30º Capítulo – Fred

Estamos há dias sem nos ver. Resolvi leva-la para jantar após o anúncio das vendas das empresas. Ela custou a aceitar mas como eu liguei várias vezes após a veiculação na mídia nacional sobre a aquisição das Empresas GlobalTime com a quitação de todas as dívidas, ela acabou aceitando. Eu havia prometido muito de mim a Beatriz e iria cumprir.

Ela estava linda quando a busquei, totalmente vestida para matar em um tubinho vermelho. Entrou no meu novo carro, o modelo Cinquecento Cabrio conversível, com um belo sorriso nos lábios. Eu relutantemente me desfiz dos meus modelos de luxo mas vendo que Beatriz estava positivamente surpresa eu até relaxei com essa ideia.

– Belo carro! Câmbio automático de 16 marchas, motor 1.4 e ainda freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem! Uma pena que ainda não é fabricado no Brasil – Beatriz disse sem fôlego.

Eu olhei para ela espantado! Era absurdamente chocante como ela entendia mais de carro do que eu. Embora já soubesse mas ainda assim, cada vez que ela falava sobre isso eu admirava mais aquela mulher. Toda ela e o conjunto de sua pele, boca, seios e todo o resto, como um padre em um altar de adoração.

– Fred, preciso te perguntar o que de fato está acontecendo nas empresas GlobalTime?

E lá estava novamente o assunto. Mais cedo eu tinha relatado para uma Beatriz desconfiada tudo que eu tinha feito. Mas mesmo sendo por telefone eu pude perceber que ela não tinha absorvido aquilo como verdade.

– Bia, não vamos falar disso hoje. Eu prometi a você que faria tudo ao meu alcance para reformular meus negócios ao ponto de merecer sua confiança. Foi exatamente o que eu fiz. Não foi o bastante? O que mais posso fazer?

Ela olhou para mim e permaneceu calada. Arrisquei colocar meus dedos entrelaçados com os dela. Ele não se movimentou mas também não desviou-se de mim.

Após o delicioso jantar e várias rodadas de vinho, Beatriz estava bem mais à vontade comigo.

Estávamos que nem adolescentes beijando-nos durante toda a volta de carro. Infelizmente escolhi um lugar, muito requintado, mas bem fora da Cidade e o retorno parecia mais longo do que a vinda. Já estava louco para saborear Beatriz. Ela apenas sorria, me provocando. De repente passamos por uma placa “10km drive in Sob as Estrelas”. Ela disparou a rir e disse:

– Ah não, tenho que conhecer esse lugar!

– Tá brincando Bia? Nem morto eu entro em um lugar assim! – Beatriz só podia estar maluca de sugerir que fôssemos para um drive in. Nem motel eu frequentava quanto mais isso.

– Ah, sério Frederico? Não me diga que nunca entrou em nenhum?

Parei para pensar. De fato nunca entrei em coisa assim. Quando não tinha dinheiro não possuía nenhum níquel para coisa alguma e quando passei a ter me recusava a frequentar qualquer coisa que não fosse de luxo.

– Não!

Beatriz desatou a rir. Acho que exagerei no vinho que a ofereci no jantar. Ela estava claramente bem mais espontânea do que normalmente era.

– Bem, eu quero ir! Afinal, nós dois sabemos nos virar muito bem em um carro!

Ela falava da última noite que tivemos. Bem não foi bem uma noite, mas o sexo que fizemos no carro foi provavelmente uma das melhores experiências da minha vida. Eu possuí Beatriz de uma maneira tão íntima e maravilhosa que eu adoraria repetir. Mas não iria arriscar a nossa segurança dessa forma. E de jeito nenhum iria expor Beatriz ao perigo de sermos interrompidos por algum maníaco ou marginal.

– De jeito nenhum – eu disse olhando diretamente para ela. Ela fechou a cara, e começou a contar todas as placas do tal lugar que iam aparecendo conforme avançávamos na rodovia.

Eram diversas placas com as seguintes mensagens: Faltam 7km para o seu prazer, você está a 5km de ver as estrelas, 4km diminua ou você perderá o céu, 3km sua segurança, nós garantimos.

Bia ia repetindo placa por placa para me convencer. Não aguentava aquela situação. Decidi que iria entrar no lugar só para ver uma Beatriz assustada demais e me implorando para sair dali.

Na última placa apenas avistamos “vire na próxima a direita: Você chegou no céu”. Não aguentamos e caímos na risada. Este era o pior marketing de todos os tempos!