Acordei com o barulho da chuva na janela , me levantei e olhei no espelho, meu rosto estava inchado de tanto chorar na noite anterior . Eu odeio chorar, mas foi um caso extremo, meu pai foi assassinado na noite anterior ao meu aniversário.

A pior parte era a cara de dó que as pessoas olhavam para mim e minha família. Nos éramos muito unidos , meu pai sempre fora carinhoso e atencioso com todos , sempre que tinha tempo dava um jeito de tornar o dia mais alegre , não sabíamos ainda como iríamos prosseguir sem ele .

Afastei os pensamentos , me levantei da cama e fui tomar um banho e me preparar para o longo dia que tinha pela frente. No caminho esbarrei com meu irmão, que pela cara dava para perceber que também tinha chorado á noite.

-Oh desculpe! Ah oi Nathan, Bom dia. – disse sem entusiasmo nenhum.

- Bom dia Hanna. Preparada pra hoje? – disse ele também com a mesma cara de tacho.

-Olha minha cara de quem está preparada pra alguma coisa Nath! – respondi um tanto sarcástica . O apelido é infantil sim, mas desde pequena o chamo assim, e só eu tenho permissão para chama-lo desta forma. Ele me deu um sorriso sem vida e saiu.

Fui me arrumar no banheiro, tomei um banho e fiz minha higiene matinal, depois pus uma roupa adequada para a ocasião e bastante lápis preto, me vestia assim constantemente e ninguém reclamava então já estava acostumada .

Desci as escadas e encontrei minha mãe na cozinha, recebendo a família e os amigos de ambos, logo que me viu veio correndo.

-Oh minha filhinha! – disse ela me abraçando e chorando em meus ombros -Oh filha nos não esperávamos isso ! Eu estou tão perdida sem seu pai, eu não sei o que faremos agora, me sinto sem chão. – disse ela me abraçando mais forte e molhando meus ombros nus.

A verdade era que o papai era o pedestal da família, e tudo praticamente girava em torno dele, era uma das pessoas que eu mais confiava, sem ele não sabia onde começar, incrivelmente perdida pra falar a verdade. Não que eu dissesse isso em voz alta, minha mãe precisava de mim e nesse momento teria que reassumir o lugar do meu pai, se eu dissesse aquilo minha mãe entraria em pânico então o que eu disse foi:

-Oh mãe! Vai dar tudo certo, nos vamos começar tudo de novo e de cabeça erguida ok?! – disse eu tentando parecer forte.

-Filha estou tão orgulhosa de você! – disse ela se recompondo e secando as lágrimas – Aposto que seu pai também estaria. – ela sorriu um pouco desconcertada por conta do choro.

Naquele momento a campainha tocou e ela correu para atender, enxugando o rosto. MERDA! Eram nossos vizinhos os Campbell , era uma família agradável , nossas famílias eram amigas desde que me entendia por gente . Meu problema não era com eles e sim com o filho deles, Luke Campbell que sempre foi meu melhor amigo, mas no 1° do ensino médio parou de falar comigo para entrar no time de futebol da escola e se tornar popular.

Desde então nunca mais nos falamos, como tinha que ser educada cumprimentei toda a família mas quando chegou a vez de luke passei direto. Ele também nem fez questão de falar nada, nunca mais falou comigo porque diabos falaria agora. Fomos todos para o enterro do meu pai, o padre falou coisas lindas e encorajadoras só então caiu a ficha do que realmente estava acontecendo . Meu pai morrera, ele sempre esteve comigo em bons e maus momentos, me fez rir e sempre secou meus choros! Alguma coisa tinha acontecido para ele ser assassinado , e o que quer que fosse eu iria descobrir , de um jeito ou de outro .

Naquele momento eu quase chorei, Quase. Me recompus , e levantei , Á Albert Troian o melhor pai e amigo do mundo ! E enfim disse adeus.