Escuto o barulho da multidão gritando meu nome. O sol forte queima minha pele e sinto a forte brisa que vem do mar. Hoje é um ótimo dia para surfar a maior onda do mundo. Vários canais de televisão estão na praia e um helicóptero sobrevoa nossas cabeças. Estou nervoso. Nunca surfei com tanta gente me vendo.

Meu irmão não sabe que estou fazendo isso. Sim, meu Cepan é meu irmão mais velho. O nome dele é Eithan, ele tem vinte e oito anos, mas aparenta ter menos. Ele com certeza me fuzilaria se soubesse o que estou prestes a fazer.

“Senhoras e senhores, nosso próximo competidor é um novato! Recebam Jordan Henderson!” – escuto pelos alto-falantes que estão espalhados por toda a praia.

Todos começam a gritar e uma garota se aproxima de mim e me da um beijo no rosto a centímetros da minha boca.

– Se você ganhar o próximo será na boca. – ela diz me encarando com um olhar sedutor

De alguma forma isso me deu mais confiança. Começo a correr com minha prancha de surf e mergulho nas aguas frias da praia de Palm Beach na Austrália. Nado até ter uma boa distancia da areia. Posso escutar o grito da galera na praia. Olho para os lados e não há muita gente na água.

Essa é a hora perfeita!

Coloco minhas mãos nas aguas e uso meu legado de Hidrocinese e faço uma onda crescer até atingir trinta metros de altura. Quando começo a surfar meu coração acelera e sinto que vou cair e uso meu outro legado de manipulação dos ventos e ganho mais aerodinâmica e consequentemente mais velocidade.

Da praia, posso ver os fleches das câmeras e o helicóptero sobrevoa muito perto com uma câmera de vídeo.

Meu coração dispara, sei que estou fazendo uma burrada.

Pena que só percebi isso agora.

Quando a onda finalmente se quebra continuo nadando até a praia e vejo mais ou menos como cem pessoas vibrando. Os caras batem nas minhas costas e as garotas me dão beijinhos no rosto. Uma equipe de televisão se aproxima de mim e a repórter me pergunta:

– Uau! Essa onda era realmente grande. Como você se sentiu surfando uma das maiores ondas do mundo?

– Errr.. – eu a encaro muito sem graça – Feliz?

A repórter ri.

– Você tem somente dezessete anos, podemos dizer que você terá uma carreira muito promissora, não é?

– É... acho que sim.

Sinto uma mão no meu braço me arrastando para longe da repórter.

– O que deu em você? – diz Eithan, meu irmão e Cepan – Ficou maluco?

– Relaxa brother. – digo tentando acalma-lo.

– Relaxa brother? - ele arregala os olhos - Você acha que isso é uma brincadeira? Nós estamos sendo caçados, seu idiota. E agora você colocou um alvo gigante no seu peito. – ele diz dando dois tapinhas no meu peito.

– Os mogs não estão aqui! – digo bravo – Faz muito tempo que estamos aqui e eles não acharam ninguém ainda.

– Então você teve a brilhante ideia de aparecer na televisão e mostrar para eles que você está aqui! – Eithan diz irônico.

– Eu não apareci para eles... eu queria saber se há mais algum de nós por ai.

– Claro que há. – ele grita – Eles estão fazendo o que tem ser feito. Se escondendo. Es-com-den-do. Mas acho que você não entendeu essa palavra!

– Eithan me desculpa. – digo – Eu sei que pisei na bola feio, mas queria conhecer os outros.

– Na hora certa você os conhecerá. – ele diz em um tom mais calmo – Vamos sair daqui.

Uma multidão de repórteres nos cercam, mas conseguimos escapar e entramos no carro de Eithan.

Ele dirige serio. Eu nunca o vi tão nervoso como hoje.

Eithan não era meu Cepan oficial em Lorien. Quando os Mogadorianos atacaram nosso planeta, o Cepan que era responsável para me levar para a nave nunca chegou para me buscar e então meu irmão em um “ato heroico” me levou até nave e acabou se tornando meu Cepan mentor. Eu sei que ele se esforça para ser um bom Cepan, mas ele é só um garoto com uma grande responsabilidade. Apesar dele ser novo, eu tenho um respeito muito grande por ele e as vezes eu só queria que ele relaxasse um pouco, curtisse a vida, mas infelizmente ele leva essa coisa de Cepan muito a serio.

Quando chegamos aqui na Terra ele perdeu o contado com todos os outros Cepans e ele está tentando fazer o máximo que ele pode. Na conta lorica eu sou o Número Três e relativamente estou “seguro” até que Um e Dois morram.