POV LUKE

Acho que atravessar a rua seria pior do que pedir desculpas, reuni toda coragem que tinha e atravessei, ver o rosto dela com raiva e com lágrimas nos cantos dos olhos foi horrível, ela estava com cara de que queria suas mãos e meu pescoço, e lentamente me matar. Eu atravessei a rua quando cheguei perto da calçada ergui as mãos para cima como um gesto de rendição.

–Hanna olha só eu... –Eu não terminei a frase, pois ela encaixou uma de direita na minha boca, doeu pra caramba, não onde diabos ela aprendeu a socar, Ah deve ter sido com o irmão mais velho dela, sim ter um irmão mais velho tem suas vantagens.

–Que Droga Hanna! Eu se que você está chateada, mas preciso que me escute! – disse e a encarei.

–E eu preciso que você suma Ok! Vai embora! Quem sabe se você ficar posso ter a chance de fazer um estrago na sua cara! – disse ela fechando os punhos.

–É sério Hanna! Por favor, me deixe falar, eu prometo que se depois que eu pedir desculpas, você ainda me quiser fora daqui eu vou Ok! Pelo bem da nossa família a gente não pode ficar assim, vocês vão se mudar lá pra casa semana que vem e a convivência não iria ficar agradável com um clima tenso desses, pode ser?!- arqueei as sobrancelhas.

–Você tem 10 minutos – disse ela e franziu o cenho.

–Ok, primeiro eu queria pedir desculpas por ter falado aquilo, eu não tinha direito eu sei, mas você me deixa nervoso Hanna. – eu disse aquilo e ela me olhou um tanto surpresa, mas pude perceber rancor em seus olhos de uma coisa muito mais antiga que isso, eu a entendia. E estava pronto para soltar aquilo de dentro do meu peito havia tempos, então percebi que esta era a hora certa – Eu queria pedir desculpas por me afastar de você, mas a gente não podia continuar juntos, eu sei que pra você isso pode parecer estranho...

–Muito estranho Luke, não se abandona os amigos, não sei se te disseram isso, mas é isso que dizem. – ela estava muito magoada, de repente me senti culpado por muita coisa que acontecera a sua vida.

–Eu sei que pode parecer estranho – disse tentando retornar de onde parei – mas a gente não podia mais ser amigos Hanna, é complicado de explicar.

FLASHBACK ON

–Hanna! Eu gosto de você! – eu estava de frente ao espelho á uns 20 minutos, tentando arrumar uma forma de dizer isso á ela e não parecer um psicopata – Hanna eu estou afim de você! DROGA! Ainda estou parecendo um psicopata – disse para o espelho.

Eu estava tentando dizer á ela desde o ''incidente’’ no parque aquático, quando ela me deu um beijo na bochecha e acho que isso despertou alguma coisa em mim, eu estava com medo de que ela me rejeitasse ambos ainda éramos do nono ano e no próximo ano entraríamos no ensino médio, ou seja, as coisas mudariam completamente, eu queria impressionar meu pai entrando para o time de futebol da escola.

Minha cabeça estava completamente confusa, é como uma pessoa perdida que encontra dois caminhos o da direita e o da esquerda, sendo que sua escolha pode mudar sua vida. Sim, eu estava encurralado, decidi que minha vida não ia mudar enquanto não saísse dali.

Fui para o quarto e me arrumei decidido á contar oque fosse necessário para a Hanna, desci as escadas confiante, vi a babá cuidando da minha irmã pequena dei apenas um tchauzinho para avisar que estava saindo.

Atravessei a rua confiante, subi os degraus da varanda e bati na porta, Nathan abriu para mim ela era um ano mais velho e tínhamos a mesma altura.

–E aí cara?! – disse ele.

–E ai beleza? A Hanna tá em casa? – minhas mãos já estavam suando.

–Tá sim, ela tá lá em cima, a Jenn também está aí, pode ir lá – ele disse. Nossas famílias eram amigas há anos então não tinha nenhum tipo de desconfiança de que alguma coisa pudesse acontecer se e fosse ao quarto dela, eu já havia ido lá muitas vezes.

Entrei e vi o Sr. Troian sentado em uma poltrona lendo um livro grande.

–Como vai pequeno Luke?! – ele tirou os olhos do livro.

–Bem Sr. Troian! Ah meu pai falou para o senhor passar lá em casa depois, parece que ele arrumou uma mesa de sinuca nova e queria inaugurá-la logo. – disse, eu já estava apreensivo, se eu não chegasse logo lá em cima era possível que eu derretesse.

–Está certo, apareço mais tarde – disse ele e voltou a sua leitura.

Eu subi as escadas de dois em dois degraus, quanto mais chegava perto do quarto dela mais ficava apreensivo, ia batendo na porta eu ouvi as duas conversarem, não sou de bisbilhotar mas ouvi meu nome então só escutei.

–Mas e Luke?! – era a voz da Jenn.

–Ãhn?! O que é que tem ele?!- ouvi Hanna falar.

–Qual é amiga, vocês são amigos desde sempre, e se rolar um sentimento á mais? – ela disse e eu gelei.

–OQUE?! – pude ouvir o espanto na voz de Hanna.

–Eu sei que ele gosta de você, dá pra ver na cara dele! – ouvi uma risada alta do outro lado da porta. Será que era tão na cara assim?!

–Não mesmo Jenn! A gente é só amigo mesmo – pude perceber vergonha em sua voz .

–Hm, acho bom mesmo! Ele não é suficiente pra você! Você merece coisa melhor Hanna!- quando ela disse aquilo, as palavras ficaram ressoando na minha cabeça ''só amigo mesmo’’, ''ele não é suficiente’’, ’’você merece coisa melhor’’. Minha cabeça girava, dei meia volta e desci as escadas um tanto aturdido, acho que Nathan me viu.

–O que foi Luke?! Tá parecendo que viu um fantasma! – ele disse

–Ah, não eu to legal, só me esqueci de... fazer... alguma coisa! Tenho que ir! Até depois! – saí apressado e fechei a porta.

Não conseguia me livrar das palavras ''só amigo mesmo’’, ''ele não é suficiente’’, ’’você merece coisa melhor’’.

FLASHBACK OFF

–Por que você não pode me contar Luke?! – ela me encarava.

–Por que Hanna? Você nunca percebeu não é?! – disse enquanto fitava meus sapatos.

–Percebeu o quê? – ela parecia apreensiva.

''Hanna eu gostava de você! Eu decidi me afastar porque não era o suficiente, era só seu amigo! Não queria isso pra mim! Eu ainda tinha um vida pela frente!'' era isso que eu queria dizer, mas não queria ser chutado.

–Luke, pelo amor de deus, o que é que você está falando?! – havia alguma coisa na sua voz, ansiedade?

Não consegui descobrir o que ela ia dizer, pois no momento seguinte á beijei um beijo intenso, mas suave, ela não protestou, aquilo ia me dando formigamentos, meu corpo subiu á uma temperatura elevada, quando de repente ela me empurrou.

–Que DIABOS você está fazendo?! – ela gritou.

–Tirando um peso das minhas costas! – dei um sorriso tentando disfarçar o que senti.

–Você é um canalha! – ela me deu um soco na barriga. Não doeu tanto, mas aproveitei a oportunidade para agarrar seu braço. – Me solta Luke!

–Olha Hanna, desculpa por isso OK! Na verdade estava com vontade de fazer isso á muito tempo, mas a gente não pode ficar brigando, você vai morar lá em casa, e semana que vem às aulas começam – tentei aliviar a barra. ''O Velho Luke está de volta’’ pensei.

–Tá legal Luke! Mas estou fazendo isso por minha mãe, não quero que ela pense que eu já estou arrumando encrenca, ainda mais depois de tudo que aconteceu. Isso que aconteceu nunca pode sair daqui. E se sair acabo com sua raça!

–Ok! Também não faço questão! Estamos desculpados?! – perguntei fazendo uma cara sarcástica.

–Tanto faz – ela se virou e saiu. Me virei e fui para casa com um sorriso de orelha á orelha.

POV HANNA

Eu ainda não acredito eu ele me beijou, um misto de sentimentos me invadiu como uma onda, fiquei tão surpresa e extasiada que por um momento não pude reagir, a temperatura subiu, mas depois percebi o que realmente estava fazendo e me afastei rapidamente. Luke era meu amigo, não...não podíamos fazer isso! Ou podíamos?

Ele meio que propôs que nos desculpássemos, eu aceitei, minha mãe não estava em sua melhor fase odiaria ter que vê-la mais preocupada que o necessário, além disso, as aulas começariam semana que vem.

O resto da semana passou voando, a Sra. Campbell passou umas tardes lá em casa ajudando no empacotamento da mudança, quando a casa já estava toda empacotada vi Luke pela primeira vez depois do acontecido, entrando e saindo com Nathan pra carregar as caixas. Assim que ele entrou pela porta ele me deu um sorriso sarcástico e saiu, eu senti um arrepio na espinha, mas dispensei aquele sentimento.

As aulas começaram na segunda-feira, acordei cedo tomei um banho, e me arrumei, eu sempre estudei bastante, ou seja, nada de popularidade, mas não significa que não tenha amigos. Peguei carona com o Nath e assim que cheguei vi meus amigos correndo em minha direção.

–Ah meu deus que saudades! – gritou Jenn com David e Shay vindo atrás e me recebendo com um grande abraço de urso.

–Cara como vocês fizeram falta, agora me soltem, estão bagunçando meu cabelo- disse David se soltando.

David assumiu sua homossexualidade no último ano, fora bem descriminado por isso, mas como ele não se importa, não fez muita diferença. Rimos todas dele arrumando o cabelo.

O sinal tocou e fomos cada um para sua aula, olhei minha tabela e vi que era de física, minha matéria favorita. Entrei na sala e vi rostos que já conhecia dos anos anteriores, cumprimentei alguns e sorri para outros, escolhi uma mesa no meio da sala.

O Sr. Claffin entrou, ele era um dos motivos para eu gostar de física, o cara era perfeito, o cabelo era de um loiro forte com olhos verdes e covinhas, um corpo escultural e um sorriso de matar. Ele disse olá para turma, consequentemente as meninas soltaram suspiros, eu me conti ao máximo.

Assim que conseguiu a atenção da turma, ele anunciou a chegada de um novo aluno, assim que ele entrou meu coração bateu mais forte, me arrepiei até o dedão do pé!O cara era perfeito.