Secret escrita por Queen of Hearts
Notas iniciais do capítulo
Último capítulo, pessoal. Espero que gostem e eu particularmente, vou sentir bastante falta desta história. Obrigada a quem comentou e a quem acompanhou até o fim.
Vejo vocês em outra fanfic.
— Tem certeza que não quer um doce, querida? — perguntou o primeiro cavaleiro britânico para a sua fofa filha.
— Não, estou bem papai.
— Mas é seu aniversário.
— Tenho dezenove anos papai, nem ao menos deveria está tendo uma festa de aniversário — respondeu abatida, encostando-se aos degraus da escada.
O homem suspirou e sentando-se ao seu lado, perguntou calmamente:
— Algo errado, querida?
— Nada que o senhor ou eu possa consertar.
Leon se levantou desanimado, mas antes de sair tocou-lhe a cabeça, vendo a loira levantar os olhos para ele. Deu um sorriso, ainda era sua garotinha.
— Sua mãe, seu irmão e eu estaremos no salão esperando por você — a loira bufou e o homem notando, olhou-a cansado.
Olhou para frente e procurou saber o que um bom pai faria naquela situação, no entanto, viu algo no mínimo interessante.
— Sabe, tenho outra opção — sorriu.
— E qual é? — perguntou a jovem, tornando-se cada vez mais abatida.
— Console-se nesse animalzinho, não era você que adorava cachorros? — respondeu o homem, apontando para um arbusto à sua frente.
A loira olhou para onde ele apontava e de dentro do arbusto saiu uma espécie de cachorro que na opinião da garota, estava mais para uma raça lupina do que canina, segundo a visão de seu pai. Os olhos do animal, entretanto, eram enigmáticos e ela conhecia aquele olhar. Sentindo um arrepio, olhou para o pai, amedrontada, mas o homem já ia longe e virando-se para a fera, presenciou a cena mais impressionante que já vira.
Preto piche. Era o que conseguia ver. Mas havia algo mais, e ela escutou quando alguma coisa passou ao seu lado. O chão estava sendo arranhado por ele e ela supôs serem as unhas do lobo. Não entendia porque ele estava fazendo isso e ouviu algo correndo ao seu redor: era o barulho de patas, que se alternava a cada segundo. Ora passos, ora arranhados estridentes e sentiu quando alguma coisa peluda encostou-lhe a perna. Assustada, estava começando a achar que talvez não fosse ele, quando sua visão voltou ao normal. Batendo contra algo, ela virou-se rapidamente.
— Minha dama — ouviu-o dizer em cumprimento. — Minhas sinceras desculpas — apontou para o chão arranhado.
— O corvo... — começou a jovem incrédula. — Era você?
— Assim como o gato — sorriu malicioso, entretanto, seu rosto possuía uma expressão tediosa.
— Mas a voz era...
— Certamente, mas não é necessário ter o corpo de alguém para que possa ter sua voz. Como mordomo, tornei possível sua comunicação com o jovem mestre que miseravelmente ainda não adquiriu tal capacidade.
— E quanto a Grey e Phipps?
— Fechei-lhes a mente. Caso tentem lembrar, terão horror o suficiente para nunca mais tentar.
— Ele lhe mandou fazer isso?
— Certamente, minha dama.
— Não me lembro de ter concordado com isso e se fez pensando que seria complicado para ele, por que também não fechou minha mente?
— Nenhuma ordem me foi dada, dama Elizabeth — observou a jovem irritar-se. — Mas como mordomo de um demônio, o que eu faria se não fosse capaz de atender aos desejos de minha adorável jovem? — sorriu macabro.
— Pode então fazer isso? — perguntou a garota curiosa.
— És a antiga noiva de meu mestre, certamente que posso.
— Ciel não irá lhe repreender?
— Não faço nada que não seja para o bem do meu jovem mestre — seu sorriso esticou. — Então não há porque temer.
Silenciaram e com um aperto no coração, a garota juntou as mãos, melancolicamente. Ciel nem ao menos foi lhe ver, se era assim que esperava poupar-lhe a vida para depois fazer com que ela voltasse àquela vida infeliz que tivera desde que o jovem se fora, ela preferia então, não lembrar-se dele.
— Faça Sebastian! — disse a loira, sentindo seu rosto ficar molhado.
Por que dói tanto? Perguntou a si mesma e aproximou-se da armadilha. Os olhos de Sebastian ficaram vermelhos outra vez e retirando uma das luvas, estendeu a mão em direção à cabeça da garota. A jovem se encolheu com seu toque e quando o demônio fez o ambiente tornar-se negro, ela recuou.
Não!
Aquela não era a melhor opção, pensou a loira e observou quando algo brilhante lhe doeu os olhos. Sentindo-se tonta, ela tentou alcançar a luz e ouviu o baque de seu próprio corpo no chão.
— O qu... — disse Sebastian surpreso.
Com os olhos estranhamente ardendo, a jovem tentou olhar para o mordomo quando ouviu seu berro. Parecia que a mão do mordomo estava queimando, a mão do contrato. Saía-lhe o sangue mais vermelho que já vira e sua expressão era furiosa.
— Não é justo, jovem mestre! — a jovem ouviu-o falar irritado — Por que tive que me tornar um serviçal pela eternidade, enquanto passa tranquilamente seus dias como demônio?
— Não passo tranquilamente, Sebastian — ouviram uma voz, mas a jovem não conseguia ver de onde vinha. — Tudo que fiz até agora foi andar por um lugar sem fim. Até mesmo minha vida como humano foi um fracasso.
— E agora minha vida como demônio também está — respondeu o mordomo e seus caninos tornaram-se pontiagudos.
— Não me culpe Sebastian, jamais ansiei por sua presença nociva — disse-lhe a voz. — Culpe Alois Trancy.
O mordomo escureceu-se e sua presença negativa era tão grande, que por pouco uma árvore não caiu por cima da jovem. Definitivamente, era o demônio mais poderoso que já vira e ela teria que dar um jeito ou ele destruiria sua casa, juntamente com sua família. Levantando-se com dificuldade e sentindo uma fraqueza tão grande, como se algo lhe puxasse para o chão, ela procurou pegar o objeto brilhante no bolso do mordomo, mas o máximo que conseguira foi derrubar o objeto antes que fosse em direção ao chão novamente.
Era o anel azul safira. Sentindo que ia morrer, ela agarrou-se a ele e viu um pedaço de papel cair em sua frente. Não tinha forças para pegá-lo e fechou os olhos, preparando para a inconsciência. Até que o tremor parou. Abrindo os olhos, a jovem observou Sebastian parado a sua frente, sua expressão era medonha e como se alguém estivesse escrevendo na areia a sua frente, um nome apareceu.
Hannah Annafellows.
O mordomo se virou e com um choque, a garota observou o sorriso que vira em toda sua vida. Abaixando-se, ele colocou novamente a luva, escondendo o contrato. Fez ainda uma mesura a jovem caída no chão, falando-lhe:
— Preciso dizer adeus agora, minha dama. Tenho assuntos a resolver — e retirando um envelope do bolso, estendeu a garota — Assuntos do jovem mestre.
Foi para longe.
Com dificuldade, a garota ergueu-se segurando ainda o anel. Esperava que sua família estivesse bem, pois ela estava atordoada e amedrontada com tudo que havia visto. Resolveu ir em direção ao lugar que estava antes, os degraus da varanda, sentando-se, abriu a carta.
Olá minha dama,
Espero que este envelope chegue até você ou jamais poderei escrever outro.
Quanto a mim, ouça com atenção. Uma vez você me disse que não tenho coração e está certa, não tenho, mas sou uma raridade e posso até não possuir um coração, mas possuo uma alma. A alma de Ciel Phantomhive, que está agora se esgotando. Ler isso deve ser assustador para você, mas só estou passando os sentimentos que o Phantomhive me pediu. A verdade é nua e crua: minha natureza o está matando. Entende agora porque não sou mais o seu falecido conde? Do porquê de eu ter dito que não era mais Ciel? Em breve não me lembrarei de você e posso até chegar ao ponto de sugar-lhe a alma, por isso peço: Nunca aceite fazer um contrato comigo. Vá para longe, pois assim como era para Sebastian o melhor jantar, certamente você o é para mim. Junto desta carta envio-lhe a única coisa que me restou, o anel Phantomhive, e se um dia tivesse chegado a me casar, teria sido ele a entregar-lhe. Estou com aquele que você tão rudemente jogou-me na cara, mas não se preocupe, não a culpo por isso.
Demônios são a raça mais terrível que existe Lizzy e depois deles, apenas a fraqueza humana é pior. Por esse motivo, peço que perdoe o Ciel, não era sua vontade transformar-se nisso. No entanto, me lembro de você dizendo que ainda resta algo em mim e bem, sempre acreditei em você enquanto humano, só tinha medo de desiludir-me. Por este motivo, tente trazê-lo como achar melhor ou o Phantomhive irá sucumbir em desespero.
De: Um demônio solitário.
Ela terminou de ler e percebeu pela milésima vez naquele dia que estava chorando. Prometera a si mesma nunca mais chorar, pois lembrava que isto irritava a Ciel, entretanto, a ironia do destino sempre a perseguira, e era sempre ele quem a fazia chorar. Segurando a carta nas mãos, a garota levantou-se e colocou o brilhante anel no dedo. Mordeu os lábios em seguida, sua vontade de chorar aumentara. Estremecendo, lembrou-se do pedaço de papel que caíra em sua frente e abaixando-se, o pegou.
Havia apenas três palavras escritas.
“Olhe para trás.”
Mandou o papel e ela virou-se. Em pé, parado na porta, estava o jovem que fizera parte de sua infância, sua adolescência e agora, de sua juventude. Ela só não sabia se ele ainda estaria lá quando se tornasse uma adulta e timidamente, aproximou-se.
— Ciel? — chamou-o.
— O que posso fazer por você, minha dama?
— É mesmo você?
— Sim, Lizzy.
E era mesmo ele, a jovem percebeu que pela primeira vez desde que se reencontraram, estava conseguindo ver os olhos azuis de seu finado conde. Não eram vermelhos, nem maliciosos e nem cruéis, eram apenas... frios. Como Ciel sempre fora. Sorrindo, a loira correu até ele, tropeçando na barra do vestido e abraçou-lhe. Com brilhantes olhos verdes, que tão molhados estavam, disse por fim:
— Para mim, não importa quem você seja. Sempre será o Ciel Phantomhive, meu noivo e cão de guarda da rainha.
E se pôs a chorar, segurando o corpo imóvel do demônio que sequer tentara retribuir o abraço. Mas que no fundo de sua impura alma, chorava igualmente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Até mais.