O domingo foi um dia muito agradável. Mamãe e eu passeamos no jardim, enquanto seu Edson, papai e Giovanni tinham ido até o supermercado.

– Amanhã, no horário de entrada mesmo, nós vamos até a escola do Giovanni fazer a sua matrícula. Aí você aproveita e fica para a aula! - disse a minha mãe.

– Sim, mãe - respondi. A ideia de estudar na mesma escola que o Giovanni me animava. Ele era muito legal.

Depois de um tempo, eles chegaram do mercado e o seu Edson foi preparar o almoço. Após almoçarmos, passamos a tarde toda jogando jogos de tabuleiro, e a noite o Giovanni foi até o meu quarto para conversar comigo.

Ele era um garoto muito legal, talvez até mais legal que Lucas. Eu não havia mais conversado com ele, e as meninas também não haviam respondido o meu "Oiiiiiiiiii". Mas eu não me importava. Não mesmo. O Giovanni era uma ótima companhia. Era legal, bonito, e quem sabe ele não me fizesse esquecer o Lucas. Não... Eu não poderia estar a fim do Giovanni, a gente mal se conhecia! Eu só achava ele legal, bonito, simpático... Tá bom! Talvez eu estivesse um pouco a fim.

– Boa noite Mari! - Giovanni me disse antes de ir para o seu quarto - Não se esqueça de colocar seu despertador para 6:00 horas da manhã!

– Ok, Giovanni! - eu disse - E boa noite!

Ele saiu do meu quarto e fechou a porta, mas logo em seguida a abriu de novo, colocou a cabeça para dentro e me disse:

– Só mais uma coisa: você é linda! - ele fechou a porta de vez, sem esperar alguma resposta minha.

Senti me rosto esquentar. E comecei a sorrir. Lucas nunca havia me dito nada parecido, talvez porque ele não me achasse bonita. Mas eu não me importava mais.

Fui dormir muito contente, coisa que não acontecia há dias.

Acordei com o som dos despertador ás 6:00 da manhã. Levantei com dificuldade, vesti uma blusinha branca (ainda não tinha uniforme da minha nova escola), uma calça jeans e o meu All Star, e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal. Lavei minhas mãos, meu rosto e penteei meu cabelo. Não passei nenhuma maquiagem, pois quando Giovanni disse que eu era linda, eu estava sem nenhuma maquiagem.

Fui até a cozinha tomar café. Minha mãe estava lá, junto com Giovanni. O papai e o seu Edson ainda não haviam acordado.

– Bom dia! - disse para eles, que responderam com um animado "Bom dia!".

Tomamos café todos juntos, conversando alegremente.

– Você vai conhecer a Paty, a Lu e o André, Mari! - Giovanni me disse, animadamente. Eu sorri.

Minha mãe foi com a gente até a escola para fazer a minha matrícula. Quando chegamos lá fomos até a secretaria, aonde uma moça muito simpática nos atendeu e fez a minha matrícula na hora. Fiquei feliz, pois tinha caído na sala do Giovanni.

Então minha mãe foi embora, e o Giovanni me guiou até a sala, aonde ele foi falar com duas garotas e um garoto. Reconheci eles sendo o pessoal da foto que o Giovanni me mostrou. Patrícia, Luíza e André.

– Pessoal, essa é a Mariana, a garota que eu falei. Podem chamá-la de Mari! - Giovanni me apresentou.

Todos eles me cumprimentaram calorosamente e se apresentaram para mim. Patrícia era uma garota alta de olhos verdes, Luíza era uma garota baixa e loira e André não era nem muito alto, nem muito baixo, e era um menino meio gordinho.

As aulas passaram voando. Tive que me apresentar para todos os professores, que foram bem legais comigo. Os amigos de Giovanni também foram muito legais, e eu adorei a ideia de que eles seriam meus amigos. Até que mudar de cidade não havia sido tão ruim assim.

Na hora de irmos para casa, eu me despedi de Patrícia (ou Paty, rsrs), Luíza (Lu, kkk) e André (André mesmo, hahaha) e iria ir com Giovanni para casa, mas ele disse:

– Mari, vem cá. Quero te mostrar uma coisa.

Ele me guiou para trás da escola, aonde tinha um muro, e um grande morro de gramado verde atrás. Como o muro não era muito alto, conseguimos pular para dentro da escola e subimos até o topo do morro, aonde nenhum funcionário poderia nos ver.

– Eu costumava ficar aqui de tarde, quando meu pai iria trabalhar. Aqui é bom para relaxar - ele disse.

–Nossa, mas é muito fácil pular esse muro. A escola nunca foi assaltada? - respondi.

– Mari, Limeira é uma cidade pequena. Não temos muitas ocorrências aqui - ele riu.

– Ah - eu disse, meio sem graça.

Ficamos um tempo em silêncio. Até que Giovanni disse:

– Sabe, Mari, eu acho que estou a fim de você. Muito a fim de você.

Ele falou isso com tanta naturalidade que me surpreendeu.

– Giovanni... - eu ia dizendo, mas ele colocou o dedo nos meus lábios, me fazendo ficar quieta.

– Simplesmente sinta - ele sussurrou - se você não quiser, é só se afastar, me dar um soco, um tapa na cara, um chute em um lugar não muito agradável, qualquer coisa!

Ele riu, e no momento seguinte estava me beijando, com delicadeza. No começo, me senti um pouco estranha, mas depois eu comecei a aumentar a intensidade do beijo, e ele correspondeu. Coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço, e ele colocou as dele na minha cintura.

De repente, senti algo vibrar no bolso de trás da minha calça. Era o meu celular que estava tocando. Nós nos afastamos e eu peguei o celular para ver quem era. Minha mãe.

– Alô? - atendi e coloquei o aparelho no ouvido - Oi mãe... Sim mãe, estamos indo. Ok, beijo, tchau! - desliguei - Era minha mãe - falei com Giovanni - Ela queria saber se nós já saímos da escola.

– Bom, então é melhor irmos para casa. - Giovanni me deu um selinho demorado - E acho melhor ninguém saber do que aconteceu aqui hoje.

Eu ri, e concordei.