Surge um escolhido. escrita por Codyzitos


Capítulo 11
Presencio duas perdas.




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Meu coração estava acelerado. A pessoa que eu menos queria ver estava ali, frente-a-frente, fitando-me. Tudo começou a indicar que Lares queria mesmo me proteger... Mas o passado ainda bagunçava minha mente.

— Cody, eu quero que me escute, por favor. — implorou Lares.

— Pra que? Eu já entendi que você abandonou mamãe e eu, deixa pra lá.

— Foi preciso! Papai disse que se eu fosse com ele poderia proteger vocês dois.

— Daí você nunca mais voltou...

— Desculpa irmão... Ele não permitiu... Eu fui enganada, mas... Ele prometeu o que me dissera, e estou mais forte agora.

— Mas... Mas... Argh! — eu gaguejava.

Não conseguia compreender o porquê de Hades ter feito isso. Ele levara Lares com ele para que a mesma se tornasse forte, para que protegesse May e eu... Mas Lares não pode retornar... De que adiantou?!

— Lares... Por quê? Eu estou tão confuso e... — falei.

— Irmão... Vamos voltar, está bem? Encontramos o filho de Zeus, agora é só voltar, ok?

— Só... Voltar... Só? — eu estava perdido em meus pensamentos agora.

— Cody, amigão... Melhor nos apressarmos, lembra o que acontece quando há muitos semideuses reunidos? Então... — disse Jimmy.

Tarde demais. Num salto, um cão gigante pousou no terraço onde estávamos postando-se em posição de ataque em nosso meio. O cão tinha feições furiosas e em suas costas havia um homem de terno e gravata, cabelo grisalho, usava óculos escuros. Parecia um segurança de shopping se não fosse por sua mão direita que era deformada, parecia que tinha sido queimada, e seus dedos pareciam lâminas... Ou unhas gigantes num formato de faca de cozinha.

— Sou Caesar! Enviado pelo meu mestre para lhe matar! — ele disse rapidamente, como se a apresentação dele não importasse, e pulou com sua garra em posição de ataque em minha direção.

Esquivei-me para o lado colocando Seismós — minha espada mágica — em minha frente, pois Caesar pareceu prever meu movimento de esquiva direcionando um ataque num semicírculo, foi onde travou garra com lâmina.

— Qual o propósito de me matar?! — falei enquanto forçava minha lâmina contra sua garra.

— Sério isso? Porque você é uma peça perfeita do quebra-cabeça, sem você nossos planos com certeza darão certo! — disse Caesar.

— Peça perfeita? Planos? Qual é! E que voz de vilão de desenho animado, cara!

— A voz pode parecer desses vilões de meia tigela, mas não tenho cérebro de minhoca igual o deles para ficar contando o plano de besteira.

— Ah... Parece que vou ter que tentar o plano B, então — falei.

— Qual? — perguntou Caesar curioso.

— Esse! — deslizei minha lâmina pela garra de Caesar conseguindo me livrar daquele confronto e desferir um golpe de raspão em sua perna.

— Maldito! — berrou Caesar.

Quando notei, Katai, Samuel, Jéssica, Jimmy, Elly e Lares batalhavam contra a grande besta, o cão com olhos vermelhos e dentes grandes como os de um tigre dente-de-sabre. O animal era veloz e habilidoso e impedia os semideuses e o sátiro de passarem, portanto eu teria de enfrentar Caesar sozinho. Eu tinha minhas dúvidas como: será que estou fazendo certo em lutar com Seismós? Não seria melhor eu utilizar meus poderes? Mas eu optava sempre em Seismós agora, afinal foi um presente de Poseidon para mim, mas porque me presenteara? Questões e mais questões latejando em minha mente. Agora não era hora de pensar muito, eu deveria focar no objetivo de derrotar Caesar, estávamos num mano-a-mano, espada contra garra. Encarávamos-nos tentando prever o movimento um do outro e esperando para ver quem atacaria primeiro, mas nada. Mesmo com os sons de batalha vindo da direção onde estavam os outros semideuses, eu me esforçava para não olhar ‘’Katai é filho de Zeus, o mais poderoso dali. Confio nele para derrotar a besta’’ pensei, mas em seguida outra questão me veio à mente ‘’droga! Esqueci que ele havia utilizado muito seu poder... E está desarmado’’ um suor escorreu pelo meu rosto.

— E então? Vamos ficar dançando aqui ou o que? — perguntou Caesar impaciente.

— Ué, se não está de seu agrado porque não ataca primeiro, mariquinha? — provoquei.

Caesar bufou e hesitou em atacar, ele fitava minha lâmina enquanto um brilho azul do tridente moldado na mesma voltava a brilhar, ‘’o que significa isso?’’ me questionei.

— Afinal, para que quer apenas me matar? Não quer fazer um interrogatório ou algo assim? — falei tentando distraí-lo enquanto me aproximava.

— Não. Absolutamente, não.

— Só ‘’não’’? Não vai ter nenhum discurso de ‘’eu sou o vilão com pura maldade! Assusto criancinhas com minha cara feia’’?

— Pare de zombar de mim, garoto... — disse Caesar fitando-me.

— E qual é a da garra? Cirurgia com Dr. Rey? — provoquei novamente.

— Agora passou dos limites! — disse Caesar avançando.

Caesar saltou e desferiu um golpe em minha direção, rapidamente pulei para trás no momento exato que a garra de Caesar impactou contra o chão, mas ele foi esperto e arrancou um bloco de cimento atirando-o em minha direção, desferi um golpe no bloco a tempo, desequilibrei com o impacto e cai. Caesar surgiu acima de mim num salto com sua garra em minha direção, desferiu outro golpe, mas eu havia rolado para o lado esquerdo e desferindo um golpe com Seismós em sua garra, ele se jogou para o lado direito e meu ataque passou zunindo. Levantei-me rapidamente e posicionei minha espada em defesa no momento exato que Caesar desferiu um golpe contra o meu peito, com isso repeli sua garra para o lado, tentei acertar o seu peito, mas Caesar se jogou para trás dando uma cambalhota.

Quando Caesar se pôs de pé eu joguei minha espada apontada em sua direção, ele a repeliu com a garra, mas agora que eu estava desarmado tentei formar chamas negras ao seu redor, por algum motivo eu não consegui convocá-las com facilidade, precisei me esforçar muito mesmo e tudo que consegui foram chamas negras que circulou Caesar até a altura do peito, mas mesmo assim eu já estava ficando esgotado.

— Hm, parece que essas chamas o cansaram muito... Não vai durar muito tempo, no máximo o que? Cinco minutos? — disse Caesar com um sorriso largo no rosto.

‘’Ele tem razão’’ pensei. Não aguentava manipular aquilo, não estava com a mesma facilidade que manipulei no caça a bandeira, suor começou a escorrer, mas eu não podia parar agora, meus braços já estavam doendo, eu teria de cessar...

No momento exato desabei de joelhos ao chão — cessando minhas chamas negras —, Caesar veio caminhando calmamente enquanto gargalhava, como se já estivesse cantando vitória. Olhei rapidamente para a direção onde outra batalha era travada, contra o cão besta, os outros semideuses lutavam bravamente, tentando me alcançar. Por sorte Samuel e Jéssica haviam passado, eles andavam pelo canto do terraço, quando os observei eles fizeram sinal de ‘’silêncio’’ com o dedo indicador em frente aos lábios. Eu entendi a situação e tentei ganhar tempo com Caesar.

— Acho melhor ficar parado ai. — falei ofegante.

— Quer que eu ria mais do que já me fez rir? Francamente...

— Quer que eu te faça rir então?

— Mais do que já estou? Vendo essa sua cara de derrotado — gargalhou Caesar.

— Escuta só... Você sabe por que as estrelas não fazem ‘’miau’’?

— M-mas o que? — Caesar franziu as sobrancelhas, parecia que o homem tinha um ponto de interrogação enorme no rosto — que tipo de per... Hã... Não sei, por quê?

— Porque astronomia! — falei rindo baixo.

— Só pode ser brincadeira! — Caesar ergueu sua garra, pronto para me matar — agora adeus.

Com esforço e rapidamente eu empurrei Caesar, o mesmo trombou em Samuel que estava abaixado atrás dele — como se fosse aquela brincadeira de escola que um garoto fica abaixado atrás de alguém e o outro empurra, sabe? Foi o que aconteceu com Caesar —, quando o homem caiu, Jéssica ergueu uma faca pronta para desferir um golpe crítico em Caesar, mas ele foi rápido e deu um corte violento em sua perna direita, Jéssica foi ao chão gritando de dor. Enquanto isso acontecia eu havia retirado Seismós — que reaparecera em meu bolso — cliquei e a ergui para matar Caesar, mas ele chutou diretamente em meu estômago, desequilibrei para trás.

— Jéssica! — Samuel gritou desesperado. — Não!

Caesar deu um soco com sua mão boa no estômago de Samuel, o garoto gemeu de dor e então foi erguido pelo pescoço.

— Não me importo de matar um a mais! — Caesar gargalhou.

Peguei Seismós, mirei e a joguei em direção da perna esquerda de Caesar, para minha sorte a lâmina acertou e atravessou sua coxa, o homem berrou de dor e, furioso, atravessou o estômago de Samuel com sua garra e o jogou em cima de Jéssica.

— Não! Seu miserável! — gritei.

— Eu voltarei, Okumura. Dá próxima vez sua vida não escapara de minha garra — disse Caesar grunhindo de dor, então se jogou do terraço.

Agora eu já estava sem forças, Seismós já havia reaparecido em meu bolso, mas eu tinha dificuldade para manejá-la. Samuel e Jéssica — amigos de Katai — estavam mortos próximos de mim. Comecei a me desesperar. Katai, Jimmy, Elly e Lares travavam uma batalha contra o cão de olhos vermelhos e dentes enormes. Eu estava começando a me irritar, eu queria muito chegar perto daquela besta e cravar minha lâmina nela, mas eu tinha dificuldade até em caminhar.

A luta parecia estar perdida mesmo com um inimigo a menos. Um sapo de roupas, cachecol e peitoral medieval surgiu de um gêiser d’água na lateral do colégio — notei que era o mesmo sapo que me ajudara num combate —, ele pousou nas costas do cão besta, o mesmo parecia um touro furioso, tentava arrancar o Sapo dali. O Sapo desferia golpes ligeiros em suas costas, enquanto os semideuses tentavam acertar as patas do cão, mas ele era rápido e rodava tentando acertar sua cauda em alguém. O cão besta girou furioso e conseguiu arrancar o Sapo de suas costas, virou-se e rugiu poderosamente. O Sapo fez um movimento com as mãos em direção ao cão, eis que uma bolha gigante surgiu do tamanho da face do animal, assim que o Sapo fechou as mãos a bolha estourou dando um impulso jogando o cão para trás enquanto suas unhas raspavam ao chão. O Sapo correu e deslizou por baixo do cão e desferiu um golpe violento no peito do animal com sua espada medieval, o cão explodiu em poeira.

— Você... Salvou-nos... — falei olhando perplexo.

— Não... Foi apenas um auxílio nobre de minha parte — disse o Sapo.

— Você... Hã... Tem alguma ligação com... Poseidon? — falei esperançoso.

— Sinceramente, fui enviado por ele para que—.

O Sapo foi interrompido quando Katai gritou e um trovão retumbou no céu enquanto ele corria em direção a seus amigos mortos...

— Katai... Eles morreram como verdadeiros heróis... Sacrificaram suas vidas para derrotar alguém poderoso... Mesmo não os conhecendo, tenho orgulho deles... — falei sentindo o mesmo aperto no coração que Katai provavelmente sentia.

— Jéssica, Samuel... — ouvi Katai dizer, ajoelhado próximo deles — sem vocês eu não seria forte... Desculpem-me por não ter ajudado! Vocês eram... — Katai tentava segurar o choro — Minha família!


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