Minha cabeça ainda latejava, mas eu não estava conseguindo respirar, levantei os braços e senti um travesseiro pressionado no meu rosto , me desesperei achei que alguém provavelmente estava tentando me matar , mas ai consegui me livrar do travesseiro e vi a cara do meu irmão rindo de mim na porta .

–Que merda é essa Nathan?! – disse já furiosa

–Foi mal maninha, mas você precisava acordar! – disse ele com a maior cara lerda

–O que você quer? – Droga quando é assim pode saber que aí vem coisa

–Eu quero que você vá comigo no festival que vai ter no centro da cidade! – eu sabia que ele queria alguma coisa!

–Não, não e não! Porque eu iria com você? Chama um dos seus amigos? Sei lá o Patrick! – isso não era justo.

–O Patrick tá viajando com os pais e o Matty foi acampar lembra? Então eu recrutei você! - ele fez uma cara de pidão muito engraçado – Além disso, todo mundo do colégio vai estar lá, pode ser que seus amigos estejam lá! E aí?! Vamos! Ou será que eu vou ter que sentar em você de novo?! – estava começando a pensar no assunto.

Essa é uma história muito antiga nossa , quando eu era pequena uma vez ele sentou na minha barriga enquanto eu dormia pra me fazer comprar sorvete pra ele , naquela época ele não era tão pesado, mas o tempo foi passando ele está maior e mais alto que eu uns 10 centímetros, então ou eu fazia o que ele queria ou Nathan simplesmente me esmagava.

–Ok,Ok seu bebezão ! Me deixa pelo menos trocar de roupa ! – e expulsei ele do quarto.

Eu tinha feito uma promessa pra mim mesma de não iria dar o luxo para as pessoas da cidade de ficarem comentando da minha vida, morávamos em uma cidade pequena então qualquer novidade as pessoas ficavam de ouvido em pé. Montana é o tipo de cidade que todo mundo é amigo de todo mundo, assim eles acham que tem o direito de falar da vida de cada um.

Fui para o banheiro meio zonza pelo modo como acordei, fiz minha higiene matinal e botei uma roupa digna de um dia de sol, shorts curtos e uma camisa solta. Meu estômago roncou alto e lembrei que tinha ido dormir sem comer nada, e a casa estava cheirando biscoitos, se uma coisa que minha mãe sabe fazer bem é biscoitos. Eles tinham ficados famosos pela cidade até ela resolver montar uma cafeteria, dando uma renda razoavelmente boa. Desci as escadas meio que levada pelo cheiro, mas ai me deparei com metade da minha casa empacotada em caixas. Minha mãe deve ter visto minha cara de surpresa, pois veio caminhando na minha direção e dizendo:

–Ah Bom dia minha filha! Eu achei que você gostaria de saber que já estou começando a arrumar as coisas ! – ela me olhou preocupada achando que eu iria fazer um escândalo- Filha você está bem?!

–Ah estou bem, só que eu achei que a gente só ia começar com isso na semana que vem! E quando é que você teve tempo pra fazer isso tudo?! – perguntei meio desconcertada com a situação.

–Hm, Eu não consegui dormir a noite, então vim pra cá arrumar as coisas! Ah o corretor ligou e falou que a gente vai ter que sair o mais rápido possível. Pelo visto seu pai deixou muitas contas pra gente filha! Ah eu deixei umas caixas lá perto do seu quarto pra você já ir colocando suas coisas. –eu podia ver que ela estava se esforçando pra não chorar, ela amava aquela casa e ia ter que se mudar de repente. Meu estômago roncou alto, ela deve ter escutado e perguntou - Você deve estar com fome, venha aqui pra tomar café.

Me sentei na mesa um tanto abalada com a situação , era uma das primeiras vezes que tomávamos café sem o papai , tentei não ficar pensando muito no assunto pois tinha um longo dia pela frente . Nathan descia as escadas com um sorriso enorme no rosto, me perguntei como ele podia ficar assim depois de tudo que aconteceu, sentia inveja dele por conseguir fazer isso.

–Pronta maninha?! –ele realmente estava feliz

–Aham! Dexa só eu comer primeiro!- disse com a boca cheia

–Ok vou procurar as chaves! – Nathan já dirigia, ele é um ano mais velho que eu, eu também já podia dirigir, mas ainda não estava preparada pra isso.

Terminei de comer e fui esperar ele na calçada, do outro lado da rua pude ver Luke tirando umas caixas de onde nós iriamos morar logo logo . Percebi o quanto ele tinha crescido estava muitos centímetros mais alto que eu apesar de termos a mesma idade seu cabelo estava maior, os músculos ressaltavam em sua camiseta apertada e os olhos verdes contrastavam o loiro natural. Quando ele botou uma caixa em cima da lixeira pude perceber a barriga definida e aqueles ossos chamativos na bacia, ele REALMENTE tinha crescido. Acho que ele me pegou fitando-o e logo foi arrumando encrenca:

–Perdeu alguma coisa aqui, esquisita?! – perguntou ele. Ele me chamou de esquisita? Aquele moleque ia ver oque é bom pra tosse.

–Não, com certeza se eu tivesse perdido não seria nessa sua cara feia – disse na defensiva e mostrando o dedo do meio pra ele.

–Vá se ferrar Hanna – eu tinha conseguido irritar ele. No mesmo instante meu irmão chega com o carro e fala:

–Algum problema Luke? – do jeito que ele é sonso nem percebeu o que estava acontecendo.

–Não , to de boa e você Nathan como tá ? –disse Luke mudando de assunto.

–To jóia! Você vai no festival né ?- eu disse que ele não ia perceber

–Vou sim, vou só terminar de arrumar umas coisas pra minha mãe. Te vejo lá ! – disse ele com um sorriso sínico. Não sei por que, mas imaginei meu punho bem fechado naquele sorriso idiota.

Entrei dentro do carro já zangada com o Nathan, por que ele não chegou antes e evitou aquilo tudo?! A minha vontade era de descer do carro e voltar pro meu quarto. Mas tinha dito ao meu irmão que ia, não podia furar desse jeito. Descontei a raiva na porta e a fechei com força.

–Ei Ei não desconta na porta do meu bebê! –disse ele como se o carro valesse mais que a própria vida.

Fechei a cara e seguimos pro centro, as pessoas iam a pé, e algumas levavam cestas de piquenique, os pais seguravam sua filhas no colo, e aquilo me deu um aperto no coração me lembrando de velhos tempos. A praça principal estava lotada, todos os tipo de barracas com comidas e jogos, descemos do carro e fomos pra lá , a pior parte de andar com meu irmão é que por onde ele passa chama atenção , principalmente das garotas .Elas passavam por ele e davam risinhos, isso me incomodava, não por ciúmes claro que não ! É mais por ver como ele tinha amadurecido, até pouco tempo atrás ele era magrelo tinha sardas e seu cabelo era enrolado.

Mas ele mudou pra caramba, agora está alto forte e musculoso as sardas se tornaram imperceptíveis e o cabelo é de uma forma mais lisa. E eu, continuo baixinha, pouca coisa em mim cresceu então as pessoas passam por ele e o cumprimentam e agem como se eu não estivesse ali.

O dia estava lindo, as pessoas sorridentes , por falar em pessoas sorridentes lá vem ela Kelly Simon que sempre teve uma queda por Nathan , mas ele não ligava, por ela ser grudenta demais ,o negócio dele era a Suzannah que não estava nem ai pra ele , acho que é por isso que ele era afim dela desde o primeiro ano e sempre que tentava alguma coisa levava um toco. Esses dois ainda se casam pensei comigo mesma .

Enquanto ele tentava se livra de Kelly pra ir falar com a Suzannah fui dar uma volta pelo festival, eu encontrei a Sra. Campbell em uma das barracas de marcadores de livros, fui até ela pra saber com ia as coisas.

–Oi Sra. Campbell ! – disse um tanto sorridente

–Oi Hanna , já disse que você pode me chamar de Ágata – disse ela rindo

–Ok como quiser Sra. Cam... Ágata! E ai como vão às coisas?

–Bem e vocês? Ah que dia vão se mudar lá pra casa?

–Antes da semana que vem! O corretor... – não terminei, pois o telefone dela tocou e ela sinalizou para que eu esperasse e foi falar do outro lado da barraca. Esperei alguns instantes, e ela desligou o telefone.

–Desculpe querida vou ter que ir, tenho uma emergência no hospital! Tem como você ficar na barraca pra mim?- ela disse já pegando suas coisas.

–Ah posso sim ! – juro que por essa eu não esperava.

–Muito Obrigada querida, depois passo lá na sua casa pra ajudar sua mãe na mudança Ok! – ela saiu apressadamente.

Eu juro que não imaginava que meu dia se resumiria em ficar na barraca de marcador de livros, mas pelo menos era uma coisa que eu gostava: Livros.

Eu já estava considerando que tinha sido uma boa ideia ficar na barraca , quando Luke aparecesse com algumas caixas.

–O que você tá fazendo aqui? – ele perguntou surpreso.

–Sua mãe me pediu pra cuidar da barraca cara de peixe!

– Sério?! Que merda por que ela disse que eu teria que ajudar a cuidar da barraca se não, não ganhava dinheiro pra comprar meu carro... – ele deu uma pausa na frase pra pensar, se é que ele pensa. –Sinto lhe dizer, mas vamos ter que dividir a barraca, esquisita!

Eu devo ter cometido um pecado muito grande para ser punida desta forma, Eu e Luke na mesma barraca não ia sair coisa boa.