

Um ciclope passou pela linha de frente num enorme salto. Uma saraivada de flechas da direita e outra da esquerda voaram em sua direção, olhei para a esquerda e vi um garoto de cabelo curto, loiro — era Lyu — dando ordens aos filhos de Apolo que estavam com ele em meio as árvores. Do outro lado estava outro garoto loiro, com o cabelo um pouco maior, dando ordens aos filhos de Apolo que estavam ali com ele.

— Lento demais, Lyuzinho! — gritou o garoto num tom sarcástico.

— Cala a boca, Apolo! — retrucou, Lyu.

Apolo? Pensei. Por louco que pareça, um dos filhos — e conselheiros do chalé — de Apolo, se chamava Apolo. Imagina que engraçado se ele se chamasse Apolo Júnior.

— Apolo Júnior, para você, Lyu! — respondeu o garoto para Lyu que recarregava seu arco.

Hã… Deixa quieto, pensei. Outro ciclope saltou para ajudar o que estava ferido, cheio de flechas. Dessa vez o chalé de Hefesto agiu, carregavam armas totalmente malucas. Por exemplo: um deles carregava uma marreta que soltava fogo. Um outro manejava uma lança com uma bola de espinhos nas pontas e um sensor de voz que dizia: espinhos venenosos, carregamento ok. O chalé de Hefesto era comandado por Marrie, a garota de cabelo castanho avermelhado.

Orcs baixinhos corriam de um lado para o outro com pedaços de madeira e pedras nas mãos. Os filhos de Hermes corriam atrás deles manejando espadas ou tacando adagas nos monstros. Tony voava com seu tênis alado novo ajudando a cercar os Orcs.

O chalé de Atena elaborava táticas de combate e alinhamento de todos os semideuses, por incrível que pareça sabiam exatamente onde posicionar os outros. Estavam sendo liderados por uma garota, cujo cabelo começava loiro claro na raiz e ia mudando para o mel até as pontas onduladas, não pude ver a cor de seus olhos, pois estava distante demais, mas ela parecia tentar manter uma expressão durona, de garota madura e séria, mas aquilo a deixara um tanto quanto… Hã… Fofa. Antes de a garota ordenar mais algumas táticas, um Orc tentou atingi-la pelas costas, a mesma sacou sua espada media da bainha e desferiu um golpe no Orc, rodou para a direita e acertou outro Orc que pulara em sua direção e normalmente voltou a falar algo com outro semideus.

Ouvi uma gritaria, olhei e vi Lares e meus cães infernais protegendo os filhos de Afrodite, várias meninas e alguns meninos bem vestidos tacando escovas de cabelo, maquiagem, produtos de beleza no geral em um bando de monstros com aparentemente um metro e dez de altura, com chifres negros e um nariz enorme, manejavam facas curtas, pareciam de cozinha. Lares desferia golpes com sua espada de ferro estígio — algumas vezes invocava rochas negras que empurravam os monstros. Os cães os mordiam rapidamente, mas a cada um que morria, parecia que mais e mais surgiam.

Semideuses de outros chalés corriam de um lado para o outro, travando batalhas, ajudando um ao outro. Mas a quantidade de monstros não diminuía. Como se eles tivessem sido libertados de algum lugar e enviados para cá.

De repente eu pareci ficar surdo, não ouvi mais as explosões, os gritos, os sons de batalha. Não ouvi mais nada. Olhei para Katai desesperado, o mesmo via-se imobilizado, olhando perplexo. Chamei por seu nome, mas não pude ouvir minha voz, ele aparentemente não ouvira também. Dei uns tapas em seu ombro, ele virou-se para mim com os olhos arregalados, então ouvi uma voz. Sabe quando um vento muito forte sopra contra você? A voz tinha o mesmo som produzido. E dizia: ‘’Ah, pequenas criaturas, isso é só o começo. A verdadeira ascensão. A guerra está por vir. Um novo mundo. Ah… Já posso até ver o quão glorioso é!’’

Estremeci. Katai me olhava perplexo. Quando percebi minha audição voltava aos poucos, e em questão de segundos já conseguia ouvir tudo novamente.

— O q-que… Foi isso? — perguntou Katai.

— Não… Não sei…

— O que faremos?

Ergui e apontei Seismós em direção aos monstros. — Lutaremos! — eu disse.

Katai fechou o punho em direção ao próprio peito e olhou para o céu.

O verdadeiro poder é aquele que se conquista com o companheirismo. Não podemos fazer nada sozinhos, numa coisa ou outra alguém deverá nos ajudar para conquistar o que almejamos. Trabalhando juntos, ajudando uns aos outros. — disse Katai — Minha mãe sempre me dizia isso. Eu gostava de me sentir superior, ver o quão melhor eu era do meu próximo. — Katai encarou o chão — Foi por isso que meus únicos amigos se foram… Fui tolo de não perceber que nunca fui eu que os protegi… E sim eles que me protegeram do mundo depois que… Sabe… Depois que minha mãe se fora…

— Ei, cara. Vamos viver o agora. Pensar no futuro, sabe? Tudo bem que você era um babacão por querer ser melhor, mas nossa tendência é melhorar. Superar-nos a cada dia, ser melhor que nós mesmos, e mostrar para as pessoas o quão bom e útil nós somos. E ajudar aqueles que precisam. — estendi a mão para Katai. — Somos melhores que isso tudo, por isso poderemos vencer.

— Sim… — Katai ergueu a cabeça, fitou minha mão e deu um aperto de mão mais confiante que eu já sentira — Sim! Vamos chutar o traseiro de alguns monstros!

Katai e eu corremos em direção aos monstros que batalhavam contra semideuses, estávamos cheios de confiança e coragem. A má notícia? Do lado oposto em que explodiu a barreira, uma espécie de Elfos Negros vinha correndo em nossa direção, todos com expressões de mau-humor e raiva, orelhas pontudas, cabelos longos e lisos presos de diversas formas diferentes. Braceletes, tornozeleiras, peitoral e laminas élficas douradas. A boa notícia? Não havia nenhum arqueiro entre eles. O elfo mais rápido rodou formando um arco horizontal com sua lamina em minha direção, deslizei Seismós pela sua lamina, empurrei-o para trás e dei uma estocada no estomago do Elfo, o mesmo explodiu em poeira e sua lamina élfica dourada caiu ao chão. Fui pegar no momento em que um Elfo pulou com a lamina apontada em minha direção, Katai foi mais rápido puxando a outra lamina do chão e defendendo minhas costas. O elfo caiu para trás, um outro chegou ao seu lado, mas foi tarde, um raio explodiu os dois elfos negros. Uma legião de elfos negros vinha correndo, Katai e eu não conseguiríamos dar conta, a não ser que tenhamos um dragão ao nosso lado. Foi o que aconteceu. Peleu o dragão, surgiu das árvores, mordendo, pisoteando e empurrando os elfos negros.

Vindo da colina meio-sangue, um grito dizia Ciclopes uranios! Virei-me rapidamente, e muitos ciclopes surgiam, uma explosão os atingiu. Quando a fumaça cessou, alguns ciclopes tentavam levantar, outros estavam caídos, mortos, com grandes esferas de metal esmagando-os. BUM! Outro tiro foi disparado. Olhei na direção do trajeto e vi um enorme navio de guerra próximo do acampamento. O navio planava no céu e escadas de cordão e madeira começaram a descer. Um resgate? Pensei. Vi Carol descer até metade da escada e gritar ‘’VAMOS!’’

— NÃO! PODEMOS VENCER! COM O NAVIO. — gritei.

— COISAS PIORES VÃO VIR, NÃO SEJA TOLO! — gritou Carol.

E ela tinha razão. Uma explosão se formou em meio ao acampamento, algo fora disparado do céu… E não tinha sido as balas de metal do navio. Algo vira realmente do próprio céu. Antes de a fumaça cessar, uma fera saltou de lá, abocanhou dois semideuses de uma vez, e os atirou para longe. A fera me encarou. Eu empurrei Katai para o lado e a fera saltou em minha direção, ao mesmo tempo alguém me abraçou e me atirou ao chão. Levantei rapidamente, quando vi era a garota loira do chalé de Atena.

— O que?!

— Ortros!

— Hã?

— A FERA!

Ela manteve uma expressão muito brava, seus olhos eram de um azul gélido, penetrante.

— Vai ficar com cara de idiota para mim?! Vire-se! Rápido!

Não pensei duas vezes. No momento que virei-me Ortros ja se preparava para outro salto. A fera parecia um Rottweiler, só que bem mais ‘’demoníaco’’. A pequena diferença é que ele tinha duas cabeças e uma cauda de serpente, isso. Ele saltou, mas logo seu torso foi ao chão, quando vi, suas pernas de trás estavam envolvidas por camadas grossas de raízes, Jimmy surgiu ao meu lado tocando uma melodia em sua flauta de bambu.

Você fez isso? — perguntei.

Jimmy assentiu com a cabeça. Por falta de sorte, Ortros se soltou e pulou em nossa direção, mas foi brutalmente empurrado para o lado em pleno ar por Bucky o irish wolfhound, um dos meus cães infernais. Os cães se encaravam, rosnando um para o outro em passos lentos. Olhei para o céu, o navio de guerra desceu mais, os semideuses entravam rapidamente enquanto os filhos de Ares os protegiam. Josh que eu diga, ele simplesmente não deixara nenhum monstro tocar em qualquer semideus que tentasse subir a bordo. Ele parecia estar com uma raiva incontrolável, algo haver com a aura vermelha que envolvia seu corpo, ele destroçava qualquer monstro próximo. Uma preocupação a menos. Uma enorme raiz formando uma árvore gigante formava um caminho até o navio, era Thalles e os sátiros — Elly também estava por lá —, eles passavam com a grande árvore móvel buscando os semideuses em campo de batalha. Qualquer monstro que tentara subir na árvore móvel era jogado para longe pelos enormes galhos que surgiam. Outra preocupação a menos. Quando olhei para frente, vi Bucky e a garota loira tentando acertar Ortros, mas a fera era rápida demais, esquivava dos ataques. Jimmy tocava sua flauta, mas não conseguia segurar Ortros.

— O que faremos? — perguntei

— Temos que salvar os campistas, esse é o objetivo por enquanto! — disse Jimmy.

— Não temos como vencer?

— Cody… Ortros está aqui. Agora me responda, como? Conta-se que depois de ter sido morto por Héracles, Ortro ascendeu aos céus e transformou-se na estrela Sírius (Estrela do Cão), que é a estrela mais brilhante do céu noturno. Como diabos ele simplesmente surge aqui? Por isso não podemos vencer, Cody. Se continuarmos aqui, sabe-se lá o que mais pode aparecer… Coisas piores… Muito piores…

Engoli em seco. Quando notei, Katai estava um pouco distante, ajudando Peleu a matar os elfos negros restantes.

— Katai! Temos de ir! — apressei-o rapidamente.

— Para onde? — questionou ele desferindo um golpe num elfo.

— Para bordo do navio de guerra. Não temos tempo!

— Certo… Vamos logo! — Katai correu confiante e subiu nas costas de Peleu.

— O QUE?! — olhei apavorado.

O dragão simplesmente abriu as asas e disparou para o céu.

— Jimmy! Suba na árvore. — era estranho falar aquilo, mas. — Entre a bordo do navio, eu vou logo em seguida. Confie em mim.

Jimmy fitou-me desconfiado, mas logo correu e foi subindo a árvore até o navio. Corri em direção aos filhos de Ares.

— Vão! Rápido! Subam logo!

— Garoto, você não ordena nada aqui, apresse e suba. Estamos segurando-os.

Antes que eu pudesse questionar, me empurraram para a rampa do navio e outros semideuses me puxaram para dentro.

— Não! NÃO! Me larga! Bucky! BUCKY!

Carol me puxou.

— O que diabos está fazendo?!

— Meu cão! Ortros! A garota! Tenho que voltar!

— É suicídio!

— NÃO!

Ao fundo, pude avistar os estábulos, um pégaso negro relinchava. Uma ideia maluca bateu em meu cérebro. É isso! Pensei. Corri em direção ao pégaso e antes de Carol me interromper eu já havia aberto a portinhola de madeira e montei no garanhão. O pégaso relinchou e correu a toda para fora do navio. Quando saímos, o navio de guerra subiu a rampa e começou a levantar voo, alguns filhos de Hefesto e filhos de Ares ficaram lá, juntamente com seus conselheiros, Marrie e Josh.

— Porque não subiram?! — gritei de cima do pégaso.

— Certas vitórias exigem sacrifícios, idiota. E se for para morrer, que seja protegendo meu lar… Minha família. — disse Josh cravando uma lança no peito de uma fúria.

— Vá logo! Levante voo com o pégaso, está esperando o que?! — disse Marrie brava.

Eu olhei para eles desconfortável, estavam prontos para dar a vida pelo acampamento e para o bem dos outros semideuses.

Assenti com a cabeça, dei um tapinha no torso do pégaso e o mesmo relinchou. Ortros virou-se para nós, mas foi abocanhado de surpresa por Bucky. Meu amigo cão já estava todo ferido, aquilo apertou meu coração. O pégaso correu comigo nas costas em direção a Ortros, eu pulei e segurei-me nas costas da fera. Ortros rodou e derrubou Bucky no chão, lançando-me para longe.

— Bucky, me de alguns segundos!

O cão latiu e se esquivou de alguns ataques de Ortros.

— Suba no pégaso! — segurei os braços da garota loira.

A garota hesitou, mas é uma filha de Atena — conselheira do chalé —, é muito inteligente e com certeza sabia a altura do perigo que arriscávamos continuando ali por muito tempo. Ela subiu depressa. Quando virei-me, meu coração pareceu ser destruído em mil pedaços… Ortros segurava Bucky pelo pescoço com seus ferozes dentes. Bucky deu um último suspiro e foi jogado ao chão. Ortros deu um forte latido vitorioso. Eu dei lentos tapinhas no torso do pégaso e logo o garanhão começou a correr com a garota loira nas costas.

— Não! Ei! NÃO FIQUE AI, VAI MORRER! — gritou ela já indo embora.

Eu berrei de raiva, ergui Seismós, e Ortros me atacou num salto, agachei desferindo um golpe em seu torso e rolei para frente. Ortros caiu, mas logo se levantou. Eu corri em direção à sombra de uma árvore próxima, pensei em viajar pelas sombras e aparecer nos estábulos do navio. Mas para minha falta de sorte eu bati de cara na árvore. O truque das sombras fracassara. Virei-me e rolei para o lado rapidamente, Ortros se chocou contra a árvore, derrubando-a. Tentou me acertar com a pata, saltei, chutei sua cara e agarrei o braço da garota loira que, sei lá por qual motivo, voltara para me buscar com o pégaso. Subi no torso do garanhão que levantou voo sem pensar duas vezes.

— Nunca mais faça uma idiotice dessas, seu idiota! — disse furiosa comigo.

Eu pensei em rir. Mas olhei para trás e vi Bucky caído, um dos cães infernais que eu cuidara desde garotinho, juntamente com outros seis cães. De inicio pensara que eram cães de rua, mas eram mais que isso, eram cães infernais e, além disso, eram meus amigos… Minha família canina. E Bucky se fora. Eu sentia vontade de cravar Seismós em Ortros, o mesmo que agora latia triunfante. Algo a mais aconteceu, antes de eu voltar o olhar para frente, uma enorme explosão flamejante de tons verdes destruiu tudo que estava lá em baixo.

— Fogo grego. — disse a garota loira.

Evitei fazer quaisquer pergunta. Meu coração estava apertado pela perca de Bucky, eu me segurava para não chorar. Perdemos muitos companheiros naquela batalha, entre eles, os conselheiros Marrie e Josh.

Olhei para frente e vi os cabelos loiros da garota balançarem aos ventos. Logo a frente estava Peleu voando ao lado do navio de guerra, que agora era nosso único abrigo.


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