- Neji-nii-san?

Ele deu um sorriso. Não havia nenhum vestígio da mascara fria e séria que ele usa com todos, agora ele era apenas meu primo, meu irmão. Joguei as cobertas, e simplesmente me joguei em cima dele.

- Eu senti tanto a sua falta – falei, entre soluços. Ok, eu sou muito sentimental, mas dêem um desconto, não o vejo a dois anos.

- Também senti, baixinha – ele falou, um pouco constrangido com o súbito ataque.

Nós nos sentamos, e eu pude olhar mais atentamente para ele. Definitivamente estava mais alto, e muito bonito.

- Mas o que você está fazendo aqui? Você não está estudando em Tóquio?

- Não mais. Seu pai me ligou segunda á noite, falou que você estava com problemas no colégio, e eu decidi voltar.

- Você é louco? Largou sua vida em Tóquio, pra vim cuidar de mim? Ahh mas eu vou falar com meu pai, ele não pode pedir algo assim.

- Foi escolha minha, Hina. Esses últimos dois anos foram terríveis, não agüentava mais aquele lugar. Estava louco pra arranjar uma desculpa e voltar. E, claro, estou preocupado com você. É verdade que foi presa? – falou com ar risonho.

O olhei por alguns segundos. Antigamente não nos dávamos bem, mas com o tempo fomos nos tornando grandes amigos. Tive uma paixonite por ele quando mais nova, mas agora o considero meu irmão, é o único em toda a família que realmente se importa comigo. E sei que sou a única em quem ele confia.

Dei uma resumida de toda a história que aconteceu nos últimos dias. Ele me encarou meio chocado.

- Nunca pensei que você fosse capaz de se meter em tantos problemas. Invadir a casa do Uzumaki foi uma boa idéia, mas eu faria algo bem pior com ele, alguma coisa que envolve uma tesoura e o Uzumaki castrado.

- Neji!

- Desculpa. Mas e aí, porque aquelas garotas tentaram te afogar? – ele falou, tentando segurar o riso.

- Você ri porque não foi com você. Queria ver o que iria fazer se tentassem lavar esse seu lindo cabelo com água de privada.

- É, tem razão. Seria desumano – ele falou com ironia. Idiota – Mas não mude de assunto. Por que elas tentaram te afogar? – eu tentei ocultar a parte de namorar com o Sasuke de propósito, acho que o Neji não gosta dele, na verdade ele não gosta de nenhum garoto que se aproxime de mim.

- Porque eu estou namorandoouchiha.

- O quê?

- Eu estou namorando o Uchiha – ele me encarou alguns segundos, incrédulo.

- Deixar eu ver se entendi. Você está namorando um UCHIHA? – ele falou o sobrenome dele com profundo desprezo. Os Uchiha são milionários, mas tinham fama de encrenqueiros.

- C-calma, é um namoro de mentira.

- Como assim?

Estou em frente á casa da Hinata, tentando criar coragem para entrar. Não tive coragem para vir falar com ela ontem, ela deve estar furiosa comigo por causa do que aquelas loucas tentaram fazer. Com toda a certeza, vai terminar o namoro. De mentira. Ignorei um aperto incomodo que senti com esse pensamento, e me dirigi á porta. Apertei a campainha algumas vezes, quando o senhor Hyuuga veio atender.

- Ah é você. Bom dia Uchiha. Entre.

- Bom dia senhor Hyuuga.

- Deve ter vindo acompanhar a Hinata para o colégio. Espere um momento, vou chamá-la.

Me sentei no sofá, e o olhei indo em direção á escada.

- E foi isso que aconteceu.

Ele me encarou alguns segundos, com a sobrancelha franzida.

- Qual dos Uchihas?

- O mais novo. O Sasuke. E é um namoro de mentira – relembrei, um pouco incomodada.

- Hinata, eu vou ser direto, você está apaixonada por ele?

- E-eu? É, claro que não – respondi prontamente, desviando os olhos.

- Sei. Então porque cada vez que fala sobre ele seus olhos brilham?

- P-or nada. Meus olhos estão normais – falei, fechando meus olhos.

- Hinata – colocou a mão em meu queixo, me forçando a encara-lo – eu te conheço. Você está apaixonada por ele.

- Não. Eu...

- Não o deixe te enganar, como fez o Uzumaki - ele continuou a falar, como se não tivesse sido interrompido - Todos os garotos querem apenas uma coisa das garotas. Então não deixe ele te tocar quando estiverem sozinhos. É um namoro falso, então nada de intimidades. Ouviu, Hinata?

- Ouvi... mas o que todos os garotos querem das garotas? – admito que sei pouca coisa sobre garotos, e não lembro do Naruto querer alguma coisa de mim. E eu nunca perguntaria alguma coisa assim para o meu pai, e como não tenho mãe para tirar minhas dúvidas... fico um pouco perdida quando o assunto são homens.

- Meu Deus, Hinata, você nunca teve aula de educação sexual? – é claro que tive aulas, mas nunca prestava atenção, saber sobre isso nunca me interessou - Os garotos querem apenas sexo. Eles querem a sua... sua...

- Minha o quê?

- Eles querem a sua... sua... er, sua flor – ele falou, com as bochechas coradas.

- Minha flor? – falei mais vermelha que ele – mas o Sasuke não quer minha flor.

- Eu sei, mas....

Ele parou de falar, quando meu pai abriu a porta.

- Hinata, não está pronta ainda? Neji, mandei você aqui para acorda-la e mandar ela se arrumar, não para baterem papo.

- Desculpe, senhor Hyuuga.

- Ahh Hinata, seu namorado está lhe esperando, ande logo.

E saiu. O homem chato hein.

- Vou conversar com o Uchiha.

- Não, Neji... – comecei a falar, mas o garoto saiu correndo. Espero que não fale nenhuma besteira.

- E então, quais são suas intenções com Hinata-sama?

Estava sentado, esperando a Hinata, quando me aparece um garoto com o cabelo igual a da garoto do Grito, e começa a me questionar sobre o nosso “relacionamento” . Ele é igual ao pai da Hinata, apenas menor e mais arrogante, se isso é possível. Mas eu sou pior que os dois juntos.

- E você quem é?

- Neji Hyuuga.

- Pois, Neji Hyuuga, isso não é da sua conta, já que estou namorando ela e não você.

- Ora seu...

- Pára Neji, por favor – falou a Hinata, o pau mandando apenas se sentou, quieto – vamos Sasuke?

- Claro.

- Não vai conosco Neji?

- Não, Hinata. Eu começo semana que vem, tenho alguns papeis para arrumar. – e então ele se aproximou e beijou a testa dela. Mas que imoral.

- Vamos Hinata.

XxXxXxXxXxXxXx

Enquanto nos dirigíamos em direção ao colégio, ela andou afastada de mim, e de vez em quando me olhava como se eu fosse ataca-la a qualquer momento.

- Está tudo bem, Hinata?

- C-claro. porque não estaria? – falou, e me olhou com desconfiança.

- Ok.

Andamos mais alguns minutos assim (com ela quase do outro lado da rua), foi quando olhei as horas e vi que faltava cinco para as oito, e estávamos alguns quarteirões da escola. Agarrei a mão dela, e saí correndo. Foi quando ela parou bruscamente, e largou minha mão.

- Meu primo falou que você não pode me tocar quando estivermos sozinhos.

- Deixe de frescura Hinata, estamos atrasados – e a agarrei pela cintura, a obrigando a andar rápido. Ela me olhou, com os olhos arregalados.

- EU NÃO QUERO TE DAR MINHA FLOR – berrou, e saiu correndo.

Mas que flor?

Alguém me explica o que se passa na cabeça dessa louca?