Ronny Johsson

Ronny odiava os Jogos.

Ele tinha perdido sua irmã, Grace Johsson, para eles. Na verdade, o assassino de sua irmã era Josh Miller Lefevre. Eles eram do mesmo distrito, tinham até uma boa amizade, mas Josh acabou se apaixonando pela garota do dez, Rachel Zangari, e no final dos Jogos, para que Rachel vencesse, ele matou Grace e depois se matou.

"Idiota" era o que Ronny pensava sobre ele. Tudo bem, ele também iria fazer tudo por amor, mas mesmo assim, ele ainda o odiava. E também odiava sua irmã, Elisabeth Miller Lefevre. Ela era uma Carreirista e sempre zombava quando ele errava nos treinos.

– Hey, Ronny! – ele foi acordado dos seus devaneios quando seu amigo, William Vulgue, o chamou.

– Hey, Will – ele disse, desanimado.

– Sabe que dia é amanhã? – Will perguntou animado. Para ele, os Jogos era uma coisa extraordinária!

– Dia da coleta dos peixes? – brincou Ronny.

– Não, idiota. Amanhã é o dia da Colheita! – disse William. Eles tinham 18 anos, último ano de Colheita.

– Eba! – disse Ronny, fingindo um animo. – Vai se voluntariar?

– Eu não! Mas você deveria!

– Eu? Sério? Will, eu vou ser morto no Banho de Sangue! Não quero me unir aos Carreiristas. Não quero me unir á ninguém! Você sabe muito bem disso. – disse Ronny, já nervoso com o assunto.

– Você é o melhor daqui! Não acredito que vai desperdiçar essa oportunidade, Ronny. Mas me prometa, se eu for escolhido...

– Você não vai! – Ronny o interrompeu.

– Se eu for escolhido, me prometa que vai se voluntariar no meu lugar. – disse William.

– Okay, Will. Se você for escolhido, eu me voluntario. – Ele disse, já cansado. – Agora, vamos. Esses peixes não vão ser comidos sozinhos.

...

Depois de almoçar com Will, Ronny foi para casa. Ele guardou um pouco de peixe para sua mãe, afinal, ela não tinha nada para comer em casa. Mesmo morando em um distrito rico, Ronny não tinha uma “boa vida”.

– Mãe, cheguei! – ele disse. Ronny morava sozinho com sua mãe desde que sua irmã fora para os Jogos. Seu pai havia morrido quando ele tinha dois anos.

– Ai, meu filho, entre vamos! Não podemos deixar eles pegarem você, não podemos! – disse sua mãe, o puxando para dentro de casa. Quando ela viu Grace morrer nos Jogos, ficou louca. Começou a imaginar coisas. Ronny já se acostumará com isso.

– Mãe! Olha para mim! Olha para mim! – ele disse, enquanto ela olhava assustada para á porta da cozinha. – Droga, mãe. Olha para mim! Não tem ninguém lá fora, ninguém! Agora vem, trouxe alguns peixes para você.

– Não, Ronny. Tenho que esperar Grace voltar, não posso comer sem ela!

– Ela morreu! Ela nunca mais vai voltar! Você tem que entender isso! – ele disse e fez sua mãe chorar. – Droga! Você não entende? Ela morreu! O estúpido do Josh matou ela! Ela morreu!

Nessa hora, o loiro também já estava chorando. Era ruim encarar a realidade. Ele nunca mais veria sua irmã. Nunca mais...

Eles passaram o final da tarde juntos, abraçados e chorando. Chorando pela perda, chorando pelo dia de amanhã. Grace não teria um amanhã.

...

Elisabeth Miller Lefevre

Lisa estava sentada perto do mar. Ela precisava pensar. Amanhã seria a Colheita. Ela iria se voluntariar para limpar o nome da família. Limpar o nome da família? Sim, seu irmão, Josh, foi um Tributo em umas edições passadas dos Jogos. Ele chegou as finais, mas morreu para que seu grande amor, Rachel, a garota do D10, vencesse os Jogos. Bom, não vencesse, mas sim sobrevivesse. Ninguém ganha os Jogos Vorazes.

Pelo menos era assim que Lisa pensava. Elisabeth Miller Lefevre. Filha de dois vitoriosos. Treinada desde os 6 anos para virar uma Carreirista. No começo, ela não gostava nem um pouco de treinar, mas depois, acabou se acostumando e tornando isso um dos seus passatempos preferidos.

Lisa era linda. Tinha cabelos castanhos e um olho azul apaixonante. Tinha 1,56 de altura, o que poderia ser considerado pouco para sua idade. Mas isso não importava, ela era mais forte do que qualquer garota do distrito. Elisabeth era bem sarcástica. Sempre zombava de Ronny Johsson, irmão da menina que foi junto com seu irmão para Arena, quando ele errava algo. Mas isso não acontecia sempre, pois Ronny era o melhor Carreirista de todo o distrito. Todas as garotas eram apaixonadas por ele. Até Ester, sua melhor amiga. Mas ela não era todas as garotas. Não via nada de mais em Johsson.

– Lisa! O quê você está fazendo aqui? – perguntou Ester.

– Estava pensando. Amanhã é o dia da Colheita. Você sabe que eu vou me voluntariar – ela disse.

– Hum. Ei, sabe o quê eu descobri? O Johsson vai se voluntariar também! – disse Ester, animada.

– O quê? – Lisa perguntou assustada. Ronny era a única pessoa que ela se preocuparia se fosse junto com ela para á Arena. Ainda mais porque Ronny odiava ela. – Ester, como você descobriu isso?

– Bom, ele estava conversando com William, e eu queria ouvir o que eles estavam falando. Mas como eu estava atrasada, só ouvi o Ronny dizendo “Se você for escolhido, eu me voluntario.”

– Meu Deus, Ester. Você entendeu errado. Ele só vai se voluntariar se William for sorteado.

– Eu sei, mas isso não seria um aviso para que você não se voluntarie esse ano? Você tem ano que vem para voluntariar. Por que tem que ser esse ano? – Ester falou, preocupada com a amiga.

– Porque eu quero! Vamos, Ester. Antes que os Pacificadores cheguem. – Ela disse, com um pouco de medo. Pacificadores entrava na lista de seus maiores medos. A forma que eles tratam as pessoas é tão bruta e fria que até assusta ela.

Lisa acompanhou Ester até sua casa e depois tomou outro rumo. Ela morava na Aldeia dos Vitoriosos já que seus pais foram vitoriosos.

Ela chegou em casa cansada do longo dia. Ela só queria deitar e poder relaxar um pouco. Mas isso não seria possível...

– Filha, amanhã é o grande dia! – disse sua mãe, entrando dentro do seu quarto.

– Sim. Agora, você poderia sair? É que eu estou muito cansada. Obrigada. – ela disse e colocou o travesseiro na cabeça.

Antes de pegar no sono, ela ouviu sua mãe resmungando algo sobre “Ela nem se importa mais com a gente”.