Os passos de aproximavam, ele sabia onde eu estava. Eu sabia, no fundo, em que ele fazia isso para eu ter esperanças de fugir, só para ele esmagá-las na frente de meus olhos.

Ouvi os passos se afastarem. Eu não sou burra, sei que ele está escondido atrás da porta. Não tenho outra escolha, ou espero aqui para morrer, ou vou lá e morro.

Se me lembro bem há uma janela perto do guarda roupas, que leva para a cozinha... Talvez... Se eu for rápida...

Abri a porta o mais rapidamente possível, sem me importar em fazer barulho, e corri direto para a janela, me joguei e quebrei, parei do outro lado da cozinha, porém cortei levemente minha mão e minha coxa, fazendo sair sangue, mostrando minha localização e dificultando minha velocidade.

''Sem tempo para descansar'' Pensei, enquanto corria o melhor que pude.

Atrás de mim, se estendia uma trilha de sangue, naquela casa enorme cheia de quartos.

Entrei no banheiro e tranquei a porta.

Lá tinha velhos panos, molhei eles para tirar um pouco do pó, evitando inflamações por causa de infecção.

Lavei-me até o sangue diminuir, vesti as roupas novamente e enrolei o pano.

O problema era sair de lá. Eu deixei uma trilha de sangue pelo caminho por causa dos ferimentos.

Não havia nada demais pelo banheiro. A Janela era muito pequena.

Havia uma tubulação, o problema era como subir lá em cima.

Se eu tentasse me apoiar do chuveiro, ele quebraria, e em pouco tempo eu morreria afogada... Afogada? A água poderia me fazer subir...

Eu quebrei o chuveiro e fechei qualquer tipo de buraco que fizesse a água subir.

Enquanto eu mergulhava, tentava retirar a grade da tubulação. Estava velha e emperrada, meu oxigênio acabava, já que o banheiro havia água demais.

Estava ficando fraca e inconsciente. No último segundo consegui arrancar, a primeira coisa que fiz foi colocar a cabeça e respirar, mas devia ser rápida, o lugar era apertado e a água crescia rapidamente. Iria me afogar assim.

Enquanto andava, recuperava minha força. Porém minha respiração estava acelerada, me fazendo ficar sem ar.

A tubulação deu na sala de jantar, que dava em uma porta para o jardim, consequentemente trancada.

Teria que voltar e achar as chaves, estava tudo trancado e era duro demais para quebrar.

Se me lembro bem, mamãe guardava as chaves do jardim em seu quarto, em uma das gavetas.

Fui até lá. Tentei abrir a porta, mas estava trancado.

Voltei para a sala de jantar, porém ouvia passos vindo do corredor.

Era ele... Vestindo a roupa de inspetor público. Ele estava brincando com a minha cara! Aquele sádico louco!

Parei para perceber enquanto me escondia. Ele parecia jovem, no máximo 24 anos, cabelos loiros longos, quase nos ombros, olhos verdes. Foi tudo o que pude ver, o quarto estava escuro. Ele parecia jovem... Contando que o assassinato de minha família foi a sete anos atrás...

O desgraçado ligou a luz! Ele vai me ver, tenho que me afastar cuidadosamente!

Me afasto, porém esbarro em uma balde atrás de mim, fazendo um estrondo.

Ele me vê, não há como fugir, atrás de mim só há parede, e ele está me cercando.

–Você está mor... - Antes que ele pudesse completar a frase, começou a cuspir sangue e cair no chão, incapacitado.

Eu vi atrás dele, um garoto, o mesmo da minha escola, do qual vi rejeitando uma garota:

–Bem feito... Dediquei minha vida por vingança a você, Lugo! Ainda continua matando outras famílias?! Xeque-Mate, bitch!

–O-oquê? Perguntei, tentando entender tudo. - Quem é você?!

–Nós nos vimos apenas na escola, sou Manuel... Minha família foi a primeira vítima desse louco!

Nós saímos. Ele explicou tudo o que sabia. Ele tinha a vida como eu, sempre sendo perseguido.

Quase chegando em casa, eu percebi que não checamos se ele estava mesmo morto. Voltamos na casa. O corpo não estava lá...