Battlefield escrita por A Stupid Lamb


Capítulo 4
Começando uma conversa.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, tive alguns imprevistos e realmente não deu para postar antes.



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Chegamos enfim ao quarto. Não era grande, mas também não era pequeno, era um tanto quanto aconchegante e eu não me incomodei de ter que dividi-lo.

“Posso perguntar uma coisa?” Me virei para a loira assim que ela deixou minhas malas no quarto.

“Já perguntou” Seu sorriso era encantador, causando em mim sensações novas, mas eu estava disposta a não deixa-la notar isso.

“Hipoteticamente falando, se meu companheiro ou companheira de quarto não gostar de mim, eu serei obrigada a dormir na sala?”

“E porque não gostariam de você?” Ela sorriu torto. “Acho essa uma situação impossível de acontecer” Senti-me corar.

“Me diz que será você a minha companheira de quarto” Perguntei, soando mais esperançosa do que pretendia.

“Desculpe, mas eu moro aqui perto, então durmo em casa”

Me senti uma completa idiota por ter falado aquilo. Passamos um tempo em um silencio constrangedor, até que ela resolveu quebra-lo.

“Michele?” Ela perguntou meio incerta. Apenas olhei para ela, vendo a confusão em seu olhar. “Eu estava pensando” Ela fez outra pausa, visivelmente perturbada. “Como o trabalho voluntario só começa mesmo amanhã, pensei que poderíamos sair”

“Meus pais me falaram que não devo sair com estranhos” Provoquei. A menina abaixou a cabeça, talvez se xingando mentalmente. “Para a sua sorte, ou azar, sinto como se já fossemos amigas a anos” Ela me olhou, os olhos esverdeados brilhando.

“Eu sinto o mesmo”

“Sugiro algum lugar que tenha comida, estou faminta” Ela fez uma careta e eu franzi as sobrancelhas. “O que? Vai me falar que você não come? Sabia que tinha algo sobrenatural te rondando”

Ela revirou os olhos, mas sorria encantadoramente.

“Eu sou vegetariana”

“Casa comigo?”

“Perdão?” Ela tinha as sobrancelhas unidas, o que a deixava ainda mais fofa.

“Alguém como você não pode se deixar escapar” Sorri. “Também sou vegetariana”

“Então vamos”

Fizemos o caminho até o carro dela em silencio. Eu só conseguia pensar no turbilhão de sentimentos novos que estar perto da loira me fazia sentir. Eu queria constantemente toca-la, sentia um calor forte quando nossas peles se aproximavam, como uma corrente elétrica nos puxando. E, a julgar pelo comportamento dela, ela também sentia.

“Olha só, você não respondeu ao meu pedido. Se a resposta for não, espero que você case com alguém que ama carne e coma toda hora. Daquelas bem sangrentas” Disse, assim que o carro começou a andar.

“Não tenho o costume de aceitar o pedido de casamento de alguém que acabei de conhecer”

“Você disse que parece que me conhece a anos” Disse, desafiadoramente.

“Sinto isso, mas na realidade, não sei nada sobre você”

“Sabe meu nome”

“E só. Você poderia ser uma assassina em série”

“E você está me levando para sair mesmo assim” Ela sorriu, me olhando com o canto do olho.

“Acho que é um risco que irei correr”

Caímos no silencio novamente, eu alternava entre olhar a paisagem e olhar para a menina que tinha uma expressão séria e concentrada no rosto. Estacionamos por fim.

“Sabe que não pode estacionar aqui, certo?” Disse, enquanto saíamos do carro.

“Claro que eu posso”

Olhei dela para a placa de proibido estacionar.

“Não, você não pode”

Ela chegou perto de mim, me empurrando de leve com o ombro.

“Eu posso sim”

Revirei os olhos, sabendo que não iriamos chegar a lugar nenhum naquela discursão. Virei as costas e me encaminhei para a pequena casinha que julgava ser um humilde restaurante vegetariano.

“Ei” Escutei a menina gritar. Me virei para notar que ela permanecia no mesmo lugar. “Você vai invadir a casa dos outros?”

Corri de volta, ficando ao lado da menina.

“Você estacionou aqui de propósito, não porque ficava de frente para o restaurante?”

“Você pensou que essa casa fosse um restaurante?” Ela tinha uma sobrancelha erguida, como seu eu pensar aquilo fosse o maior absurdo de todos.

Essa foi minha vez de revirar os olhos. Ela começou a andar para a direita, eu a segui sem dizer nada. Caminhamos por um tempo até que ela parou em um restaurante que nós tínhamos passado.

“Pera um momento” Disse parando.

“O que foi dessa vez?”

“Nós passamos por aqui de carro”

“Sim”

“E você não estacionou aqui por quê?”

“Porque não dava”

Olhei para uma vaga enorme do outro lado da rua, a apontando.

“Cabe um ônibus ali”

“Cabe nada”

Ela mal acabou de falar e um ônibus estacionou na vaga que eu havia indicado. Ficamos as duas aturdidas olhando para o ônibus.

“Viu? Eu falei que dava” Disse, em tom de superioridade, tentando esconder minha surpresa pelo ônibus ter aparecido, enquanto entrava no restaurante.

“Você é chata assim com todo mundo que acaba de conhecer ou é só comigo?” Ela disse, sentando na minha frente.

“Não tenho culpa se você comprou a carteira” Ela bufou, cruzando os braços e recostando na cadeira. Sorri para ela. “Implico com quem eu gosto” Pisquei. “É bom se acostumar, gostei muito de você” Disse em tom conspiratório.

A menina ficou visivelmente sem graça, o que me fez querer provoca-la ainda mais.

Uma mulher se aproximou de nossa mesa. Tinha um sorriso encantador e os olhos presos na loira. Ela parou ao lado da menina, uma das mãos repousada no ombro dela.

“Oi, Lise” Sua voz sussurrada, como se tentasse ser sexy.

Passei a analisar a menina. O uniforme que usava era desnecessariamente curto e apertado. Seu rosto coberto com uma maquiagem barata, a fazia parecer tudo, menos garçonete.

“Oi, Susan” A loira também sorria para a menina, o que me fez querer levantar, bater na cara das duas e sair andando.

“O que vai querer?”

A mão da garçonete começou a massagear o ombro da loira, me fazendo engolir em seco para controlar meus nervos.

“O de sempre”

Ela anotou qualquer coisa no bloco que carregava.

“Você vai querer o que?” A loira me perguntou, fazendo a garçonete olhar para mim pela primeira vez desde que chegará a nossa mesa.

Dei de ombros, tentando disfarçar a raiva que sentia dela.

“O de sempre” Sorri irônica.

“O que houve? Ficou séria do nada” A loira disse quando a menina se afastou.

“Não foi nada” Meu tom era seco e eu sabia que meu rosto denunciava a raiva que eu sentia.

“Não é o que parece”

Algo na voz e na expressão da menina me fez pensar que ela se divertia com essa situação, o que só fez piorar meu estado.

“Não sabia que, nas horas vagas, o Coringa trabalhava em uma lanchonete em São Francisco” Disse, depois de um longo tempo em silêncio.

A menina soltou uma gargalhada estranha, mas ao mesmo tempo fofa.

“Você está rindo ou com falta de ar?”

Ela me tacou um pedaço do guardanapo.

“Você mal me conhece e já acha que pode fazer algum tipo de piada sobre a minha risada?” Ela disse, recuperando o ar.

“Eu acho que posso fazer muito mais que isso”

Ela me encarou séria. Estava prestes a falar quando a garçonete voltou com o pedido.

“Você sumiu” A garçonete disse, ficando completamente de costas para mim e absurdamente próxima da loira.

“Você não tem mais nada para fazer?” Elise perguntou, visivelmente desconfortável.

Contra a vontade, a garçonete foi embora.

“Parece que temos a ‘arrasa corações’ da cidade” Fiz aspas no ar.

Ela revirou os olhos.

“Isso é ciúmes?” Ela perguntou, provocativa.

“Tadinha de mim se eu gostasse um pouco de você”

“Ah, então você não gosta nem um pouco de mim?” Ela fez bico ao terminar a frase e eu não pude deixar de sorrir.

“Não vou me apaixonar pela galinha da cidade, se é o que quer saber” Pisquei. “Pode tirando o cavalinho da chuva”

“Então porque a chamou de Coringa?” Ela arqueou uma sobrancelha.

“Bom, se ela não é o Coringa, então quando ela acaba o trabalho aqui, começa outro logo ali na esquina”

A loira soltou mais uma vez sua risada, mas dessa vez soou melhor, como se fosse o melhor som do mundo.

“Se você não está com ciúmes, eu nunca quero te ver com ciúmes”

“Cala a boca” Desviei minha atenção para o prato, tentando encerrar o assunto.

Eu sabia que sentia algo por aquela menina dos olhos esverdeados, mas não queria assumir, não sem antes provoca-la.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, qualquer sugestão e/ou crítica comentem. Até a próxima. Beeeeeeeeijos.



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