Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 12
Ameaça aquática




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Estava exausto. Esforçava-me para correr enquanto meu grupo era perseguido por uma legião de Orcs — monstros baixinhos, com roupas surradas, rasgadas e sujas, sem qualquer combinação, tom de pele esverdeado, rostos deformados e feios, dentes afiados e risadas frenéticas — no começo de tudo, eu enfrentara monstros da mesma espécie no meu colégio, em seguida invadi um campo territorial deles, e cá estou eu, novamente cara-a-cara... Ou melhor, ‘’costas-a-cara’’, porque eram muitos, e meu grupo estava exausto, alguns desarmados. Estávamos em grande desvantagem.

Com bastante esforço e sorte, chegamos até a ponte que se encontra acima de um imenso lago, dividindo a cidade do Parque Central de Montreal. Porém eles estavam próximos, se continuássemos correndo eles nos atacariam facilmente. Estávamos agora no centro da ponte, quando paramos um Orc saltou feroz em nossa direção, girei e formei um arco desferindo um golpe vertical com Seismós no Orc, no mesmo instante ele explodiu em pó e foi levado pelo vento.

— Querem também?! — apontei Seismós na direção dos Orcs, os mesmo deram um passo para trás, mas ainda com os olhos fixos no grupo.

O vento sibilava. Os Orcs esperavam uma deixa para atacar, e eu também. Porém, lutar agora era inútil, a quantidade de Orcs era muito maior que meu grupo. Não entendia o porquê eles hesitavam tanto, olhavam para nós e em seguida para o lago, um olhar preocupado, aparentemente se sentiam... Hm... Desconfortáveis com a água por perto (?).

— Ei, Sapo. — cochichei para o Sapo falante.

— Pois não?

— Como descendente de Poseidon, você pode manipular a água, certo?

— Sinto lhe informar que não. — disse o Sapo desanimado.

— Consegue sim!

— Como sabeis disso?

— Eu não sei. Porém, acredito que você tem essa capacidade, não custa tentar, certo? — falei confiante.

Os Orcs começaram a dar alguns passos lentamente em nossa direção, urrei e formei um arco horizontal num golpe com Seismós, ameaçando os Orcs. Os monstros voltaram a se afastar por ora.

— Já tentei antes. Infelizmente, não consigo realizar tal habilidade.

— Tenta de novo! Por favor! — falei encarando os Orcs com um olhar ameaçador.

O Sapo cravou sua lâmina no chão e fechou os olhos, provavelmente tentara se concentrar no movimento da água correndo abaixo de nós. Em minha mente eu pensava ‘’Vamos lá, Poseidon. Ajude um de seus parentescos!’’. Foi então que uma forma aquática começou a se erguer do lago, meus olhos arregalaram-se e quando percebi um monstro surgiu de lá, lembrei-me da lenda do ‘’monstro do lago ness’’, as características desse monstro são exatamente idênticas ao monstro do lago ness, mas era impossível ser o mesmo! A criatura ergueu seu longo pescoço por cima da ponte, fitando-nos com seus grandes olhos, sua pele tinha o mesmo cascudo, presas grandes e afiadas, sua grande face nos observava, aquilo era medonho, meu grupo ficou em choque, até mesmo o Sapo. Os Orcs tentaram fugir, mas o monstro do lago rugiu e disparou um jato d’água na legião de Orcs que foram atirados para o lago. O monstro do lago mergulho e abocanhou todos Orcs de uma só vez.

Meu grupo e eu olhávamos perplexos.

— Você que o chamou? — olhei nervoso para o Sapo.

— Não que eu saiba. — o sapo falou com um tom de nervosismo.

— Então...

Antes de continuar, o monstro se ergueu novamente, agora não tão próximo da ponte, nos fitou e rugiu pronto para nos atacar também.

— Ah, cara! Eu preferia aquela legião de Orcs. Pelo menos eles borravam as calças quando eu brandia minha Seismós — falei chateado.

O monstro do lago ergueu seu pescoço, parecia que iria dar uma ‘’pescoçada’’ na ponte, bem na direção onde estávamos. Não teríamos tempo de correr, de esquivar, muito menos de defender. Quando percebi o céu ficou escuro, e um trovão atingiu o monstro do lago, o mesmo cambaleou tonto para trás. Ainda estava vivo e tentava recuperar sua posição de batalha.

Já estávamos prontos para correr, mas hesitamos quando uma saraivada de flechas atingiu o pescoço do monstro que grunhiu de dor no mesmo instante. Olhei em direção aos disparos e avistei homens e mulheres segurando arcos e recarregando-os com as flechas de suas aljavas, estavam próximos — alguns até em cima — das árvores.

— Uma chance... — olhei perplexo para o Sapo — Uma chance!

— Perdão, o que queres dizer?

— Temos uma chance! Preciso que você me induza até o monstro!

— Mas... Como serei capaz de tal feito? — disse o Sapo.

— Manipule a água!

— Mas...

— Manipule!

O Sapo fechou suas patas com toda confiança, coaxou e assim que fiz a loucura de saltar da ponte, uma onda me carregou em direção ao monstro do lago.

— Funcionou! Eu disse! — gritei alegre para o Sapo.

Não pude ver a reação dele, mas sabia o quão alegre ele deveria estar.
As flechas ainda acertavam o monstro, e quando a onda se chocou contra ele eu saltei e desferi um golpe com Seismós. O monstro grunhiu mais alto de dor, e antes de desabar no lago, ele derrubou uma grande gota de prata que caiu em direção ao lago. Ao se chocar contra a água uma espécie de ‘’planta prateada’’ cresceu, nunca vi uma coisa parecida antes, era uma espécie de planta de prata gélida com um tipo de... Ovo? Casulo? No topo. Não conseguia identificar o que havia dentro, apenas via-se uma sombra.

Quando notei, eu estava sentado na grama. Aparentemente o Sapo me conduziu até lá com sua nova habilidade de manipular a água. Eu não parava de observar aquela coisa prateada em meio ao lago. Mas me toquei do que estava acontecendo quando o som de disparos de flechas surgiu próximo a minha retaguarda. Olhei para trás e, um grupo de homens e mulheres atiravam flechas em direção a ponte, usavam trajes elegantes, tinham longos cabelos lisos, alguns loiros, outros morenos ou ruivos. Seus olhos eram claros, iam do azul, verde até o castanho e o mel. Tom de pele branco e delicado e orelhas pontudas. Por um momento fiquei confuso, e notei que eles poderiam estar atacando meu grupo. Olhei para ponte e quando vi, outra legião de Orcs atacava-os. Voltei o olhar para trás.

— Elfos?

— Ao seu auxílio, nobre herói. — respondeu um dos Elfos.

— Obrigado! — assenti com a cabeça e fui correndo até a ponte.

Assim que me levantei algo surgiu abaixo de mim, logo eu estava nas costas de um cão, mas não era um simples cão, era Hus, um dos meus cães infernais que ‘’adotei’’ há alguns anos atrás. Ele e os outros seis cães correram em direção à ponte.

Ao chegar à ponte, os seis cães latiram, morderam, empurraram, saltaram, atacaram com todo prazer qualquer Orc que surgiam a sua frente. Pulei das costas de Hus, o Husky Siberiano e desferi um golpe no Orc que saltou em direção a Elly.

— Rápido! Subam nos cães! — gritei.

Cada semideus — e sátiro — subiu num cão que lhe aguentaria. Olhei para o Sapo que brandia a espada contra os Orcs que sobraram.

— Ei! Vamos?

— Agradeço pelo convite, mas tenho muito que fazer no momento. — disse o Sapo.

— Certo... Ei, sobre aquilo ali... — apontei para a ‘’planta gigante de prata’’.

— Desculpe, não sei lhe dizer o que é... Talvez a diretora de seu acampamento saiba.

Lares deixou escapar uma risada irônica, olhei para ela rapidamente com uma expressão séria.

— E Cody... — o Sapo olhou de lado para mim, seu grande olho azul de sapo brilhava. — Obrigado por confiar em mim. Acreditar que sou capaz.

— Não foi nada. Afinal, todos nós somos capazes do impossível, basta termos confiança em nós mesmos. E, claro, nunca acertaremos de primeira, por isso devemos aprender com nossos erros! Não somos perfeitos, certo?

— Sábias palavras. Você ainda irá me surpreender muito, estou certo disso. — disse o Sapo.

Olhei de volta para a floresta, e os Elfos não se encontravam mais lá. O Sapo saltou da ponte e sem perder tempo dei um tapinha no torso de Hus.

— Vamos lá, amigão! Temos que finalizar essa missão!

Os sete cães correram com toda a velocidade — alguns com semideuses e um sátiro nas costas — em direção ao bosque. Com isso adentramos as sombras e tudo se tornou uma imensa escuridão.


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