Pov. – Evelyn – Número Um

O motorista do caminhão aponta sua arma para o nosso carro e atira. O tiro acerta o lado do motorista. Quando olho para Wagner ele está inconsciente e todo ensanguentado.

Meu coração acelera.

Não sei o que fazer.

Todos esses anos treinando, para travar na hora “H”.

Sinto meu celular vibrar outra e vez e vejo a outra mensagem.

Está esperando o que? Acelera!

Coloco Wagner no banco do passageiro e sento no banco no motorista. O mogadoriano que atirou em nós quebra o vidro do carro e segura meu pescoço. Começo a sufocar e o empurro com minha telecinese. O mog voa até o caminhão e vários outros mogs saem dele. Piso fundo no acelerador e dirijo o mais rápido que posso. Ainda bem que esse carro é veloz. Olho pelo retrovisor e vejo dois carros negros me seguindo.

Nunca estive tão desesperada como estava agora. Não posso voltar para casa, porque Heike está desmaiada e dopada, não posso levar os mogs para lá. No banco de passageiro tenho um garoto todo ensanguentado que não vai resistir muito tempo. Atrás de mim tenho dois carros cheios de alienígenas me perseguindo e para completar, estou recebendo mensagens de um estranho.

Acelero pela avenida principal e reparo que quase todos os semáforos estão vermelhos. Meu celular vibra outra vez e o levanto com telecinese e vejo a nova mensagem.

Não pare!

Com minha telecinese digito uma mensagem que dizia: “Quem é você?” e aperto enviar.

Segundos depois recebo outra mensagem.

O cara que vai salvar sua vida! Faça o que eu digo e sobreviverá.

Pelo menos agora eu sei que ele é um cara. Começo acelerar e de repente todos os semáforos vão ficando verdes e logo depois eu passo, eles se fecham e alguns carros se chocam com os carros dos mogs causando um grande acidente.

Digito outra mensagem: “Como você fez isso? Quem é você?”.

Eu sou como você... Leve o garoto para um hospital.

Não acredito que estou trocando mensagens de texto com outro Garde. Será que ele está perto? Como ele sabia meu Número? Come ele conseguiu o número do meu celular?

Wagner tosse e um pouco de sangue começa a escorrer da sua boca. Olho para os lados e não sei onde estou. Acho que estou tendo um ataque de pânico. Eu não sei qual é a direção do hospital. De repente o radio liga sozinho e ele começa a sintonizar e escuto a palavra direita e viro para direita, logo depois escuto siga em frente.

O que está acontecendo? Será que é o Garde que me mandou aquelas mensagens está fazendo isso?

Vire à direita e depois dirija devagar até a entrada do hospital.

Quando chego à entrada do hospital, chamo alguns enfermeiros para me ajudarem a tirar Wagner do carro.

– O que aconteceu com ele? – pergunta um dos enfermeiros e sinto meu celular vibrar outra vez.

– Ele levou um tiro. – digo assustada.

– Você terá que registrar a queixa na policia...

Saia já daí! Vejo a mensagem em meu celular.

– Eu farei. - digo entrando no carro e acelero.

– Senhorita! Espere! – escuto o enfermeiro gritar.

Sigo pela rua do hospital e entro na avenida que vai dar na minha casa. Tenho que avisar Heike. Temos que sair daqui.

Quando chego a minha casa, desço rapidamente do carro e quase arrombo a porta da entrada.

– Heike! – grito indo até o sofá para acorda-la, mas ela não estava mais lá.

Escuto um barulho na cozinha e caminho em silencio até a porta. Me abaixo e pego uma faca que deixamos perto da lareira por precaução. Entro na cozinha com a faca na mão e quando acendo a luz vejo Heike com uma arma apontada para minha cabeça.

– Calma sou eu! – digo

– Graças a Lorien. – ela diz me abraçando. – Da próxima vez que você me drogar pra sair com seus amiguinhos para aquela boate você vai se arrepender!

– Você sabia? – digo sem graça.

– Não temos tempo para isso.

– Os mogs estão aqui. – eu digo.

– Eu sei. – ela responde – Recebi um vídeo no meu celular de você escapando deles.

– Você também recebeu mensagens?

– Sim. Parece que tem alguém tentando nos ajudar.

– Ele me disse que é um Garde. Talvez ele esteja perto! – digo entusiasmada.

– O feitiço ainda está ativo, ele se aproximar só arriscaria mais as coisas pra ele.

– O que faremos agora? – pergunto e meu celular outra vez vibra.

Eles estão chegando! Saia pela porta dos fundos.

Mostro a mensagem para Heike e ela corre até a sala e pega minha arca e também duas armas. Corremos até a porta dos fundos e escuto uma explosão na frente de casa. Eles devem ter explodido nosso carro.

Heike coloca minha arca em uma mochila e me entrega. Ela começa a correr pelos fundos de nossa casa e pulamos para a casa dos nossos vizinhos, que acordaram com a explosão. Corremos pelo quintal e entramos na garagem deles.

– Entre no carro! – diz Heike.

– Vamos roubar? – digo com um sorriso.

– Como se você não tivesse feito isso antes.

Entro em um Volkswagen Jetta e me sento no banco do passageiro e Heike se senta no lado do motorista.

– E o portão? – digo.

Heike desce o vidro do carro e da vários tiros no motor que move o portão e ele se abre. Ela sorri para mim e acelera o carro e outra vez meu celular vibra.

Vá para a cidade de Kehl.

Mostro a mensagem para Heike.

– Kehl? – ela diz surpresa – Isso é na divisa com a França.

– Será que ele mora lá? – pergunto – Podemos confiar nele?

– Ele só salvou nossas vidas até agora. – diz Heike ligando o GPS e ajustando o curso para Kehl.