Contos aleatórios de ASOIAF escrita por Caio Tavares


Capítulo 5
Loren


Notas iniciais do capítulo

Seis mil anos depois de Rupert.



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O acampamento cheirava a fogo e sangue. Loren sentou-se sobre o trono que lhe haviam fabricado às pressas com madeira seca e observou o brilho da fogueira refletido em sua coroa. "Que bela coroa é essa", pensou. Todos os reis ândalos enfeitavam suas coroas com as mais variadas pedras preciosas, mas os Lannister eram feitos de ouro puro, e de ouro puro era sua coroa. Dizia-se que fora forjada por Lann, o Esperto seis mil anos antes, embora os meistres insistissem que a Casa não existia a mais de dois mil. O som do vento seco do lado de fora só conseguia aumentar o frio daquela noite, um frio que refrescava suas memórias do fogo.
Mern morrera, disso ele estava certo. Os Gardener tinham o espírito afoito dos Primeiros Homens, por isso mandavam seus reis na frente de batalha. Os Lannister, por sua vez, sempre lideravam a vanguarda. "Um capricho covarde, esse seu", Mern dissera antes do início da batalha. "Estamos com uma vantagem de cinco contra um, não há por que se esconder aí, Loren."
Mas o capricho covarde o salvara. Nunca antes os três irmãos valirianos haviam se unido contra um único exército, mas lá estavam eles, brilhantes e onipotentes sobre suas bestas de fogo. Milhares de homens seus haviam morrido queimados naquela batalha. Bons homens, como sor Gyles Tarbeck, além do enorme exército do rei da Campina, todos dilacerados do Campo de Fogo.
Por muito pouco Loren escapara de ter seus ossos derretidos pelo fogo de dragão. Ainda não conseguia pregar os olhos à noite sem ver o fogo se espalhando pelo chão e queimando tudo o que existe no mundo. O som abafado de passos sobre a terra o despertaram de seu devaneio.

– Vossa Graça. - disse a voz ofegante de Podrick Reyne. Sua armadura cinzenta estava coberta de terra e fuligem, mas ainda ostentava a beleza de sua Casa com os ferozes leões vermelhos sobre os ombros. Era seu homem de maior confiança, além de um grande amigo. Fora seu escudeiro no passado, e o primeiro cavaleiro que ele armara. E agora que seu pai estava moribundo por causa das queimaduras, estava prestes a se tornar Lorde Reyne. - Os batedores retornaram. Ouviram o bater de asas de dragões perto daqui.

Loren não respondeu nada. Voltou a fitar sua coroa dourada de Rei do Rochedo, a maior e mais bela dos Sete Reinos. Será que a coroa de Aegon seria melhor que a sua? Não sabia, mas haveria de saber. Aprendera com pai que a família está acia de tudo.
– E os batedores de Aegon?
– Prendemos todos que nos encontraram, Vossa Graça.
– Pois trate de soltá-los. Não pretendo retornar a Rochedo Casterly em um pote de cinzas.

Podrick o olhou incrédulo por alguns instantes, e então perguntou.
– Pretende se ajoelhar?
– Sim, pretendo. E breve serei Lorde Loren Lannister.

"Lorde Loren Lannister", ficou repetindo mentalmente a cacofonia de seu novo título. O orgulhoso trono do Rochedo fora tomado uma vez, e agora seria tomado novamente. "Que minha descendência me perdoe", ele pensou.

O dragão pousou ao amanhecer. As histórias diziam que ele era tão grande e assustador quanto um demônio, mas Loren concluiu que um demônio borraria as calças diante do Terror Negro. Aegon estava sozinho desta vez. apenas um dragão. "Mas nesse acampamento uma simples tocha seria suficiente", pensou. O rei valiriano desceu de sua fera, vergando uma belíssima armadura negra com um dragão vermelho de três cabeças pintado no peito. Seus cabelos prateados dançaram com o vento quando ele arrancou o elmo da cabeça, revelando um belíssimo rosto jovem. "Bem mais jovem que eu", concluiu.

– Vossa Graça. - Aegon saudou-o.
– Vossa Graça. - Loren respondeu.
– Meus batedores informaram-me de que pretende se ajoelhar.
– Sim, pretendo. - O Lannister se sentiu equilibrado sobre a tênue linha que separava a covardia da astúcia. Mas era descendente de Lann, e pretendia continuar sua linhagem.

Aegon deu alguns passos na direção do rei ândalo, e este retirou sua espada da bainha. Um desejo repentino de arrancar a cabeça do valiriano tomou conta de si, mas o cheiro de enxofre do dragão logo afastou essa loucura de sua mente. Fez um esforço mais caro que todo o ouro do Rochedo para tocar um joelho no chão. A última vez que ajoelhara perante um homem fora ao Alto Septão, que o coroou dezesseis anos antes. Depositou a espada sobre os pés de Aegon Targaryen e pronunciou as palavras que centenas de nobres tinham dito a ele em outros tempos.

– Sou seu, Vossa Graça. Tua é minha espada e minha vida. Morrerei por ti se necessário. Juro em nome dos Antigos e Novos Deuses.
– Juro que serás sempre bem vindo a minha casa e à minha mesa. Juro que jamais te darei um trabalho desonroso. Juro pelos Antigos e Novos Deuses. - Aegon respondeu, enquanto retirava a coroa de ouro da cabeça de Loren e recolhia sua régia espada para si. - Ajoelhaste como rei Loren Lannister, Rei do Rochedo, e levantas como Lorde Loren Lannister, vassalo do rei Aegon Targaryen, senhor das Terras Ocidentais e Protetor do Oeste.


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Notas finais do capítulo

E assim se manteve viva a Casa Lannister.



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