Assim que terminei as tarefas capotei, dormi que nem pedra, apaguei e não vi mais nada, nem sonho não tive e me senti aliviada não queria ter sonhos com meu pai.

Acordei com a cara enfiada num livro de física, levantei e fui pro meu banheiro. Tomei uma chuveirada e vesti minha roupa. Desci e encontrei minha mãe fazendo café, sorrindo tanto que parecia que ia fazer comercial da Colgate.

–Bom dia meu amor! Fiz panquecas com calda de morango sua preferida! – ela veio trazendo um prato com um monte das minhas panquecas favoritas.

–Caraca mãe – falei já colocando um monte no prato – isso tá perfeito - falei com a boca cheia.

–Poxa vida, a gente ganhou na loteria ou coisa parecida? – chegou Nathan entrosando na conversa.

–Aproveitei a folga na loja e vim fazer o café pra vocês – ela se serviu com as panquecas.

–Eba! Preciso mesmo de comida reforçada hoje, vou começar na oficina com o Hank depois do almoço. –ele me deu uma piscadela.

–Espera aí, quem vai me trazer de volta? – disse

–Foi mal, mas não vai ser eu. Não posso chegar atrasado – ele falou.

–Tá, vou ver se consigo carona com alguém. –eu disse e peguei minha mochila indo em direção á porta.

Saindo de casa, vi um New Beetle vermelho e sem capota na frente da casa do Luke devia ser da vadiazinha da Ashley, namorada dele, aquela menina me atormenta desde o primário, enchendo minha mochila de creme de barbear, roubando meu lanche, roubando minha roupa depois da educação física. Eu não aguento nem olhar na cara dela, e eu vejo ela e o Luke se pegarem na porta de casa, assim dá pra distinguir que tipo de pessoa ele se tornou.

Passei pelo caminho na lateral da casa que dá para o portão sem nem olhar para o lado que eu garanto se visse a cena vomitaria ali mesmo, abri o enorme portão e decidi ir andando para a escola eu precisava clarear meus pensamentos.

Por sorte eu tinha colocado meu All Star e ele era confortável, eu ainda via flashes do sonho de ontem, não sei oque significa mas tinha alguma coisa importante nele, quem será que era a pessoa que o estava perseguindo? Será que aquela pessoa matou meu pai?

Já tinha andando a metade do caminho para a escola, quando ouvi uma buzina de carro.

–Ei, porque não me esperou? – disse meu irmão encostando o carro no meio fio.

–Eu precisava pensar – respondi

–Entra aí, te levo o resto do caminho - ele já foi abrindo a porta.

–Não precisa Nath, não quero te atrapalhar, eu sei que você tem planos e que preferia estar levando a Suzannah para a escola do que sua irmã caçula chata pro colégio. – eu disse.

–Ei Ei, do que você tá falando Hanna?! Você sabe que eu não me importo de levar você, eu sou o homem da casa lembra? – ele disse com um ar sonhador – eu não me importaria de levar a Suzannah também, mas você é minha mana! Entra aí se não vou te levar á força. – ele riu.

–Tá, mas isso me ajudou a tomar uma decisão, você vai me ensinar a dirigir querendo ou não. – eu disse indo em direção ao carro. Quando ia dar a volta vejo Luke passar no carro da Ashley, antes de eu formar uma expressão fui atingida por um copo de suco diet, reprimi um grito.

–Que MERDA é essa? – enxuguei os olhos e consegui enxergar Ashley rindo da minha cara e limpando as mãos. Aquela garota vai ter o que merece hoje, á se vai. Entrei dentro do carro furiosa.

–Que bosta...-Nathan não terminou a frase

–Ashley – respondi completando seu pensamento.

–Aquela garota é ridícula, mas espera aí... O Luke estava com ela? Hanna você quer me dizer alguma coisa? –ele arqueou as sobrancelhas.

–NÃO! O Luke é um imbecil por andar com aquela garota, mas hoje ela vai ver! Acelera logo essa droga de carro!- disse nervosa, e limpando com a blusa de frio minha roupa, ou seja, ia ter que ficar de regata o dia todo, mas o problema era que essa minha regata tem umas partes rasgadas nas costas e um decote na frente, mas se for pra encarar a Ashley é melhor que nada me impeça.

Desci do carro ás pressas, batendo o pé no chão, varri o corredor central á procura de Ashley, mas não achei. Virei para o segundo corredor e á vi lá do fundo se esfregando com Luke. (eles não cansam não?!). O corredor estava lotado de gente, seria impossível chegar antes do sinal, mas tentei mesmo assim, saí pedindo licença e dando algumas cotoveladas quando estava na metade do caminho o sinal tocou, não posso me atrasar para a aula do sr. Claffin , eu sou inteligente mas meus atrasos ano passado me fizeram passar vários sufocos.

Fui em direção á sala, jurei pelo Rio Estige que no intervalo resolveria minhas contas com Ashley. Cheguei segundos antes do sr. Claffin entrar com um sorriso brilhante no rosto.

–Bom dia sementinhas! – ele criou esse apelido desde o dia em que fizemos um trabalho de ciências que tinha como função observar as fases de crescimento de uma planta, nossa turma se atrapalhou e ferrou com todo o trabalho espalhando sementes pela escola inteira - Como eu disse hoje vocês vão escolher seus pares para as aulas de física, não vão poder mudar então escolham bem Ok! Vocês têm 10 minutos, a partir de agora!

Assim que ele disse ouvi cadeiras se arrastando murmúrios e conversas até que alguém jogou os livros do meu ladeou levei um susto.

–Mas que...-não terminei pois vi Thomas recostado na mesa com um sorriso largo.

–Olá! Posso me juntar a você? – ele perguntou fazendo uma reverência.

–Mas é claro! – lancei meu melhor sorriso.

–E aí conseguiu fazer tarefas e dormir? Falar nisso você está com um cheiro bom– ele arqueou as sobrancelhas.

–Consegui sim, e aí tudo certo para hoje á noite? Ah e o cheiro é obra da Ashley, suco diet. – eu perguntei.

–Tudo certo! Suco diet? Nada mal! Acho que vai ser legal ter aulas de física com você, pela primeira vez parece que física vai ser minha matéria favorita – ele sorriu.

–Sério? É o sr. Claffin faz isso com as pessoas –disse .

–Acho que não me referi ao sr. Claffin! – ele fez um beicinho.

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–Se você está dizendo! – eu ri.

–Muito bem, duplas formadas, vamos nos direcionar ao laboratório, assim que entrarem na sala, por favor, coloquem os materiais de segurança, eu não tolero bagunça na minha aula quem persistir vai ficar sem o laboratório até o segundo semestre e vai ter uma provinha especial. –ele apontou para a porta.

O nosso laboratório era pequeno mais tinha tudo o que era preciso e mais um pouco. Thomas ficou fofo de uniforme e avental.

–Você ficou sexy com essa roupa. – ele disse

–Eu fico sexy com ou sem ela – depois que disse percebi o duplo sentido na frase, ele riu.

–Tenho certeza disso – ele lançou uma voz sedutora.

–Não foi isso que eu quis dizer... Eu quis dizer que... Ah deixa quieto! –desisti da explicação.

Nossa aula foi perfeita, sr. Claffin ficou incrível de avental, tirando os pensamentos pervertidos, dividir a aula com o Thomas foi bom, ele me faz rir, e nosso encontro pra hoje estava mais que marcado. No lugar de matemática hoje eu tenho educação física, o que melhora bastante, eu adoro voleibol, mas é só isso. Em matéria de se exercitar não sou muito fã.

Depois de suar que nem uma porca, as aulas que antecedem o intervalo passaram voando, parece que até o tempo estavam conspirando ao meu favor. Assim que o sinal bateu arrumei minhas coisas ás pressas e segui para a cantina. Corri todo o refeitório com os olhos á procura da Ashey, vi ela sentada na mesa de Luke e com o time todo, consequentemente o Nathan estava lá com ou sem meu irmão eu tinha de fazer isso.

Cheguei á mesa deles e chamei-a e ao mesmo tempo lancei um olhar para Nathan ‘’Não se mete nisso’’.

–O que é garota? Não me toque! Qual é você tá ressentida por que joguei meu suco em você? Lixo no lixo querida! – ela disse, me olhando com cara de nojo. Aquilo foi à gota d’gua fechei meu punho e acertei com toda força que tinha do queixo dela.

–Sua... Como você pôde? – ela gritou.

Antes que ela dissesse mais alguma coisa voei pra cima dela, ela tentava puxar meu cabelo, mas tinha me prevenido e amarrado antes. Acertei outro punho fechado só que dessa vez foi no olho, minha mão já estava latejando, mas sabia que não ia ter outra oportunidade, descontei todos os anos e cada coisa que ela fez comigo desde o primário.

Depois de acertar uma série de socos em tudo quanto é lugar dela senti braços fortes me puxando para traz.

–Me larga! Essa vadia vai ter tudo o que merece! – eu gritei tentando me livrar braços.

–Não Hanna, você está machucada – era a voz do Luke.

–Me larga seu falso, imbecil! – gritei me debatendo

–Solta ela cara! –vi Thomas pelo canto dos olhos.

–E quem é você? – Luke perguntou.

–Não é da sua conta! – Thomas respondeu

–Vá se ferrar seu cabeludo de merda! – Luke gritou. Ouvi um barulho de cartilagem se abrindo e os braços de Luke me soltaram. Virei á tempo de o ver caindo no chão e Thomas segurando a mão que sangrava.

–Cala a boca loirinho metido á besta! Vamos sair daqui Hanna! – ele segurou minha mão que também sangrava por conta da briga com Ashley. Me segurei no braço dele, e antes de sair do refeitório olhe pra trás e vi a boca do Luke inchada e sangrando tanto ele quanto Ashley virei e saí satisfeita.

Na enfermaria, a minha mão e a de Thomas foram enfaixadas, pelo rádio a diretora anunciou que todos os envolvidos eram pra estar na diretoria depois de serem devidamente cuidados.

–Pelo menos a gente está combinando agora – Thomas disse e riu – Acho que você fez um belo estrago naquela garota.

–Você também não fez diferente com Luke.

–Ei, qual é a sua com ele? Ele já foi seu namorado? –ele perguntou.

–O que? Não... Meu deus nunca! Acontece que ele era meu vizinho e agora eu e minha família estamos praticamente morando com eles então... Ele enche meu saco! – tentei simplificar a situação.

–Ah tá entendi! - ele falou.

–Thomas Montgomery e Hanna Troian?! – a diretora abriu a porta.

–Sim! – respondemos em uníssono.

–Entrem, por favor. – a diretora falou.

Depois de levar bronca e a diretora nos comunicar que qualquer outra confusão que tivesse teríamos que ficar em detenção. Na verdade eu e o Thomas só nos livramos da detenção porque eu sou boa aluna e ele é novato.

Voltei para a sala, algumas pessoas olhavam e cochichavam, passei o resto das aulas concentrada no máximo, não podia me dar ao luxo de ir pra detenção por pouca coisa. O sinal da ultima aula tocou e guardei os livros pacientemente sabendo que iria ter que voltar a pé.

Caminhei pacientemente da escola pra casa, repassando o dia na minha cabeça, minha mãe não pode nem sonhar na encrenca que aprontei, ela ia achar que a morte do meu pai está me afetando bruscamente, ia largar o emprego pra cuidar da casa e íamos cada vez mais para o fundo do poço.

Cheguei em casa 40 minutos depois, a casa estava vazia, peguei um saco de batatinhas e subi para o quarto. Fiz a metade das tarefas quando as mensagens começaram a chegar.

‘’Que história é essa Hanna? Você brigou com a Ashley? Eu daria meu pé para ver? Bjos Jenn’’

‘’O gato do Thomas bateu no Luke por você? Hmm! Me conta mais ! bjos David’’

‘’AMIGA! Você vai me contar letra por letra do que houve hoje é uma ordem! Shay’’

Eu respondi para todos que contava mais amanha, depois de terminar os deveres fui ver tv mudei de canal uns 50 minutos e resolvi terminar de ler meu livro. Nem vi o tempo passar, e ouvi minha mãe chegar.

–Cheguei! O que acham de pedir pizza pro jantar? Você escolhe meu bem! – ela veio me dar um abraço.

–Vou sair com um amigo meu hoje mãe! – eu fiquei vermelha.

–Hmm sério filha quem é? É da escola me conta mais – ela disse puxando assunto.

– O nome dele é Thomas! E é só isso que eu vou contar hoje ok! – eu disse ponto um ponto final na conversa.

–Ok, mas depois quero saber mais sobre quem é esse garoto! – ela me deu um beijo e saiu.

Depois de passar um tempo em frente ao armário escolhi a roupa perfeita.

Me vesti e quando o relógio marcou 6:58 Thomas me liga

–Pronta Anjo? –ouvi um sorriso do outro lado da linha.

–Pronta.