Correntes: Atados pelo Sofrimento escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 11
Capítulo 10: Resolução




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Eu estava diferente, eu podia sentir. Se antes eu estava sombria, agora meu corpo refletia esse lado sombrio e desesperançoso através de minhas olheiras. Mas eu podia ver algo no fundo dos meus olhos, uma pequena chama que antes não havia. Eu sabia que Edward era responsável por essa pequena, porém significativa mudança.

Isso não iria durar. James estava vivo e esperava por mim. Eu queria ir atrás dele e me vingar, mesmo sem forças. Eu iria fazer isso assim que descobrisse onde ele está. Lavei novamente meu rosto na pia do banheiro. Tomei um remédio para dor, estava com uma dor de cabeça incomoda. Voltei para a cama, ainda era de madrugada, havia dormido poucas horas. Peguei o colar no meu pescoço e o retirei. Olhei para o cordão e abri o medalhão, ainda tinha uma foto de meu pai jovem e uma foto minha com quatro anos. O colar de minha mãe. Minha mente ficou turva com as recentes memórias que reavi. A chuva, a conversa despreocupada dos meus pais, o vampiro no meio da rua, o acidente e assassinato.

A rua.

Era lá que James me esperava. O local onde ocorreu o início de tudo. O que eu ia fazer agora? Poderia pegar um carro qualquer, eu tinha habilitação, ir para lá e morrer tentando me vingar. O que eu tinha a perder afinal? Ou era morrer pelas mãos de James ou pela minha doença. Eu tive que fazer algo antes, ver Edward. Quem sabe ele não soubesse de algo que pudesse derrotar um vampiro? Mas o que houve, o beijo que dei, ao invés de me aproximar, apenas me repelia. Agora a vergonha me atingia como uma bofetada, eu não ia ter coragem de encará-lo.

...

Eu procurei me ocupar com a limpeza e arrumação da casa. Arrisquei até ler algo, ouvir um cd, ver televisão... Minha mente sempre ia para rumos dolorosos. Eu via a imagem de meus pais, feridos, clamando por vingança, cobrando isso de mim. Tomei um bom banho, vesti uma roupa qualquer, calça jeans e camisa e comecei a separar alguns pertences, poucos, colocando-os em cima da cama. Quando fui a minha cômoda pegar minha mochila, senti algo atrás de mim, uma respiração gelada. Virei-me bruscamente. Edward estava de pé, olhava-me com curiosidade.

-EDWARD QUE SUSTO!

-Quem pensou que fosse? James?

-Claro! –Dei a minha atenção a cômoda, me perguntei se deveria ou não continuar a separar coisas. Edward tentaria me impedir se eu decidisse ir?

-O que está fazendo? –Ele perguntou olhando atentamente a tudo que eu fazia. Decidi abandonar o que fazia, fui me sentar na cama e fingi arrumar as roupas que tirei da minha cômoda.

-Arrumando minhas coisas. –Edward pareceu não se convencer, claro. Sentou-se em minha cama. O olhei de esguelha. –Como está se sentindo?

-Eu? Bem, claro. Por que não estaria?

-Você estava muito machucado Edward.

-Meus ferimentos desapareceram. Estou novo em folha, mas e você Bella? –Edward ergueu levemente meu queixo com uma das mãos. –Você está bem? –Os olhos me fitavam de modo hipnótico. Senti necessidade de desviar o olhar.

-Claro. Você impediu que James me ferisse afinal. –Dei de ombros.

-Eu não perguntei se está ferida. Sei que não está. Estou perguntando se você está bem.

-Claro que estou Edward!

-Mentirosa. Eu posso ver em seu rosto que não está bem.

-Se você sabe Edward então por que pergunta? Como acha que eu deveria estar? Eu acabo de lembrar o que houve no acidente dos meus pais. Acreditei que eles tinham morrido em um acidente de carro quando na verdade foram assassinados por um vampiro! –Eu estava furiosa, não com Edward, mas com a situação em que estava. Fechei os olhos e procurei me acalmar. Eu não devia descontar em Edward minhas frustrações.

-Desculpe Edward. Você só tem me ajudado e estou agindo assim com você. Você sabe o quanto sou grata por ter me ajudado tantas vezes. Alias obrigada por ter me salvado. –Sorri. Edward me olhava especulativo.

-Não precisa agradecer. Então essa é a ligação que possui com aquele vampiro? Por isso ele a perseguiu?

-Meus pais e eu sofremos um acidente de carro meses atrás. James não só causou o acidente como matou meus pais. Ele teria me matado, mas fugiu. Ele devia estar sendo perseguido.

-O vampiro James causou muitas perturbações. Ele foi julgado pelos Volturi e condenado a morte por nos expor.

-Volturi? O que é isso Edward?

-É como a família real que controla cada vampiro. Nós obedecemos as suas leis. A principal lei é manter nossa raça oculta dos humanos.

-O que acontece quando um vampiro quebra essa regra? –Edward olhou-me como se fosse obvio. Eu entendi de súbito. –É morto e perseguido. Entendo. Mas e o humano que sabe do segredo?

-Morto ou transformado. Geralmente morto. 

Eu estremeci. Eu sabia do segredo afinal.

-Então quer dizer que eu...

-Ninguém sabe que você sabe do segredo então está segura desde que finja nada saber.

Então eu pensei naquela possibilidade.

-Edward, o que você faria se descobrissem que eu sei? –Eu não olhei Edward ante meu questionamento. Edward ficou calado. Senti-me desconfortável com aquela situação, era melhor deixar para lá. Mas Edward respondeu.

-O que gostaria que fizesse com você se eu fosse compelido a isso pelos Volturi? O que iria preferir?

Eu tentei olhá-lo e quando o fiz perdi o fôlego. Edward estava tão próximo a mim, sua respiração fria tocando meus lábios. Eu parei de respirar. As cenas do meu beijo não correspondido assaltaram minha mente. E a vontade de beijá-lo me atingiu com força total. Eu nunca me senti assim por rapaz nenhum. Fui beijada uma vez, não nego. Em uma festa em que rolou a famosa brincadeira da garrafa. Acabei por ser beijada por um rapaz do qual nem me lembro o nome, o beijo foi desagradável. Não foi o mesmo com o simples roçar de lábios ontem.

-E então? –Ele disse. Seu lábio roçou de leve no meu fazendo-me estremecer. O que eu diria? O que responder? Se eu dissesse que gostaria de ser transformada, Edward faria isso por mim? Era difícil pensar em uma resposta com ele tão próximo. Eu pretendia tomar a iniciativa para diminuir o espaço entre nós. Edward fez isso por nós dois. Colocou sua mão em minha nuca puxando-me para mais perto. Beijou-me calmamente, um beijo tão casto que me perguntei se realmente estava beijando um vampiro. Edward envolveu-me em seus braços puxando-me de encontro ao seu peito enquanto seus lábios moviam-se contra os meus. Ah era uma sensação sublime! Muito melhor do que apenas beijá-lo. As perguntas me assaltavam, mas a principal delas era: Por que Edward me beijava?

Eu me deixei perder no sabor adocicado e macies dos seus lábios desejando mais e mais daquele mel, quando uma batida na porta interrompeu tudo. Quando abri meus olhos Edward não estava mais lá, saiu pela janela. Eu bufei e fui abrir a porta do quarto.

-Hei Bells! –Era Jacob. –Trouxe sua comida. Achei que você iria querer comer algo diferente.

-Nossa Jake, valeu!

Valeu mesmo por interromper o melhor momento da minha vida!

...

Eu acordei aos gritos com meu rosto tomado em lagrimas.

-BELLA! –Era Billy, entrou no quarto junto a Jacob. Eu os olhei, desorientada. Era um pesadelo, apenas um pesadelo.

-O que houve Bells? –Jacob disse ansioso sentando-se na cama. Enxugou as lagrimas acumulada em meus olhos.

-Nada eu... Foi só um pesadelo.

-Você está bem querida? –Billy perguntou encostado a porta.

-Sim tio Billy. Eu to bem. Podem ir dormir. Desculpem-me pelo incomodo.

-Imagina Bells! Se você precisar de algo é só chamar. Quer que eu fique aqui com você?

-Não Jake. Vá dormir. O senhor também tio Billy. Boa noite.

Eles saíram relutantes. Oh cara por que não posso sofrer calada? Fiquei sentada na cama com minha cabeça apoiada nos joelhos e meus braços envoltos da cabeça.

Meu pesadelo foi com meus pais. Eu revivi aquele dia sangrento em meu sonho e, como no dia, nada pude fazer para salva-los. Agora era diferente por que eu sabia para onde deveria ir. A resolução estava feita. Eu iria até o encontro de James na manhã seguinte custe o que custar!


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