Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 14
Ilha de Guardia




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Agora eu estava a bordo do trirreme de guerra, depois de alguns minutos voando com o Pégaso negro, junto com a garota loira. Ao pousar, Carol veio em minha direção com uma expressão furiosa.

— Que tipo de maconha você está usando?! — Carol bradou.

— Juro que não é de morango (existe isso?). — falei.

— Não faça piadinhas agora, caramba! O que você tinha na cabeça?

— Olha, um rato esportista que não era. Mas sim, um cérebro que funciona muito bem, eu não deixaria de forma alguma meus a... Aqueles semideuses para trás.

— Para um filho de Hades você é beeem fiel... E comunicativo também... — Carol fitou-me dos pés a cabeça. — Que seja! Devolva esse Pégaso para os estábulos.

— Qual o nome dele?

— Ele nunca teve um nome.

— O que? Por quê? — falei acariciando o Pégaso.

— Não sei, agora o leve de volta.

E assim eu fiz, segurei nas rédeas do Pégaso e caminhamos até uma rampa que ia direto para os estábulos.

Chegando lá, eu abri a portinhola da cela que ele se alojava. O Pégaso travou as patas no chão, como se dissesse “Por favor, não quero ficar aqui”. Seus grandes olhos castanhos fitaram os meus.

— O que foi amigão?

O Pégaso relinchou.

Eu fechei a portinhola e voltei os olhos para ele.

— Hm... Que tal... Brego? — perguntei fitando-o.

O Pégaso relinchou em desaprovação.

— Ah, qual é! Brego foi destaque da saga “O Senhor dos Anéis”, ele reanima Aragorn, sabia? E ainda o recoloca na história. Brego faz parte da cavalaria de Rohan, reino conhecido por seus guerreiros montados. Você deveria repensar na proposta. — cruzei os braços.

O Pégaso jorrou saliva em minha calça, na parte da canela até os pés.

— Tá de brincadeira? Que tal... Aquilante?

O Pégaso relinchou mais que dá primeira vez.

— Ok! Ok! Até que faz sentido você não ter gostado do nome... Cavalos de comédia italiana não devem ser legais.

Pensei mais um pouco e rapidamente um nome surgiu em minha mente.

— Joey? Joey Dash?

O Pégaso se acalmou. Ficou em silêncio. Aquilo quis dizer que ele gostou do nome?

— Bem... Joey Dash então. — disse o acariciando. — Agora você tem de ficar aqui, ok? Preciso voltar lá para cima.

Dash não relinchou apenas se esfregou em meu braço. Abri a portinhola, Dash entrou calmamente e após isso, fechei a portinhola. Peguei uma caixa de maçãs que se encontrava ali perto e coloquei em seu estábulo com cuidado.

— Boa refeição, amigão! — falei.

Obrigado, amigão! — uma voz respondeu.

— Ah, meu deus! — bradei e sai correndo para as escadas. Foi então que esbarrei e cai junto com alguém.

— Você é mesmo muito desastrado! Argh! — a garota no chão resmungou.

Antes de olhar para ela, eu peguei os óculos que haviam caído do meu lado. Quando virei-me, a garota loira — conselheira de Atena — estava de pé, cara-a-cara comigo, enquanto passava a mão pela sua roupa tirando o pó que a sujara.

— Me desculpe. Aqui seus óculos...

— Obrigada. — ela respondeu. — Afinal, porque esse desespero todo?

Foi então que me lembrei do ocorrido e me desesperei novamente.

— O Dash! O Pégaso! Meu deus! Ele falou comigo! — bradei com uma das mãos coçando a cabeça e a outra gesticulando na direção de Dash.

— Colocou o nome do Pégaso de Dash? — ela questionou.

— Joey Dash. — completei. — Joey, pois é o nome do mesmo cavalo que foi enviado à Primeira Guerra Mundial, pelo exército britânico, onde enfrenta diversos desafios. É de um filme. E Dash por que... Achei legal.

— E ele “falou” com você? — disse ela de braços cruzados e uma expressão irônica.

— Sim e... Está zuando comigo? — falei fitando-a.

— Você me diz que um animal falou e eu que estou te zuando? — ela resmungou.

— Mas é verdade! Ainda vou provar que é verdade.

— Claro... Enfim, acho que não fomos apresentados antes. Sou Beatriz, mas pode me chamar de Bia mesmo ou de Peach. — disse a garota.

— Peach? Prazer Mario. — estendi a mão com um sorriso irônico no rosto.

— Ah, claro. Prazer em conhecê-lo também, Cody.

— Qual é! Assim você estraga toda graça da brincadeira.

— Bobão. Vamos voltar para o convés. — disse Bia por fim.

Chegando ao convés, eu reparei mais em tudo que havia lá. Primeiro olhei a grande bandeira que ficava no mastro. Estava escrito A&S. O que significa aquilo? Não faço ideia.

Adventures & Salvation. É esse o significado. — disse uma voz feminina próxima.

Olhei para frente e uma garota da altura do meu ombro, cabelos e olhos castanhos e uma pele macia — a mesma vestia um peitoral de ferro e jeans claro — se aproximou.

— Reparou na minha...

— Cara de dúvida, sim, percebi. Pode me chamar de Ceci, prazer. — disse a garota.

— Ah, ah, sim. Prazer, Mario... Digo, Cody! Cody! — falei rapidamente.

Sério que eu ainda estava com o trocadilho do Mario na mente?

— E para onde estamos indo, Ceci? — perguntei.

— Hã... Bem...

— Ilha de Guardia — Carol interrompeu.

— O que?! Não! — Bia alterou a voz.

— Não temos opções... Devemos ir para lá ou... Não sei... — o tom de voz de Carol soou desanimado.

— O que tem de mais lá? — perguntei.

— Outros semideuses. — interveio Ceci.

— E o que, que tem? Teremos mais aliados. — eu disse.

— Eles fizeram uma rebelião, Cody... Tudo por causa da pedra de Urano. — disse Carol.

De acordo com a coordenadora do Acampamento Meio-Sangue, após a sua escalação para a equipe do acampamento, a nova “Grande Profecia” foi anunciada. Ela não citou a profecia durante a conversa, mas disse que envolvia a Pedra de Urano, uma pedra de tom roxo-azulado do tamanho da palma da mão. Essa história da pedra gerou uma repercussão muito alta e por causa de uma briga boba sobre quem fosse (ou iria atrás) um dos três semideuses da Grande Profecia, também quem iria atrás da pedra. Tudo isso gerou uma grande briga e divisão de semideuses. Com isso, aproximadamente metade do acampamento foi atrás de resolver essa Grande Profecia que — de acordo com Carol — evitaria uma ameaça jamais ocorrida antes. Antes eles deram sinal de vida depois de alguns meses que foi um aviso de “não cheguem perto da nossa ilha!” mais ou menos isso. As únicas informações que Carol tem são que, eles não conseguiram a pedra, e alguma coisa sobre as sombras de Érebo.

—Ah, legal! Vamos chegar lá e falar o que? “Olá, coleguinhas! Viemos fazer as pazes, querem tortas e biscoitinhos?” Sim, claro, vão amar nosso lanchinho da tarde de domingo. — desabafei.

— Não... Vamos... Hã...

Então tudo virou um caos por dois motivos: 1) Carol não tinha um plano. 2) Fomos atacados.

A frente do trirreme empinou e um estrondo soou. Um dos tripulantes subiu as escadas para o mastro, lá em cima ele tocou uma trombeta enquanto uma bandeira branca escrito “A&S” em preto ia sendo erguida.

Em poucos minutos, o trirreme de guerra aproximou-se de uma ilha, de vista parecia simples, mas cerrei os olhos e comecei a avistar madeiras, muitas madeiras e ferro nas árvores, moldados de diversos modos, como se fosse um “Vilarejo na Floresta”, a vista do trirreme para a ilha é simplesmente linda, me deixou sem palavras. Na areia da praia — próximo do mar — um garoto de pele clara, cabelo de tom loiro escuro e um tom de olhos dourado, tão diferentes e extremamente hipnotizantes, como se fossem atingidos por um raio de sol. Um de seus braços segurava firmemente o arco e o outro puxava uma flecha, pronto para atirar. Vestia uma túnica de ferro negro com as letras na frente em laranja, escrito: “Meios-sangues de Guardia”. Uma calça jeans, vestia uma luva com os dedos de fora na mão direita e quando notei sua mão esquerda era de ferro... Inteira de ferro, como se fosse um braço mecânico, pela distância eu não pude perceber tantos detalhes, mas não era um braço comum. Ao seu lado, um garoto de cabelos negros cumpridos, caído em seus ombros. Seus olhos de um tom negro. Usava uma camiseta branca escrito “Meios-sangues de Guardia” em preto e uma blusa preta com touca por cima. Um jeans escuro e duas espadas, cada bainha de um lado de sua cintura segurando as lâminas. Do outro lado — um pouco mais atrás — do arqueiro, estava uma garota alta, cabelos longos e castanhos escuro e uma banda vermelha segurando-o, olhos castanhos e uma expressão de “vou roubar seu lanche no intervalo!”. Usava uma camiseta branca com as mangas cortadas até o ombro também escrito o slogan da ilha de Guardia e um short jeans escuro acima dos joelhos. Suas mãos seguravam firme o canhão, pronta para disparar contra o trirreme.

— Olha, cara! Ela usa bandana! — disse Thalles que “brotou” do meu lado (fazendo jus aos filhos de Deméter) totalmente encantando. E claro, usando uma bandana azul no pescoço.

— Então... Ela parece ser bem durona... — eu disse.

Thalles ficou em silêncio, apenas com um sorriso bobo de ponta a ponta.

— Martin! Vamos conversar, por favor! — bradou Carol.

Olhei de volta para a ilha e nenhum dos três se quer disse alguma coisa ou se mexeu. Após alguns segundos, o garoto loiro colocou a flecha de volta para sua aljava presa à cintura e o arco preso num apoio para arco — como se fosse uma faixa de couro em volta de seu peitoral — em suas costas. Em seguida, cerrou o punho mecânico e o abaixou em direção a areia, emitindo uma energia da palma de sua mão mecânica ao abrir a mesma, tão forte que o impulsionou para os ares fazendo com que o garoto voasse até o trirreme. Foi o que aconteceu. O garoto loiro pousou em meio ao trirreme de guerra.

— Acho que já conversamos o suficiente, Carol. — disse Martin. — Vou ter que tirá-los de perto dessa ilha à força?

— Ei, cara. Será que podemos resolver isso tranquilamente? — falei me aproximando.

— E você é? — perguntou Martin.

— Cody...

— Que cheiro de... Maré doce. — interveio Martin.

— Deve ser esse mar. — falei.

— Não... Esse é de água salgada...

O que seria cheiro de água... Ou maré doce, eu não sabia adivinhar, a questão é que algo dentro de mim me incomodava... Um embrulho no estômago, enjoo talvez... Mas sentia um frio me percorrer por dentro. Não é possível que eu tenha enjoo de barcos e etc.

— Martin! — uma voz reconhecível sibilou a alguns centímetros próximo a mim. Virei-me para confirmar quem era, e vi Lyu em pé no terceiro degrau que daria para os fundos do navio, semelhante ao local do volante do trirreme.

— Quanto tempo, Lucas. — disse Martin seriamente.

— Temos uma coisa ainda não resolvida. — disse Lyu caminhando em nossa direção.

— Sério que ainda insiste nisso? Esqueça, o artefato de Ananke é justamente propriedade minha.

— Você não entende o grau da situação, Martin.

— Tudo está ocorrendo rápido demais, Martin. — interveio Carol. — Toda Grande Profecia está se encaixando rápido demais. E se esse for o início do Fim dos Tempos?

...

Um silêncio tomou conta de todos. Aparentemente Martin sabia exatamente do que se tratava o assunto.

— Nada acontecerá se cada um continuar quieto no seu canto. Então voltem de onde vieram. — disse Martin friamente.

— Cara! Você não entende! Nós fomos atacados pra valer. — eu intervi.

— Martin, você é perito quando o assunto se trata de Mitologia, sabe muito bem quem é Ortros, sabe muito bem que ele NÃO é capaz de retornar a terra. — disse Jimmy que surgiu ao meu lado.

— Sim, claro, pois ele é uma estrela agora. — disse Martin.

— Então, como me explica ele ter caído vivo igual a um meteoro em nosso acampamento, hein? — completou Jimmy.

Logo a expressão séria de Martin se fora, ele agora aparentava estar surpreso, até mesmo espantado.

— Não faz sentido... — disse Martin de olhos arregalados. — Saiam daqui! Vocês vão atrair esses monstros malucos para nossa ilha e não quero que nossa tranquilidade vá embora. Saiam! — Martin bradou.

— Droga, Martin. Abra essa mente, cara! — Lyu bradou de volta.

— Bem, se eles não querem sair numa boa, vamos tirá-los à força. — uma voz masculina soou, todos viraram para trás e, num canto bem sombreado — próximo da porta para os andares de baixo —, o garoto de cabelos negros estava encostado de braços cruzados nos encarando, seus olhos de um profundo escuro me fitava.

— Tem razão, Vini. Chega de papo! — Martin estendeu o braço mecânico com a palma aberta em nossa direção e, nos tubos de ensaio que se via abaixo de alguns cantos do metal, uma luz como um raio de sol, brilhou. Uma energia poderosa atingiu Carol e Lyu, lançando-os para trás. Jimmy puxou uma flauta e Bia sacou uma adaga, ambos em posição de ataque.

— Ótimo, hora da briga. — desabafei.


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